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A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES ... - CEFAC

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<strong>CEFAC</strong><br />

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO <strong>EM</strong> FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />

MOTRICIDADE ORAL HOSPITALAR<br />

A <strong>ATUAÇÃO</strong> <strong>FONOAUDIOLÓGICA</strong> <strong>EM</strong> <strong>PACIENTES</strong><br />

LARINGECTOMIZADOS TOTAIS.<br />

MELISSA AIRES CARVALHO<br />

LONDRINA<br />

2001<br />

Monografia de Conclusão do Curso<br />

de Especialização em Motricidade<br />

Oral Hospitalar.<br />

Orientadora: Mirian Goldenberg.


RESUMO<br />

O objetivo desta pesquisa teórica foi verificar a atuação fonoaudiológica em<br />

pacientes laringectomizados totais.<br />

Pretendeu-se averiguar as causas do câncer de cabeça e pescoço, assim<br />

como suas conseqüências na população, enfatizando o trabalho realizado pelo<br />

fonoaudiólogo em conjunto com outros profissionais da área.<br />

Para tanto, foi feita uma definição de câncer, sua etiologia, prevenção e<br />

tratamento. Posteriormente, foram descritas as laringectomias, suas definições,<br />

seus tipos e conseqüências. Por fim, foram citadas as formas de reabilitação<br />

fonoaudiológica, onde foram enfatizadas as vantagens e desvantagens de cada<br />

método, como por exemplo: voz esofágica, eletrolaringe e prótese<br />

traqueosofágica.<br />

Um dos pontos mais interessantes deste trabalho é a importância do<br />

fonoaudiólogo desde a orientação pré-operatória, o pós-operatório imediato, até a<br />

reabilitação propriamente dita, auxiliando na reintegração social e melhor<br />

qualidade de vida destes pacientes.<br />

Este estudo poderá contribuir para os profissionais envolvidos na área,<br />

como médicos, fisioteraputas, radiologistas, fonoaudiólogos, psicólogos,<br />

nutricionistas, entre outros.


ABSTRACT<br />

The purpose of this theoric search was to verify the actuation of the<br />

phonology in patient without larynx.<br />

It intended to investigate the causes of the head and neck cancer, as its<br />

consequence in the population, emphasizing the work performed by the<br />

phonologist together with other professionals from the area.<br />

Because of this, it was done a definition of cancer, its etymology, prevention<br />

and treatment. Lately, the laryngecomy were described, and so their definitions,<br />

their sorts and consequences. At last, the manners of the phonological<br />

rehabilitation were mentioned, where the advantage and disadvantage of each<br />

method, like esophagic voice, electrolarynx and tracheoesophagic prothesis were<br />

emphasized<br />

One of the most interesting point of this work is the importance of the<br />

phonologist, since the pre-operating orientation and the immediate post-operating,<br />

until the rehabilitation said properly, helping the patients’ social reintegration and<br />

their best quality of life.<br />

This study could contribute to the professionals involved in the area,<br />

like doctors, physical therapists, radiologist, phonologist, psycologist, nutritionist,<br />

among other .


Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos<br />

sempre tão incentivadores nas minhas<br />

buscas pessoais e profissionais.


AGRADECIMENTOS<br />

À minha família, em especial Tia Penha e Simone,<br />

Pelo esforço e incentivo que me impulsionaram na conclusão deste trabalho.<br />

Ao Marcos,<br />

Namorado, amigo e companheiro, pela compreensão e paciência nos momentos<br />

de cansaço das longas horas em que estive estudando.<br />

À Maria Júlia,<br />

Sócia, amiga e também Fonoaudióloga, que me auxiliou em questões práticas e<br />

teóricas no desenvolver deste trabalho.<br />

A Rosana,<br />

Digitadora, que me ajudou de forma incomparável com dedicação e simplicidade.<br />

À Mirian Goldenberg,<br />

Minha admiração pela forma brilhante com que ensina.<br />

Ao Senhor Adolfo,<br />

Homem sensível, que despertou em mim o interesse pelo trabalho da<br />

Fonoaudiologia com pacientes laringectomizados.


“Cada um de nós pode trabalhar<br />

para mudar uma pequena parte<br />

dos acontecimentos...<br />

A história é feita de inúmeros<br />

atos de coragem e crença”.<br />

John kennedy


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................01<br />

2. CÂNCER DE CABEÇA.....................................................................................03<br />

2.1 Definição......................................................................................................03<br />

2.2 Etiologia e Incidência...................................................................................05<br />

2.3 Sintomas......................................................................................................07<br />

2.4 Prevenção e Tratamento.............................................................................08<br />

3. LARINGECTOMIAS..........................................................................................10<br />

3.1 Laringectomias Totais.................................................................................14<br />

4. DISFAGIAS APÓS LARINGECTOMIAS...........................................................17<br />

5. INTERVENÇÃO <strong>FONOAUDIOLÓGICA</strong> NAS<br />

LARINGECTOMIAS TOTAIS..........................................................................20<br />

5.1 Atendimento Pré e Pós cirúrgico.................................................................22<br />

6. FORMAS DE REABILITAÇÃO..........................................................................28<br />

6.1 Voz Esofágica..............................................................................................29<br />

6.2 Laringe Eletrônica ou Eletrolaringe.............................................................33<br />

6.3 Próteses Traqueosofágicas.........................................................................35<br />

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................38<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................43


1. INTRODUÇÃO<br />

As alterações anatomofisiológicas encontradas em indivíduos<br />

submetidos a cirurgias de laringe podem trazer como conseqüência dificuldades<br />

nas suas funções vitais, como também nas secundárias.<br />

A fonação fica comprometida pela falta da laringe, onde<br />

encontravam-se as pregas vocais, sendo que estas estruturas eram de primordial<br />

importância na sonorização do ar expelido pelos pulmões.<br />

Evidentemente, perder a voz acarreta importantes limitações para a<br />

integração do indivíduo na sociedade. Pode-se afirmar que a voz representa a<br />

identidade do indivíduo e a sua retirada compromete a manifestação de<br />

sentimentos, desejos e características individuais biológicas, emocionais e sócio<br />

educacionais.<br />

Pretende-se assim verificar qual é o trabalho fonoaudiológico que<br />

deve ser realizado com esses pacientes.<br />

Portanto, neste trabalho analisaremos teoricamente o câncer de<br />

cavidade laríngea englobando suas causas, conseqüências e tratamento.<br />

Para descrever as conseqüências geradas pela laringectomia é<br />

necessário primeiramente abordar aspectos relacionados ao câncer de cabeça e<br />

pescoço, tipos e incidência.<br />

Em seguida será analisada A Intervenção Fonoaudiológica em<br />

pacientes laringectomizados totais.


Cabe citar a necessidade do trabalho fonoaudiológico em conjuntos<br />

com outros profissionais e familiares devido a esta patologia acarretar seqüelas<br />

significativas.<br />

O trabalho interdisciplinar envolve profissionais de diversas áreas tais<br />

como a oncologia, a psicologia, a nutrição, a enfermagem entre outros.<br />

A prática fonoaudiológica na reabilitação destes pacientes propicia<br />

uma pseudo fonação alternativa e adaptativa, reintegrando-os ao convívio familiar,<br />

através de uma comunicação oral satisfatória perante o quadro.<br />

Apesar da favorável esperança da sobrevida dos pacientes com câncer de<br />

laringe, o impacto da cirurgia na sua qualidade de vida é inevitável.Com a retirada<br />

cirúrgica da laringe e o desvio aéreo proveniente dos pulmões diretamente para o<br />

meio ambiente pelo traqueostoma, o indivíduo perde seu principal meio de<br />

comunicação: a voz.<br />

A vivência do câncer, a perda da comunicação e a modificação do<br />

processo alimentar envolvem uma reorganização de toda a visão do indivíduo<br />

sobre si mesmo, das relações interpessoais e do mundo.<br />

A atuação do fonoaudiólogo junto ao paciente oncológico de cabeça e<br />

pescoço ainda é pouco difundida em nosso meio.<br />

Acredita-se que a fonoaudiologia, principalmente quando inserida<br />

num ambiente hospitalar, pode contribuir de uma forma bastante eficaz na<br />

melhora da qualidade de vida dos pacientes com câncer.


2. CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO<br />

2.1 DEFINIÇÃO<br />

Para discursar sobre laringectomias totais, é necessário<br />

primeiramente definir a causa dessas intervenções cirúrgicas, o câncer, como<br />

também outros aspectos gerais.<br />

N<strong>EM</strong>R (1998) relata que o câncer define-se como uma neoplasia maligna<br />

que, se não tratada em tempo, evolui com metáteses, podendo disseminar-se por<br />

todo o organismo.<br />

Já GIELOW (1999), define o câncer como uma massa constituída pela<br />

multiplicação desorganizada de células atípicas de um tecido, sem a estrutura<br />

conhecida. Conforme apresente ou não tendência a estender-se, a fazer<br />

metástases e a recidivar após a ablação, pode ser malígno ou benígno.<br />

Conforme VICENTE et. al. (1997), existem três tipos básicos de<br />

lesões neoplásicas malígnas na cavidade oral: vegetantes, enfiltrativas e<br />

ulceradas, onde mais comumente ocorre a combinação destes, como tumores<br />

com aspecto ulcero-vegetante ou ulcero-infiltrativo.<br />

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS), citada por<br />

KOWALSKI (2000), define como lesões pré-neoplásicas (ou cancerizáveis) as<br />

alterações teciduais que podem sofrer transformação neoplásica com maior<br />

freqüência que o tecido normal, mas que podem permanecer estáveis e até<br />

mesmo sofrer regressão principalmente se o fator irritante for afastado.


ANGELIS, FÚRIA, MOURÃO (1997) afirmam que o câncer de<br />

cabeça e pescoço atinge lábios, cavidade oral, orofaringe, nasofaringe,<br />

hipofaringe, fossas nasais e seios paranasais, laringe e glândulas salivares.<br />

A definição sobre o câncer de cabeça e pescoço se fez necessária,<br />

tendo em vista que nesta pesquisa pretende-se enfatizar o trabalho com pacientes<br />

submetidos a cirurgia extirpadora do mesmo.


2.2 ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA<br />

Pode-se afirmar que em bibliografia pesquisada não há divergência<br />

entre os autores quanto aos principais fatores etiológicos.<br />

Segundo N<strong>EM</strong>R (1998), têm-se o fumo e o álcool como causas<br />

principais, além da hereditariedade. A autora ainda descreve que o tipo de câncer<br />

mais freqüente em cabeça e pescoço é chamado de carcinoma espino-celular de<br />

origem epitelial.<br />

Algumas exposições ambientais (profissionais, poluição, ambiente<br />

doméstico) e fatores ligados a deficiências nutricionais também podem aumentar<br />

o risco de desenvolver o câncer significadamente (FRANCO citado por<br />

KOWALSKI (2000).<br />

Nota-se que há um aspecto comum entre os principais fatores<br />

causais pois os mesmos são oriundos do meio externo.<br />

A cada ano surgem de 5.000 a 8.000 novos casos de câncer de<br />

laringe e somente a metade deles é operado.<br />

CARRARA, FURIA e MOURÃO (1997), citam o estudo de BECKER,<br />

que relata 40% dos cânceres de cabeça e pescoço ocorrem na cavidade oral,<br />

25% na laringe, 15% na faringe, 7% nas glândulas salivares e 13% em outros<br />

locais.<br />

Para KOWALSKI, MIGUEL e ULBRICH (2000), com exceção dos<br />

tumores da pele, a maior parte dos tumores de cabeça e pescoço ocorrem nas<br />

vias aerodigestivas superiores, principalmente na boca, faringe e laringe. Em todo<br />

o mundo, o câncer de laringe constitui 1 a 2% de todos os tumores malignos.


Após pesquisa realizada, pode-se afirmar que tipicamente o paciente<br />

com câncer de laringe é do sexo masculino, com idade entre 40 e 70 anos,<br />

operários de construções civis e fábricas, e de raça negra.


2.3 SINTOMAS<br />

O começo do câncer é bastante silencioso e lento. CUPELLO (1994)<br />

demonstra que os principais sintomas são: rouquidão intensa e constante;<br />

dificuldade para deglutir sólidos, pastosos e líquidos; dor para falar; dor irradiada<br />

para a região auditiva; falta de ar; dispnéia; emagrecimento; palidez e insônia.<br />

KOWALSKI (2000) descreve que a maior parte da evolução de um<br />

tumor maligno é totalmente assintomático e indetectável pelos atuais métodos de<br />

diagnósticos.<br />

Segundo o mesmo autor, somente quando o tumor atinge cerca de<br />

um centímetro é possível detectar-se uma lesão situada abaixo da pele ou<br />

mucosa.<br />

Para CRESPO (2000), os sintomas produzidos pelo câncer de<br />

laringe dependem de sua localização. Os sintomas mais comuns são: sensação<br />

de corpo estranho ou de “raspar” a garganta; odinofagia; disfagia; otalgia reflexa à<br />

deglutição; alterações na voz e dispnéia.<br />

Com isso conclui-se que o diagnóstico precoce é de difícil execução.<br />

Alguns pacientes não apresentam os sintomas citados e quando apresentam<br />

podem ser interpretados de forma errônea.


2.4 PREVENÇÃO E TRATAMENTO<br />

Os profissionais no tratamento de patologias oncológicas devem dar<br />

atenção especial às técnicas preventivas, já que o câncer é uma doença em<br />

potencial que pode causar seqüelas graves, como também levar o paciente a<br />

óbito.<br />

Os programas de controle do câncer têm como principais objetivos a<br />

redução da incidência da doença (prevenção primária) e o aumento da taxa de<br />

cura em diferentes tipos de câncer, do qual o prognóstico dependerá do momento<br />

do diagnóstico (prevenção secundária) (KOWALSKI 2000).<br />

Para que a prevenção seja funcional, são necessárias medidas<br />

práticas tais como: evitar ingestão contínua de alimentos defumados e ricos em<br />

gordura; consumo contínuo de bebidas alcóolicas; tabagismo; exposição a<br />

produtos químicos e aos raios ultravioletas; uso de próteses dentárias mau<br />

ajustadas; má higiene bucal e vida sexual promíscua.<br />

Os tratamentos atuais para patologias oncológicas, quanto a lesões<br />

malígnas propriamente ditas, podem ser basicamente: radioterapia (uso de raios X<br />

em doses elevadas para eliminar as células cancerosas), quimioterapia (uso de<br />

medicamentos para eliminar as células cancerosas) e intervenções cirúrgicas (<br />

extração do câncer).<br />

Para ANGELIS, FURIA, MOURÃO (1997), o tratamento do câncer é<br />

complexo e geralmente envolve o trabalho de diversos especialistas<br />

especificamente treinados e experientes, em locais que possuam infra-estrutura<br />

suficiente para atender a todas as necessidades do paciente.


