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Empresas exportadoras optam por soluções de 'factoring' - Económico

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Ana Brigida <strong>Empresas</strong><br />

PUB<br />

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5627 DE 07 DE MARÇO DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE<br />

Gestão, Recuperação<br />

<strong>de</strong> Créditos e Factoring<br />

<strong>ex<strong>por</strong>tadoras</strong> <strong>optam</strong><br />

<strong>por</strong> <strong>soluções</strong> <strong>de</strong> ‘factoring’<br />

◗ Portugal é o segundo país da Europa com maior procura <strong>de</strong> ‘factoring’<br />

◗ Gestoras <strong>de</strong> créditos com mais dificulda<strong>de</strong>s em cobrar<br />

◗ Bancos ven<strong>de</strong>m dívidas <strong>de</strong> crédito ao consumo


II Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 7 Março 2013<br />

GESTÃO, RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING<br />

Situação económica<br />

dificulta recuperação<br />

<strong>de</strong> créditos<br />

Em 2011, as 29 associadas da APERC recuperaram um montante<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 620 milhões <strong>de</strong> euros. E tinham sob gestão 3,8 mil milhões.<br />

IRINA MARCELINO<br />

irina.marcelino@economico.pt<br />

Estenãovaiserumanobom.A<br />

economia está em queda, o <strong>de</strong>semprego<br />

não pára <strong>de</strong> subir. Os<br />

cortes salariais e impostos extra<br />

já se sentem nas carteiras dos<br />

<strong>por</strong>tugueses. Com as alterações<br />

nos orçamentos familiares,<br />

muitas vezes não se consegue pagar o que se<br />

<strong>de</strong>ve.Esenãosepagaoquese<strong>de</strong>ve,asempresas<br />

- e a economia - ficam em dificulda<strong>de</strong>s.<br />

“Temos mais solicitações mas também mais<br />

dificulda<strong>de</strong> na recuperação”, conta António<br />

Gaspar, director executivo da Associação Portuguesa<br />

<strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Gestão e<br />

Recuperação <strong>de</strong> Créditos (APERC). “Há cada<br />

vez mais pedidos <strong>de</strong> ajuda <strong>por</strong> parte <strong>de</strong> empresas<br />

credoras. A conjuntura potencia isto.<br />

Com os cortes do 13º e 14º mês, com a subida<br />

dos impostos, as pessoas, que se tinham endividado<br />

contando com um certo valor, entram<br />

em incumprimento”.<br />

As empresas contactadas pelo Diário <strong>Económico</strong><br />

concordam: “Em 2012, apesar <strong>de</strong> termos registado<br />

um aumento significativo das empresas<br />

que solicitaram os serviços <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> cobranças,<br />

a activida<strong>de</strong> foi condicionada pela incapacida<strong>de</strong><br />

financeira dos <strong>de</strong>vedores em fazer<br />

face aos seus compromissos para com os seus<br />

credores”, diz a Coface Serviços Portugal, que<br />

actuanaáreadagestão<strong>de</strong>cobranças.AIntrum<br />

Justitia, através do seu director para Portugal e<br />

Espanha, também confirma: “Na actual con-<br />

Com os cortes<br />

salariais<br />

e a subida<br />

<strong>de</strong> impostos,<br />

quem tem<br />

dívidas entra<br />

em incuprimento.<br />

Para as<br />

empresas<br />

que recuperam<br />

créditos, este<br />

trabalho está<br />

a ser mais difícil,<br />

apesar<strong>de</strong>serem<br />

mais procuradas<br />

pelas empresas<br />

credoras.<br />

juntura económica, existem mais empresas que<br />

querem e procuram conhecer <strong>soluções</strong> que o<br />

mercado tem para lhes oferecer. No entanto, o<br />

sucesso das empresas no nosso sector <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da eficácia da recuperação dos<br />

créditos, ou seja, da capacida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>vedores<br />

liquidarem as suas dívidas. O sucesso e consequente<br />

crescimento das empresas na área da<br />

Recuperação <strong>de</strong> Crédito está directamente associado<br />

à liqui<strong>de</strong>z no mercado – particulares e<br />

empresas”, consi<strong>de</strong>ra Luís Salvaterra.<br />

A situação económica do País está a ser um<br />

gran<strong>de</strong> constrangimento para a activida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stas empresas.<br />

Paralelamente, diz a Coface, “sentimos que as<br />

empresas reajustaram as suas políticas <strong>de</strong> crédito<br />

no sentido <strong>de</strong> as limitar a valores menores,<br />

ou mesmo a não conce<strong>de</strong>r crédito a todos<br />

os clientes, optando pelo pronto pagamento.<br />

Estas medidas impactaram, naturalmente, a<br />

activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobranças”.<br />

Apesar da previsão <strong>de</strong> negócio não ser <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> crescimento - apesar <strong>de</strong> uma ou outra<br />

excepção (ver texto da página 4) -, os números<br />

do crédito recuperado pelas empresas associadas<br />

da APERC têm vindo sempre a crescer. E<br />

se em 2005, altura em que tinham 19 associados,<br />

conseguiram recuperar 350 milhões <strong>de</strong><br />

euros, em 2011 (ano dos últimos dados disponíveis),<br />

os agora 29 associados recuperaram<br />

mais <strong>de</strong> 620 milhões. O montante sob gestão<br />

nesteanoera<strong>de</strong>3,8milmilhões<strong>de</strong>euros.■<br />

<strong>Empresas</strong> que não cumprem são minoria<br />

Bastonário dos Advogados reclama que a activida<strong>de</strong> é para estes profissionais.<br />

O mercado <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> crédito<br />

não está legislado e o bastonário da Or<strong>de</strong>m<br />

dos Advogados, Marinho Pinto,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> “uma regulamentação da activida<strong>de</strong><br />

e uma clarificação <strong>por</strong> parte da<br />

Assembleia da República que permitisse<br />

saber <strong>de</strong> facto o que fazem essas empresas”.<br />

Na sua opinião, estas empresas<br />

“são uma selva e estão a violar a lei dos<br />

actos próprios dos advogados”. Garante<br />

que “a recuperação <strong>de</strong> créditos é uma<br />

tarefa jurídica que só compete a advogados”,<br />

e que “as empresas não têm<br />

condições nem conhecimentos jurídicas<br />

para fazer esse trabalho”.<br />

Marinho Pinto não tem dúvidas que a<br />

cobrança <strong>de</strong> dívidas <strong>de</strong>ve ser feito através<br />

