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desenvolvimento sustentàvel na indústria têxtil: estudo - nds ufrgs

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XXII Congresso Nacio<strong>na</strong>l de Técnicos Têxteis – VIII Fe<strong>na</strong><strong>têxtil</strong><br />

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÀVEL NA INDÚSTRIA TÊXTIL: ESTUDO DE PROPRIEDADES E<br />

CARACTERÍSTICAS DE MALHAS PRODUZIDAS COM FIBRAS BIODEGRADÁVEIS<br />

Gabriela Jobim da Silva Alves<br />

Mestre em Design e Marketing, Doutoranda Engenharia Têxtil<br />

Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Têxtil, Guimarães, Portugal<br />

E-mail: gabrielajobim@yahoo.com.br<br />

Nathália Raphaelli<br />

Alu<strong>na</strong> Núcleo Design de Superfície – NDS – UFRGS<br />

Intercâmbio UFRGS/Universidade do Minho<br />

E-mail: <strong>na</strong>thalia@malhasbarros.com.br<br />

Prof. Dr. Raul Fangueiro<br />

Professor Auxiliar<br />

Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Têxtil, Guimarães, Portugal<br />

E-mail: rfang@det.uminho.pt<br />

Resumo<br />

Actualmente a preocupação com o meio ambiente é cada vez mais um factor de qualidade de vida,<br />

sendo a concepção de artigos de malha com material biodegradável uma aposta em <strong>desenvolvimento</strong><br />

sustentável <strong>na</strong> Indústria Têxtil. Este artigo apresenta o trabalho que está sendo feito <strong>na</strong> Universidade de<br />

Minho a respeito do <strong>estudo</strong> de propriedades e características de malhas produzidas com fibras<br />

biodegradáveis. As malhas foram produzidas com diferentes tipos de fibras. Seis tipos de malhas foram<br />

produzidos mantendo constante a estrutura (debuxo), a massa linear dos fios (tex) aproximados, e a<br />

mesma afi<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> máqui<strong>na</strong> do comprimento de laçada (Np). Os tipos das fibras têxteis usadas foram<br />

de 100% Algodão, 100% Algodão Orgânico, 100% Soja, mistura de 50% Soja com 50% Algodão, 100%<br />

Bambu e 100% Cupro. A tecnologia electrónica rectilínea Stoll para malha de trama foi utilizada no<br />

fabrico das amostras. As propriedades a<strong>na</strong>lisadas nesta pesquisa sobre as malhas foram as<br />

propriedades dimensio<strong>na</strong>is, permeabilidade ao ar, resistência à tracção, e o pilling. Neste trabalho, os<br />

resultados das propriedades e características das malhas estudadas, são apresentadas e avaliadas.<br />

Palavras-chave: Tecidos Inteligentes – Ecologia – Desenvolvimento<br />

SUSTAINABLE DEVELOPMENT IN THE TEXTILE INDUSTRY: STUDY OF PROPERTIES AND<br />

CHARACTERISTICS OF WEFT-KNITTED FABRICS PRODUCED WITH<br />

BIODEGRADABLE STAPLE FIBRES<br />

Abstract<br />

Currently concerns with environmental issues are being a quality of life factor. The development of Weft-<br />

Knitted fabrics based on biodegradable fibres is an important factor for the sustai<strong>na</strong>ble development of<br />

the Textile Industry. This paper presents the work that is being done at University of Minho concerning<br />

the study of properties and characteristics of weft-knitted fabrics produced with biodegradable staple<br />

fibres. The weft-knitted fabrics have been produced with different types of staple fibres, keeping constant<br />

the structure and the dimensio<strong>na</strong>l properties. The types of staple fibres used have been: 100% Cotton,<br />

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Recife – Brasil, 25 – 30 Julho 2006


XXII Congresso Nacio<strong>na</strong>l de Técnicos Têxteis – VIII Fe<strong>na</strong><strong>têxtil</strong><br />

100% Organic Cotton, 100% Soy, blend of 50% Soy with 50% Cotton, 100% Bamboo and 100% Cupro.<br />

