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O EXEMPLO DO JAPÃO 19/03/2012 Do batom à bolinha ... - aarffsa

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O <strong>EXEMPLO</strong> <strong>DO</strong> <strong>JAPÃO</strong><br />

<strong>19</strong>/<strong>03</strong>/<strong>2012</strong><br />

<strong>Do</strong> <strong>batom</strong> <strong>à</strong> <strong>bolinha</strong> de pingue-pongue, tudo deve ser descartado no<br />

lugar certo<br />

UM SACO COM garrafas PET em frente <strong>à</strong> lixeira de um prédio em Tóquio,<br />

no Japão, e uma estação de metrô em Yokohama, sem lixeiras e<br />

impecavelmente limpa<br />

Claudia Sarmento<br />

granderio@oglobo.com.br<br />

Tóquio é uma das cidades mais limpas do mundo, mas nem adianta<br />

procurar latas de lixo nas ruas, a não ser em frente <strong>à</strong>s lojas de<br />

conveniência. O lixo é um problema de cada cidadão e se desfazer dele<br />

adequadamente é lei. O certo, portanto, é levá-lo para casa e separá-lo<br />

para a coleta. A divisão dos resíduos varia de uma região para outra e<br />

pode englobar mais de dez categorias, de tampinhas a eletrodomésticos<br />

(só os pequenos aparelhos, até 30 centímetros, pois os grandes devem<br />

ser recolhidos por um serviço especial). É bastante trabalhoso. Mas<br />

funciona.<br />

O Japão é um exemplo mundial no campo da reciclagem. Em 2010, 77%<br />

dos materiais plásticos foram reciclados. A reutilização de garrafas PET<br />

chega a 72% (até <strong>19</strong>95, não passava de 3%) e a de latas está em torno<br />

de 88%. Com 128 milhões de pessoas e pouco espaço para aterros,<br />

principalmente em metrópoles como Tóquio, o país incinera 80% do lixo<br />

que produz. Desde a década de 90, vem investindo também em métodos<br />

menos poluentes para diminuir a emissão de gases tóxicos que saem<br />

das centrais de incineração.<br />

O Japão produz uma grande quantidade de lixo — cerca de 52 milhões<br />

de toneladas vindas apenas de domicílios —, mas cada cidade já tem<br />

suas leis para a reciclagem. Não basta pensar apenas nos conceitos de<br />

incinerável ou não. O processo está num estágio bem mais avançado<br />

que isso.<br />

— A maneira como você cuida do lixo é fator fundamental na relação<br />

com os vizinhos. Os próprios moradores fiscalizam a separação, ficam<br />

sempre de olho para ver quem não está fazendo a coisa certa — conta a<br />

brasileira Sueli Gushi, que vive na região metropolitana de Tóquio.


A única maneira de aprender é seguindo um manual. O plástico exige<br />

maiores cuidados, tendo que ser dividido nas seguintes categorias:<br />

tubos; garrafas (mas não as PETS, que devem ser tratadas<br />

separadamente); tampas; caixas; sacolas e filmes; recipientes e copos;<br />

bandejas e itens que não se encaixarem em nenhuma dessas divisões,<br />

como colheres, cabides e pratos. Tudo tem que ser lavado e colocado<br />

em sacos transparentes para serem recolhidos uma vez por semana.<br />

Na cidade de Yokohama, a meia hora da capital, os moradores recebem<br />

uma lista de instruções com quase 30 páginas. O detalhamento abrange<br />

mais de 500 itens. Quando a prefeitura iniciou a campanha, foi criticada<br />

pelo radicalismo. Até para se livrar de um <strong>batom</strong>, o morador precisava<br />

consultar o manual: o tubo devia se juntar <strong>à</strong> pilha de “metais pequenos”<br />

(que inclui também frigideiras menores do que 30 centímetros, por<br />

exemplo), mas antes o conteúdo que restara tinha que ser retirado e<br />

levado para o saco de restos incineráveis, onde também se encaixam<br />

<strong>bolinha</strong>s de pingue-pongue.<br />

Apesar da trabalheira, a população — acostumada <strong>à</strong>s regras rígidas de<br />

uma sociedade onde o coletivo está acima do individual — aderiu. Entre<br />

2001 e 2009, o volume de lixo que não pode ser reciclado caiu 42%.<br />

Em Odaiba, um dos bairros mais modernos de Tóquio, com prédios<br />

futuristas de cara para a baía, o reaproveitamento do lixo é de 100%.<br />

Os detritos não biodegradáveis são enviados diretamente para uma<br />

usina de processamento através de uma extensa rede. A energia<br />

produzida é utilizada pelos prédios da própria região. Já a parte<br />

biodegradável vira fertilizante.<br />

Jornal: O GLOBO Autor:<br />

Editoria: Rio Tamanho: 606 palavras<br />

Edição: 1 Página: 9<br />

Coluna: Seção:<br />

Caderno: Primeiro Caderno<br />

© 2001 Todos os direitos reservados <strong>à</strong> Agência O Globo

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