<strong>de</strong> advogados, <strong>por</strong>que “é preciso conhecimento<br />

jurídico para que a própria<br />

negociação possa ser feita em segurança”.<br />

O bastonário frisa que “os advogados<br />

negoceiam <strong>de</strong> maneira a po<strong>de</strong>rem<br />

chegar a uma solução, como renegociar<br />

a dívida, perdoar juros ou fazer um plano<br />

<strong>de</strong> pagamentos”, informando <strong>de</strong> forma<br />

cordial o <strong>de</strong>vedor “que se não pagar<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado prazo é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado<br />

um processo em tribunal”.<br />

Já as empresas <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> crédito<br />

“usam métodos pouco ortodoxos e utilizam<br />

mesmo parte da dívida para fazer<br />

valer o pagamento do serviço”, afirma.<br />

António Gaspar, presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Portuguesa <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Recuperação<br />

<strong>de</strong> Crédito (APERC), garante<br />

que as empresas que não cumprem com<br />

as regras “são uma minoria” e sublinha<br />

que existe uma lei <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2004 que<br />

<strong>de</strong>fine que “a negociação da dívida do<br />

cliente só <strong>de</strong>ve ser feita <strong>por</strong> um advogado<br />

ou alguém mandatado <strong>por</strong> ele”. “Apesar<br />

<strong>de</strong> já haver alguns advogados contratados<br />

para fazer isso, a fase extra-judicial é<br />

feita pela empresa <strong>por</strong> via do diálogo”,<br />

explica. E se o extra-judicial resolve o<br />

problema <strong>de</strong> forma “eficaz e eficiente”,<br />

entrando na justiça, o diferendo po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>morar três, a quatro anos”. ■ R.C.<br />

OS BANCOS são, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio do ano, obrigados a<br />

acompanhar os processos <strong>de</strong> crédito dos clientes e a prever<br />

eventuais riscos <strong>de</strong> incumprimento. A iniciativa coloca<br />

algumas dúvidas à APERC “É uma panaceia”, afirma<br />

António Gaspar. Também a Deco tem dúvidas,<br />

nomeadamente na legitimida<strong>de</strong> em ace<strong>de</strong>r a informaçãoes<br />

<strong>de</strong> carácter judicial e a relevância dos dados apurados.<br />

TonyGentile/Reuters<br />

RECUPERAÇÕES<br />

O valor dos créditos recuperados<br />

em 2011 pelas 29 associadas<br />

daAPERCultrapassouos620<br />

milhões <strong>de</strong> euros. A maioria<br />

dos créditos que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser<br />

pagos são créditos ao consumo.<br />

620 milhões <strong>de</strong> euros<br />

PERDAS PARA EMPRESAS<br />

69% das empresas inquiridas<br />

pela Intrum Justitia preveem<br />

perdas <strong>de</strong> rendimentos<br />

<strong>de</strong>vido aos atrasos<br />

ou ao não pagamento.<br />

69%<br />

ATRASOS IMPEDITIVOS<br />

81% dos empresários inquiridos<br />

pela Intrum Justitia receiam pela<br />

liqui<strong>de</strong>z das suas empresas. E<br />

66% dizem que os pagamentos<br />

em atraso impe<strong>de</strong>m o<br />

crescimento das suas empresas.<br />

66%<br />

INCOBRÁVEIS<br />

A percentagem <strong>de</strong> incobráveis<br />

aumentou, em Portugal,<br />

<strong>de</strong> 3,2% para 3,6%. Na Europa,<br />

apercentagemmédia<br />

<strong>de</strong> incobráveis cresceu <strong>de</strong> 2,7%<br />

para 2.8%.<br />

3,6%


O VALOR DA CONCESSÃO DE CRÉDITOà habitação caiu<br />

2,97% <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2011 a Dezembro <strong>de</strong> 2012. A cobrança<br />

duvidosa <strong>de</strong> créditos hipotecários subiu, <strong>por</strong> seu turno,<br />

7,34%. A cobrança duvidosa <strong>de</strong> crédito ao consumo cresceu<br />

6,97% e a <strong>de</strong> crédito para outros fins subiu 15,66%,<br />

<strong>de</strong> acordo com o Banco <strong>de</strong> Portugal citado pela associação<br />

representativa das empresas <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> créditos.<br />

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OPINIÃO: Com telecomunicações, ???????????????????<br />

as 29 empresas gastaram<br />

?????????????????????????????<br />

Quinta-feira 7 Março 2013 Diário <strong>Económico</strong> III<br />

NO ANO DE 2011 mais 1.719 pessoas trabalhavam<br />

nas 29 empresas associadas da APERC. Em 2006, ano<br />

em que apenas tinha 19 empresas associadas, o número<br />

<strong>de</strong> trabalhadores era <strong>de</strong> 614. Os gastos<br />

com combustíveis ultrapassaram 1,5 milhões <strong>de</strong> euros.<br />

1,3 milhões <strong>de</strong> euros em 2011.<br />

Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

<strong>por</strong> atrasos nos pagamentos<br />

<strong>Empresas</strong> acusam recessão <strong>por</strong> queda nas vendas.<br />

O Índice <strong>de</strong> Pagamentos Europeu 2012 da Intrum<br />

Justitia revela que 57% das empresas europeias<br />

afirmam ter problemas <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong>vido<br />

a atrasos nos pagamentos. O aumento foi<br />

<strong>de</strong> 10% face ao ano passado.<br />

55% das 7800 empresas inquiridas pela Intrum<br />

Justitia dizem que a justificação para estes<br />

problemas <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z é a situação <strong>de</strong> recessão<br />

económica. O problema da dificulda<strong>de</strong><br />

das vendas <strong>de</strong>vido à recessão é especialmente<br />

intenso na Grécia, on<strong>de</strong> 96% das empresas assumiramacriseearecessão<br />