The properties of these yarns have been evaluated, including, regularity, twist level, friction and tensile<br />

strength. An electronic flat knitting machine has been used for the production of weft-knitted samples.<br />

Weft-knitted fabrics thus produced have been evaluated. The properties a<strong>na</strong>lyzed in this research<br />

include, dimensio<strong>na</strong>l properties, air permeability, tensile strength and pilling. The results obtained are<br />

presented and discussed.<br />

Word-key: Intelligent fabrics - Ecology - Development<br />

Introdução<br />

A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem resultado em sérios questio<strong>na</strong>mentos nos<br />

diversos setores da atividade huma<strong>na</strong>. Os questio<strong>na</strong>mentos e preocupações têm surgido principalmente<br />

nos setores cujo produto fi<strong>na</strong>l pode provocar impactos diretos no equilíbrio dos ecossistemas. Dentre<br />

estes setores está a Indústria Têxtil e do Vestuário, que desde tempos muito remotos tem sido uma das<br />

actividades económicas mais importantes, contribuindo para o progresso e evolução das civilizações.<br />

Esta atividade requer a ca<strong>na</strong>lização de grandes recursos, e para que a <strong>indústria</strong> se mantenha activa,<br />

precisa reduzir custos, ganhar produtividade, apostar em novas tecnologias, qualidade e design. Apesar<br />

de, nem sempre estes fatores estarem associados a preservação do meio ambiente, a preocupação com<br />

questões ambientais, tem se tor<strong>na</strong>do um factor relevante para o <strong>desenvolvimento</strong> sustentável e<br />

economicamente viável do processo de concepção de artigos têxteis.<br />

O tema deste trabalho de Investigação está relacio<strong>na</strong>do com a avaliação das características e<br />

propriedades de malhas produzidas a partir de fibras têxteis biodegradáveis, em especial a fibra de<br />

Algodão 100%, Algodão Orgânico 100%, Soja 100%, Soja 50% com Algodão 50%, Bambu 100% e<br />

Cupro 100%, e possíveis aplicações deste material em produtos têxteis.<br />

O projecto tem um carácter demonstrador da possível aplicabilidade de fibras têxteis biodegradáveis,<br />

numa escala industrial, podendo apoiar a <strong>indústria</strong> de malhas que aposta em inovação e design no<br />

<strong>desenvolvimento</strong> de produtos mais eficientes e com maior competitividade no mercado.<br />

O <strong>desenvolvimento</strong> desta pesquisa, não tem por fi<strong>na</strong>lidade a aplicação dos seus resultados num produto<br />

específico. A ideia é sugerir possíveis aplicações destas malhas em diversos produtos têxteis como<br />

artigos de vestuário, <strong>têxtil</strong> lar, decoração, mobiliário, têxteis técnicos, entre outros, a partir das<br />

características e propriedades de cada material.<br />

Materiais e Métodos<br />

O cuidado com a qualidade do meio ambiente no sector <strong>têxtil</strong> tem levado as empresas a desenvolverem<br />

programas de preservação e redução de impactos ambientais. O maior enfoque tem sido dado aos<br />

materiais e às técnicas utilizadas durante o processo produtivo. Diante desta realidade a produção e<br />

processamento de artigos têxteis têm impulsio<strong>na</strong>do o resgate de fibras <strong>na</strong>turais, e de fibras amigas do<br />

ambiente. Estas fibras podem ser cultivadas com técnicas da agricultura orgânica, <strong>na</strong>turalmente<br />

coloridas, ou regeneradas.<br />

Para SOUZA (1998), “Os produtos têxteis ecológicos podem ser definidos como aqueles que empregam<br />

pelo menos uma destas iniciativas de redução de impacto ambiental, seja <strong>na</strong> produção agrícola, seja <strong>na</strong><br />

etapa de acabamento, com o uso de alter<strong>na</strong>tivas como o uso de corantes <strong>na</strong>turais ou de fibras<br />

<strong>na</strong>turalmente coloridas. Entretanto, foi ape<strong>na</strong>s no fi<strong>na</strong>l dessa década que a visão integrada dos<br />

diferentes segmentos da <strong>indústria</strong> <strong>têxtil</strong> deu origem aos têxteis orgânicos, que são produzidos<br />

considerando o impacto ambiental tanto da produção da matéria-prima como do processamento<br />

industrial”.<br />

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Recife – Brasil, 25 – 30 Julho 2006


