414-424 - Universidade de Coimbra
414-424 - Universidade de Coimbra
414-424 - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>de</strong> que o arrendamento, ha<br />
muito fallado, <strong>de</strong> Lourenço<br />
Marques está afinal prestes a<br />
tornar-se público.»<br />
E por seu lado o Daily SMail<br />
informava :<br />
« À occorréncia predominante<br />
foi o pulo que <strong>de</strong>ram os<br />
fundos <strong>de</strong> 3 p. c. português,<br />
correndo a notícia <strong>de</strong> que o<br />
plano relativo a Lourenço Marques,<br />
tinha sido arranjado por<br />
mr. Rho<strong>de</strong>s, quando esteve<br />
em Lourenço Marques.»<br />
A imprensa francêsa, mais reservadamente<br />
aborda também o assumpto.<br />
Assim o importante jornal financeiro,<br />
o Moniteur <strong>de</strong>s interêts materiels,<br />
publicou um artigo em que<br />
concluiu por dizer;<br />
«Seja como fôr, parece-nos<br />
evi<strong>de</strong>nte que a alta actual está<br />
connexa com o que se pô<strong>de</strong><br />
estar preparando ácêrca <strong>de</strong><br />
Lourenço Marques.»<br />
Registando estas transcripções,<br />
perguntamos mais uma vez se a<br />
linguagem da imprensa extrangeira,<br />
principalmente inglêsa, não affirma<br />
categoricamente que existe<br />
alguma coisa com respeito a Lourenço<br />
Marques. E novamente respon<strong>de</strong>mos<br />
que os perigos parecem<br />
evi<strong>de</strong>ntes.<br />
*<br />
E <strong>de</strong> convénio que ha ?<br />
Temos notícias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e <strong>de</strong><br />
fóra.<br />
As últimas sam-nos dadas pelo<br />
cMoniteur <strong>de</strong>s interêts materiels<br />
num longo artigo.<br />
Esse jornal diz-nos que o convénio<br />
se fará parallelamente à operação<br />
colonial e falia num projecto,<br />
segundo o qual «seríà creado<br />
um novo 5 % sobre garantia da-s<br />
receitas das alfân<strong>de</strong>gas, e cada portador<br />
<strong>de</strong> 3 títulos <strong>de</strong> 5o4 fr. <strong>de</strong> 3<br />
o/o antiho,^tendo recebido nos últimos<br />
annos conforme vimos 3 vezes<br />
6 francos, ou 18 francos em ouro,<br />
rcccrycrta anr muiu 3—'fn xTOTO CR.<br />
5o5 francos, e ainda mais 2 títulos<br />
<strong>de</strong> dívida <strong>de</strong>ferida cujas vantagens<br />
futuras não estám ainda indicadas,.»<br />
É phantástica a informação, mas<br />
adiante.<br />
Por outro lado affirma-se entre<br />
nós que o governo português, tendo<br />
por várias vezes addiado a conferência<br />
dos crèdôres em Paris,<br />
não quer ainda que ella se realize<br />
no dia 28.<br />
Mas os crèdôres insistem pela<br />
reúnião naquelle dia.<br />
O governo resolveu então, dizse,<br />
não nomear <strong>de</strong>legado, para vêr<br />
se assim os crèdôres <strong>de</strong>sistem.<br />
Está-se vendo o resultado do<br />
expediente, se vai por <strong>de</strong>ante: realizada<br />
ou não a reúnião, levantase<br />
contra Portugal uma formidável<br />
campanha <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito.<br />
Passamos mais uma vez por burlões—e<br />
com certa razão.<br />
*<br />
A propósito da lei do sêllo e das<br />
exempções <strong>de</strong> que goza S. Carlos,<br />
tem-se fallado em S. Bento mysteriosamente<br />
num camarote e em<br />
uma rótula.<br />
O leitor ha <strong>de</strong> querer saber o<br />
que é isso.<br />
Nós explicamos..<br />
E que o sr. Ressano Garcia arranjou<br />
um camarote gratúito para<br />
a família do sr. viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Faria,<br />