como razão para a<br />

queda das vendas. Em Portugal respon<strong>de</strong>ram<br />

também assim 81% das empresas inquiridas e<br />

em Espanha 80%.<br />

A maioria das empresas diz ainda que a principal<br />

razão para os atrasos nos pagamentos é o<br />

facto dos <strong>de</strong>vedores terem ficado com problemas<br />

económicos. A segunda razão mais evocada<br />

é, curiosamente, o pagamento tardio intencional.<br />

O retrato tirado aos países europeus revela<br />

ainda duas velocida<strong>de</strong>s diferentes no que respeita<br />

aos tempos <strong>de</strong> pagamento entre os países<br />

do Norte da Europa, como os nórdicos, a Suiça,aAlemanhaeaÁustria<br />

e os países do Sul,<br />

como Portugal, Espanha, Itália e Grécia. E<br />

exemplificam: em Portugal uma empresa <strong>de</strong>mora<br />

em, média 90 dias a pagar a outra empresa.<br />

Na Grécia a média é <strong>de</strong> 80 dias. Já na<br />

Suécia e na Alemanha as empresas <strong>de</strong>moram,<br />

<strong>por</strong>seuturno,35diasaefectuarumpagamento.<br />

No que respeita ao acesso ao financiamentro<br />

bancário, 47% dos inquiridos assumem não<br />

ter apoio suficiente dos bancos (em 2011 este<br />

valor era <strong>de</strong> 32%) para alavancar os seus negócios.<br />

De acordo com a Intrum justitia, os incobráveis<br />

aumentaram 4% face a 2011, o que significa<br />

que 2,8% do total <strong>de</strong> dívidas na Europa<br />

não se consegue cobrar. ■ I.M.


SusanaVera/Reuters<br />

IV Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 7 Março 2013<br />

GESTÃO, RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING<br />

O crédito hipotecário é a área menos im<strong>por</strong>tante<br />

na recuperação <strong>de</strong> créditos. A maioria das empresas<br />

trabalham com o crédito ao consumo.<br />

Bancos ven<strong>de</strong>m carteiras<br />

<strong>de</strong> crédito ao consumo<br />

<strong>Empresas</strong> que compram créditos antecipam novos negócios nas telecomunicações e em ‘utilities’.<br />

ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE<br />

antonio.albuquerque@economico.pt<br />

As empresas <strong>de</strong> recuperação<br />

<strong>de</strong> créditos e que também<br />

compram activos têm os<br />

bancos como principais<br />

clientes. Só no ano passado<br />

três das empresas lí<strong>de</strong>res do<br />

sector compraram mais <strong>de</strong><br />

mil milhões <strong>de</strong> euros, na esmagadora maioria<br />

créditos ao consumo. Para este ano estimam<br />

um crescimento da activida<strong>de</strong> com mais compras<br />

ao sistema financeiro mas também com a<br />

entrada das empresas <strong>de</strong> telecomunicações e<br />

<strong>de</strong> ‘utilities’.<br />

Bruno Carneiro, chefe executivo da empresa<br />

Serv<strong>de</strong>bt, afirma que são os “bancos e instituições<br />

financeiras os seus únicos clientes” e<br />

quando questionado sobre os montantes envolvidos<br />

abre o jogo: “no ano <strong>de</strong> 2012 conseguimos<br />

concluir com sucesso operações que<br />

totalizaram mais <strong>de</strong> 500 milhões <strong>de</strong> euros <strong>de</strong><br />

créditos”.<br />

O grupo sueco Intrum Justitia, que tem um<br />

<strong>por</strong>tuguês, Luís Salvaterra, a li<strong>de</strong>rar as operações<br />

da empresa para o mercado nacional e espanhol,<br />

também não escon<strong>de</strong> que os “principais<br />

clientes são empresas do sector financeiro,<br />

nomeadamente empresas <strong>de</strong> crédito ao consumo<br />

e bancos”. Quanto questionado sobre o<br />

montante adquirido no ano passado assume<br />

que “adquiriu créditos no valor 500 milhões <strong>de</strong><br />

euros a mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s”.<br />

Só no ano<br />

passado três<br />

das empresas<br />

lí<strong>de</strong>res do sector<br />

compraram<br />

activos <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> mil milhões<br />

<strong>de</strong> euros,<br />

na esmagadora<br />

maioria créditos<br />

ao consumo.<br />

A empresa <strong>por</strong>tuguesa Gesphone, li<strong>de</strong>rada <strong>por</strong><br />

Carlos Me<strong>de</strong>iros, acrescenta que já está a<br />

comprar activos a empresas <strong>de</strong> telecomunicações,<br />

quando questionado sobre os seus principais<br />

clientes. “Os principais sectores são o<br />

financeiro e o <strong>de</strong> telecomunicações”, afirmou<br />

o responsável em <strong>de</strong>clarações ao Diário <strong>Económico</strong>.<br />

Em 2012, a empresa, que se <strong>de</strong>dica<br />

em “exclusivo a crédito não hipotecário”, terá<br />

contratado três cessões <strong>de</strong> créditos. Aliás, os<br />

responsáveis das empresas assumem que para<br />

este ano as empresas <strong>de</strong> telecomunicações e<br />

‘utilities’ vão começar a ven<strong>de</strong>r créditos, o<br />

que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> reflectir a crise que se instalou<br />

em Portugal.<br />

Luís Salvaterra, managing director da Intrum<br />

Justitia para Portugal e Espanha, confirma<br />

esta tendência. “Temos verificado um<br />

crescente interesse na venda <strong>de</strong> carteiras <strong>por</strong><br />

parte <strong>de</strong> outros sectores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> nomeadamente,<br />

telecomunicações e ‘utilities’”.<br />

Todososgestoresconfirmamqueasituação<br />

económica do país está a afectar o sector. “O<br />

esforço <strong>de</strong> recuperação revela-se muito superior<br />

ao exigido em ciclos económicos estáveis<br />

ou em <strong>de</strong>senvolvimento”, esclarece o<br />

responsável da empresa sueca que este ano<br />

espera um crescimento da empresa na casa<br />

dos dois dígitos. Carlos Ma<strong>de</strong>iros, CEO da<br />

Gesphone, adianta mesmo que a “crise ac-<br />

O que compram<br />

as empresas<br />

LUÍS SALVATERRA<br />

‘Managing director’<br />

“<br />

para Portugal e Espanha<br />

Os nossos<br />

principais clientes<br />

são empresas do<br />

sector financeiro.<br />

BRUNO CARNEIRO<br />

“<br />

Chefe executivo da Serv<strong>de</strong>bt<br />

Apenas adquirimos<br />

carteiras <strong>de</strong><br />

créditos a bancos<br />

e instituições<br />

financeiras.<br />

tual atrasa a predisposição dos clientes em<br />

ce<strong>de</strong>r as carteiras <strong>de</strong> créditos vencidos”. O<br />