XXII Congresso Nacio<strong>na</strong>l de Técnicos Têxteis – VIII Fe<strong>na</strong><strong>têxtil</strong><br />

Algodão<br />

O algodão é uma fibra <strong>na</strong>tural, de origem vegetal, e, por não apresentar grandes exigências em relação<br />

ao clima ou ao solo, pode ser produzido em praticamente todos os continentes. No entanto, é uma<br />

planta de cultura delicada e muito sujeita a pragas, sendo grande consumidora de herbicidas e<br />

fungicidas.<br />

O Algodão é usado como fibra <strong>têxtil</strong> há mais de 7000 anos, podendo dizer-se que está ligado à origem<br />

mais remota do vestuário e á evolução dos artigos têxteis. As fibras do algodão se desenvolvem a partir<br />

da epiderme da planta do algodoeiro, desig<strong>na</strong>da por “gossypium”. É a mais conhecida e económica das<br />

fibras <strong>na</strong>turais.<br />

Segundo OLIVEIRA (1995), “Atualmente, o algodão responde por aproximadamente 80% das fibras<br />

utilizadas <strong>na</strong>s fiações brasileiras: <strong>na</strong> tecelagem, 65% dos tecidos são produzidos a partir de fios de<br />

algodão, enquanto <strong>na</strong> Europa gira em torno de 50%. Cabe destacar que estes percentuais, que são<br />

bastante elevados, têm apresentado um ligeiro decréscimo nos últimos anos, face ao aumento da<br />

participação das fibras artificiais e sintéticas <strong>na</strong> produção de tecidos".<br />

As principais vantagens comparativas do algodão em relação às fibras artificiais e sintéticas decorrem<br />

principalmente do conforto referente ao toque agradável e frescura, absorção de água, resistência ao<br />

uso, e também dos aspectos ecológicos, por ser biodegradável. Porém, o cultivo de algodão implica em<br />

enormes perdas para o ar, água e solo do nosso planeta, afectando significativamente a saúde dos<br />

habitantes das áreas onde ele é plantado. Ainda, é muito poluente a etapa de acabamento, devido às<br />

substâncias tóxicas empregadas para alvejar e tingir produtos têxteis.<br />

Algodão Orgânico<br />

A adopção do algodão orgânico por grandes retalhistas tem aumentado cada vez mais, seja através de<br />

artigos 100% produzida a partir deste material, ou pela mistura com fibras convencio<strong>na</strong>is. Para que o<br />

algodão seja considerado orgânico é necessário que seja certificado.<br />

A certificação é um instrumento que garante que o algodão orgânico foi cultivado dentro de um conjunto<br />

mínimo de normas. Para que o produto fi<strong>na</strong>l seja considerado como orgânico, é preciso que seja<br />

inspeccio<strong>na</strong>da e certificada como orgânica em todas a cadeia de produção. Isso significa que além das<br />

condições de cultivo obedecerem práticas orgânicas, as etapas seguintes, como o beneficamente, fiação<br />

e tecelagem, também devem ser certificadas como orgânicas.<br />

Na Europa, para ser certificado como ecológico por um dos numerosos rótulos independentes existentes<br />

(como o Imo e o BioRe <strong>na</strong> Suíça e o Skal <strong>na</strong> Holanda) e segundo as normas definidas pela Comunidade<br />

Europeia, o algodão deve provir de uma cultura que não utilize adubos nem pesticidas. Ao contrário do<br />

algodão tradicio<strong>na</strong>l, que consome 25% do volume anual de pesticidas.<br />

Segundo artigo publicado pelo Jor<strong>na</strong>l Têxtil, “Por cada T-shirt fabricada a partir de algodão 100%<br />

orgânico são poupados vários quilos de fertilizantes e outros produtos químicos. Mudar do algodão<br />

industrialmente produzido para o algodão orgânico constitui assim um passo positivo, mas que não<br />

resolve completamente os problemas ecológicos, pois mesmo este tipo de algodão consome uma<br />

grande quantidade de água, além de esgotar consideravelmente os recursos do solo”.<br />

