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ANINHA FRANCO IRÁ APRESENTAR NOVO PROGRAMA DA ...

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16<br />

badalo<br />

badalo@jornaldametropole.com.br<br />

entrevista aninha franco<br />

“O controle da igreja com o prazer me deixa irritada”<br />

Alice Kate é um gay numa viagem a Nova York com um grupo de outros viajantes. Durante uma pane no avião, ele promete a São Sebastião que deixará<br />

de ser gay caso termine tudo bem. Com texto de Aninha Franco, que estreia programa na Rádio Metrópole em 25/2, o musical ‘Éramos Gays’ entra em cartaz<br />

hoje (11) no Teatro Módulo. A produção inédita é a primeira parceria entre uma peça baiana e uma equipe da Broadway. Por Clarissa Pacheco<br />

Jornal da Metrópole – Como<br />

foi fazer essa parceria entre a<br />

música baiana e a linguagem<br />

dos musicais da Broadway?<br />

Aninha Franco – Foi a parte<br />

mais emocionante da construção<br />

desse musical. Por questões<br />

políticas, eu me recusei a<br />

aprender inglês e tive que trabalhar<br />

com criadores estadunidenses<br />

que não falavam português,<br />

então era muito curioso e<br />

instigante. Éramos colegas, não<br />

existia nenhum tipo de diferença<br />

de países, nem de artistas,<br />

éramos todos criadores. Nós<br />

conseguimos juntar a música<br />

baiana com o gestual estadunidense.<br />

Isso foi o mais lindo.<br />

Unimos a coreografia de profissionais<br />

estadunidenses com o<br />

arrocha e o axé. O idioma artístico<br />

foi mais forte do que o de origem.<br />

Eu tinha problemas sérios<br />

com a relação com os EUA, por<br />

causa da colonização brasileira,<br />

mas com este trabalho, as coisas<br />

ficaram melhores. E trabalhar<br />

com Adrian Steinway, um<br />

cérebro estadunidense misturado<br />

com várias outras culturas,<br />

foi incrível. Em resumo, temos<br />

um espetáculo belo, com coreografia<br />

e direção estadunidense,<br />

música e dramaturgia brasileira<br />

e baiana, figurinos paulistas, enfim,<br />

uma mistura muito boa.<br />

JM – De que forma foi feita a<br />

seleção para os atores e para<br />

a equipe técnica do musical?<br />

AF – A seleção foi feita pelo<br />

diretor Adrian Steinway e por<br />

Kiara Sasso, uma grande estrela<br />

dos musicais nacionais. Vê-la<br />

cantar foi fascinante. Gerônimo<br />

Santana é meu parceiro de trabalho<br />

e não podia ser diferente<br />

nessa história. Ele foi fundamental<br />

para a coesão da música,<br />

porque temos muitos compositores<br />

e diversidade. A trilha<br />

vai do cânone até o arrocha. E<br />

essa variedade foi arrumada<br />

por ele, o diretor musical da<br />

montagem, de forma brilhante.<br />

JM – De onde veio a inspiração<br />

para a história?<br />

AF – Essa é uma ideia muito<br />

antiga, que sempre tive vontade<br />

de fazer. Parte de uma piada<br />

muito batida nos anos 1980 e<br />

que acabou virando o mote do<br />

roteiro. É um mote que me permitiu<br />

discutir algumas coisas<br />

como a repressão basicamente<br />

religiosa aos gays, que acontece<br />

até os dias de hoje. Essa coisa<br />

do controle da igreja com o<br />

prazer me deixa irritada e sempre<br />

achei necessário discutir<br />

este tema. A ideia é humanizar.<br />

Precisamos nos humanizar,<br />

discutir, dialogar para conseguir<br />

destruir preconceitos e<br />

violências contra os gays e<br />

contra a humanidade. Não vejo<br />

outro caminho a não ser discutindo<br />

as relações humanas.<br />

Depois de ‘Éramos Gays’, irei<br />

fazer outro musical chamado<br />

‘As Cachorras’, que discutirá a<br />

violência contra as mulheres, a<br />

submissão, o exagero da liber-<br />

“A reflexão do<br />

musical é atual,<br />

completamente<br />

contemporânea”<br />

Rock Forever<br />

A Banda Rock Forever se apresenta amanhã (12)<br />

na Praia do Forte. O show ‘Golden Rocks de Elvis a<br />

Beatles’ acontece a partir das 20h no Projeto Tamar. Os<br />

ingressos custam R$ 20 (homens) e R$ 10 (mulheres).<br />

Aninha Franco na Metrópole<br />

A dramaturga estreia o programa ‘Na República’, na<br />

Rádio Metrópole, no dia 25/2. Antes disso, Aninha<br />

Franco faz o programa piloto, ao vivo, em 2/2, da Festa<br />

de Iemanjá. O novo programa substituirá o Roda Baiana.<br />

Entrevista completa no Metro 1 (metro1.com.br)<br />

TATI FREITAS/DIVULGAÇÃO<br />

dade. As mulheres continuam<br />

numa situação complicada na<br />

sociedade e precisamos discutir<br />

isso. Ainda virão muitos musicais<br />

por aí, este é só o primeiro<br />

de muitos. Temos, no Brasil,<br />

uma música que é maravilhosa<br />

e precisamos fazer mais musicais,<br />

criar mais, criar menos que<br />

exportar. Podemos muito.<br />

JM – Apesar do humor, ‘Éramos<br />

Gays’ não deixa de tratar<br />

um tema sério. Como é<br />

falar de liberdade sexual no<br />

contexto do século passado?<br />

AF – Não se trata da época em<br />

que as cenas se passam. A reflexão<br />

do musical é atual, completamente<br />

contemporânea.<br />

Estamos discutindo o agora,<br />

afinal ainda existem homens<br />

e mulheres no armário, não<br />

é? Estamos falando da humanização,<br />

da necessidade de o<br />

ser humano estar bem com<br />

ele mesmo. Essa é uma montagem<br />

que vem pra provocar<br />

reflexões profundas acerca de<br />

todos nós, homens, mulheres<br />

ou gays.<br />

JM – Alice Kate fez uma promessa<br />

um tanto “complicada”<br />

para São Sebastião. O<br />

que o público deve esperar da<br />

personagem?<br />

AF – Essa mesma promessa foi<br />

feita por milhares de homens,<br />

dessa maneira ou não. Alguns<br />

cumpriram, outros não. A grande<br />

piada é que o próprio Santo<br />

desce pra liberá-la dessa obrigação<br />

louca. Ou seja, até o santo<br />

entende que ninguém pode<br />

lutar contra o próprio desejo.<br />

Salvador, 11 de janeiro de 2013

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