414-424 - Universidade de Coimbra
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impugnação por parte dum <strong>de</strong>putado<br />
da maioria.<br />
Muitos dos leitores conhecem o<br />
<strong>de</strong>putado que o combateu, como<br />
conhecem a pessoa que mais se<br />
interessa por elle.<br />
Trata-se dum projecto <strong>de</strong> lei já<br />
approvado na câmara alta, on<strong>de</strong> o<br />
apresentou o sr. Bispo-con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong>. Diz o seguinte :<br />
«Artigo 1." E o governo auctorizado<br />
a conce<strong>de</strong>r licença régia,<br />
para or<strong>de</strong>nação, aos cidadãos portuguêses<br />
graduados ou doutorados<br />
nas Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Theologia<br />
ou Direito Canónico das universida<strong>de</strong>s<br />
pontifícias <strong>de</strong> Roma, mediante<br />
solicitação e informação<br />
favoravel dos respectivos prelados<br />
diocesanos.<br />
§ único. Esta licença só po<strong>de</strong>rá<br />
ser concedida aos or<strong>de</strong>nandos<br />
<strong>de</strong>pois do exame e approvação no<br />
seminário da diocese a que pertençam.<br />
Arr. 2." Fica revogada a legislação<br />
em contrário.»<br />
Quem do lado da maioria combateu<br />
êste projecto, como profundamente<br />
reaccionário, foi o sr. dr.<br />
Arthur Montenegro, que o <strong>de</strong>clarou<br />
como um profundo golpe na<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Theologia, à qual<br />
prestou homenagem, por ter sabido<br />
emancipar-se das tutellas que lhe<br />
tem querido impôr.<br />
O projecto ficou approvado em<br />
princípio, mas a questão não ficou<br />
liquidada.<br />
O sr. Marianno<strong>de</strong> Carvalho per<br />
guntou ao governo se os taes doutores,<br />
uma vez que recebessem a<br />
or<strong>de</strong>nação, podiam ser providos<br />
em benefícios ecclesiásticos.<br />
O sr. José Luciano respon<strong>de</strong>u<br />
que não.<br />
O sr. Marianno propôs então<br />
que a commissão dos negócios ecclesiásticos<br />
modificasse o projecto,<br />
no sentido das <strong>de</strong>clarações do presi<strong>de</strong>nte<br />
do conselho.<br />
A proposta foi, é claro, approvada.<br />
Mas a commissão é que não parece<br />
disposta a fazer a modificação—<br />
o que se explica porque ella<br />
tem 7 membros e 6 padres, os srs.<br />
cónegos Oliveira e Castello Branco,<br />
priores Luís José Dias, Ribeiro<br />
Coelho, Cruz Cal<strong>de</strong>ira e Vieira<br />
<strong>de</strong> Castro.<br />
De resto, a reacção o que quer<br />
é o projecto tal como está.<br />
•E a reacção manda, dispõe, impõe-se—hoje<br />
mais do que nunca.<br />
Não era sem certa razão que<br />
um <strong>de</strong>putado regenerador dizia baixinho,<br />
no corredor da câmara:<br />
— Nós é que somos os reaccionários,<br />
mas elles é que fazem o<br />
que a reacção quer.<br />
Elles sam os progressistas.<br />
. .. Mas que papel faz o sr. José<br />
Luciano, se a commissão não approva<br />
o projecto, segundo as <strong>de</strong>clarações<br />
<strong>de</strong>lle ?!<br />
O papel que sempre tem feito,<br />
afinal.<br />
©<br />
Na quarta feira, morreu o director<br />
geral do ultramar, conselheiro<br />
Francisco Costa e Silva. Suicidou-se,<br />
por signal, embora o occultem<br />
as gazetas.<br />
Foi logo uma chusma <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>ntes<br />
a pôr-se em campo. F^<br />
um sarilho <strong>de</strong> intrigas a <strong>de</strong>senvolver-se<br />