Primeiramente, as preocupações com o impacto ambiental da produção de têxteis de algodão focalizavam<br />

somente a etapa de acabamento dos tecidos. Porém, a partir da década de 60, integrantes de movimentos<br />

ambientalistas começaram a motivar a produção e o uso de artigos têxteis fabricados com algodão cru, não<br />

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XXII Congresso Nacio<strong>na</strong>l de Técnicos Têxteis – VIII Fe<strong>na</strong><strong>têxtil</strong><br />

alvejados. Foi em 1980 que começa a preocupação com a matéria-prima, através da realização das primeiras<br />

iniciativas e pesquisas de produção orgânica do algodão. Apartir de 1990 surgem os primeiros artigos têxteis no<br />

vestuário produzidos dentro do conceito de moda ecológica.<br />

Atualmente, a produção mundial de algodão biológico está concentrada nos EUA e <strong>na</strong> Turquia, que<br />

representam 60% da produção anual (em média 6 mil toneladas).<br />

Soja<br />

A fibra de soja é uma fibra proteica regenerada a partir da semente de soja. Assim, não deve ser<br />

considerada uma fibra de origem vegetal <strong>na</strong>tural mas sim artificial. A fibra de soja apresenta um toque e<br />

um brilho muito próximos da seda, assim como boas propriedades de alongamento e de gestão da<br />

humidade.<br />

A fibra da proteí<strong>na</strong> da soja é um avanço nos têxteis. É feita do bolo da soja após olear, pelas novas<br />

tecnologias da bioengenharia. Primeiramente, a proteí<strong>na</strong> esférica é destilada do bolo da soja e refi<strong>na</strong>da.<br />

Depois, sob o funcio<strong>na</strong>mento do agente auxiliar e da enzima biológica, a estrutura do espaço da<br />

proteí<strong>na</strong> esférica muda, e então o líquido giratório da proteí<strong>na</strong> é confeccio<strong>na</strong>do adicio<strong>na</strong>ndo polímeros<br />

elevados, e então, depois que o líquido é cozinhado, a fibra é estabilizada, e fi<strong>na</strong>lmente é cortada por<br />

pequenos grampos após ondular e tomar forma.<br />

A fibra da proteí<strong>na</strong> da soja é elogiada como a fibra da saúde, a fibra confortável e a fibra verde do novo<br />

século. A proteí<strong>na</strong> da soja, é maciça <strong>na</strong> quantidade e baratos no preço. Usá-la não causará o<br />

<strong>desenvolvimento</strong> predatório nos recursos, é útil à recuperação e ao re-<strong>desenvolvimento</strong> dos recursos.<br />

A fibra de soja foi descoberta <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong>, em 1999, por Li Guanqi. Li Guanqi, desde criança costumava<br />

alimentar os porcos com subprodutos de soja colhida pela sua família. Passados 50 anos, Li deu aos<br />

restos de soja um uso completamente diferente e inovador, utilizou os restos de soja para produzir roupa<br />

interior. Actualmente, milhares de chineses estão a fabricar roupa interior macia e sedosa, fabricada com<br />

uma fibra de soja que Li Guanqi inventou. O tecido obtido através da soja, elegido como mais barato e<br />

mais ecológico que a caxemira, já chegou a muitas partes do mundo.<br />

“A Chi<strong>na</strong> já é um dos maiores fabricantes de têxteis do mundo, com um quarto do mercado mundial da<br />

exportação. Ao mesmo tempo, o envolvimento da Chi<strong>na</strong> no comércio de têxteis orgânicos deverá fazer<br />

baixar os preços destes produtos especiais a nível global e ajudar a torná-los um produto de consumo<br />

corrente”, segundo artigo publicado no Jor<strong>na</strong>l de Notícias de 27 de Dezembro de 2004.<br />