o seu dilecto amigo.<br />
E o governador civil, sr. D. João<br />
d'Alarcão, arranjou pelo mesmo<br />
cómmodo preço uma rótula para<br />
a família.<br />
Parecem ser estas as causas que<br />
<strong>de</strong> facto <strong>de</strong>terminaram a exempção<br />
do sêllo <strong>de</strong> que goza a emprêsa <strong>de</strong><br />
S. Carlos.<br />
• *<br />
O sr. Thomas Ribeiro pediu na<br />
câmara dos pares que lhe fossem<br />
enviados os documentos relativos<br />
ao inquérito sobre os títulos <strong>de</strong> D.<br />
Miguel.<br />
O auctor do D. Jayme sonha<br />
ou então está a fazer comédia para<br />
a galeria.<br />
A questão dos títulos <strong>de</strong> D. Mi-<br />
guel é uma das muitas que nunca<br />
se liquidarám.<br />
Ha <strong>de</strong> subsistir o mystério porque<br />
o mystério convém a algum<br />
dos indivíduos nella envolvidos.<br />
RESISTENCIA—Domingo, 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1899<br />
——i<br />
-F. B.<br />
Serviços hydráulicos<br />
Está em Lisboa o sr. Leonardo<br />
<strong>de</strong> Castro Freire, engenheiro chefe<br />
dos serviços hydráulicos do Mon<strong>de</strong>go<br />
e barra da Figueira.<br />
Assim o noticiam os jornaes e<br />
nós o participamos também, para<br />
que se saiba, e porque esperamos<br />
que s. ex. a , visto ter ido à alma<br />
mater das concessões, terá obtido<br />
auctorizações para tantas coisas<br />
urgentes que se necessitam para<br />
bem dos serviços <strong>de</strong> que o sr. Castro<br />
Freire está tam dignamente encarregado.<br />
E a êste respeito novamente<br />
pedimos ao sr. engenheiro<br />
que olhe com alguma benevolência<br />
para o estado em que se encontra<br />
o passeio do caes ao Choupal.<br />
Realmente, aqui nas barbas da<br />
cida<strong>de</strong> e naquelle estado, é bem<br />
pouco próprio!<br />
Seremos attendidos <strong>de</strong>sta vez ?<br />
Ficamos esperando.<br />
Foi promovido a alferes o nosso<br />
patrício sr. Ismael Teixeira <strong>de</strong> Sá,<br />
sargento-ajudante <strong>de</strong> infanteria 2.<br />
0 crime da Bemjoia<br />
Os jornaes diários téem dado<br />
circunstanciadas notícias dum crime<br />
revoltante commettido no Porto<br />
na terça-feira do carnaval, salientando-se<br />
o nosso coilega daquella<br />
cida<strong>de</strong> a Vo{ Pública, pela minuciosida<strong>de</strong><br />
com que tem pôsto o<br />
público ao corrente do <strong>de</strong>sgraçado<br />
caso.<br />
Um pobre homem, operário honesto<br />
e laborioso, António Pinto<br />
da Silva, era casado com jtlosa<br />
Angélica, muiner nova e bem parecida,<br />
que elle estimava doidamente.<br />
Apesar disso, porém, a Rosa<br />
Angélica mantinha relações com<br />
um soldado <strong>de</strong> infanteria 18, José<br />
Ferreira dAndra<strong>de</strong>, com o qual,<br />
segundo parece ter-se apurado,<br />
combinou o assassinato do marido.<br />
E assim foi que na terça-feira, tendo<br />
ella mettido em sua casa o Andra<strong>de</strong>,<br />
pela noite a<strong>de</strong>ante queixouse<br />
ao marido <strong>de</strong> estar muito incommodada,<br />
pedindo-lhe que fôsse<br />
à cozinha fazer-lhe café. O <strong>de</strong>sgraçado<br />
do Silva assim fez, mas<br />
ao entrar a porta da cozinha foi<br />
anavalhado pelo Andra<strong>de</strong>, ferimentos<br />
a que em poucas horas succumbíra!<br />
O assassino fugiu, e começou a<br />
correr que o móbil do crime' fôra<br />
em parte roubarem ao assassinado<br />
3òo$ooo réis que êste tinha recebido.<br />
Está averiguado, porém, que<br />
não foi commettido o roubo, e que<br />