junto das regiões do po<strong>de</strong>r.<br />
Entre os preten<strong>de</strong>ntes avultam<br />
os srs. Barbosa <strong>de</strong> Magalhães, <strong>de</strong>putado<br />
progressista, que tem andado<br />
amuado com o governo, Dias<br />
Costa, o ex-ministro da marinha, e<br />
Elvino <strong>de</strong> Brito, o actual miuistro<br />
.das obras públicas — nenhum dos<br />
quaes pô<strong>de</strong> ser nomeado por agora.<br />
Ouvimos dizer a alguém — um<br />
ingénuo— a propósito <strong>de</strong> taes pretenções,<br />
manifestadas ainda antes<br />
<strong>de</strong> entrar no Alto <strong>de</strong> S.João o cadaver<br />
do conselheiro Francisco<br />
Costa :<br />
— Que pequeninos ! Parece imimpossivel.<br />
Estúpida ingenuida<strong>de</strong> !<br />
Mas então para que sam elles<br />
políticos, senão para se governarem<br />
?!<br />
&<br />
Está dado hoje para or<strong>de</strong>m do<br />
dia, na câmara dos <strong>de</strong>putados, o<br />
projecto <strong>de</strong> lei em que foi convertida<br />
a proposta do sr. Alpoim, que<br />
esclarece o artigo da lei <strong>de</strong> i3<br />
<strong>de</strong> fevereiro.<br />
E <strong>de</strong> notar que, tendo a proposta<br />
sido apresentada ha tam poucos<br />
dias, logo fôsse convertida em projecto,<br />
que com tanta pressa se imprimiu,<br />
distribuiu e <strong>de</strong>u para or<strong>de</strong>m<br />
do dia.<br />
Tudo tem a sua explicação.<br />
E' que, <strong>de</strong>pois dos accordãos<br />
da relação, os magistrados do 2.°<br />
districto encontraram-se sem saber<br />
como pronunciar o jornalista que<br />
elles tinham enfileirado entre os<br />
anarchistas. Na lei <strong>de</strong> imprensa<br />
não havia artigo para o caso.<br />
Agora o projecto arranja-o. E'<br />
o 483 do código penai.<br />
Quer dizer que temos carapuça.<br />
RESISTENCIA - Domingo, 12 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1899<br />
I". B.<br />
O Diário do Governo <strong>de</strong> hoje<br />
traz os documentos relativos aos<br />
negócios da prata.<br />
Sam enormes, <strong>de</strong> forma que não<br />
é possível dar a súmmula <strong>de</strong>lles,<br />
<strong>de</strong>pois duma leitura a pressa.<br />
No entanto, resalta <strong>de</strong>ssa leitura<br />
que o sr. Espregueira fez um negócio<br />
mais que <strong>de</strong>plorável.<br />
A câmara dos <strong>de</strong>putados vai <strong>de</strong>dicar<br />
ao assumpto uma sessão especial.<br />
A qnestêio dos íallsos<br />
Continúa a manifestar-se uma<br />
corrente <strong>de</strong> opinião pelo restabelecimento<br />
do commércio das carnes<br />
ver<strong>de</strong>s inteiramente livre, para o<br />
que se pe<strong>de</strong> à Câmara permissão<br />
<strong>de</strong> se abrirem talhos fóra do mercado.<br />
A insistência tem sido gran<strong>de</strong> e<br />
continúa a sê-lo, e tanto que nos<br />
parece que a câmara municipal não<br />
po<strong>de</strong>rá resistir à corrente que a<br />
solicita.<br />
Sabemos que a última <strong>de</strong>liberação<br />
da câmara a êste respeito foi<br />
a <strong>de</strong> pôrem em praça mais três<br />
talhos, <strong>de</strong>ntro do mercado, para<br />
que se exerça a activida<strong>de</strong> dos que<br />
pretendam explorar êste ramo industrial.<br />
Mas com esta medida<br />
não ficará, por certo, liquidada a<br />
questão, pois o que se preten<strong>de</strong> é<br />
a abertura <strong>de</strong> talhos fóra do mercado,<br />
na alta e na baixa'da cid&ie.<br />