Geralmente fazem parte de uma equipe de cabeça e pescoço os<br />

cirurgiões oncológicos, enfermeiros, dentistas buco-maxilo-faciais, psicólogos,<br />

assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e outros, como radioterapeutas,<br />

quimioterapeutas, radiologistas, neurologistas, clínicos gerais, patologistas, dentre<br />

outros (N<strong>EM</strong>R 1998).<br />

KOWALSKI (2000) relata que o principal objetivo do tratamento do<br />

câncer é melhorar a qualidade e o tempo de sobrevida dos pacientes.<br />

Conforme CARRARA (2000), os princípios gerais do tratamento são:<br />

- tamanho e extensão do tumor;<br />

- aparência do tumor;<br />

- envolvimento ósseo ou muscular;<br />

- probabilidade de ressecção cirúrgica completa;<br />

- presença de linfonodos metastático;<br />

- possibilidade de preservação da função;<br />

- situação social e ocupacional;<br />

- experiência e habilidade do cirurgião e radioterapia;<br />

- condições gerais do paciente.<br />

Na área fonoaudiológica a orientação pré-operatória é de grande<br />

importância e abrange os objetivos de estabelecer vínculo e prover suporte e<br />

segurança para o paciente; realizar uma anamnese detalhada e avaliar as<br />

habilidades de comunicação e deglutição e, finalmente, preparar para a cirurgia.<br />

O tipo de tratamento a ser utilizado dependerá da localização do<br />

tumor, da etapa da doença, da idade e do estado de saúde geral do paciente.


3. LARINGECTOMIAS<br />

definição e classificação.<br />

Neste item pretendo dissertar sobre laringectomia, focalizando sua<br />

KOWALSKI, MIGUEL e ULBRICH (2000), definem laringectomia<br />

como um procedimento cirúrgico, no qual toda ou parte da laringe é removida.<br />

A remoção completa da laringe é definida como laringectomia total e<br />

quando há remoção de parte da laringe, denomina-se laringectomia parcial.<br />

Segundo os autores, a principal indicação para uma laringectomia é<br />

a presença de uma neoplasia maligna primária da laringe ou tumores originados<br />

de estruturas adjacentes que acometem parcial ou totalmente a laringe.<br />

FERLITO, KIRCHNER, WELSH , citados por ABRAHÃO, SANTOS,<br />

CERVANTES (2000) afirmam que as laringectomias parciais são cirurgias<br />

conservadoras da laringe que postulam a ressecção de parte da mesma para a<br />

exérese de tumores, buscando a erradiação da doença sem o sacrifício de toda a<br />

laringe.<br />

BEHLAU & GONÇALVES (1997) consideram que as laringectomias<br />

parciais podem ser divididas, de acordo com o plano básico de ressecção<br />

cirúrgica, em dois grupos: laringectomias parciais verticais e laringectomias<br />

parciais horizontais.<br />

As autoras citam o estudo de BILLER & SOM que afirmam que as<br />

laringectomias parciais verticais são indicadas para o câncer glótico, seja T1, T2 ou<br />

T3, e que o limite máximo de ressecção depende da possibilidade de se<br />

reconstituir a laringe residual, mantendo as funções esfíncteriana e respiratória.


Para ANGELIS & BARROS (2000), as laringectomias parciais<br />

verticais englobam desde a remoção de uma prega vocal – as cordectomias – até<br />

cirurgias mais ampliadas, como laringectomia frontal, laringectomia frontolateral e<br />

hemilaringectomia.<br />

Nas laringectomias parciais verticais, de forma geral, os pacientes<br />

apresentam alterações vocais e por isso deve-se trabalhar com exercícios de<br />

aumento da coaptação glótica para a maximização dos movimentos das estruturas<br />

remanescentes (ANGELIS, FURIA E MOURÃO, 1997).<br />

ANGELIS & BARROS (2000) relatam que as laringectomias<br />

horizontais subdividem-se em:<br />

- laringectomia horizontal supraglótica (ressecção de todo o andar supraglótico<br />

da laringe);<br />

- laringectomia horizontal supraglótica ampliada para base de língua (associada<br />

à ressecção de parte ou toda a base da língua);<br />

- laringectomia horizontal supraglótica ampliada para o andar glótico (associada<br />

à ressecção de uma hemilaringe em nível glótico);<br />

- laringectomia horizontal com reconstrução por cricohioideopexia ou<br />

cricohioidoepiglotopexia.<br />

BEHLAU & GONÇALVES (1997) demonstram que em nosso meio,<br />

exceto as laringectomias supraglóticas, as demais laringectomias citadas<br />

raramente são executadas.<br />

KOWALSKI, MIGUEL E ULBRICH (2000) consideram que a<br />

laringectomia horizontal supraglótica é indicada para remover lesões que atingem<br />

a porção supraglótica da laringe, sem comprometer a aritenóide e sem envolver as


cordas vocais; a ressecção inclui ainda o osso hióide, parte superior da cartilagem<br />

tireóide, epiglote e bandas ventriculares.<br />

A reabilitação fonoaudiológica nestas cirurgias é de grande<br />

importância quando a aspiração é uma complicação importante do pós operatório.<br />

O objetivo principal da reabilitação é a deglutição funcional de todas<br />

as consistências e quantidades, mantendo ou recuperando o suporte nutricional<br />

(ANGELIS & BARROS 2000).<br />

ABRAHÃO, SANTOS e CERVANTES (2000) ressaltam que apesar<br />

de atualmente as laringectomias parciais serem um dos procedimentos de escolha<br />

para o tratamento dos tumores da laringe, o conhecimento real da extensão do<br />

tumor e as condições clínicas do indivíduo são aspectos fundamentais na seleção<br />

dos pacientes a serem submetidos a esse tipo de cirurgia.<br />

Segundo N<strong>EM</strong>R (1998), existe ainda a laringectomia near-total,<br />

chamada também de laringectomia ¾ ou quase total.<br />

PEARSON, citado por VICENTE et. al. (1997) afirma que<br />

laringectomia quase total refere-se a uma ressecção quase total da laringe,<br />

preserva-se apenas uma faixa estreita que conecta a via aérea e a faringe através<br />

da aritenóide não comprometida.<br />

Essa operação é uma alternativa para a laringectomia total quando<br />

uma pequena porção da laringe está livre do tumor.<br />

Esse procedimento cirúrgico é indicado para tumores laríngeos,<br />

incluindo lesões subglóticas e supraglóticas extensas, em que não seja possível a<br />

realização da laringectomia parcial (VICENTE, GONÇALVES e GONÇALVES –<br />

1997).


N<strong>EM</strong>R (1998) descreve que na laringectomia quase total, a<br />

traqueostomia é definitiva e o paciente necessita fechá-la com o dedo para que o<br />

ar do pulmão passe pela fístula localizada no nível da traquéia e suba pela<br />

neolaringe, produzindo a voz.<br />

Conforme o autor, o trabalho fonoaudiológico tem como objetivo<br />

manter adequada a passagem do ar pela fístula, estimulando a passagem do ar<br />

nos dois sentidos.<br />

A orientação pré operatória nestes casos é extremamente benéfica<br />

ao paciente e à sua família, pois alertá-los e esclarecê-los quanto a possíveis<br />

problemas com a deglutição no pós-operatório ajuda a diminuir o impacto<br />

emocional diante do problema (GIELOW, 1999).<br />

Assim, conclui-se que o fonoaudiólogo exerce um importante papel<br />

na reabilitação vocal e no tratamento da disfagia, auxiliando na reintegração social<br />

e melhor qualidade de vida dos pacientes submetidos a laringectomias parciais.


3.1 LARINGECTOMIAS TOTAIS<br />

Após pesquisa e descrição geral sobre as laringectomias parciais,<br />

segue-se uma dissertação que irá focalizar as laringectomias totais.<br />

Segundo GONÇALVES & BEHLAU (1997), o indivíduo que é<br />

diagnosticado com câncer de laringe e não pode sujeitar-se a uma cirurgia parcial<br />

que conserve as funções deste órgão, deverá se submeter a uma laringectomia<br />

total, com conseqüência da perda do mecanismo fonatório básico para a produção<br />

da voz.<br />

KOWALSKI, MIGUEL e ULBRICH (2000) citam AMERICAN JOINT<br />

COMITEE FOR CANCER e KOWALSKI et. al., quanto à necessidade do<br />

conhecimento das três regiões da laringe e dos elementos anatômicos contidos<br />

em cada um:<br />

- Supraglote (epiglote, pregas ariepiglóticas, ventrículos da laringe, aritenóides,<br />

falsas cordas);<br />

- Glote (cordas vocais e comissura anterior);<br />

- Subglote (limite superior situado 4 mm abaixo da borda livre das cordas vocais<br />

e limite inferior na borda inferior da cartilagem cricóidea).<br />

Para os autores, a laringectomia total é indicada em tumores<br />

extensos onde os três níveis da laringe estão comprometidos, o que impede a<br />

realização de técnicas conservadoras.<br />

Os autores ressaltam a importância da remoção das cadeias de<br />

drenagem linfática dos tumores de laringe (esvaziamento cervical).


