BRS KIRIRIS - Embrapa Mandioca e Fruticultura
BRS KIRIRIS - Embrapa Mandioca e Fruticultura
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Híbrido de mandioca resistente à podridão de raízes<br />
1<br />
Wania Maria Gonçalves Fukuda<br />
1<br />
Chigeru Fukuda<br />
1<br />
Luciano da Silva Souza<br />
2<br />
Hélio Wilson Lemos de Carvalho<br />
1<br />
Pesquisadores da <strong>Embrapa</strong> <strong>Mandioca</strong> e <strong>Fruticultura</strong> Tropical.Cx. Postal 007,<br />
44380-000, Cruz das Almas - BA. wfukuda@cnpmf.embrapa.br,<br />
fukuda@cnpmf.embrapa.br, luciano@cnpmf.embrapa.br<br />
2<br />
Pesquisador da <strong>Embrapa</strong> TabuleiroS Costeiros. CEP 49025-040 Aracaju-SE.<br />
helio@cpatc.embrapa.br<br />
<strong>BRS</strong> <strong>KIRIRIS</strong><br />
INTRODUÇÃO<br />
A podridão de raízes é reconhecida como uma<br />
das principais doenças que afeta a cultura da<br />
mandioca na região Nordeste do Brasil. Ela é mais<br />
comum nos tabuleiros costeiros dos Estados de<br />
Sergipe, Alagoas e Bahia, na zona da mata dos<br />
Estados de Alagoas e Pernambuco, no litoral dos<br />
Estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Sergipe e<br />
Paraíba, no brejo da Paraíba e no semi-árido dos<br />
Estados de Sergipe e Pernambuco<br />
Em função da doença estima-se que na região<br />
Nordeste, as perdas em produtividade nas áreas de<br />
maior concentração da mandioca estejam em torno<br />
de 30%. No semi-árido do Nordeste brasileiro,<br />
observou-se que a podridão de raízes tem sido um<br />
dos principais fatores responsáveis pela baixa<br />
produtividade da mandioca, com perdas totais em<br />
áreas de maior incidência da doença, sobretudo em<br />
áreas com solos compactados, sujeitos a freqüentes<br />
encharcamentos durante a estação chuvosa e em<br />
lavouras formadas com variedades suscetíveis,<br />
originadas de manivas contaminadas.<br />
Entre os agentes causadores da podridão de<br />
raízes destacam-se Phytophthora sp. e Fusarium sp.,<br />
pela abrangência geográfica e pelas severas perdas<br />
provocadas na produtividade das lavouras.<br />
Como medidas de controle da podridão radicular,<br />
o uso de variedades resistentes, associado a práticas<br />
culturais como a rotação de culturas e o manejo dos<br />
solos, tem mostrado eficiencia em 90% dos casos.<br />
Neste contexto, a <strong>Embrapa</strong> <strong>Mandioca</strong> e<br />
<strong>Fruticultura</strong> Tropical vem desenvolvendo, desde<br />
1997, um projeto de geração e seleção de variedades<br />
de mandioca resistentes à podridão de raízes, com a<br />
participação de agricultores, que resultou na seleção,<br />
adoção e recomendação do híbrido <strong>BRS</strong> Kiriris,<br />
resistente à podridão de raízes e adaptado ao semiárido<br />
do Nordeste e a outros ecossistemas.<br />
ORIGEM, RENDIMENTO<br />
E ADAPTAÇÃO<br />
O híbrido <strong>BRS</strong> Kiriris, denominado originalmente<br />
pelo código 9505/261, foi gerado em campos de<br />
cruzamentos na base experimental da <strong>Embrapa</strong><br />
<strong>Mandioca</strong> e <strong>Fruticultura</strong> Tropical, em Cruz das<br />
Almas-BA, no ano de 1995, tendo como parental<br />
feminino a variedade BGM 921.<br />
Para a sua avaliação, foi utilizada a metodologia<br />
de pesquisa participativa (Figura 1), contando com o<br />
e f e t i v o e n v o l v i m e n t o d e a g r i c u l t o r e s ,<br />
pesquisadores e extensionistas na seleção de<br />
variedades de mandioca resistentes à podridão de<br />
raízes, adaptadas às condições ambientais locais,<br />
muito produtivas e com elevados teores de amido<br />
nas raízes.<br />
Fig. 1. Agricultor selecionador em Simão Dias-SE<br />
Os experimentos foram conduzidos em áreas de<br />
agricultores, em solos infectados por patógenos,<br />
sobretudo Fusarium sp. e Phytophthora sp. Foram<br />
avaliados clones em fases preliminares e<br />
avançadas do programa de melhoramento.<br />