A produção da fibra da proteí<strong>na</strong> da soja evita a poluição ao ambiente, porque o acessório e o agente<br />

auxiliar usado não são venenosos, ainda, o resíduo da proteí<strong>na</strong> extraída pode ser usada como a<br />

alimentação. A fibra da proteí<strong>na</strong> da soja tem não somente as qualidades das fibras <strong>na</strong>turais mas também<br />

as propriedades físicas das fibras sintéticas. A fibra da proteí<strong>na</strong> da soja é confortável e de cuidado fácil.<br />

É um potencial material <strong>na</strong> <strong>indústria</strong> <strong>têxtil</strong> para artigos desti<strong>na</strong>das à classe média e elevada. Porém, as<br />

diferenças de preço podem mesmo diminuir ao ponto que estes produtos deixarem de constituir um<br />

nicho de mercado e passarem a se tor<strong>na</strong>r um produto usual.<br />

Em fi<strong>na</strong>is de 2004, foi patenteado e publicado por três chineses, Fengqin Deng, Xinwu Li, Yuxian Huang,<br />

representantes da JIAXIN TEXTILE CO, LTDA, uma inovação referente a fibra de soja. Esta inovação<br />

trata-se da mistura da fibra de soja com fio colorido e ainda com outros materiais têxteis, patentearam<br />

ainda o método de fabrico. Este fio colorido é fabricado com fibra da proteí<strong>na</strong> de soja combi<strong>na</strong>do e<br />

tecido com outro materiais, como algodão, lã, seda, viscose, e outros. A vantagem desta inovação esta<br />

<strong>na</strong> elevada uniformidade da cor, <strong>na</strong> simples preparação do processo e <strong>na</strong> primorosa aparência estética.<br />

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XXII Congresso Nacio<strong>na</strong>l de Técnicos Têxteis – VIII Fe<strong>na</strong><strong>têxtil</strong><br />

Os tecidos fabricados com a fibra de soja têm a sensação da caxemira, o tecido feita da fibra da proteí<strong>na</strong><br />

de soja é macio, liso, e com luminosidade. Possuem aparência luxuosa, como o lustre brilhante da seda,<br />

com perfeito drapejar elegante. Cor boa e forte: a cor origi<strong>na</strong>l da fibra da proteí<strong>na</strong> de soja é marfim como<br />

a cor da seda tussah. Seu anti-ultravioleta é superior à fibra do algodão, muito mais superior que a<br />

viscose e a seda.<br />

Soja/Algodão<br />

As propriedades exclusivas e excelentes da fibra da proteí<strong>na</strong> de soja são emergentes não somente <strong>na</strong><br />

sua própria aplicação, mas também <strong>na</strong> exploração da sua capacidade para ser utilizada como<br />

componente de uma mistura, melhorando as propriedades de outros tecidos.<br />

Os tecidos de soja misturado com algodão quando comparados com tecidos 100% algodão apresentam<br />

um toque mais macio, absorve melhor a humidade e a ventilação, resiste melhor às bactérias, e possui<br />

mais conforto.<br />

Bambu<br />

A fibra de bambu é um tipo da fibra regenerada da celulose, obtida a partir da polpa de bambu, à<br />

semelhança da viscose, e ao contrário das fibras <strong>na</strong>turais vegetais obtidas da semente (algodão) ou do<br />

caule (linho e cânhamo). É obtida a partir de uma planta cuja renovação é quase imediata para o bem da<br />

<strong>na</strong>tureza. É uma fibra eco-amigável obtida sem nenhum aditivo químico. A invenção da fibra de bambu é<br />

a contribuição da humanidade à protecção de minerais raros <strong>na</strong>turais, à protecção dos recursos, ao<br />

cuidado do ambiente e à consideração do contrapeso global.<br />

A fibra de bambu tem funções particulares e <strong>na</strong>turais anti-bacteria<strong>na</strong>s. Esta função é validada pela<br />

associação da inspecção de têxteis do Japão sendo que, após cinquenta lavagens, o tecido da fibra de<br />

bambu ainda mantém esta funcio<strong>na</strong>lidade.<br />

As propriedades do Bambu são impressio<strong>na</strong>ntes. Renováveis e 100% biodegradável, é um bactericida<br />

<strong>na</strong>tural, bacteriostático, inibidor de odores, hipoalergênico, muito absorvente e de secagem rápida.<br />