responsável explica que a “redução <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

propicia que se internalizem serviços<br />

que anteriormente eram contratados a terceiros,<br />

como forma <strong>de</strong> rendibilizar as estruturas<br />

existentes. Ou seja, para Carlos Me<strong>de</strong>iros<br />

as empresas têm menos apetência para a<br />

venda <strong>de</strong> carteiras <strong>de</strong> dívidas, ainda que estas<br />

aumentem <strong>de</strong> volume.<br />

Bruno Carneiro, chefe executivo da Serv<strong>de</strong>bt,<br />

reconhece que o “aumento dos rácios <strong>de</strong> crédito<br />

em incumprimento crescem em momentos<br />

<strong>de</strong> crise e <strong>por</strong> isso a médio/longo prazo<br />

isso terá um impacto no nosso crescimento”.<br />

Mas também afirma que “o sucesso das<br />

empresas no nosso sector <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da capacida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>vedores liquidarem<br />

as suas dívidas”. No ano passado, a<br />

Serv<strong>de</strong>bt contratou mais 100 colaboradores e<br />

a facturação cresceu 66% relativamente ao<br />

ano <strong>de</strong> 2011. E para este ano, Bruno Carneiro<br />

espera um “forte ano”. Apesar das vantagens<br />

<strong>de</strong>stas empresas em permitir injecção <strong>de</strong> dinheiro<br />

fresco, redução <strong>de</strong> custos administrativos<br />

e recursos, aumento <strong>de</strong> lucros passando<br />

a resultados extraordinários o valor <strong>de</strong> venda,<br />

eliminando dos balanços estes créditos, todos<br />

dos gestores reconhecem, confrontados com<br />

a maior limitação das empresas do sector, a<br />

influência da crise económica. ■


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VI Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 7 Março 2013<br />

GESTÃO, RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING<br />

ENTREVISTA ANTÓNIO GASPAR, DIRECTOR EXECUTIVO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS DE GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS<br />

“Existem dois tipos <strong>de</strong> empresas: as com<br />

boas práticas e as que con<strong>de</strong>namos”<br />

Associação <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma lei que regule o sector para distinguir as boas empresas das outras.<br />

ANTÓNIO DE ALBUQERQUE<br />

antonio.albuquerque@economico.pt<br />

Para António Gaspar, director<br />

executivo da Associação das<br />

Ampresas <strong>de</strong> Gestão e Recuperação<br />

<strong>de</strong> Crédito (APERC) o Estado<br />

necessita <strong>de</strong> regular o sector<br />

para separa o trigo do joio -<br />

ou seja, as empresas <strong>de</strong> recuperação<br />

<strong>de</strong> crédito que seguem um código <strong>de</strong><br />

conduta das outras cujos métodos muitas vezes<br />

aproximam-se da ilegalida<strong>de</strong>.<br />

Como avalia o sector e como o perspectiva?<br />

O sector está sólido, consistente e pronto para<br />

se moldar aos <strong>de</strong>safios constantes e permanentes<br />

que lhe são colocados pelos clientes e<br />

<strong>de</strong>mais ‘stakehol<strong>de</strong>rs’ do sector. Gostava <strong>de</strong><br />

referenciar e sublinhar os fortes investimentos<br />

feitos em novas tecnologias e formação <strong>de</strong><br />

colaboradores, verda<strong>de</strong>iras apostas <strong>de</strong>stas<br />

empresas, sempre a pensar na melhor forma<br />

<strong>de</strong> servir os seus clientes, na eficácia e na eficiência<br />

do serviço prestado, não per<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong><br />

vista acréscimos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, que vão<br />

permitindo a<strong>de</strong>quar a estrutura <strong>de</strong> custos ao<br />

‘pricing’ praticado. Em termos futuros, acredito<br />

que este sector terá ainda muito <strong>por</strong> on<strong>de</strong><br />

se expandir, particularmente num vasto mercado<br />

que compagina a economia real.<br />

É verda<strong>de</strong> que as empresas do sector ganham<br />

quando existem crises?<br />

Essaéclaramenteumafalsaquestão.Num<br />

momento <strong>de</strong> crise, como aquela que vivemos,<br />

ninguém ganha – todos per<strong>de</strong>m! Pelo facto<br />

das empresas terem no seu ‘core business’ a<br />

recuperação <strong>de</strong> crédito vencido, <strong>de</strong>senganem-se<br />

os que pensam que uma situação <strong>de</strong><br />

crise as favorece. Uma situação <strong>de</strong> crise potencia<br />

e exponencia a existência dum número<br />

crescente <strong>de</strong> cidadãos que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> cumprir<br />

as suas responsabilida<strong>de</strong>s creditícias assumidas<br />

para com terceiros. E também é verda<strong>de</strong><br />

que a dificulda<strong>de</strong> em recuperar os montantes<br />

vencidos é muito maior. Daí a falsa questão.<br />

Como avalia o sector em Portugal quando comparado<br />

com outros países europeus?<br />

A comparação não é fácil <strong>de</strong> fazer. Não existem<br />

muitos dados internacionais para comparação;<br />

e <strong>de</strong>pois, <strong>por</strong>que cada país é diferente e<br />

<strong>por</strong> essa via, temos realida<strong>de</strong>s muito distintas.<br />

Po<strong>de</strong>mos, no entanto, ver o que se passa com<br />

os nossos vizinhos espanhóis, que não estão<br />

tão avançados como nós estamos nesta área.<br />

Quais as consequências da nova directiva <strong>de</strong><br />

protecção <strong>de</strong> dados para as empresas do sector?<br />

Temos acompanhado com muita preocupação.<br />

O conteúdo que foi colocado para discussão<br />

pública do projecto do que po<strong>de</strong>rá vir a ser<br />

a nova directiva <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> dados, compagina<br />

