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Manejo convencional com Área de Capina e Cultivo Intercalar

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93<br />

Cruz das Almas,<br />

BA<br />

Dezembro, 2009<br />

Autores<br />

Romulo da Silva Carvalho<br />

Engenheiro Agrônomo, D.Sc.<br />

em Ciências, pesquisador da<br />

Embrapa Mandioca e<br />

Fruticultura Tropical, Cruz das<br />

Almas, BA,<br />

romulo@cnpmf.embrapa.br<br />

Nei<strong>de</strong> Moura dos Santos<br />

Jacqueline Leite Dias Estavan<br />

Simone Teles<br />

Marcos Paulo Leite da Silva<br />

Alunos do Curso <strong>de</strong> Mestrado<br />

do Centro <strong>de</strong> Ciências Agrárias<br />

Ambientais e Biológicas da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Reconcâvo da Bahia, Cruz das<br />

Almas, BA<br />

Rosicléia da Silva Oliveira<br />

Aluna <strong>de</strong> Graduação em<br />

Ciências Biológicas da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Reconcâvo da Bahia, Cruz das<br />

Almas, BA<br />

ISSN 1516-5612<br />

Entomofauna Associada a Citros em Dois<br />

Sistemas: <strong>Manejo</strong> <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> <strong>Área</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Capina</strong> e <strong>Cultivo</strong> <strong>Intercalar</strong> <strong>com</strong> Feijão-<strong>de</strong>porco<br />

As leguminosas utilizadas <strong>de</strong> forma intercalada nas culturas possuem a vantagem <strong>de</strong><br />

incorporarem nitrogênio via fixação biológica <strong>de</strong> N 2 atmosférico, permitirem a<br />

reciclagem <strong>de</strong> nutrientes das camadas mais profundas e fornecerem abrigo, alimento<br />

e locais <strong>de</strong> refúgio para os inimigos naturais.<br />

O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio da agricultura mo<strong>de</strong>rna é i<strong>de</strong>ntificar as melhores práticas <strong>de</strong><br />

manejo ambiental dos agroecossistemas que estimulem a biodiversida<strong>de</strong> e os<br />

processos ecológicos que favoreçam a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses sistemas por meio<br />

da geração <strong>de</strong> serviços ambientais.<br />

Na cultura dos citros, o feijão-<strong>de</strong>-porco Canavalia ensiformes (L.) tem sido utilizado<br />

nas entrelinhas do pomar visando ao manejo do solo no controle <strong>de</strong> vegetação<br />

espontânea e para minimizar problemas <strong>de</strong> <strong>com</strong>pactação nas entrelinhas da cultura<br />

aumentando a macroporosida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> da água no solo.<br />

Os sistemas <strong>de</strong> produção diversificados tais <strong>com</strong>o consórcios <strong>com</strong> cobertura ver<strong>de</strong> nos<br />

pomares, têm sido alvos <strong>de</strong> pesquisas para avaliar os efeitos da diversida<strong>de</strong> vegetal<br />

sobre populações <strong>de</strong> insetos-praga e seus inimigos naturais. Nesse sentido, objetivou-se<br />

avaliar dois tipos <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> citros: (1) <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> área <strong>de</strong><br />

capina e (2) cultivo intercalar <strong>com</strong> uso <strong>de</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco em pomar <strong>de</strong> laranjeira “Pêra”,<br />

por meio <strong>de</strong> biomonitoramento populacional <strong>de</strong> insetos-praga e inimigos naturais visando<br />

<strong>com</strong>pará-los quanto à presença ou ausência nas plantas amostradas.<br />

O trabalho foi realizado na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das<br />

Almas-BA (12º40’12"S, 39º06’07"W,<br />

220m) em pomar experimental contendo<br />

lote básico <strong>com</strong> 29 cultivares e clones<br />

implantados em julho <strong>de</strong> 2002. Foram<br />

realizadas avaliações semanais entre os<br />

meses <strong>de</strong> outubro/2007 a agosto/2008,<br />

especificamente, durante o período <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento dos frutos e <strong>de</strong> maior<br />

