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Quinta Edição - Junho / 2008 - MGA

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Gay Gay, Gay bi, bi, hétero...<br />

hétero...<br />

Realidade Realidade mostra mostra que que diversidade<br />

diversidade<br />

se sexual se xual vai vai muito muito além além da da sigla sigla GLBT<br />

GLBT<br />

Por Ferdinando Martins<br />

e Beto Sato*<br />

Há algumas décadas, os<br />

homossexuais lutavam para ser<br />

considerados normais. Depois,<br />

foi a vez dos bissexuais pedirem<br />

para serem reconhecidos. Hoje,<br />

em boa parte da sociedade,<br />

aceitam-se três orientações sexuais<br />

possíveis: homossexuais,<br />

heterossexuais ou bissexuais.<br />

No entanto, a variedade de práticas<br />

sexuais tem mostrado que<br />

há muito mais combinações por<br />

aí. Essa história de só gay, só<br />

hétero ou só bi, já era.<br />

Será esse o fim dos GLBTs ou,<br />

ao contrário, o alargamento<br />

para outras formas de vivência<br />

da sexualidade, muito além da<br />

sopa de letrinhas? Na redação,<br />

não conseguimos responder. A<br />

dificuldade de se entender a fragilidade<br />

do limite entre o que é<br />

ser gay, hétero ou bi assustou até<br />

mesmo o fotógrafo de nossa<br />

capa. “Vamos mostrar que são<br />

possibilidades dentro de um leque<br />

ou que são conceitos que<br />

não se aplicam mais?”, perguntou<br />

Ricardo Schetty antes de<br />

sugerir temas para as imagens.<br />

A confusão se deve, em grande<br />

parte, à visibilidade adquirida<br />

nas últimas décadas pelos<br />

GLBTs, que colocou em evidência<br />

formas de relacionamento<br />

antes escondidas. Ou seja, se<br />

antes as pessoas tinham medo<br />

de se declararem homossexuais,<br />

muito mais assustador era comentar<br />

que, apesar de gay, sentia<br />

vontade de sair com mulheres<br />

esporadicamente.<br />

50 50 anos anos de de Kinsey<br />

Kinsey<br />

Em 1948, o pesquisador<br />

americano Alfred Kinsey criou<br />

uma escala para medir a intensidade<br />

homossexual de cada<br />

um. Começando com 0 para<br />

heterossexual absoluto e indo<br />

até 6 para totalmente gay, a<br />

escala contempla variações bissexuais.<br />

Aquele que sente desejo<br />

de maneira igual por homens<br />

e mulheres recebe um 3.<br />

Na prática, as coisas não<br />

funcionam tão facilmente assim.<br />

“A pop star Madonna, quase<br />

sempre heterossexual, já disse<br />

ter tido amantes lésbicas por<br />

diversão. Ela então é bissexual.<br />

Ou não? Qual a verdade? Qual<br />

a demarcação entre a heterossexualidade<br />

intermitente e a bissexualidade<br />

sazonal? Quando<br />

uma hétero habitual se envolve<br />

emocional e fisicamente<br />

com outra mulher, ela é bissexual?”,<br />

pergunta Vange Leonel<br />

em sua coluna na Revista da<br />

Folha de 4 de fevereiro deste<br />

ano.<br />

“Não é porque você come<br />

salada no almoço que pode ser<br />

chamado de vegetariano”,<br />

brinca o escritor e roteirista Stevan<br />

Lekitsch. “A humanidade<br />

está chegando a um ponto em<br />

que todo mundo está livre para<br />

experimentar o que quer. Não<br />

sou da opinião de que hétero<br />

que faz sexo com outros homens<br />

é gay. Penso que hétero<br />

que faz é hétero que tem experiências<br />

com outro homem”.<br />

Para Suzy Capó, diretora do<br />

Festival Mix Brasil, homo, hétero<br />

e bi são categorias que estão<br />

em fase de questionamen-<br />

to. “A identidade não é uma<br />

coisa fixa. Essas são classificações<br />

que foram construídas historicamente,<br />

mas mudanças<br />

estão ocorrendo em vários níveis”.<br />

Suzy lembra o caso de um<br />

amigo, o diretor alemão Kristian<br />

Petersen, que realizou em<br />

Berlim o projeto “Fucking Different”,<br />

no qual gays falavam sobre<br />

lésbicas e vice-versa.<br />

“Quando ele quis levar o projeto<br />

para Nova York foi super<br />

complicado porque essas categorias<br />

não serviam. Estamos<br />

em um momento de transição,<br />

de questionamento, e é complicado<br />

se definir”.<br />

Patrulha atrulha atrulha gay gay<br />

gay<br />

Stevan, Vange e Suzy fazem<br />

coro ao dizer que há mais orientações<br />

sexuais que as três clássicas.<br />

Essa também é a opinião<br />

de Julian Rodrigues, do Setorial<br />

Nacional GLBT do Partido dos<br />

Trabalhadores. “Na verdade, estamos<br />

ainda muito acostumados<br />

com padrões binários ao<br />

considerar a sexualidade humana”.<br />

Ou seja, aceitamos gostar<br />

do oposto, gostar do mesmo<br />

ou gostar dos dois. “Quando se<br />

pensa em bissexuais, as pessoas<br />

pensam em alguém que goste<br />

igualmente dos dois gêneros.<br />

E não é assim. Bissexuais podem<br />

desejar e praticar mais a homo<br />

ou a heterossexualidade. Dificilmente<br />

teria alguém 50% hétero<br />

e 50% homo”.<br />

Para Julian, se a heteronormatividade<br />

não fosse tão presente<br />

em nossa sociedade,<br />

muito mais pessoas se deixariam<br />

levar por eventuais desejos<br />

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