ZAGO & SAWADA (1998) relatam que na cirurgia, a parte superior<br />

da faringe é suturada à pele da base da língua, e a traquéia suturada a pele da<br />

base do pescoço, onde é realizada uma abertura para a respiração, chamada de<br />

traqueostomia.<br />

A traqueostomia é um procedimento cirúrgico, onde uma abertura é<br />

realizada na traquéia, entre o segundo e o terceiro anéis traqueais, para exposição<br />

da mesma e introdução de uma cânula de traqueostomia de tamanho adequado.<br />

O objetivo desse procedimento é assegurar uma via aérea<br />

adequada, desviando o trajeto do local de obstrução tumoral (HUMERES , 2000).<br />

A traqueostomia realizada na laringectomia total é permanente.<br />

ZAGO e SAWADA (1998) afirmam que a laringectomia total é<br />

considerada um procedimento altamente mutilatório, devido às conseqüências<br />

para o paciente.<br />

As autoras diferenciam as conseqüências em:<br />

a) Fisiológicas:<br />

- alteração da via respiratória<br />

- traqueostomia permanente<br />

- diminuição do olfato e paladar<br />

- afonia<br />

- diminuição da atividade motora do ombro, braço e pescoço.<br />

b) Psicossociais:<br />

- alteração da auto estima<br />

- alteração da imagem corporal<br />

- alteração da comunicação


- alteração das atividades sociais.<br />

Conforme LOFIEGO (1989) , após a laringectomia total, o aparelho<br />

respiratório fica muito alterado em sua anatomo-fisiologia e as vias aéreas<br />

superiores ficam totalmente desligadas das inferiores.<br />

Para cumprir a função respiratória somente são utilizados as vias<br />

respiratórias inferiores. O ato respiratório segue o curso normal a partir do orifício<br />

traquial localizado na região cervical mediana anterior.<br />

A autora considera que a perda do olfato é sempre notada por causa<br />

da falta de inalação pelo nariz e, consequentemente, estímulo dos terminais dos<br />

nervos olfativos.<br />

Para finalizar, a autora conclui que o paladar também fica debilitado<br />

porque o paciente passa a sentir o gosto e cheirar ao mesmo tempo.<br />

L LINÁS (1992) descreve alguns dos efeitos colaterais que o<br />

paciente poderá enfrentar após a intervenção cirúrgica. São eles: aerofagias,<br />

soluço, náuseas, dores gástricas, secura da boca, certas dificuldades motoras,<br />

impossibilidade de tossir e assoar-se entre outras.<br />

ANGELIS, FURIA e MOURÃO (1997) colocam que a principal<br />

seqüela da laringectomia total é a perda total da voz. Apesar de não haver<br />

possibilidade de aspiração nesses casos os pacientes podem apresentar disfagias<br />

relacionadas ao grau de cicatrização.<br />

A laringectomia total, apesar de ser um procedimento cirúrgico<br />

necessário, causa uma série de transformações à vida do paciente e de seus<br />

familiares.


4. DISFAGIAS APÓS LARINGECTOMIAS<br />

A ressecção total ou de parte da laringe acarreta dificuldades em<br />

graus variados no que se refere à deglutição.<br />

FURKIM & SILVA (1999) definem a deglutição como ato de deglutir,<br />

ou seja, a ação responsável por levar o alimento pelo trato digestivo desde a boca<br />

até o estômago.<br />

As autoras acreditam que a deglutição é um processo sinérgico<br />

composto por fases intrinsecamente relacionadas, seqüênciadas e harmônicas,<br />

divididas em: fase preparatória e fase oral (voluntárias), fase faríngea e fase<br />

esofágica (involuntárias ou reflexas).<br />

ANGELIS, MOURÃO e FÚRIA (2000) demonstram que o tratamento<br />

cirúrgico, como também o rádio ou quimioterápico do câncer de cabeça ou<br />

pescoço, pode acarretar disfagias.<br />

Disfagia é qualquer dificuldade de deglutição, originado de processo<br />

agudo ou progressivo, que interfere no transporte do bolo da boca ao estômago<br />

(FILHO, GOMES e FURKIM 2000) .<br />

ROCHA (1998) afirma que na disfagia, a deglutição ocorre de forma<br />

lenta como também imprecisa para líquido, pastoso, sólido ou para ambos,<br />

podendo ser congênita ou adquirida.<br />

De acordo com FURKIM (1998), a disfagia é um sintoma de uma<br />

patologia de base, podendo ser. adquirida ou congênita, de ordem neurológica, ou<br />

causada por procedimentos cirúrgicos em uma parte do trato digestivo, como por<br />

exemplo, as laringectomias.


Segundo ANGELIS, FÚRIA e MOURÃO (1997), a disfagia é a<br />

seqüela mais importante nas laringectomias parciais horizontais, pois as pregas<br />

vocais tonaram-se o único mecanismo protetor das vias aéreas.<br />

Nesses casos, o principal objetivo da reabilitação fonoaudiológica é a<br />

retirada da sonda nasogástrica e o estabelecimento da alimentação via oral.<br />

BRANDÃO, citado por ANGELIS et. al. 2000 , afirma que, em estudo<br />

realizado com pacientes submetidos à laringectomia horizontal, observou-se<br />

estase alimentar em topografia de valécula e trânsito oral aumentado.<br />

Para as autoras, a disfagia nesse caso é temporária e a reabilitação<br />

fonoaudiológica mostra ser de grande eficiência nos casos de manutenção das<br />

dificuldades.<br />

ANGELIS, MOURÃO e FURIA (2000) citam o estudo de FURIA que<br />

afirma que a deglutição adequada nos casos de laringectomias supraglóticas com<br />

ressecções de parte da prega vocal ou parte de uma aritenóide, irá requerer um<br />

tempo maior de reabilitação, pois pela impossibilidade de se formar um esfíncter<br />

laríngeo que proteja as vias aéreas, geralmente a traqueostomia é necessária.<br />

Para ANGELIS, FURIA e MOURÃO (2000) os pacientes submetidos<br />

à laringectomia parcial vertical geralmente não apresentam aspiração, chegam à<br />

fonoterapia já sem a sonda nasogástrica e sem traqueostomia.<br />

Quando apresentam aspiração, geralmente esta é de fácil<br />

reabilitação fonoaudiológica.<br />

ANGELIS, FURIA, MOURÃO (1997) descrevem que as<br />

laringectomias verticais podem não acarretar disfagias, porém, apresentam


alterações vocais, cujo grau de severidade estará diretamente relacionado com o<br />

tamanho da ressecção, estruturas envolvidas e o tipo de reconstrução.<br />

MCCULLOCH, citado por ANGELIS et. al. (2000), relata que nas<br />

laringectomias totais podem ocorrer dificuldades no processo de deglutição, como<br />

por exemplo: cicatrizes na base da língua ou na região da faringe que acumulam<br />

alimento ou líquidos durante a deglutição e hipertonia da musculatura<br />

cricofaríngea ou estenose, que dificultarão a passagem e a penetração do<br />

alimento no esôfago.<br />

Podem ocorrer ainda, segundo os autores, alterações no trânsito<br />

esofágico e no peristaltismo esofágico decorrentes das regiões de sutura.<br />

Segundo (GIELOW, 1999) as queixas que um laringectomizado total<br />

pode apresentar quanto à deglutição, referem-se geralmente à dificuldade de<br />

passagem do alimento da faringe para o esôfago. O estreitamento da região do<br />

esfíncter faringoesofágico pode ser uma seqüela da retração cicatricial após a<br />

reconstrução cirúrgica da região do esfíncter ou da base da língua, ou uma<br />

seqüela da radioterapia.<br />

De modo geral, a disfagia no pós operatório de determinadas<br />

cirurgias de cabeça e pescoço exige grande atenção, sendo que o tratamento<br />

fonoaudiológico oferece bons resultados funcionais e colabora na reintegração<br />

social do paciente(GIELOW,1999).<br />

Para uma melhor qualidade de vida destes pacientes, cabe a nós<br />

fonoaudiólogos adequar esta importante função vital que é a deglutição.