e configura custos brutais para todas as<br />

empresas que gerem dados <strong>de</strong> cidadãos. Obviamente<br />

que não são só as empresas que fa-<br />

“ O conteúdo que<br />

foi colocado para<br />

discussão pública<br />

do projecto<br />

da nova directiva<br />

<strong>de</strong> protecção<br />

<strong>de</strong> dados,<br />

compagina<br />

e configura<br />

custos brutais<br />

para todas<br />

as empresas<br />

que gerem dados<br />

<strong>de</strong> cidadãos.<br />

As principais<br />

regras <strong>de</strong> conduta<br />

>> Métodos<br />

As empresas não <strong>de</strong>verá<br />

nunca usar métodos <strong>de</strong><br />

recuperação que sejam<br />

opressivos ou <strong>de</strong> intrusão<br />

>> Acção em público<br />

A empresa nunca <strong>de</strong>verá<br />

agir em público, <strong>de</strong> forma<br />

intencional a embaraçar<br />

os <strong>de</strong>vedores<br />

>> Total a ser pago<br />

A empresa <strong>de</strong>verá<br />

apresentar sob forma<br />

clara o total a ser pago<br />

pelos <strong>de</strong>vedores ( quantia<br />

em débito, juros,<br />

compensações, custo <strong>de</strong><br />

recuperação), na primeira<br />

cartaoucontacto<br />

>> Autorização CNPD<br />

Aempresa<strong>de</strong>verátera<br />

sua base <strong>de</strong> dados<br />

reconhecida e autorizada<br />

pela Comissão Nacional<br />

<strong>de</strong> Protecção <strong>de</strong> Dados.<br />

“A clarificação legal do sector era proveitosa<br />

para todos: empresas e clientes“,<br />

afirma António Gaspar.<br />

zem a recuperação extrajudicial e amigável <strong>de</strong><br />

créditos que po<strong>de</strong>rão vir a sofrer com uma<br />

aprovação que não leve em conta custos e factores<br />

operacionais <strong>por</strong> <strong>de</strong>mais irracionais.<br />

Através da nossa Fe<strong>de</strong>ração Europeia, têm<br />

vindo a ser apresentados no Parlamento Europeu<br />

vários argumentos e propostas alternativas,<br />

ressalvando os legítimos interesses <strong>de</strong><br />

quem manuseia dados <strong>de</strong> cidadãos, sendo que<br />

em algum momento foi apresentada alguma<br />

proposta <strong>de</strong>svinculadora do interesse dos cidadãos.<br />

Pensamos é que o normativo a ser<br />

aprovado <strong>de</strong>ve ser equilibrado e que leve em<br />

conta os esforços das empresas, a operacionalida<strong>de</strong>earacionalida<strong>de</strong><br />

no seu trabalho. A regulamentação<br />

<strong>de</strong> dados tem mais <strong>de</strong> 20 anos.<br />

Des<strong>de</strong> aí muito se passou, sobretudo a nível <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>de</strong> dados via net. Naturalmente<br />

que tem que haver uma norma. Mas não ser<br />

po<strong>de</strong> passar <strong>de</strong> extremo a extremo.<br />

Defen<strong>de</strong> uma clarificação do sector que permita<br />

regular as empresas.Porquê?<br />

Des<strong>de</strong>afundaçãodaAPERCqueumdosgran<strong>de</strong>s<br />

‘leitmotivs’ foi a clarificação legal da activida<strong>de</strong><br />

da recuperação extrajudicial <strong>de</strong> crédito.<br />

Cedo nos apercebemos que existem dois tipos<br />

<strong>de</strong> empresas neste sector: as que actuam<br />

com boas práticas e as que actuam com práticas<br />

que sempre temos con<strong>de</strong>nado com toda a<br />

veemência e acutilância. Uma clarificação legal<br />

era proveitosa para todos: empresas e<br />

clientes.■<br />

Paulo Alexandre Coelho


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VIII Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 7 Março 2013<br />

GESTÃO, RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING<br />

>> Novida<strong>de</strong>s em 2013<br />

Os principais bancos nacionais têm<br />

<strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong>dicados ao mercado<br />

<strong>de</strong> ‘factoring’ e estão empenhados<br />

em melhorar e diversificar a<br />

oferta.<br />

A CGD tem um produto novo este<br />

ano, o Maistesouraria, uma solução<br />

que integra a gestão <strong>de</strong> recebimentos<br />

e <strong>de</strong> pagamentos. O banco prepara<br />

ainda melhorias <strong>de</strong> utilização<br />

dos serviços com recurso às novas<br />

tecnologias.<br />

O Santan<strong>de</strong>r Totta continuará a<br />

apostar na colocação dos produtos<br />

<strong>de</strong> ‘factoring’ junto das empresas,<br />

tanto para o mercado doméstico<br />

como no apoio às empresas <strong>ex<strong>por</strong>tadoras</strong>.<br />

Já o Montepio diversificou<br />

o mercado alvo, estando em sectores<br />

menos tradicinais e mais focado<br />

para a contratação <strong>de</strong> operações<br />

com recurso ao mercado doméstico.<br />

O BES quer reforçar a ferramenta<br />

Express Bill e o Millenniumbcp estará<br />

focado no apoio às PME que apresentem<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação ao<br />

actual complexo enquadramento<br />

económico. Quanto ao Banif, as novida<strong>de</strong>s<br />

passarão <strong>por</strong> variantes <strong>de</strong><br />

produtos, associados quer à antecipação<br />

<strong>de</strong> receitas quer ao pagamento<br />

a fornecedores <strong>por</strong> parte dos<br />

clientes.<br />

Portugal é o segundo país europeu<br />

com maior procura <strong>de</strong> ‘factoring’<br />

Apesar do ‘factoring’ doméstico ter <strong>de</strong>crescido, empresas estão mais conscientes da sua im<strong>por</strong>tância.<br />

RAQUEL CARVALHO<br />

raquel.carvalho@economico.pt<br />

O‘factoring’ “é um instrumento<br />

financeiro que tem<br />

tido um papel im<strong>por</strong>tante<br />

no apoio à economia nacional”,<br />

garante Beja Amaro,<br />

presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Portuguesa <strong>de</strong> Leasing,<br />

Factoring e Renting (ALF). O responsável informaqueem2012asempresas<strong>de</strong>‘factoring’”receberam<br />

um total <strong>de</strong> 23 mil milhões<br />

<strong>de</strong> euros em facturas”. Mesmo assim, o balanço<br />

no último ano no que toca o ‘factoring’ doméstico<br />

não é o melhor, com Beja Amaro a<br />

afirmar que ao contrário do que se passou em<br />

anos anteriores, em 2012 esta activida<strong>de</strong> registou<br />

uma quebra <strong>de</strong> 16,7%. Por outro lado, o<br />

‘factoring’ <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação cresceu 19,9%, com<br />

créditos tomados que atingiram os 2,2 mil milhões<br />

<strong>de</strong> euros. Beja Amaro salienta ainda que<br />

Portugaléopaíseuropeucomasegunda<br />

maior taxa <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong>ste produto.<br />