A êste respeito a Associação<br />
Commercial, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a i<strong>de</strong>ia do<br />
commércio livre na sua maior amplitu<strong>de</strong>,<br />
vai representar á câmara<br />
nêste sentido, apresentando diversas<br />
razões, que a câmara pon<strong>de</strong>rará<br />
como merecem.<br />
O que nos consta ê que essa<br />
corrente <strong>de</strong> protesto contra a câmara,<br />
nesta questão, está sendo 'ali<br />
mentada por uma forte dose <strong>de</strong><br />
política, e progressista, em cumprimento<br />
<strong>de</strong> promessas feitas por<br />
serviços eleitoraes. Ora, se o interesse<br />
do público, <strong>de</strong> quem poucos<br />
se importam, está servindo somente.<strong>de</strong>-capa<br />
a mascarar interesses<br />
particulares, e principalmente políticos,<br />
parece-nos que o melhor será<br />
a câmara fazer administração<br />
pura e simples.<br />
Se viermos a reconhecer que é<br />
<strong>de</strong> conveniência pública, e não particular,.<br />
o estabelecimento <strong>de</strong> talhos,<br />
um na alta e outro na baixa,<br />
para o que facilmente nos inclinaremos,<br />
seremos os primeiros a pedir<br />
à câmara que os permitta. Mas,<br />
entretanto, parece-nos muito mais<br />
urgente que se cui<strong>de</strong>, e bem, dos<br />
serviços <strong>de</strong> fiscalização. Estará o<br />
público mais garantido e a receita<br />
municipal mais assegurada.<br />
E <strong>de</strong>pois, se as circunstâncias o<br />
reclamarem, que se abram os talhos<br />
que necessários fôrem.. .<br />
©<br />
A propósito <strong>de</strong> carnes ver<strong>de</strong>s,<br />
consta-nos também que o conluio<br />
se vai já <strong>de</strong>finindo. A pouco e<br />
pouco, por ora, mas em breve o<br />
veremos triumphante, a dominar.<br />
O preço da carne já é mais elevado,<br />
áo que nos dizem. . .<br />
Parece-nos -êste assumpto muito<br />
mais importante para o público e<br />
como reclamando, por isso, muito<br />
mais attenções por parte da câmara.<br />
Preferimos, pois, pedir à câmara<br />
que vá lançando para esta questão<br />
os seus olhares. K estamos certos<br />
<strong>de</strong> que prestamos ao público muito<br />
melhor serviço.<br />
POLITICA EXTERNA<br />
SUMMÍRIO: — Os americanos nas Filippinas.<br />
Intervenção allema ?<br />
Continuam sendo inquietadoras<br />
as notícias das Filippinas. Não<br />
obstante as victórias successivas<br />
que os generaes americanos vam<br />
annunciando, os indígenas não esmorecem<br />
na lucta para repellir a<br />
dominação dos americanos, que<br />
taxam <strong>de</strong> mais odiosa do que a<br />
dos espanhoes. Todos os dias estám<br />
partindo reforços da Aúiérica<br />
para as Filippinas, on<strong>de</strong> em breve<br />
estarám 3o:ooe homens e uma po<strong>de</strong>rosa<br />
esquadra.<br />
Toda esta concentração <strong>de</strong> forças<br />
será provocada só pela resis<br />
téncia dos filipinos ou haverá outras<br />
complicaçõe:. internacionaes <strong>de</strong><br />
maior gravida<strong>de</strong> ?<br />
Segundo telegrammas <strong>de</strong> Londres<br />
a junta filippina teria resolvido<br />
mandar o <strong>de</strong>legado Agoncillo<br />
a Europa com o intuito <strong>de</strong> obter<br />
as sympthias das potências europêas<br />
a favor das filippinas.<br />
Notícias d'outra origem aífirmam<br />
que o almirante Dewey, commandante<br />
da esquadra americana naquelle<br />
archipélago, telegraphára ao<br />
ministro da marinha, que o almirante<br />