5. INTERVENÇÃO <strong>FONOAUDIOLÓGICA</strong> NAS LARINGECTOMIAS TOTAIS:<br />

A reabilitação fonoaudiológica dos pacientes laringectomizados é<br />

uma das contribuições mais valiosas que a fonoaudiologia pode oferecer,<br />

envolvendo aspectos muito mais amplos do que uma simples reabilitação vocal.<br />

ZAGO & SAWADA (1998) acreditam que devido aos progressos das<br />

técnicas cirúrgicas e as diferentes opções de reabilitação vocal, as chances de<br />

sobrevida e de qualidade de vida dos pacientes têm aumentado<br />

significativamente.<br />

As autoras consideram que as alternativas para a comunicação com<br />

a aquisição de uma nova voz, o aconselhamento individual e familiar e a<br />

reintegração social dos pacientes laringectomizados, são as metas de sua<br />

reabilitação.<br />

De acordo com FURIA, MOURÃO e ANGELIS (2000), a retirada da<br />

laringe envolve não só a mutilação física, como também a psíquica. É evidente<br />

que perder a voz acarreta sérias limitações à integridade do indivíduo na<br />

sociedade.<br />

ARAKI & MAFFEI (2000) relatam que o sentimento predominante é o<br />

do medo em relação à futura adaptação ao meio familiar, social e profissional,<br />

além da conscientização da gravidade da patologia básica.<br />

Para os autores os componentes emocionais, freqüentemente<br />

presentes no pós-operatório, afetam de maneira decisiva o sucesso terapêutico e<br />

também a reabilitação.


Segundo MAFFEI (2000), além da questão da voz e da disfagia, o<br />

paciente laringectomizado total pode apresentar dificuldades como a falta de<br />

proteção para o estoma, devido à fisiologia respiratória encontrar-se alterada no<br />

pós operatório.<br />

A autora relata que a partir de um contato com os pacientes foi criado<br />

o filtro protetor que oferece ao paciente uma condição de aeração adequada,<br />

aquecida, filtrada e protegida da situação da penetração de partículas em<br />

suspensão no ar.<br />

A função de qualquer membro da equipe de atendimento do paciente<br />

laringectomizado é, acima de tudo, a de apoiá-lo e compreendê-lo, auxiliando-o a<br />

entender suas reais dificuldades, partilhando com companheirismo suas limitações<br />

e motivando-o a enfrentar com coragem e disposição o caminho da reabilitação.


5.1 ATENDIMENTO PRÉ E PÓS-CIRÚRGICO<br />

A intervenção fonoaudiológica compreende, desde a orientação pré-<br />

operatória e o pós-operatório imediato, até a reabilitação fonoaudiológica<br />

propriamente dita.<br />

ANGELIS & MARTINS (2000) demonstram que a orientação pré-<br />

operatória é de suma importância para o paciente, pois o momento é o mais<br />

propício para lidar com as informações, permitindo ainda um contato inicial com a<br />

pessoa que lhe auxiliará em seu processo de reabilitação.<br />

Conforme as autoras, o período pré-operatório é de grande valor<br />

também para o fonoaudiólogo, pois é estabelecido um vínculo diferente com o<br />

paciente, já que é possível que a comunicação oral ainda esteja preservada.<br />

MONTEIRO (1989) sugere que o fonoaudiólogo esteja presente no<br />

momento em que for dito ao paciente sobre a necessidade da operação,<br />

fornecendo conhecimentos técnicos sobre a perda da sua voz e da possível<br />

aquisição da voz esofágica.<br />

A autora afirma não ser muito conveniente apresentarmos um<br />

paciente laringectomizado ao paciente no pré-operatório de uma laringectomia<br />

total.<br />

N<strong>EM</strong>R (1998) acrescenta que apresentar um paciente já reabilitado<br />

pode ser um recurso utilizado, mas só em casos excepcionais como de recusa do<br />

tratamento proposto ou por solicitação do paciente, o que deverá ser feito com<br />

muito critério e sempre na presença do fonoaudiólogo.


Segundo LLINÁS (1992), o contato com um laringectomizado já<br />

reeducado seria interessante, o mesmo iria instruí-lo e estimulá-lo em sua nova<br />

condição, informando-o de todas as suas possibilidades.<br />

Isto o prepararia psicologicamente para a intervenção, dando-lhe<br />

maior tranqüilidade e segurança.<br />

ANGELIS, FÚRIA e MOURÃO (1997) sugerem que o fonoaudiólogo<br />

tem como objetivo na orientação pré-operatória realizar ainda uma anamnese<br />

detalhada e uma avaliação das habilidades de comunicação e deglutição.<br />

PUTKIN , citado por ANGELIS & MARTINS (2000) associa o<br />

prognóstico de adquirir e desenvolver a voz esofágica ao estado emocional pós-<br />

operatório, que por sua vez é nitidamente influenciado pelo preparo pré-operatório<br />

do paciente.<br />

As autoras concluem que cabe ao fonoaudiólogo orientar sobre:<br />

- os mecanismos de produção normal de voz, e as mudanças anatômicas e<br />

fisiológicas ocorridas após a cirurgia; (desenho - pág 25)<br />

- a permanência definitiva do estoma, sua higiene e proteção;<br />

- possíveis disfunções no olfato e paladar;<br />

- a dificuldade em levantar peso; alguns pacientes podem apresentar<br />

dificuldades temporárias nessas atividades;<br />

- presença de tosse e muco iniciais; com o decorrer do tempo tende a haver<br />

uma adaptação e conseqüente diminuição do muco;<br />

- a reabilitação; o fonoaudiólogo irá apresentar as propostas disponíveis, suas<br />

vantagens e desvantagens, ficando para o paciente a decisão final de escolha.


- o preparo para o pós-operatório imediato, é bom ser reforçado sobre a situação<br />

após o retorno da UTI: necessidade dos tubos, a alimentação via sonda<br />

nasogástrica, os equipamentos necessários e os pré requisitos para o início da<br />

fonoterapia.