(A)<br />

ocorrência dos principais insetos-praga na<br />

região.<br />

Após a floração, o feijão <strong>de</strong> porco foi roçado<br />

e a biomassa mantida sobre o solo nas<br />

entrelinhas do pomar. Foram monitorados<br />

os insetos-praga, ácaros <strong>de</strong> importância<br />

econômica e os inimigos naturais presentes<br />

nos pomares <strong>de</strong> citros que foram cultivados<br />

em dois sistemas <strong>de</strong> produção, <strong>convencional</strong><br />

<strong>com</strong> área <strong>de</strong> capina (limpa) e em sistema<br />

consorciado <strong>com</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco (Figura 1).<br />

(B)<br />

Figura 1. (A) Pomar <strong>de</strong> citros em sistema<br />

<strong>de</strong> cultivo <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> área <strong>de</strong> capina<br />

e (B) Pomar em sistema <strong>de</strong> consorcio <strong>com</strong><br />

feijão-<strong>de</strong>-porco C. ensiformes.<br />

Fotos: Romulo da Silva Carvalho


2 Entomofauna Associada a Citros em Dois Sistemas: <strong>Manejo</strong> <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> <strong>Área</strong> <strong>de</strong> <strong>Capina</strong> e <strong>Cultivo</strong> ...<br />

O esquema <strong>de</strong> monitoramento adotado foi a caminhada<br />

em ziguezague aleatório e amostragem <strong>convencional</strong><br />

<strong>com</strong> número fixo <strong>de</strong> 10 plantas/talhão, observando-se<br />

nos quatro quadrantes da planta as estruturas<br />

atacadas (folhas, ramos e frutos), os sintomas <strong>de</strong><br />

ataque e a presença ou não <strong>de</strong> pragas e inimigos<br />

naturais. Para cada praga e inimigos naturais utilizouse<br />

número <strong>de</strong> amostras, métodos <strong>de</strong> avaliação e<br />

freqüência <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> metodologia<br />

proposta por Santos Filho et al. (2003).<br />

In se to s-pra g a e<br />

in im ig o s n a tura is<br />

mo n ito ra d os<br />

Á car o d a fe rru ge m<br />

P h yllo co p tru ta o le ivo ra<br />

O rté zia do s citro s<br />

O rth e zia p ra e lo ng a<br />

M in a d or da s fo lha s d os<br />

citro s Ph yllo cn istis<br />

citre lla<br />

B ro ca d a la ra n je ira<br />

C rato so m u s<br />

fla vo fascia tu s<br />

Pra ga s se c u ndá ria s<br />

C och on ilha s e sca m a<br />

fa rin ha P in na spis<br />

a sp id istra e e<br />

co cho n ilha d o tro nco<br />

U na spis citri<br />

Á car o d a le p ro se<br />

B re vipa lpu s ph o e nn icis<br />

M o sca b ra n ca<br />

A le u roth rixu s flo cco sus<br />

P u lgã o p reto<br />

T o xo p te ra citricidu s<br />

In im ig o s n atu ra is<br />

Jo an inh a s<br />

P om a r Co nv e nc ion a l<br />

co m á re a <strong>de</strong> ca pin a<br />

B io mo nitoram en to<br />

P om a r Co ns orc ia d o<br />

co m fe ijã o -<strong>de</strong> -p orco<br />

Fre q u ên cia / O b se rvaçõ es Fre q uê n cia / O b se rva çõe s<br />

Pra ga s Primá ria s<br />

5 % d o s fru to s ataca do s. 2 ,5% do s fru to s a ta ca do s. Níve l d e a çã o<br />