Para Rui Esteves, director-geral da Eurofactor,<br />

a tendência é que se “continue a assistir a<br />

uma redução dos créditos tomados no mercado<br />

doméstico e crescimentos significativos na<br />

ex<strong>por</strong>tação”, diz, acreditando que “a falta <strong>de</strong><br />

Santan<strong>de</strong>r com quebra<br />

No Santan<strong>de</strong>r Totta, a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

‘factoring’ caiu 7,7%. O banco “tem cerca<br />

<strong>de</strong> 1200 contratos activos, sendo que em<br />

2012 verificou um acréscimo <strong>de</strong> 10%<br />

relativamente ao ano anterior”, diz fonte<br />

oficial. O banco oferece ‘factoring’ com e<br />

sem recurso, e ‘factoring’ <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação,<br />

que se encontra em fase <strong>de</strong> expansão.<br />

Oqueéo<br />

‘factoring’<br />

O ‘factoring é a aquisição <strong>de</strong><br />

créditos a curto prazo que<br />

resultaram da venda <strong>de</strong><br />

produtos ou da prestação <strong>de</strong><br />

serviços nos mercados<br />

interno e externo. Quem<br />

oferece produtos <strong>de</strong><br />

‘factoring’ financia e faz<br />

adiantamento sobre<br />

facturas, serviços <strong>de</strong><br />

cobrança, serviços <strong>de</strong><br />

informações, apoio jurídico,<br />

estudos <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong> crédito<br />

e atribuição <strong>de</strong> limites <strong>de</strong><br />

crédito ao <strong>de</strong>vedor.<br />

Este serviço tem como<br />

gran<strong>de</strong> vantagem a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> serviços<br />

associados e<br />

complementares ao<br />

financiamento e que são a<br />

cobertura <strong>de</strong> risco <strong>de</strong><br />

crédito dos clientes das<br />

empresas, o serviço<br />

especializado <strong>de</strong> cobrança e<br />

ainda a <strong>de</strong>sconsolidação.<br />

Paula Nunes<br />

BES com quota <strong>de</strong> 19,6%<br />

O ‘factoring’ no BES registou em 2012<br />

um ligeiro acréscimo, traduzindo-se no<br />

final do ano numa quota <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong><br />

19,6% contra os 16% verificados em 2011.<br />

O banco antecipa para 2013 um aumento<br />

<strong>de</strong> 10 a 15% nos produtos <strong>de</strong>ste<br />

segmento <strong>de</strong> negócio, on<strong>de</strong> se incluiu<br />

também a ferramenta BES Express Bill.<br />

liqui<strong>de</strong>z das empresas e a redução <strong>de</strong> financiamento<br />

da banca têm levado as empresas a recorrer<br />

mais ao ‘factoring’”.<br />

No Millenniumbcp, “as <strong>soluções</strong> <strong>de</strong> tesouraria<br />

disponibilizadas <strong>de</strong>stinam-se quer ao mercado<br />

nacional quer a apoiar empresas <strong>ex<strong>por</strong>tadoras</strong><br />

no âmbito da sua activida<strong>de</strong> internacional”,<br />

diz fonte oficial. O banco acredita que o<br />

‘factoring’ <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação terá tendência para<br />

crescer, mas assevera que a activida<strong>de</strong> a nível<br />

nacional “continua a representar a maior fatia<br />

do negócio <strong>de</strong> ‘factoring’, para apoio às operações<br />

<strong>de</strong> im<strong>por</strong>tação e ex<strong>por</strong>tação”.<br />

O banco salienta ainda o volume <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

registada ao nível do negócio <strong>de</strong> Confirming,<br />

“solução em que a empresa faz o ‘outsourcing’<br />

da gestão dos seus pagamentos, e em que o<br />

Millennium bcp assumiu uma quota <strong>de</strong> mercado<br />

<strong>de</strong> 31% garantindo pagamentos a fornecedores<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois mil milhões <strong>de</strong> euros”,<br />

diz a mesma fonte.<br />

Segundo fonte oficial do BES, “tratando-se o<br />

‘factoring’ <strong>de</strong> um produto gerador <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z,<br />

e consequentemente facilitador <strong>de</strong> tesouraria,<br />

aprocuraaumentounãosó<strong>por</strong>partedosjá<br />

habituais clientes como também <strong>de</strong> outros que<br />

João Manuel Ribeiro<br />

CGD com menos clientes<br />

Recorreram ao Grupo CGD 1056<br />

empresas em 2012, um número menor do<br />

que em 2011, mas que o banco espera ver<br />

crescer em 2013, “dado o impulso<br />

observado na vertente <strong>de</strong> ‘factoring’ <strong>de</strong><br />

ex<strong>por</strong>tação”, diz fonte oficial. Aliás,<br />

nestavertente,obancoregistoumesmo<br />

um crescimento na procura.<br />

historicamente não utilizavam o produto mas<br />

que viram nele o instrumento financeiro a<strong>de</strong>quado<br />

aos tempos actuais”. Neste segmento, o<br />

BES disponibiliza, além do tradicional ‘factoring’,<br />

a ferramenta BES Express Bill.<br />

No caso do Santan<strong>de</strong>r Totta, que disponibiliza<br />

a solução ex<strong>por</strong>tação, que inclui, entre<br />

outros produtos, os <strong>de</strong> ‘factoring’ e <strong>de</strong> cessão<br />

<strong>de</strong> créditos, a intenção é alargar a oferta,<br />

apostando “na inovação e no comprometimento<br />

com o cliente”, disse fonte oficial do<br />

banco ao Diário <strong>Económico</strong>. “É uma óptima<br />

ferramenta <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> tesouraria e que é<br />

contabilisticamente muito eficiente”, acrescenta.<br />

O banco explica o sucesso do ‘factoring’<br />

com o facto das empresas terem “as<br />

suas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento in<strong>de</strong>xadas<br />