da esquadra allemã em Ma<br />
nila se'dispunha a <strong>de</strong>sembarcar<br />
<strong>de</strong>stacamentos <strong>de</strong> marinheiros para<br />
proteger os interesses dos seus<br />
compatriotas que consi<strong>de</strong>rava ameaçados<br />
seriamente pelos ataques dos<br />
insurrectos a capital e pela possível<br />
sublevação dos indígenas resi<strong>de</strong>ntes<br />
em Manila e nos arrabal<strong>de</strong>s.<br />
Accrescentam as mesmas informações<br />
que, ao aviso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque,<br />
Dewey respon<strong>de</strong>ra ameaçando<br />
metter a pique os navios <strong>de</strong><br />
guerra allemães que levassem a<br />
terra a força armada. Estas notícias<br />
não fôram ainda confirmadas;<br />
mas se relacionarmos entre si êstes<br />
boatos e atten<strong>de</strong>rmos aos altos interesses<br />
que com a Allemanha tem<br />
ligados aquelle archipélago; à attitu<strong>de</strong><br />
não bem neutial que a sua<br />
esquadra tomou em face da lucta<br />
espano airu.-í içany naqyellasregiões,<br />
o quê <strong>de</strong>u occasião a uma phrase<br />
menos respeitosa para a Allemanha<br />
preferida no parlamento americano<br />
e que motivou a intervenção<br />
diplomática, não nos surprehen<strong>de</strong>remos<br />
se graves acontecimentos se<br />
passarem antes <strong>de</strong> se conseguir<br />
regularizar a situação das Filippinas.<br />
Em Cuba parece terem-se aggravado<br />
as relações entre cubanos<br />
e americanos.<br />
Attribuem-se a Máximo Comez<br />
<strong>de</strong>clarações que <strong>de</strong>nunciam o propósito<br />
<strong>de</strong> resistir à absorpçãò <strong>de</strong><br />
toda a espécie que os Estados-Unidos<br />
vêem pondo em execução.<br />
Numa communicação dirigida à<br />
Agência <strong>de</strong> Londres em nome <strong>de</strong><br />
Máximo Gomez encontram se os<br />
seguintes períodos que tiram toda<br />
a dúvida :<br />
«Os cubanos sam amigos dos<br />
Estados-Unidos porque êstes se intitulam<br />
libertadores; no entretatvo<br />
começam agora a mostrar-se uns<br />
tyranetes, ávidos <strong>de</strong> dinheiro; com<br />
esta maneira <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r estám<br />
fomentando a rebellião..<br />
Se as nossas reclamações forem<br />
<strong>de</strong>satendidas, luctaremos até à morte<br />
e resistiremos à auctorida<strong>de</strong> dos<br />
Estados-Unidos do mesmo modo<br />
que estám fazendo os filippinos.»<br />
0 mesmo caudilho, que continúa<br />
dispondo <strong>de</strong> 5o:ooo homens armados,<br />
dirigiu aos habitantes <strong>de</strong> uma<br />
povoação, que o receberam festivamente^<br />
seguinte discurso, que não<br />
é menos expressivo:<br />
«Vim aqui mais como amigo <strong>de</strong><br />
todos do que como chefe do exército<br />
cubano. Aqui não ha cubanos,<br />
nem espanhoes, nem franceses, nem<br />
russos. Ha apenas habitantes da<br />
ilha, cujo único programma <strong>de</strong>ve<br />
ser paz e tacto. A' paz <strong>de</strong>ve seguir-se<br />
a confiança. Só a união pô<strong>de</strong><br />
trazer consigo o termo da actual<br />
e <strong>de</strong>snecessária occupação da ilha<br />
pelo exército americano. Os habitantes<br />
da ilha não necessitam da<br />
presença das tropas americanas<br />
para cumprir os seus <strong>de</strong>veres.XJna-<br />
mo-nos todos e <strong>de</strong>diquemos os nossos<br />
esforços -ao fim que todos ambicionamos:<br />
o rápido e esplendoroso<br />