Níve l <strong>de</strong> a ção n ã o atin g ido n ão a tin g id o.<br />

P rese n te na se gu nd a<br />

Au se n te . P re se n ça d e la rva s e a d ulto s <strong>de</strong><br />

a valia çã o . Nível d e a çã o jo a n inh a s, criso p í<strong>de</strong> o s e a ção do fu n go<br />

a ting id o .<br />

Cla d o sp o riu m cla do spo rioi<strong>de</strong> s<br />

P rese n te e m ma is <strong>de</strong> 4 0% Pre sen te . Níve l d e a çã o nã o a tin g id o.<br />

d o s ram o s. Níve l d e açã o Pre sen ça do p a ra sitó i<strong>de</strong> Age n ia spis<br />

a ting id o .<br />

citricola<br />

P rese n te. Níve l <strong>de</strong> a ção<br />

a ting id o .<br />

P rese n te. Níve l <strong>de</strong> a ção<br />

a ting id o .<br />

P rese n te e m 2 0 -4 0% d o s<br />

fruto s a m o strad o s. Níve l <strong>de</strong><br />

a ção a ting id o<br />

P rese n te. O co rrên cia d o<br />

fu n g o A sch e rso n ia a le yrod is<br />

Pre sen te . Níve l d e a çã o atin g ido .<br />

Pre sen te . Níve l d e a çã o atin g ido .<br />

Pre sen ça <strong>de</strong> la rva s e ad u ltos d e b ich o<br />

lixe ir o.<br />

Pre sen te e m m e no s d e 10 % d os fru tos<br />

a mo stra d os. Níve l d e a çã o nã o a tin g id o.<br />

Áca ro s pre d ad o re s fito seíd e o s pr esen te s.<br />

Pre sen te . A . a leyro d is p rese n te e m ma ior<br />

fre qu ê n cia do q u e n o po m a r<br />

con ven cio na l.<br />

P rese n te. Pre sen te . Ma ior o co rrê ncia d e la rva s e<br />

a du ltos d e jo a ninh as<br />

P rese n te. 2 0- 60 % d e<br />

freq ü ên cia d e la rvas e 4 0 -<br />

8 0 % <strong>de</strong> a d ulto s n a s p la nta s<br />

a m o strad a s.<br />

C riso píd e o s P rese n te. Ata ca nd o m o sca<br />

b ra n ca , p u lg õe s e áca ro s.<br />

A ra nh a s P rese n te. 4 0- 80 % d e<br />

freq u ên cia n a s p lan ta s<br />

a m o strad a s.<br />

A sch e rson ia a le yrod e s P rese n te sob re m osca<br />

b ra n ca 2 0- 80 % d as p la n ta s<br />

a m o strad a s.<br />

O resultado do monitoramento realizado durante o<br />

período <strong>de</strong> ocorrência dos principais insetos-praga<br />

nos dois sistemas <strong>de</strong> manejo, permite afirmar que<br />

no sistema consorciado <strong>com</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco nas<br />

entrelinhas do pomar foi observada maior<br />

diversida<strong>de</strong> e freqüência <strong>de</strong> inimigos naturais e<br />

menor freqüência <strong>de</strong> insetos-praga e ácaros <strong>de</strong><br />

importância econômica (Tabela 1).<br />

Tabela 1- Biomonitoramento <strong>de</strong> pragas primárias, secundárias e inimigos naturais associados a pomar <strong>de</strong> citros<br />

em sistema <strong>de</strong> manejo <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> área <strong>de</strong> capina versus pomar consorciado <strong>com</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco nas<br />

entrelinhas. Outubro/2007 a agosto/2008, Cruz das Almas, BA.<br />

Pre sen te . 2 0 -4 0% d e fr eq uê n cia <strong>de</strong><br />

la rva s e 40 -10 0 % <strong>de</strong> ad u lto s n as p la n ta s<br />

a mo stra d as.<br />

Pre sen te . A ta can d o mo sca b ra n ca ,<br />

p ulgõ e s e áca ros. Ma io r fre qu ê ncia<br />

o bse rva d a (20 % ).<br />

Pre sen te . 8 0 -1 00 % d as p la n ta s<br />

a mo stra d as.<br />

Pre sen te so br e mo sca bra n ca 2 0 -60 %<br />

d as p la n ta s am o stra da s.