Também é extremamente macio, com toque de seda, o que faz com que seja um tecido muito<br />

confortável.<br />

A fibra de bambu é mais macia do que o algodão, tem um brilho <strong>na</strong>tural à superfície e sente-o similar à<br />

seda ou à caxemira. Ao contrário de outras telas anti-microbial, que requerem um tratamento químico, a<br />

roupa da fibra de bambu é <strong>na</strong>turalmente anti-microbial e não requer nenhum produto químico prejudicial.<br />

Contem um agente, "o kun de bambu", que impede que as bactérias cultivem nele.<br />

O bambu <strong>na</strong>tural existe em todo o mundo e cresce rapidamente, leva aproximadamente 4 anos para<br />

alcançar a maturidade, comparados aos 25 a 70 anos para espécies típicas comerciais da árvore nos<br />

E.U.A. Embora a maioria de povos estão geralmente familiarizados com esta planta bonita e graciosa, a<br />

maioria das pessoas desconhece que há mais de 1000 usos documentados do bambu.<br />

Cupro<br />

O nome desta fibra é Cupramônio, porém é chamado com o nome abreviado. O Cupro é uma fibra<br />

artificial de origem celulósica, que é produzido partindo de uma celulose regenerada do algodão ou<br />

pasta de madeira. É uma fibra biodegradável.<br />

Os tecidos em Cupro são especialmente confortáveis, já que estão associados às propriedades típicas<br />

das fibras vegetais e das fibras artificiais: transpiração, maciez, absorção e também o brilho, o aspecto e<br />

o tacto da seda. A boa solidez das cores permite ter to<strong>na</strong>lidades brilhantes e vivas.<br />

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Métodos Experimentais<br />

Inicialmente ocorreu o <strong>desenvolvimento</strong> de amostras de malhas das fibras ecológicas citadas<br />

anteriormente, produzidas em tecnologia de ponta, para avaliar as propriedades referentes as<br />

propriedades dimensio<strong>na</strong>is das malhas, permeabilidade ao ar das malhas, resistência à tracção das<br />

malhas e pilling das malhas.<br />

Para o <strong>desenvolvimento</strong> das amostras em malha, foi utilizada a tecnologia de malha de trama Stoll,<br />

disponível <strong>na</strong> Unidade de Prototipagem de Materiais Fibrosos da Universidade do Minho. No programa<br />

do Sistema Cad que acompanha a máqui<strong>na</strong> foi desenvolvido o debuxo com estrutura Jersey para todos<br />

os tipos de matérias-primas. Todas as malhas foram produzidas <strong>na</strong> máqui<strong>na</strong> para a mesma afi<strong>na</strong>ção do<br />

comprimento de laçada (Np = 9,2). Todos os ensaios foram realizados segundo normas específicas.<br />

Na realização de todos os tipos de ensaios para avaliar as propriedades dos materiais foram utilizados<br />

tecnologias disponíveis <strong>na</strong> Universidade do Minho. Dentre estas tecnologias podem salientar-se o<br />

Di<strong>na</strong>mómetro utilizado para medir a resistência à tracção <strong>na</strong>s malhas, o Permeabilímetro, utilizado para<br />

medir a permeabilidade ao ar <strong>na</strong>s malhas, e o Pilling Box, instrumento utilizado para medir o grau de<br />

pilling <strong>na</strong>s malhas.<br />

Ensaios das Propriedades Dimensio<strong>na</strong>is das Malhas: O comprimento do fio <strong>na</strong> célula estrutural do ponto<br />

(lu) e o estado de relaxação em que a malha se encontra são fundamentais para as propriedades<br />

dimensio<strong>na</strong>is das malhas de trama. Para medir estas propriedades foi necessário retirar o fio das<br />

amostras de malhas por desfiamento. Estes fios são medidos num dispositivo apropriado, e<br />

seguidamente pesados em balança de precisão, de acordo com a normalização ASTM: D 1059 – 76.<br />