programma da república cubana.»<br />
E' curioso registar que êste<br />
mesmo'appello à união <strong>de</strong> todos os<br />
habitantes da ilha contra os americanos<br />
era feito em termos muito<br />
semelhantes pelo general espanhol,<br />
quando os americanos se encontravam<br />
<strong>de</strong>ante <strong>de</strong> Santiago <strong>de</strong> Cuba,<br />
auxiliados pelos insurrectos...<br />
Dêstes dois documentos <strong>de</strong>prehen<strong>de</strong>-se<br />
o pensamento que predomina<br />
entre os chefes cubanos,<br />
que se sentem fortes com o apoio''<br />
dos seus concidadãos, que os acompanham<br />
com enthusiasmo e <strong>de</strong>dicação<br />
na tarefa santa da libertação<br />
da pátria. Por seu lado, os norteamericanos<br />
parece que não manteem<br />
illusões a tal respeito. Os últimos<br />
telegrammas informam <strong>de</strong><br />
que na sessão do senado se disse<br />
que os Estados-Unidos teriam em<br />
breve guerra com os cubanos, pelo<br />
que <strong>de</strong>veriam tomar providências<br />
<strong>de</strong>cisivas nas Filippinas.<br />
>«{JH4<br />
Dr. Simões Dias<br />
Finou-se em Lisboa o dr. Simões<br />
Dias, o conhecido poêta das<br />
Peninsulares, um escriptor <strong>de</strong> raça,<br />
e um dos espíritos mais cultos da<br />
mo<strong>de</strong>rna geração.<br />
O dr. Simões Dias, sobre ser<br />
um glan<strong>de</strong> litterato, era professor<br />
distincto, e pedagogista <strong>de</strong> mérito.<br />
Versava com muita proficiência as<br />
questões <strong>de</strong> ensino, e no parlamento<br />
<strong>de</strong>ixou assignalado o seu nome<br />
illustre, não só era questões políticas,<br />
mas também nas <strong>de</strong> instrucção<br />
pública. Sam notáveis, na<br />
fórma como na essência, os discursos<br />
que pronunciou sobre a reforma<br />
do ensino secundário, em<br />
1880.<br />
O seu passamento <strong>de</strong>ixa um vácuo<br />
enorme na imprensa e no professorado,<br />
e nós lamentamo lo profundamente;<br />
porque, além do que<br />
fica exposto, o dr. Simões Dias era<br />
um caracter nobilíssimo, extremamente<br />
bondoso, honesto x leal.<br />
O sr. Cândido Sotto Maior, opulento<br />
capitalista e um dos principaes<br />
commerciantes do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
está nesta cida<strong>de</strong>, com sua<br />
gentilíssima filha, para servirem <strong>de</strong><br />
padrinhos no baptisado do filhinho<br />
mais novo do nosso illustre amigo<br />
e collega <strong>de</strong> redacção sr. dr. Guilherme<br />
Moreira.<br />
Administrador do concelho<br />
E certa a nomeação do sr. dr.<br />
Arthur Ubaldo Corrêa Leitão, para<br />
administrador do concelho <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
Foi acertada a escolha, porque<br />
o dr. Arthur Leitão é um cavalheiro<br />
illustrado, <strong>de</strong> carater digno<br />
e honrado.<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong><br />
Da companhia <strong>de</strong> seguros Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong><br />
recebemos o seu relatório do<br />
anno passado, que accusa uma situação<br />
cheia <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>. Com<br />
uma receita <strong>de</strong> 290 contos, a <strong>de</strong>spêsa<br />
foi <strong>de</strong> io5 contos, números<br />
reduzidos, com um saldo positivo<br />
<strong>de</strong> 99 contos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> retirar<br />
para fundo <strong>de</strong> reserva 5 contos.<br />