Entomofauna Associada a Citros em Dois Sistemas: <strong>Manejo</strong> <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> <strong>Área</strong> <strong>de</strong> <strong>Capina</strong> e <strong>Cultivo</strong> ...<br />

A presença do ácaro da ferrugem P. oleivora (Figura 2)<br />

foi <strong>de</strong>tectada a partir da segunda amostragem, sendo<br />

que no sistema <strong>convencional</strong> a frequência <strong>de</strong> frutos<br />

atacados foi superior (5%) quando <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> o<br />

sistema consorciado <strong>com</strong> feijão <strong>de</strong> porco nas entrelinhas<br />

(2,5%) (Tabela 1). Apesar da frequência observada, o<br />

nível <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> 10% das plantas amostradas não foi<br />

atingido conforme Santos Filho et al., (2003).<br />

Figura 2. Sintoma do ataque do ácaro da<br />

ferrugem Phyllocoptruta oleivora.<br />

O ácaro da ferrugem possui coloração amarela e o corpo<br />

em forma <strong>de</strong> vírgula. Em pomares novos ataca as folhas<br />

e ramos novos e, em pomares em produção, ataca os<br />

frutos maduros e, principalmente, os ver<strong>de</strong>s causando<br />

uma mancha <strong>de</strong> coloração escura no fruto. A principal<br />

forma <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong>ste ácaro é pelo vento.<br />

No sistema consorciado <strong>com</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco não foi<br />

observada a ocorrência <strong>de</strong> ortézia dos citros O.<br />

praelonga, sendo apenas constatada na segunda<br />

avaliação do sistema <strong>convencional</strong> (Tabela 1). A ortézia<br />

ataca preferencialmente a parte abaxial das folhas (face<br />

inferior) e se alimenta sugando gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seiva. Nas suas fezes açucaradas cresce a fumagina,<br />

que é um fungo preto (Capinodium sp.) que impe<strong>de</strong> as<br />

folhas <strong>de</strong> realizarem a fotossíntese, <strong>de</strong>bilitando a planta e<br />

causando queda <strong>de</strong> folhas e frutos (Figura 3).<br />

Em sistemas simplificados <strong>com</strong>o no sistema <strong>convencional</strong><br />

<strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> citros <strong>com</strong> área <strong>de</strong> capina, os inimigos<br />

naturais não encontram as condições i<strong>de</strong>ais para<br />

<strong>de</strong>senvolverem-se e multiplicarem-se; há redução da<br />

biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas e os efeitos resultantes afetam<br />

a produtivida<strong>de</strong> agrícola e a sustentabilida<strong>de</strong> do pomar em<br />

função das perturbações inerentes ao processo<br />

produtivo, requerendo constantes intervenções<br />

antrópicas. Nesse sentido, em pomares <strong>com</strong> manejo<br />

<strong>convencional</strong>, visando evitar danos à entomofauna<br />

benéfica, as ações <strong>de</strong> controle integrado da ortézia dos<br />

citros <strong>de</strong>vem ser iniciadas conforme Carvalho (2006).<br />

Foto: Romulo da Silva Carvalho<br />

(A) Fotos: Romulo da Silva Carvalho<br />

(B)<br />

Figura 3. (A) Detalhe da infestação <strong>de</strong> fêmea e<br />

ninfas <strong>de</strong> ortézia dos citros Orthezia paelonga<br />

na face inferior das folhas <strong>de</strong> citros; e (B)<br />

sintoma do fungo fumagina (Capinodium sp.)<br />

que é associado ao ataque da ortézia. Cruz das<br />

Almas, BA, outubro <strong>de</strong> 2009.<br />

Raramente a mosca branca A. floccosus atinge uma<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional que necessite <strong>de</strong> uma ação <strong>de</strong><br />

controle <strong>com</strong> inseticidas químicos e, nos meses úmidos<br />

do ano, são controladas naturalmente pelo fungo A.<br />

aleyrodis e por larvas do bicho lixeiro Chrysopa sp.<br />

(Figura 4B). Neste trabalho, <strong>de</strong> forma contrária ao<br />

esperado, a mosca branca foi observada <strong>com</strong> maior<br />

freqüência no sistema consorciado <strong>com</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco<br />