No primeiro ano foram avaliados 500 híbridos em<br />
áreas comunitárias de pesquisa, em parceria com<br />
agricultores, sendo realizada uma seleção<br />
preliminar com o objetivo de descartar clones<br />
suscetíveis à podridão de raízes, selecionando-se<br />
aqueles com maior potencial de rendimento de<br />
raízes e matéria seca. Na fase preliminar de seleção<br />
os clones foram plantados em fileiras de 10 plantas<br />
por clone.<br />
Em fase avançada de seleção os clones foram<br />
plantados em parcelas de 50 plantas/clone, com o<br />
máximo de 10 clones por experimento, sem<br />
repetições. Foram feitas avaliações aos 60 e 180<br />
dias após o plantio e durante a colheita. Todas as<br />
avaliações contaram com a participação dos<br />
agricultores e extensionistas do projeto Pró- Sertão<br />
e da Secretaria de Agricultura do Estado de Sergipe.<br />
Nos experimentos em fase preliminar do<br />
programa de melhoramento, estabelecidos em<br />
comunidades de agricultores, no município de<br />
Simão Dias, SE , a '<strong>BRS</strong> Kiriris' (Figura 2)<br />
apresentou alta resistência à podridão de raízes,<br />
principal problema diagnosticado na região.<br />
Fig. 2. Detalhes das raízes da variedade <strong>BRS</strong> Kiriris<br />
Em provas participativas com agricultores, em<br />
comunidades de 17 municípios do Estado de<br />
Sergipe, com variedades em fases avançadas de<br />
seleção, a produtividade média de raízes da ' <strong>BRS</strong><br />
Kiriris', aos12 meses de idade, foi de 33,8 t/ha contra<br />
21,6 t/ha da variedade local, a Caravela. O seu teor<br />
médio de amido nas raízes foi de 30%. A<br />
probabilidade de aceitação da '<strong>BRS</strong> Kiriris' pelos<br />
agricultores foi superior a 80%.
Em trabalho realizado em parceria com a <strong>Embrapa</strong><br />
Tabuleiros Costeiros, em Umbaúba, SE, sob<br />
condições de Tabuleiros Costeiros, a variedade <strong>BRS</strong><br />
Kiriris apresentou rendimentos de raízes de 22,3<br />
t/ha, 46 t/ha e 51 t/ha aos 10, 12 e 14 meses,<br />
respectivamente, no período de 2005 a 2006.<br />
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS<br />
MORFOLÓGICAS<br />
Raiz<br />
Cor da película da raiz<br />
Cor do córtex da raiz<br />
Cor da polpa da raiz<br />
Parte Aérea<br />
Cor do broto terminal<br />
Cor dos ramos terminais<br />
Cor do pecíolo<br />
Cor do caule<br />
RECOMENDAÇÕES<br />
TÉCNICAS<br />
Características<br />
Marrom-escuro<br />
Branco<br />
Branco<br />
Características<br />
Verde-claro<br />
Verde<br />
Vermelho<br />
Marrom - claro<br />
A '<strong>BRS</strong> Kiriris' é recomendada para plantio em<br />
áreas de tabuleiros costeiros e semi-árido do<br />
Nordeste com chuvas superiores a 500 mm anuais,<br />
distribuídas em período não inferior a três meses, e<br />
com temperaturas médias anuais elevadas.<br />
Em solos argilosos, sujeitos ao encharcamento e<br />
ao aparecimento da podridão mole das raízes,<br />
recomenda-se realizar o plantio sobre camalhões,<br />
efetuando-se a rotação anual da cultura com outras<br />
espécies, de preferência o milho ou o feijão caupi,<br />
especialmente em áreas de severa ocorrência da<br />
doença.<br />
Em solos ácidos, onde a manifestação da<br />
podridão seca das raízes é maior, recomenda-se a<br />
aplicação de calcário na proporção de 100 g/cova.<br />
Nestas áreas recomendam-se também a realização<br />
de rotação de culturas, efetuando-se a colheita<br />
entre 12 e 18 meses após o plantio.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Agradecemos aos técnicos da DEAGRO-SE (ex-<br />
EMDAGRO), pelo apoio dado às comunidades de<br />
agricultores, e aos assistentes de pesquisa Clovis<br />
Manoel da Silva, Maurício Melo Mascarenhas, Zara<br />
Maria Fernandes da Costa e Bibiano Ferreira Filho.<br />
Fotos: Maurício Mascarenhas<br />
Novembro/2006 - 1000 exemplares<br />
<strong>BRS</strong> <strong>KIRIRIS</strong><br />
Híbrido de mandioca<br />
resistente à podridão<br />
de raízes