MYERS et. al, citados por BEHLAU & GONÇALVES (1991),<br />

ressaltam que são poucos os outros cânceres que necessitam tratamento e<br />

reabilitação antecipatória na importância que requer a abordagem no câncer de<br />

cabeça e pescoço.<br />

Para ANGELIS & MARTINS (2000), a orientação pós-operatória<br />

contribui para que o contato entre paciente e terapeuta, realizado no período pré-<br />

operatório, se reestabeleça, fazendo com que todas as dúvidas sejam sanadas.<br />

As autoras constataram que os pacientes que estão melhores<br />

educados pré-operatoriamente parecem ser mais complacentes no curso pós-<br />

operatório de tratamento e reabilitação.<br />

N<strong>EM</strong>R (1998) relata que o atendimento pós-operatório tem como<br />

objetivo: reforçar as informações dadas no período pré-operatório, tranqüilizar o<br />

paciente quanto à dificuldades de comunicação daquele momento, reforçar a<br />

atenção para os aspectos que forem provisórios e enfatizar a ajuda que<br />

poderemos dar a ele para as mudanças definitivas.<br />

De acordo com a autora, o fonoaudiólogo deve acompanhar a<br />

evolução pós-operatória, realizando visitas curtas e periódicas.<br />

FÚRIA, MOURÃO e ANGELIS (2000) colocam que na avaliação<br />

fonoaudiológica no pós-operatório serão avaliados:<br />

- sistema sensório motor oral, onde será examinado a sensibilidade, mobilidade,<br />

o tônus e a simetria de face, lábios, língua e palato;<br />

- sensibilidade e mobilidade da cintura escapular;<br />

- se há presença de: edema facial, trismo dentes ou próteses parciais ou totais;


- funções neurovegetativas: respiração, quanto ao tamanho do estoma e a<br />

presença de ruído respiratório; deglutição em diferentes consistências e<br />

mastigação;<br />

- presença de déficits auditivos;<br />

- capacidade de utilizar as diferentes formas de comunicação propostas.<br />

De acordo com a experiência de ANGELIS & MARTINS (2000), os<br />

pacientes que obtiveram acompanhamento fonoaudiológico pós-operatório<br />

imediato chegam para a fonoterapia mais confiantes no seu processo de<br />

reabilitação.<br />

N<strong>EM</strong>R (1998) considera que o fonoaudiólogo pode intervir no pós-<br />

operatório com alguns exercícios específicos, desde que haja a autorização<br />

médica. Porém, na maioria dos casos a fonoterapia só se inicia a partir da<br />

cicatrização, ausência de fístulas, deiscências de sutura e infecções.<br />

As orientações pré e pós-cirúrgicas nos casos de laringectomias<br />

totais são fundamentais para uma reabilitação efetiva, o que irá proporcionar<br />

também a reintegração social do paciente.


6. FORMAS DE REABILITAÇÃO<br />

Existem várias maneiras com as quais os indivíduos<br />

laringectomizados podem compensar a perda da voz laríngea e favorecer a<br />

comunicação verbal oral.<br />

ANGELIS, FÚRIA e MOURÃO (1997) citam SALMON & MOUT, que<br />

enfatizam o atendimento aos laringectomizados em grupo, pois os possibilita<br />

conviver, conversar e ajustar-se com as pessoas que também passaram pela<br />

mesma cirurgia.<br />

Nestes tipos de intervenções cirúrgicas, deve-se discutir vantagens e<br />

desvantagens de cada forma de reabilitação.<br />

Não há grande divergência entre os autores sobre os recursos<br />

existentes para reabilitação do indivíduo laringectomizado. As três formas de<br />

reabilitação pesquisadas – voz esofágica, laringe eletrônica e próteses<br />

traqueosofágicas – serão descritas nos próximos itens.


6.1 VOZ ESOFÁGICA<br />

Segundo BEHLAU & GONÇALVES (1997), após a laringectomia<br />

total, a primeira tentativa de reabilitação deve ser através da voz esofágica, o que<br />

significa que a fonte sonora básica para a produção da voz será deslocada para o<br />

esôfago, que desenvolverá essa função através de um treinamento específico.<br />

STEFFEN (1982) considera que a voz esofágica consiste em uma<br />

voz produzida mediante o mecanismo de eructo voluntário, o ar é deglutido, e em<br />

um movimento de peristaltismo reverso é expelido, passando através do esfíncter<br />

do constritor médio e inferior da faringe, que determinam um esfíncter natural,<br />

verdadeira glote vibratória.<br />

São descritos classicamente três métodos para introduzir ar no<br />

esôfago para depois expulsá-lo: método de deglutição do ar, método de aspiração<br />

e método de injeção.<br />

O método de deglutição de ar consiste em introduzir o ar através do<br />

auxílio dos movimentos da deglutição.<br />

A técnica consiste em deglutir o ar, e assim que perceber sua<br />

introdução no esôfago, expulsá-lo emitindo uma vogal. Para tanto, a deglutição<br />

deverá ser incompleta.<br />

A principal desvantagem do método é a lentidão da fala, pois a cada<br />

novo suprimento de ar, o paciente precisa parar e realizar os movimentos de<br />

deglutição (GONÇALVES & BEHLAU 1997).<br />

FÚRIA, MOURÃO e ANGELIS (2000) completam que, mesmo nos<br />

bons falantes esofágicos, a introdução do ar pela deglutição pode induzir o


aparecimento do clunck e o ruído respiratório do estoma, comprometendo assim a<br />

efetividade da transmissão da mensagem.<br />

Para as autoras, o método de aspiração, de inalação ou de sucção<br />

do ar, descrito por SE<strong>EM</strong>AN (1926) consiste em introduzir o ar para dentro do<br />

esôfago por meio de um movimento de sucção forçada.<br />

A pressão torácica influencia a pressão intraesofágica, por isso é<br />

melhor começar a introdução do ar juntamente com uma inspiração profunda, para<br />

que a abertura do esôfago seja facilitada.<br />

GONÇALVES & BEHLAU (1997) acreditam que o método é mais<br />

difícil do que o descrito anteriormente, pois exige do paciente maior controle<br />

muscular. Porém, não necessita de selamento de lábios e da lenta manobra da<br />

deglutição.<br />

O método de injeção de ar ou método holandês, descrito por<br />

MOOLENAAR-BIJL (1953) e DAMSTÉ (1958), é considerado o mais apurado para<br />

a emissão em voz esofágica (LE HUCHE, 1987).<br />

O método consiste em duas técnicas: injeção por pressão<br />

glossofaríngea e injeção consonantal.<br />

Na injeção por pressão glossofaríngea a língua funciona como um<br />

pistão, comprimindo e injetando o ar no esôfago com um movimento forte e rápido.<br />

Na injeção por pressão consonantal utiliza-se as plosivas |p|, |t|, ou<br />

|k|, por serem sons que produzem maior turbulência e pressão de ar, que são<br />

direcionados do esôfago e, ao serem expulsos, produzem a voz esofágica.<br />

O resultado em relação a fluência e ao encadeamento da fala é ótimo<br />

(GONÇALVES & BEHLAU , 1997).


Segundo BEHALU, MARGALL e PONTES (1987), a escolha do<br />

melhor método a ser empregado em cada caso depende exclusivamente da<br />

facilidade do paciente. Os melhores falantes utilizam técnica mista.<br />

N<strong>EM</strong>R (1998) afirma que a voz esofágica é grave, rouca, monótona;<br />

porém, desde que seja bem treinada é perfeitamente inteligível por qualquer<br />

ouvinte.<br />

Conforme FÚRIA, MOURÃO e ANGELIS (2000), o processo de<br />

reabilitação da voz esofágica apresenta vantagens e desvantagens.<br />

- Vantagens: voz mais fisiológica e natural, não necessita de manutenção e/ou<br />

utilização das mãos; o custo é menor em relação aos outros métodos.<br />

- Desvantagens: tempo de aprendizado prolongado (em torno de seis meses);<br />

alta taxa de insucessos, que na literatura varia entre 25 e 95%; nos casos<br />

submetidos à radioterapia conjunta há uma grande dificuldade para aquisição e<br />

desenvolvimento da voz esofágica e dificuldade para diferenciar o traço de<br />

sonoridade dos fonemas.<br />

Os fatores que impedem a aquisição da voz esofágica, segundo<br />

ZAGO & SAWADA (1998), podem ser divididos em duas categorias: fatores de<br />

ordem física e fatores de ordem psicológica.<br />

Os de ordem física englobam: fibrose da cicatriz cirúrgica, fístula<br />

traqueo-cutânea, estenose do esôfago e problemas pulmonares.<br />

Os de ordem psicológica envolvem desde o excesso de ansiedade,<br />

a falta de motivação, os problemas emocionais e a falta de apoio familiar até a<br />

vida solitária.


