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mundo lá fora<br />

16<br />

condizente com o cenário de curto<br />

prazo da inflação. Insisto <strong>aqui</strong><br />

na expressão “curto prazo” porque<br />

a miopia típica que ocorre em nossa<br />

economia tem que ser tratada<br />

com muita cautela. Costumamos<br />

justificar uma trajetória esperada<br />

para uma variável econômica com<br />

argumentos que não necessariamente<br />

se sustentam no tempo. E<br />

esse parece ser o caso da inflação<br />

agora. Há um desejo expresso do<br />

governo de levar a Selic para patamares<br />

permanentemente baixos,<br />

sem dar a devida importância ao<br />

desconforto inflacionário que isso<br />

possa gerar. E falo <strong>aqui</strong> não apenas<br />

como um problema do banco<br />

central, mas uma opção de política<br />

econômica do governo como um<br />

todo. Como a crise parece dar uma<br />

trégua para a inflação em 2012, listamos<br />

<strong>aqui</strong> os problemas que parecem<br />

estar sendo negligenciados<br />

e que poderão causar distorções<br />

mais graves em 2013 e 2014.<br />

Há uma tendência em categorizar<br />

a inflação de serviços como<br />

meramente estrutural, causada<br />

por um aumento da classe média<br />

nos últimos anos. Entretanto,<br />

testes econométricos simples<br />

mostram que a inflexão para cima<br />

nos preços de serviços se deu em<br />

2003 quando a classe média ainda<br />

não dava sinais do crescimento<br />

elevado que teve nos anos seguintes.<br />

Hoje temos um patamar de<br />

crescimento desses preços que,<br />

faça chuva faça sol, não sai muito<br />

desse nível. Pelo contrário, uma<br />

demanda mais forte pode mudar<br />

essa inflação de patamar de forma<br />

permanente, dada uma inercialidade<br />

ainda presente na inflação<br />

o visconde novembro 2011<br />

brasileira. A desinflação que tivemos<br />

em serviços entre 2003 e<br />

2006 foi mínima e difícil imaginar<br />

que veremos algo semelhante<br />

agora (gráfico II);<br />

Uma meta de inflação de 4,5%<br />

“Todos concordamos<br />

que seu patamar pode ser<br />

livremente chamado de<br />

obsceno”<br />

é ainda muito elevada, que dificulta<br />

trazer a Selic para patamares<br />

menores. Uma inflação de<br />

4,5% parece indicar uma economia<br />

que ainda tem distorções de<br />

preços relativos e uma eventual<br />

necessidade de taxa de juros<br />

maior para controlar a inflação<br />

nesse nível. Uma meta menor,<br />

além de ser uma sinalização de<br />

um banco central firmemente<br />

focado no controle da inflação,<br />

poderia permitir um patamar de<br />

juros real menor e não o contrário<br />

do que o governo deseja fazer,<br />

que é meta elevada com juros<br />

baixos;<br />

Há muitas<br />

questões não<br />

resolvidas ainda<br />

como grande<br />

presença<br />

do BNDES<br />

com crédito<br />

subsidiado, ou seja, oferecendo<br />

taxas de juros abaixo do mercado;<br />

certa concentração bancária;<br />

excesso de dívida pós-fixada, que<br />

tira efeito da política monetária;<br />

a questão não resolvida de como<br />

desindexar a taxa de juros da poupança;<br />

os spreads muito elevados,<br />

“Estamos amarrados a<br />

crises internacionais para<br />

conseguirmos trazer a<br />

taxa de juros para níveis<br />

mais baixos”<br />

que podem estar relacionados à<br />

concentração bancária e ao baixo<br />

nível de crédito na economia.<br />

Enfim, justificativas possíveis<br />

para uma Selic estruturalmente<br />

elevada, mas que parecem longe<br />

do radar de alvos de ataque pelo<br />

governo agora.<br />

Assim, parece que estamos<br />

amarrados a crises internacionais<br />

para conseguirmos trazer<br />

a taxa de juros para níveis mais<br />

baixos, como foi em 2008/2009<br />

e como parece que foi agora. Mas<br />

assim como daquela vez, não parece<br />

que a queda seja sustentável<br />

porque a economia que sairá em<br />

2013 e 2014 deverá ainda ter as<br />

distorções elencadas acima, junto<br />

a uma política fiscal provavelmente<br />

mais frouxa em vista dos<br />

gastos com Copa e Olímpiadas,<br />

além do ano eleitoral que não<br />

será provavelmente tão fácil para<br />

a presidente Dilma.<br />

Tudo isso serve para dizer que<br />

não adianta nada pedir e gritar<br />

por queda na taxa de juros sem<br />

que as causas básicas que justifi-<br />

quem taxas<br />

elevadas<br />

não sejam<br />

seriamente<br />

colocadas<br />

em discussão.<br />

Isso<br />

apenas fará<br />

com que tenhamos um alívio<br />

passageiro em 2012, que exigirá<br />

nova dose de aperto nos anos seguintes.<br />

A não ser que tenhamos<br />

a Argentina como exemplo, estamos<br />

muito longe de conseguir<br />

uma taxa de juros no padrão dos<br />

países desenvolvidos.

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