(Tabela 1), o que po<strong>de</strong> estar relacionado <strong>com</strong> o esquema<br />

<strong>de</strong> monitoramento adotado <strong>de</strong> caminhada em ziguezague<br />

aleatório e amostragem <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> número fixo<br />

<strong>de</strong> 10 plantas/talhão on<strong>de</strong> foi observado os sintomas <strong>de</strong><br />

ataque e a presença ou não <strong>de</strong> insetos-praga e inimigos<br />

naturais. No entanto constatou-se que, em ambos os<br />

sistemas, as ninfas foram observadas sendo atacadas<br />

pelo fungo Aschersonia sp. e também pelas larva do<br />

bicho-lixeiro Chrysopa sp., o que confirma a importância<br />

<strong>de</strong>sses agentes no controle biológico natural da praga.<br />

O manejo da matovegetação é um forte aliado no<br />

controle integrado <strong>de</strong> insetos no pomar cítrico. A<br />

manutenção da matovegetação nativa contribui também<br />

para a manutenção dos inimigos naturais por fornecer<br />

abrigo e alimento (Figura 5). No entanto, durante o<br />

período seco, o mato <strong>de</strong>ve ser roçado e realizada capina<br />

sob a copa das árvores visando evitar a <strong>com</strong>petição por<br />

água. Logo, o plantio <strong>de</strong> leguminosas <strong>com</strong>o o feijão-<strong>de</strong>porco<br />

nas entrelinhas é uma prática re<strong>com</strong>endada para<br />

a citricultura.<br />

3


4 Entomofauna Associada a Citros em Dois Sistemas: <strong>Manejo</strong> <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> <strong>Área</strong> <strong>de</strong> <strong>Capina</strong> e <strong>Cultivo</strong> ...<br />

(A)<br />

Figura 4. (A) Sintoma <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong> mosca branca Aleurothrixus. floccosus em folhas <strong>de</strong> citros;<br />

e (B) controle biológico natural (epizootia) do fungo Aschersonia aleyrodis sobre diferentes<br />

estádios da mosca branca em folhas <strong>de</strong> citros. Cruz das Almas, BA, julho <strong>de</strong> 2009.<br />

Figura 5. Biodiversida<strong>de</strong> da matovegetação nativa que fornece proteção, abrigo e alimentação para os insetos fitófagos,<br />

polinizadores e inimigos naturais.<br />

A larva minadora dos citros P. citrella, o ácaro da leprose<br />

B. phoenicis, a broca da laranjeira C. flavofasciatus, a<br />

escama farinha P. aspidistrae e o pulgão preto T. citricidus<br />

(A)<br />

(D)<br />

(B)<br />

estiveram presentes em ambos os sistemas em<br />

freqüência equivalente (Figura 6).<br />

Figura 6. Insetos e ácaros-praga presentes em frequência equivalentes em ambos sistemas <strong>de</strong> cultivo: (A) minador das folhas<br />

dos citros Phyllocnistis citrella; (B) broca da laranjeira Cratosomus flavofasciatus; (C) pulgão preto Toxoptera citricidus; (D)<br />

cochonilha escama farinha Pinnaspis aspidistrae; (E) cochonilha do tronco Unaspis citri e (F) ácaro da leprose Brevipalpus<br />

phoenicis.<br />

(B)<br />

(E)<br />

Fotos: Romulo da Silva Carvalho<br />

(C)<br />

(F)<br />

Fotos: Romulo da Silva Carvalho<br />

Fotos: (A, B, C, D, E) Romulo da Silva Carvalho, (F) Marcelo da C. Mendonça


Entomofauna Associada a Citros em Dois Sistemas: <strong>Manejo</strong> <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> <strong>Área</strong> <strong>de</strong> <strong>Capina</strong> e <strong>Cultivo</strong> ...<br />