às vendas efectivas e o banco assumir a<br />

insolvência dos clientes, o que lhes permite<br />

que o financiamento da tesouraria seja comerciale,comotal,nãopesenoendividamento<br />

da empresa”. O Montepio acrescenta<br />

como justificação para um aumento na procura<br />

<strong>de</strong>sta solução, “a quebra <strong>de</strong> vendas, da<br />

facturação e o crescimento dos níveis <strong>de</strong> incumprimento”,<br />

diz fonte do banco. ■<br />

Paulo Alexandre Coelho


Millennium regista queda<br />

A activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ‘factoring’ no Millennium<br />

bcp em 2012 atingiu perto <strong>de</strong> 1,5 mil<br />

milhões <strong>de</strong> euros em créditos, o que<br />

reflecte uma queda. Para 2013, o banco<br />

espera “um crescimento mo<strong>de</strong>rado da<br />

activida<strong>de</strong> num cenário <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z mo<strong>de</strong>rada e custo <strong>de</strong><br />

financiamento elevado”.<br />

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Paula nunes<br />

Banif apoia PME<br />

O Banif apoia as PME com operações <strong>de</strong><br />

crédito que antecipem receitas firmes e<br />

operações <strong>de</strong> crédito associadas ao ciclo<br />

<strong>de</strong> pagamento a fornecedores. ‘Factoring’<br />

<strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação, créditos documentários,<br />

remessas documentarias e<br />

financiamentos externos são os produtos<br />

mais procurados.<br />

Paulo Alexandre Coelho<br />

Montepio com -23%<br />

O ‘factoring’ no Montepio registou em<br />

2012 “uma quebra <strong>de</strong> 23% no volume <strong>de</strong><br />

créditos cedidos, um valor que contrasta<br />

comofortecrescimento<strong>de</strong>43%<br />

registado em 2011”, refere fonte oficial. O<br />

crédito concedido correspondia, no final<br />

do ano, a 0,7% do crédito total do banco,<br />

que espera que 2013 seja igual a 2012.<br />

Paulo Alexandre Coelho<br />

Quinta-feira 7 Março 2013 Diário <strong>Económico</strong> IX<br />

Eurofactor cresce 11%<br />

O volume <strong>de</strong> créditos tomados da<br />

Eurofactor Portugal cresceu cerca <strong>de</strong> 11%<br />

em 2012. Com 36% <strong>de</strong> quota <strong>de</strong> mercado<br />

no ‘factoring’ <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação, a empresa<br />

registou neste segmento um aumento <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> 60% comparado com 2011, e<br />

representando já 65% do total do<br />

‘factoring’ da empresa.<br />

Paula Nunes


X Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 7 Março 2013<br />

GESTÃO, RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING<br />

Ex<strong>por</strong>tadoras<br />

apostam<br />

em <strong>soluções</strong> <strong>de</strong><br />

crédito inovadoras<br />

Õ ‘factoring’ instrumento permite gerir melhor<br />

as cobranças e garantir recebimentos.<br />

RAQUEL CARVALHO<br />

raquel.carvalho@economico.pt<br />

Já se sabe que existem empresas em<br />

queacriseésinónimo<strong>de</strong>novas<br />

o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios e novos<br />

voos, sobretudo no exterior. Talvez<br />

<strong>por</strong> isso se explique o crescimento<br />

do ‘factoring’ <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação em<br />

19,9% o ano passado, <strong>de</strong> acordo com<br />

dados da Associação Portuguesa <strong>de</strong> Leasing,<br />

Factoring e Renting (ALF).<br />

Os créditos tomados em ex<strong>por</strong>tação foram<br />

mesmo responsáveis pela gestão <strong>de</strong> cobranças<br />

<strong>de</strong> uma crescente percentagem <strong>de</strong> trocas comerciais<br />

com o exterior, atingindo os 2,1 mil<br />

milhões <strong>de</strong> euros.<br />

Muitas empresas têm, <strong>de</strong> facto, vindo a recorrer<br />

ao ‘factoring’, para apostar nas ex<strong>por</strong>tações.<br />

É o caso da Aquinos, empresa que<br />

actuanaáreadoimobiliário,equeestápresente<br />

em Espanha, França, no Norte <strong>de</strong> África<br />

e nos PALOP. A empresa já tinha utilizado<br />

o ‘factoring’ no mercado nacional, tendo <strong>de</strong>cididoháquatroanos“estendê-laaomercado<br />

ex<strong>por</strong>tação”, diz Jorge Aquino, administrador.<br />

O responsável informa terem sido<br />

equacinadas “várias formas e produtos financeiros<br />

para financiamento da activida<strong>de</strong><br />

operacional”, garantindo que o ‘factoring’<br />

“revelou-se uma forma muito competitiva<br />

<strong>de</strong> financiamento”. Admite que este produto<br />

ajudou a empresa “na concretização <strong>de</strong> parcerias<br />

comerciais <strong>de</strong> longo prazo com gran<strong>de</strong>s<br />

ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> distribuição, sem <strong>de</strong>scurar o<br />

ciclo da tesouraria e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fundo<br />

<strong>de</strong> maneio”.<br />

Já para a Solidal, Condutores Eléctricos, que<br />

recorre ao ‘factoring’ para ex<strong>por</strong>tação <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2005, este produto permitiu “o enfoque nos<br />

aspectos comerciais quando nos relacionamos<br />

com novos clientes e abordamos geografias<br />

mais distantes”, revela o presi<strong>de</strong>nte da empresa.<br />

Pedro Lima caracteriza o ‘factoring’<br />

como “uma fonte <strong>de</strong> financiamento alternativa<br />

ao crédito bancário tradicional, competitiva<br />

em preço, incor<strong>por</strong>ando serviços <strong>de</strong> gestão<br />