o móbil do crime, planeado pela<br />
Angélica, fôra o livrarem-se dum<br />
marido incómmodo.<br />
A Angélica agora chora e lamenta<br />
a perda da sua casa, on<strong>de</strong>, diz<br />
ella, que nada lhe faltava.<br />
O assassino já está em po<strong>de</strong>r<br />
da polícia.<br />
V^ig-a das associações<br />
^A direcção da Liga das associações<br />
<strong>de</strong> soccorros mútuos para o<br />
estabelecimento <strong>de</strong> pharmácias, tendo<br />
em attenção os onerosos encargos<br />
que tem a satisfazer, resolveu<br />
reduzir a uma as suas pharmácias,<br />
visto que a receita não lhe dá para<br />
cobrir as <strong>de</strong>spêsas.<br />
Assim, tracta <strong>de</strong> adquirir uma<br />
casa em local central, on<strong>de</strong> installará<br />
a sua única pharmácia <strong>de</strong> fórma<br />
que possa satisfazer as exigências<br />
dos seus associados.<br />
Em sessão que a direcção teve<br />
na sexta-feira, votou por escrutínio<br />
secreto para director da pharmácia,<br />
o sr. Francisco Maria do Rego,<br />
para praticantes os srs. António<br />
Nazareth <strong>de</strong> Carvalho e Ernesto<br />
Mercíer <strong>de</strong> Miranda, e para servente<br />
o sr. Júlio Gomes.<br />
FELIX FAURE<br />
Na madrugada <strong>de</strong> sexta feira<br />
chegou a Lisboa um telegramma<br />
da Havas noticiando o fallecimento<br />
do presi<strong>de</strong>nte da República<br />
Francêsa, que teve logar na quinta<br />
feira às 10 horas da noite. Ao que<br />
parece, pelas notícias telegráphicas,<br />
o sr. Felix Faure succumbiu<br />
a uma apoplexia, que o atacou às<br />
6 horas da noite.<br />
A notícia produziu um alarma e<br />
uma surprêsa intraduzíveis, ao<br />
mesmo tempo que uma dolorosa<br />
impressão, não só pela morte dum<br />
homem que era actualmente o<br />
fiador da tranquillida<strong>de</strong> daquelle<br />
gran<strong>de</strong> país, tam convulsionado<br />
pela <strong>de</strong>sgraçada questão Dreyfus,<br />
mas ainda porque Felix Faure tinha<br />
no seu país e fóra <strong>de</strong>lle um<br />
gran<strong>de</strong> prestígio.<br />
No meio da perturbação em que<br />
se encontra a França, dividida em<br />
duas gran<strong>de</strong>s facções que se <strong>de</strong>gladiam<br />
cruamente, a morte do Presi<strong>de</strong>nte<br />
da República é um gravíssimo<br />
acontecimento político, que<br />
muito mais vem embaraçar a situação<br />
da França.<br />
É <strong>de</strong> esperar, porém, que aquelle<br />
profundo bom senso collectivo que<br />
se manifestou por occasião da saída<br />
<strong>de</strong> Casimiro Périer, e ainda antes<br />
quando foi do trágico assassinato<br />
<strong>de</strong> Carnot, se imponha novamente<br />
ao espírito francês, <strong>de</strong> modo que<br />
a República saia <strong>de</strong>sta nova provação<br />
triumphante no seu gran<strong>de</strong><br />
prestígio e na sua po<strong>de</strong>rosa força.<br />
Na presidência da 3.® República<br />
Francêsa téem estado gran<strong>de</strong>s e<br />
altos espíritos, como Thiers, Mac-<br />
Mahon, Grévy, Carnot, Périer, e<br />
ultimamente Faure; mas na crise<br />
que acaba <strong>de</strong> se abrir, sem dúvida<br />
que estadistas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> estatura<br />
estám em condições <strong>de</strong> assumir a<br />
primeira magistratura da França<br />
semperturbaçõesirreductiveis.Brisson,<br />
Dupuy,'Freycinet, Wal<strong>de</strong>ck<br />
Rousseau, Cavaignac, Hanotaux,<br />
Deschaqel, sam homens <strong>de</strong> estado<br />
.«WM qu