FURIA, MOURÃO e ANGELIS (2000) acrescentam os fatores de<br />

ordem funcional como empecilho para a aquisição da voz esofágica.<br />

São eles: hipertonia, espasmo faringoesofágico, hipotonia e o tempo<br />

de intervalo entre a cirurgia e o início de treinamento da voz.<br />

As autoras ressaltam a importância da reavaliação da qualidade da<br />

emissão dos pacientes durante o processo terapêutico.<br />

BERLIN, citado pelas autoras, descreve alguns critérios para uma<br />

boa fonação: fonação voluntária, pequena latência entre a entrada de ar e a<br />

fonação, duração adequada da fonação e fonação encadeada durante a fala.<br />

É importante colocar que os pacientes que não conseguirem realizar<br />

emissões esofágicas, em até um mês, devem ser reavaliados pelo cirurgião de<br />

cabeça e pescoço e submetidos aos exames funcionais da emissão esofágica<br />

(raio-x do esôfago, videofluoroscopia da deglutição e da fonação esofágica, como<br />

também teste de insuflação) (FÚRIA, MOURÃO e ANGELIS , 2000).<br />

Qualquer comunicação é melhor que nenhuma comunicação; porém,<br />

uma boa comunicação, inteligível e efetiva, deve ser nosso objetivo.


6.2 LARINGE ELETRÔNICA OU ELETROLARINGE<br />

Segundo ZAGO & SAWADA (1998), a eletrolaringe é um amplificador<br />

movido a bateria ou pilha que emite uma onda sonora contínua. Esta vibração<br />

sonora é transmitida ao ressonador buconasofaríngeo e esta pseudovoz é<br />

transformada em forma de palavra falada pelos órgãos articuladores: lábios, língua<br />

e dentes.<br />

Basicamente para STEFFEN (1989) existem dois modelos; uma<br />

prótese intra-oral e outra justacervical.<br />

Na intra-oral, a onda sonora provém de um estojo de mão ou bolso e<br />

é levada à cavidade bucal por um dispositivo em forma de piteira ou cachimbo. O<br />

vibrador justacervical é pressionado na região submandibular ou na porção<br />

mediana do pescoço.<br />

Cada paciente deverá encontrar seu ponto ideal de vibração máxima.<br />

Em nosso meio, o modelo mais utilizado é o justacervical.<br />

Para N<strong>EM</strong>R (1998) , a eletrolaringe é o último recurso oferecido ao<br />

paciente devido à qualidade de voz que apresenta (voz robotizada e monótona) e<br />

ao incômodo do paciente ao segurar o aparelho em contato com o pescoço,<br />

acionando-o sempre que quiser falar.<br />

FÚRIA, MOURÃO e ANGELIS (2000) acrescentam como<br />

desvantagens: o ruído eletrônico que mascara a fala e o retorno auditivo da<br />

própria emissão; a necessidade de uma área cervical flexível e de boa articulação;<br />

o alto custo para aquisição e manutenção, entre outras.


As autoras citam como vantagens da eletrolaringe: utilização<br />

imediata; maior independência; fácil aprendizado e segurança emocional no pós-<br />

operatório.<br />

O uso da laringe artificial não retarda o aprendizado da voz esofágica<br />

e nem desmotiva o paciente ao treinamento. Sendo assim deve ser sempre<br />

apresentado como um recurso temporário ou alternativo de comunicação ao<br />

paciente (GONÇAVES & BEHLAU – 1997).<br />

FURIA, MOURA e ANGELIS (2000) , acreditam que o aspecto mais<br />

importante a ser trabalhado pelo fonoaudiólogo para a melhora da comunicação<br />

com a eletrolaringe seja o treino de sobrearticulação.<br />

Este treino consiste em emitir palavras, frases e sentenças com<br />

maior precisão dos contatos de articulação associada à maior amplitude de<br />

movimentos dos mesmos.<br />

O treino é fundamental para proporcionar uma melhor clareza<br />

articulatória e, como conseqüência, uma melhor inteligibilidade de fala.<br />

Ressalta-se que alguns pacientes empregam essa técnica de<br />

reabilitação de modo permanente.


6.3 PRÓTESES TRAQUEOSOFÁGICAS<br />

As próteses cirúrgicas são mais uma alternativa de comunicação<br />

oferecida ao paciente laringectomizado total.<br />

SINGER & BLOM , citados por CECCON & ANGELIS (2000) ,<br />

descreveram a criação de uma fístula cirúrgica comunicando a traquéia, no nível<br />

do traqueostoma, ao esôfago cervical e inserindo aí uma pequena prótese<br />

valvulada que permite o fluxo de ar da traquéia ao esôfago e impede a passagem<br />

de líquidos e alimentos do esôfago à árvore respiratória.<br />

O funcionamento ocorre com o bloqueamento do traqueostoma<br />

durante a expiração, levando o ar do esôfago e trato aerodigestivo alto, fazendo<br />

vibrar basicamente o esfíncter esofágico superior, que funciona como uma<br />

neoglote, produzindo voz com boa qualidade.<br />

Segundo GONÇALVES & BEHLAU (1997), existem dois tipos<br />

básicos de próteses de implante traqueosofágico:<br />

- próteses móveis e de curta permanência no organismo, que podem ser<br />

removidas e recolocadas pelo próprio paciente;<br />

- próteses fixas ou de maior permanência no corpo, que devem ser removidas e<br />

recolocadas pelo pessoal técnico especializado, médico ou fonoaudiólogo.<br />

CECCON & ANGELIS (2000) citam os critérios de HEATON &<br />

PARKER para a escolha da prótese a ser utilizada : 1. Capacidade do paciente de<br />

manipular o traqueostoma para limpeza e troca da prótese; 2. Custo, hoje, a<br />

utilização de uma prótese que apresente um longo período de vida útil, é mais


arato; 3. A prótese deve possuir uma válvula de baixa pressão, o que torna mais<br />

fácil a fonação.<br />

FURIA, MOURÃO e ANGELIS (2000) acreditam que a fala<br />

traqueosofágica funcional é obtida dentro de poucas sessões de orientação e<br />

refinamento vocal, com maximização da inteligibilidade e da naturalidade da<br />

emissão, fundamentais para uma comunicação efetiva.<br />

treaqueosofágicas.<br />

A fonoterapia faz parte integral da reabilitação com próteses<br />

A terapia vocal é indicada ainda no período de internação após a<br />

retirada da sonda nasoenteral (CECCON & ANGELIS , 2000).<br />

Para FÚRIA, MOURÃO e ANGELIS (2000) , a prótese<br />

traqueosofágica é uma ótima opção para pacientes que não adquirem a voz<br />

esofágica, como também para pacientes que necessitem ou desejem uma<br />

comunicação a curto prazo.<br />

A prótese esofágica comparada com a laringe eletrônica e a voz<br />

esofágica se sobressai, pois os pacientes obtêm uma voz aceitável, se tornam<br />

capazes de se comunicar praticamente em todas as circunstâncias sociais, com<br />

índices de sucessos ao redor de 90%.<br />

Em função deste aspecto, a prótese traqueosofágica tornou-se o<br />

método de escolha para a reabilitação vocal em várias instituições da Europa e<br />

dos Estados Unidos (SILVERMAN & BLACK; BLALOCK citados por CECCON &<br />

ANGELIS (2000).<br />

Fatores como questões econômicas e de nível sócio-cultural fazem<br />

com que nossos pacientes sejam submetidos à colocação de próteses


traqueosofágicas como uma segunda opção quando ocorre fracasso na<br />

reabilitação para aquisição da voz esofágica.<br />

É importante salientar que toda e qualquer possibilidade de<br />

comunicação deve ser incentivada assim que houver limitações na comunicação<br />

oral.


7. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Embora minha experiência tenha sido curta, o contato que tive com<br />

os pacientes do Hospital do Câncer de Londrina – Paraná, durante 06 meses, me<br />

levou a acreditar que o trabalho do Fonoaudiólogo é indispensável.<br />

Logo depois tive um paciente, que hoje considero o mais importante<br />

e mais especial, mesmo ignorando se ele foi a óbito ou não.<br />

Atendi o Sr. Adolfo durante 04 meses na clínica da faculdade e posso<br />

afirmar que foi com ele que aprendi o essencial sobre os pacientes<br />

laringectomizados – o que é ser laringectomizado –. Após esse entendimento me<br />

motivei a conhecer mais sobre aquela patologia e esperei sempre poder fazer<br />

algum estudo sobre o tema.<br />

com estes pacientes.<br />

Hoje, com a monografia do <strong>CEFAC</strong>, espero poder contribuir também<br />

Infelizmente, o trabalho da Fonoaudiologia em pacientes<br />

laringectomizados é pouco divulgado, levando em consideração a importância do<br />

mesmo.<br />

ainda pouco aceito.<br />

Acredito que devido o trabalho ser pouco divulgado, o mesmo é<br />

Sendo assim, optou-se pelo tema “A Atuação Fonoaudiológica em<br />

Pacientes Laringectomizados Totais”, para que seja descrita a necessidade deste<br />

trabalho em hospitais junto à equipe multidisciplinar.<br />

Várias doenças assolam a população do mundo atual, sendo que<br />

dentre elas temos uma causadora de medo, tristeza e infelizmente, inúmeros


óbitos – o câncer. Esta doença foi aqui relatada, quanto à sua definição, etiologia<br />

e incidência, prevenção e tratamento, sendo este último dividido basicamente em<br />

radioterapia, quimioterapia e intervenções cirúrgicas, sendo estas inúmeras, no<br />

entanto; apenas Laringectomias foram aqui relatadas.<br />

É válido citar as principais consequências das laringectomias,<br />

incluindo as alterações de fonação e deglutição.<br />

Analisando os argumentos já citados, conclui-se que o tratamento<br />

fonoaudiológico dos pacientes laringectomizados auxilia as adaptações das<br />

estruturas remanescentes para execução das funções da fala e deglutição.<br />

Com a minha experiência e com este estudo teórico pude verificar a<br />

importância das orientações pré e pós operatórias imediatas.<br />

Embora pouca realizada, a intervenção fonoaudiológica pré e pós<br />

operatória é de suma importância para a criação de um vínculo diferente com o<br />

paciente e se torna fundamental para reabilitação efetiva dos mesmos.<br />

Neste trabalho foram descritas detalhadamente as três formas de<br />

reabilitação fonoaudiológica - voz esofágica, laringe eletrônica ou eletrolaringe e<br />

próteses traqueosofágicas - enfatizando vantagens e desvantagens de cada<br />

método.<br />

Analisando relatos dos autores pesquisados pode-se concluir que,<br />

comparada à laringe eletrônica e a voz esofágica, a prótese traqueoesofágica se<br />

sobressai devido à comunicação aceitável que ela proporciona aos pacientes.<br />

Porém, no Brasil, nossos pacientes são submetidos à colocação de<br />

próteses traqueoesofágicas somente nos casos de insucesso de outros métodos.


Espera-se que com este trabalho possamos possibilitar aos<br />

profissionais envolvidos nesta área o conhecimento da importância da intervenção<br />

fonoaudiológica no pré e pós operatório, assim como na reabilitação propriamente<br />

dita destes pacientes.<br />

pesquisa:<br />

Concluo com um poema do paciente que me motivou a realizar esta<br />

“A FONOAUDIOLOGIA <strong>EM</strong> MINHA VIDA”<br />

Quando a tempestade vem em fúria devastadora, abrindo a<br />

cortina do horizonte nas emoções que desalinham, no<br />

desequilíbrio de todos os sentimentos, a cabeça roda a mil,<br />

um abismo se abre bem perto ... Ínfimas são as forças que<br />

restam no socorro.<br />

Assim começa a vida de um deficiente físico quando se<br />

depara com as dificuldades de convívio social, e o novo<br />

papel, subjugado à força e circunstância, sem cultivar<br />

esperança, enfrentar os desavisados na igualdade humana,<br />

preconceitos tantos isolamento natural para um outro estilo<br />

de vida.<br />

Estado de espírito destruído. Conformação ? Como? Deixar<br />

se levar? E quem tem um tempo devido para cuidar destas<br />

incongruências da vida?


Levantar as frentes, transpor muralhas, desafios<br />

inevitáveis que necessitam forças que vão além das próprias,<br />

só, sem contar com ninguém.<br />

Extrair de si mesmo, formar um vulcão para consegui-las.<br />

Será possível? Pesa mais na angústia do silêncio, é o caminho<br />

do refúgio e resignação. Não há escolhas, a parte física<br />

decai sensivelmente, o processo pode levar à depressão.<br />

Sentir-se alienado, destituído do conjunto.<br />

Onde está a voz para gritar, para desabafar, voz para a<br />

dor? Como descarregar o sufoco? Engolir no silêncio o<br />

infinito...<br />

Há momentos que transfiro para qualquer outro tipo de<br />

deficiente como deverão estar nas mesmas situações, como<br />

enfrentam o mesmo estado emocional.<br />

outros.<br />

Sei apenas que não é nada bom depender de ajuda dos<br />

Aconselhado fui fazer algumas sessões de fonoaudiologia<br />

com remotas possibilidade, creio eu, de resultados positivos<br />

na articulação da fala.<br />

Procurei na UNOPAR, por ser uma escola atuante e<br />

atualizada. Com certo receio de recepção, agora já posso<br />

confessar, como estou surgindo e aparando todas estas<br />

dificuldades e sinto novamente o entrosamento às necessidades<br />

sociais com estímulo normalizado.


De onde veio esta evolução necessária ?<br />

Talvez vocês Fonoaudiólogos não tenham percebido tal<br />

importância do papel na recuperação emocional, moral,<br />

dinâmica e motora destas “forças” prementes e percursoras à<br />

integração normal da vida comum.<br />

Com certeza posso dizer que não é somente o<br />

desenvolvimento físico, terapêutico de cada caso e seus<br />

cuidados.<br />

Atrás disto nos sentimos novamente como seres humanos,<br />

com auto estima na vida, com coragem e acima de tudo com a<br />

alma.<br />

Insere-se uma psicologia com função encorajadora,<br />

estimuladora, a vontade, o trato pessoal muito digno.<br />

Consideração a toda prova, a gente se sente como gente.<br />

Diferenciar os tratos que recebemos ... Elevar toda a<br />

inversão de valores, sobrepujar as ofensas, as diferenças,<br />

tudo que vem lá de trás, na hora que entramos na fala para<br />

conversar com estes profissionais, verdadeiros motores de<br />

levantar nossos sentimentos lá para cima. É uma luta !<br />

Eles, creio eu, não avaliam como nós podemos sentir lá<br />

fora em todos os pontos vulneráveis de um ser humano, quase<br />

mutilado.<br />

Este curso de fono tem uma validade acima de preceitos<br />

comuns, dados em concepção de ordem até como insignificante.


É uma bandeira a ser levantada tirando de certo<br />

ostracismo e mostrando a importância da qualidade de vida e<br />

acima de tudo, com respeito à dignidade humana.<br />

Vocês, professores e alunos, tão abnegados, dons<br />

incomparáveis, que são naturalmente agraciados por Deus.<br />

A vocês todos, meu respeito, apreço e admiração.<br />

Obrigado, gente!<br />

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Adolfo Rossi<br />

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