<strong>de</strong> cobrança e cobrindo o risco do crédito<br />

concedido a clientes”. Actualmente, a carteira<br />

<strong>de</strong> ‘factoring’ <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação da Solidal exce<strong>de</strong><br />

os oito milhões <strong>de</strong> euros.<br />

Presente nos cinco continentes, a Artlant,<br />

empresa do sector químico, recorreu ao ‘factoring’<br />

<strong>por</strong> ser “um instrumento financeiro<br />

eficaz que permite garantir os recebimentos e<br />

a antecipação <strong>de</strong> um fluxo financeiro”, diz Rui<br />

Toscano, director-geral. O responsável garanteaindaqueesteproduto“permitegerir<br />

melhor o processo produtivo”. ■<br />

Dados<br />

das empresas<br />

1 Aquinos<br />

Em 2012, a Aquinos<br />

facturou 42,1 milhões <strong>de</strong><br />

euros,comumpesono<br />

mercado <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 87,7%,<br />

mais do que em 2011.<br />

2 Solidal<br />

O volume <strong>de</strong> negócios da<br />

Solidal em 2012 ascen<strong>de</strong>u<br />

a 105 milhões <strong>de</strong> euros,<br />

tendo as ex<strong>por</strong>tações<br />

passado a representar<br />

70% <strong>de</strong>sse volume, mais<br />

2% do que em 2011.<br />

Actualmente a carteira<br />

<strong>de</strong> ‘factoring’<br />

<strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação<br />

da empresa exce<strong>de</strong><br />

os oito milhões <strong>de</strong> euros.<br />

3 Artlant<br />

A laborar há um ano,<br />

a Artlant ex<strong>por</strong>ta 95%<br />

do que produz.<br />

A empresa tem<br />

um volume <strong>de</strong> negócios<br />

potencial <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 700 milhões <strong>de</strong> euros.<br />

Fonte alternativa ao crédito bancário tradicional,<br />

o ‘factoring’ é competitivo e inclui serviços <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> cobrança.<br />

Bruno Barbosa


“Antevemos uma diminuição na activida<strong>de</strong>”<br />

O presi<strong>de</strong>nte da Associação Portuguesa <strong>de</strong><br />

Leasing, Factoring e Renting (ALF) frisa, em<br />

entrevista ao <strong>Económico</strong>, que o crescimento<br />

do ‘factoring’ em tempos <strong>de</strong> crise, mas antecipa<br />

uma diminuição da activida<strong>de</strong> este ano.<br />

Qual tem sido a evolução <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong>? Qual<br />

é o peso médio <strong>de</strong>ste segmento, no volume <strong>de</strong><br />

negócios total da activida<strong>de</strong> bancária?<br />

O ‘factoring é um produto que tem vindo a<br />

crescer, com o total <strong>de</strong> créditos tomados a registar<br />

uma variação média anual positiva <strong>de</strong><br />

18,5% nos últimos 12 anos. Mesmo em épocas<br />

passadas <strong>de</strong> crise registou crescimentos, uma<br />

vez que permite às empresas uma gestão <strong>de</strong><br />

recebimentos mais eficiente, que resulta num<br />

melhor equilíbrio financeiro, para além <strong>de</strong><br />

permitir o financiamento à tesouraria. Igualmente,<br />

diminuem os seus custos fixos do sistema<br />

<strong>de</strong> cobranças e evitam eventuais problemas<br />

com clientes, na altura do recebimento.<br />

Comparando o crédito concedido através <strong>de</strong><br />

‘factoring’, com o resto da activida<strong>de</strong> bancária<br />

comparável, crédito <strong>de</strong> curto-prazo, este pro-<br />

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Quinta-feira 7 Março 2013 Diário <strong>Económico</strong> XI<br />

3 PERGUNTAS A BEJA AMARO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE LEASING, FACTORING E RENTING - ALF<br />

Em 2012, quase sete mil milhões <strong>de</strong> euros em pagamentos a fornecedores, foram efectuados através <strong>de</strong> ‘factoring’,<br />

Os sectores económicos<br />

que mais relações<br />

têm com o ‘factoring’<br />

são o da construção,<br />

comércio grossista<br />

e retalhista, o sector<br />

das ‘utilities’ e<br />

o da indústria alimentar.<br />

duto tem vindo a ganhar representativida<strong>de</strong>,<br />

tendo estabilizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2010, com uma média<br />

<strong>de</strong>créditoconcedidoacurtoprazo<strong>de</strong>21%.<br />

Quais as principais tendências que tem sentido?<br />

Quais as <strong>soluções</strong> mais procuradas ?<br />

Sem dúvida que a solução com maior aumento<br />

<strong>de</strong> procura está a ser o ‘factoring’ à ex<strong>por</strong>tação,<br />

que cresceu mesmo a uma taxa bastante<br />

superior à registada nas ex<strong>por</strong>tações nacionais,<br />

tendo sido responsável pela gestão <strong>de</strong><br />

cobranças <strong>de</strong> uma crescente percentagem das<br />

trocas comerciais com o exterior, totalizando<br />

quase 2,2 mil milhões <strong>de</strong> euros.<br />

Curiosamente a vertente que recua mais é a <strong>de</strong><br />

im<strong>por</strong>tação, naturalmente ligado à redução<br />

das im<strong>por</strong>tações nacionais. A vertente que<br />

menos recua é o ‘Confirming’, que consiste na<br />

empresa entregar a gestão <strong>de</strong> pagamento aos<br />

seus fornecedores, a uma ‘factoring’. Em<br />

2012, quase sete mil milhões <strong>de</strong> euros em pagamentos<br />

a fornecedores, foram efectuados<br />

através <strong>de</strong> ‘factoring’, o que revela bem a im<strong>por</strong>tância<br />

<strong>de</strong>ste segmento e do pagamento<br />

atempado entre empresas. Por outro lado, o<br />

‘factoring’ tem sido muito utilizado pelas<br />

emprsas para internamente fazerem face às<br />

suas dificulda<strong>de</strong>s imediatas <strong>de</strong> tesouraria.<br />

Existem ainda empresas a recorrer ao ‘factoring’<br />

<strong>por</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> ‘outsourcing’ das cobranças<br />

bem como pela informação <strong>de</strong> risco que as<br />

‘factorings’ fornecem sobre os clientes dos<br />

seus a<strong>de</strong>rentes.<br />

Quantas empresas recorreram a este produto<br />

em 2012? Qual a perspectiva para 2013?<br />

Não existem estatísticas, mas o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do produto e dos sistemas informáticos<br />

<strong>de</strong> su<strong>por</strong>te eocrescenteinteresse<strong>por</strong>parte<br />

das empresas, tem resultado numa gran<strong>de</strong> difusão<br />

do produto e na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

cada vez mais alargado leque <strong>de</strong> empresas, estar<br />

em condições <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r ao ‘factoring’.<br />

Em 2013, antevemos uma activida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>rá<br />

vir a registar uma diminuição. Por outro<br />

lado, a ALF irá continuar o trabalho para que<br />

em colaboração com todas as entida<strong>de</strong>s públicas,<br />

se tente ultrapassar alguns obstáculos ainda<br />

existentes, o que obsta a que a sua utilização<br />

seja mais intensa <strong>por</strong> parte do mercado. ■


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