No entanto, o nível <strong>de</strong> ação para P. citrella foi atingido<br />

apenas no sistema <strong>convencional</strong>, enquanto que no<br />

sistema <strong>de</strong> consórcio <strong>com</strong> feijão-<strong>de</strong>-porco intercalar<br />

parece ter favorecido o parasitói<strong>de</strong> exótico A. citricola.<br />

O ácaro da leprose ocorreu nos dois sistemas, sendo<br />

que no sistema consorciado foi constatado somente a<br />

partir da 4 a avaliação, o que po<strong>de</strong> ser explicado pela<br />

presença dos ácaros predadores fitoseí<strong>de</strong>os<br />

encontrados apenas no sistema consorciado <strong>com</strong> o<br />

feijão-<strong>de</strong>-porco que propiciou, provavelmente,<br />

microclima favorável para a ativida<strong>de</strong> e aumento<br />

populacional do ácaro predador. A explicação para este<br />

acontecimento resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que os ácaros<br />

predadores, por causa do seu tamanho, se <strong>de</strong>sidratam<br />

e morrem facilmente em alta temperatura e a<br />

cobertura vegetal, portanto, po<strong>de</strong> ter influenciado<br />

positivamente propiciando proteção e sobrevivência a<br />

Pentilia egena<br />

Azya luteipes<br />

Figura 7. Inimigos naturais encontrados em ambos os sistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> citros.<br />

estes ácaros. O pulgão esteve presente nos dois<br />

sistemas, porém no sistema <strong>convencional</strong> sua<br />

freqüência foi maior do que no consorciado <strong>com</strong> feijão<strong>de</strong>-porco<br />

nas entrelinhas.<br />

Constata-se ainda que os inimigos naturais<br />

monitorados <strong>com</strong>o as joaninhas C. sanguinea e P.<br />

egena, o bicho-lixeiro Chrysopa sp., o fungo A.<br />

aleyrodis e diversas espécies <strong>de</strong> aranhas predadores<br />

generalistas estiveram presentes nos dois sistemas.<br />

No entanto, a maior freqüência <strong>de</strong>stes inimigos<br />

naturais foi observada no sistema consorciado <strong>com</strong><br />

feijão-<strong>de</strong>-porco (Tabela 1). As aranhas e joaninhas<br />

foram os predadores mais freqüentes (Figura 7), o que<br />

<strong>de</strong>monstra a importância <strong>de</strong>sse grupo <strong>de</strong> insetos e das<br />

aranhas na supressão e manutenção das populações <strong>de</strong><br />

insetos-praga presentes no pomar <strong>de</strong> citros.<br />

Aschersonia aleyrodis<br />

Cicloneda sanguinea Larva joaninha<br />

Bicho Lixeiro - Chrysopa sp. Aranhas<br />

Fotos: Romulo da Silva Carvalho<br />

5


6 Entomofauna Associada a Citros em Dois Sistemas: <strong>Manejo</strong> <strong>convencional</strong> <strong>com</strong> <strong>Área</strong> <strong>de</strong> <strong>Capina</strong> e <strong>Cultivo</strong> ...<br />