A massa (peso) de um “tecido” pode ser desig<strong>na</strong>da em termos de massa por unidade de superfície ou<br />

em termos de massa por unidade de comprimento. Onde é necessário pesar uma área conhecida e<br />

dividir o peso pela área. Para isso, tor<strong>na</strong>-se necessário considerar a amostragem, o corte, a precisão da<br />

pesagem e da medição bem como o teor de humidade do provete. Estes ensaios foram efectuados de<br />

acordo com a norma NP 1701.<br />

Permeabilidade ao Ar das Malhas: “Devido ao modo como os fios e os “tecidos” são constituídos, uma<br />

grande proporção do volume total ocupado pelo “tecido” é efectivamente ar. A distribuição dos espaços<br />

ou bolsas de ar influenciam um elevado número de propriedades dos “tecidos” tais como o isolamento<br />

térmico e a protecção contra o vento e a chuva em vestuário, bem como a eficiência de filtragem em<br />

“tecidos” industriais. Um exemplo deste último aspecto pode ser observado com o saco dos aspiradores<br />

domésticos, cujo “tecido” deve permitir que o ar passe ao mesmo tempo que deve evitar a passagem de<br />

poeiras e sujidades” (ARAÚJO, 1987).<br />

Este teste foi realizado obedecendo à Norma NP EN ISSO 92371997. O aparelho utilizado para a<br />

realização dos ensaios foi o Permeabilímetro. A Permeabilidade ao Ar foi medida de fora para dentro do<br />

provete. As unidades de medidas são l/m2/s. Para cada tipo de matéria-prima foram realizados 10<br />

ensaios.<br />

Resistência à Tracção das Malhas: A resistência à tracção depende primeiramente da carga à rotura de<br />

um tecido quer no sentido das colu<strong>na</strong>s, quer no sentido das fileiras. Foram realizados 5 ensaios no<br />

sentido das colu<strong>na</strong>s e no sentido das fileiras em cada tipo de fibra. Cada amostra foi devidamente<br />

numerada e classificada. Para a realização das amostras foi desenvolvido um molde obedecendo às<br />

medidas da Norma Portuguesa NP EN ISSO 13934-2 Têxteis – Propriedade de Tracção dos Tecidos,<br />

Parte 2: Determi<strong>na</strong>ção da força máxima pelo método grab (ISSO 13934-2:1999). O método utilizado<br />

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para a medição de resistência à tracção foi o método grab. Neste método parte da largura da amostra é<br />

fixado <strong>na</strong>s maxilas.<br />

Os aspectos de maior importância que foram inseridos no programa para a obtenção dos ensaios e<br />

resultados são: a distância entre as maxilas ou o comprimento efectivo da amostra a ensaiar, a<br />

velocidade do ensaio e a pré-tensão. Para estes aspectos atribuiu-se valores iguais a todas as amostras,<br />

estes valores são: Distância entre as maxilas ou o comprimento efectivo da amostra a ensaiar = 75 mm;<br />

Velocidade do ensaio = 50 mm/min; Pré-tensão = 5 N.<br />

Pilling das Malhas: O defeito <strong>na</strong> superfície do “tecido” caracterizado pelo aparecimento de borbotos<br />

(pills) ou peque<strong>na</strong>s bolas de fibras emaranhadas, ancoradas à superfície do “tecido” e dando ao “tecido”<br />

uma má aparência, é chamado de “Pilling. Os borbotos são formados quando utilizados e lavados por<br />

emaranhamento de fibras livres que aparecem <strong>na</strong> superfície do “tecido”. Estas fibras livres aglomeramse<br />

quando friccio<strong>na</strong>das e formam assim peque<strong>na</strong>s esferas ligadas ao “tecido” por algumas fibras que<br />

não se libertaram ou que partiram.<br />

Segundo Araújo (1987, p. 1456), “Os borbotos forma-se devido à migração de fibras dos fios<br />

constituintes do “tecido”, pelo que a redução ou prevenção da formação de borbotos pode ser afectada<br />

reduzindo esta tendência migratória. Os métodos utilizados incluem a utilização de fios com um<br />

coeficiente de torção mais elevado, a perchagem ou cardação da superfície do “tecido” e ainda<br />

particularmente tratamentos químicos. Qualquer que seja o método de prevenção da formação de<br />

borbotos utilizado, o “tecido” não pode perder outras qualidades, tais como o toque”.<br />