Conclusão<br />

O uso do feijão-<strong>de</strong>-porco C. ensiformes <strong>com</strong>o cultura<br />

intercalar no pomar <strong>de</strong> citros é uma prática benéfica<br />

<strong>de</strong> manejo, pois estimula a biodiversida<strong>de</strong> e favorece<br />

processos ecológicos para a sua sustentabilida<strong>de</strong><br />

gerando serviços ambientais importantes, tais <strong>com</strong>o<br />

controle biológico natural, ciclagem <strong>de</strong> nutrientes e<br />

conservação do solo.<br />

Referências bibliográficas<br />

AGUIAR-MENEZES, E. <strong>de</strong> L. Diversida<strong>de</strong> vegetal: um<br />

estratégia para o manejo <strong>de</strong> pragas em sistemas<br />

sustentáveis <strong>de</strong> produção agrícola. Soropédica:<br />

Embrapa Agrobiologia , 2004. 68p. (Embrapa<br />

Agroecologia. Documentos, 177).<br />

ALTIERI, M. A.; SILVA, N. E; NICHOLLS, C. I. O papel<br />

da biodiversida<strong>de</strong> no manejo <strong>de</strong> pragas. Ribeirão<br />

Preto: Holos, 2003. 226p.<br />

ATKINS, M. D. Insects in perspective. New York:<br />

Macmillan Publishing, 1978. 513p.<br />

Circular<br />

Técnica, 93<br />

Exemplares <strong>de</strong>sta edição po<strong>de</strong>m ser adquiridos na:<br />

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical<br />

En<strong>de</strong>reço: Rua Embrapa, s/n, Caixa Postal 07,<br />

44380-000, Cruz das Almas - Bahia<br />

Fone: (75) 3312-8000<br />

Fax: (75) 3312-8097<br />

E-mail: sac@cnpmf.embrapa.br<br />

1 a edição<br />

(2009): on-line<br />

CARVALHO, J. E. B.; SOUZA, L.da S.; CALDAS, R.;<br />

ANTAS, P. E. U. T.; ARAÚJO, A. M. <strong>de</strong> A ; LOPES, L.<br />

C.; SANTOS, R. C. dos; LOPES, N. C. M.; SOUZA, A.<br />

L. V. Leguminosa no controle integrado <strong>de</strong> plantas<br />

daninhas para aumentar a produtivida<strong>de</strong> da laranja<br />

“Pêra”. Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura, Jaboticabal,<br />

v.24, n1, 2002. Disponível em: .<br />

Acesso em: 25 jul. 2008.<br />

CARVALHO, R. S. Controle integrado da ortézia em<br />

pomares e hortos <strong>com</strong>erciais. Cruz das Almas:<br />

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2006. 6p.<br />

(Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Circular<br />

técnica, 82).<br />

NASCIMENTO, A. S.; SANTOS FILHO, H. P. dos;<br />

SANCHES, N. F.; SILVA, L. G.; MAGALHÃES, K. C.<br />

L. <strong>de</strong>; MELO, R. L. <strong>de</strong>. Monitoramento <strong>de</strong> pragas<br />

regulamentadas e inimigos naturais na cultura dos<br />

citros. 3. ed. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e<br />

Fruticultura Tropical, 2006. 61 p. (EMBRAPA-CNPMF.<br />

Documentos, 102).<br />

Comitê <strong>de</strong><br />

publicações<br />

Expediente<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Aldo Vilar Trinda<strong>de</strong>.<br />

Secretária: Maria da Conceição P. Borba dos Santos.<br />

Membros: Abelmon da Silva Gesteira, Ana Lúcia<br />

Borges, Antonio Alberto Rocha Oliveira, Carlos<br />

Alberto da Silva Ledo, Davi Theodoro Junghans,<br />

Eliseth <strong>de</strong> Souza Viana, Léa Ângela Assis Cunha,<br />

Marilene Fancelli.<br />

Supervisão editorial: Ana Lúcia Borges.<br />

Revisão <strong>de</strong> texto: Marilene Fancelli e José Eduardo<br />

Borges <strong>de</strong> Carvalho.<br />

Revisão gramatical: Valdique Martins Medina.<br />

Tratamento das ilustrações: Maria da Conceição Borba.<br />

Editoração eletrônica: Maria da Conceição Borba.

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