Para medir a formação de borbotos em “tecidos”, existe uma grande variedade de instrumentos e<br />

métodos. Este ensaio foi realizado com a utilização do aparelho Pilling Box. Foram testados 4 amostras<br />

de cada matéria-prima, segundo a norma ASTM: D 1375-72.<br />

O “pilling” de um provete pode ser avaliado numericamente, após a fricção debaixo de condições<br />

controladas, contando o número de borbotos formados, ou alter<strong>na</strong>tivamente, a aparência do provete<br />

ensaiado é comparada com padrões e classificada. Cada amostra é comparada com fotografias<br />

classificadas por grau 1 à 5, para malha Jersey, sendo o maior valor (grau 5) com menos formação de<br />

borbotos.<br />

Resultados<br />

Permeabilidade ao Ar das Malhas: A Permeabilidade ao Ar <strong>na</strong>s malhas a<strong>na</strong>lisadas é maior <strong>na</strong> malha de<br />

Bambu e menor <strong>na</strong> malha de Algodão Orgânico. A passagem de ar é referente ao espaço das fibras e o<br />

espaço das malhas a ser a<strong>na</strong>lisado.<br />

Resistência à Tracção das Malhas: Segundo os resultados obtidos nos ensaios, a malha que possui<br />

maior resistência à tracção no sentido das colu<strong>na</strong>s é a malha de Soja, e a de menor resistência é a<br />

malha de Algodão Orgânico. Segundo os resultados obtidos nos ensaios, a malha que possui maior<br />

resistência à tracção no sentido das fileiras é a malha da mistura de Soja/CO, e a de menor resistência é<br />

a malha de Algodão Orgânico.<br />

Pilling das Malhas: O grau de Pilling <strong>na</strong>s malhas a<strong>na</strong>lisadas é maior <strong>na</strong> malha de Bambu (Grau 1), e<br />

menor <strong>na</strong> malha de Algodão (Grau 4).<br />

Conclusões<br />

Em relação às conclusões técnicas, pode afirmar-se que dentre as características e propriedades das<br />

malhas a<strong>na</strong>lisadas, a malha produzida com a fibra de Soja 100%, e a malha produzida com a mistura de<br />

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Soja /CO, foram as que obtiveram maior desempenho quanto a resistência. A malha produzida com a<br />

fibra de Bambu possui maior permeabilidade ao ar, sendo a passagem de ar referente ao espaço das<br />

fibras e ao espaço das malhas a ser a<strong>na</strong>lisado.<br />

Todos os materiais a<strong>na</strong>lisados têm características próprias e adaptáveis ao uso em determi<strong>na</strong>dos artigos<br />

têxteis. Todos os resultados obtidos estão dentro dos padrões aceites para a <strong>indústria</strong> <strong>têxtil</strong>.<br />

A maior parte dos consumidores que se preocupam com o ambiente, também têm especial atenção à<br />

qualidade dos produtos, e as fibras biodegradáveis aqui investigadas oferecem a oportunidade de<br />

promover a diferenciação nos mercados, em particular entre as empresas que possuem uma forte<br />

imagem de marca.<br />

Os dados recolhidos <strong>na</strong> investigação teórica e os resultados dos testes/ensaios <strong>na</strong>s malhas dão-nos a<br />

oportunidade de sugerir possíveis aplicações em diferentes áreas da <strong>indústria</strong> <strong>têxtil</strong>. Facilitando assim a<br />

escolha do material a ser utilizado quando da concepção de um determi<strong>na</strong>do artigo <strong>têxtil</strong> que tenha<br />

como valor acrescentado o design sustentável.<br />

As necessidades do homem moderno podem ser aliadas ao uso de artigos têxteis menos agressores ao<br />

meio ambiente, e que produtos ecológicos, mais do que um conceito ou produto de marketing, é um<br />

importante agente de cidadania.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ARAÚJO, Mário; CASTRO, E. M. de Melo. Manual de Engenharia Têxtil. Lisboa: Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, 1984. Vol. I.<br />

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Recife – Brasil, 25 – 30 Julho 2006


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Recife – Brasil, 25 – 30 Julho 2006

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