E êste, que em 1897 era <strong>de</strong> 281<br />
contos, ficou em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> q8<br />
em 3O2 contos.<br />
O que mostra bem o grau <strong>de</strong><br />
prosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta antiga e conceituada<br />
companhia.<br />
Impostor iiiílii-ectos<br />
Por uma nota colhida na repartição<br />
competente sabemos que a<br />
receita dos impostos indirectos, na<br />
gerência da actual câmara municipal,<br />
exce<strong>de</strong>u, nos mêses <strong>de</strong> janeiro<br />
e fevereiro dêste anno, em comparação<br />
com egual período do anno<br />
passado, em .1:118$885 réis, que<br />
é a differença entre 3:537^722 réis<br />
em 98, e 4:656.^607 réis nêste anno.<br />
A venda <strong>de</strong> Lourenço Marques<br />
As difficulda<strong>de</strong>s d'or<strong>de</strong>m externa<br />
que se téem opposto à celebração<br />
dum convénio com os crèdores extranjeiros,<br />
augmentando extraordinárimente<br />
as angústias do governo<br />
português e aggravando na<br />
mesma espantosa progressão a situação<br />
político-económica — já <strong>de</strong><br />
si tam <strong>de</strong>ploravelmente crítica —<br />
suggeriram aos amigos da South<br />
QAf rican Company a infeliz i<strong>de</strong>ia<br />
da venda <strong>de</strong> Lourenço Marques<br />
aos agentes <strong>de</strong> Cecil Rho<strong>de</strong>s, simulando-se<br />
êsse infame contracto<br />
<strong>de</strong> fórma que o governo inglês pareça<br />
extranho à negociata—levada<br />
a effeito pelo primeiro ministro do<br />
Cabo, d'accôrdo com sir Joseph<br />
Chamberlain, secretário das colónias<br />
no gabinete presidido por lord<br />
Salisbury, o celcbérrimo heroe do<br />
nefandíssimo ultimattím <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong><br />
janeiro <strong>de</strong> 1890; operando-se previamente<br />
um accôrdo com a Allemanha.<br />
A coincidir dolorosamente com<br />
êste boato, que se pô<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />
<strong>de</strong> origem auctorizada, circula na<br />
imprensa europêa a sensacional notícia<br />
d'estar para breve a celebração<br />
dum accôrdo entre a Allemanha<br />
e a Inglaterra, concernente a<br />
assumptos coloniaes na Oceania e<br />
na Africa.<br />
No intuito <strong>de</strong> affirmar a veracida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> semelhante notícia, a mesma<br />
imprensa <strong>de</strong>clara categoricamente<br />
que o próximo e futuro accôrdo<br />
foi solicitado pela própria Inglaterra,<br />
com o fim muito claro e<br />
explícito <strong>de</strong> mallograr a projectada<br />
approximação entre o império germânico,<br />
a 'Rússia e a República<br />
Francêsa, a vêr se consegue por<br />
todos os meios pôr a Allemanha<br />
do seu lado, collocar também a<br />
Itália e a Áustria da sua parte num<br />
próximo e terrível conflicto internacional,<br />
no qual preten<strong>de</strong> visar<br />
especialmente a França e apo<strong>de</strong>rar-se<br />
das riquíssimas colónias dêsse<br />
país — visto não contar, como<br />
ao princípio julgou-—com o apoio<br />
e a sympathia dos Estados-Unidos,<br />
cujas relações com o gabinete <strong>de</strong><br />
Londres tem resfriado rapidamente<br />
e sensivelmente por causa da<br />
questão das Filippinas.<br />
Demonstrada a lógica e a verda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> tal affirmativa, po<strong>de</strong>rosamente<br />
corroboradas pela significativa<br />
e curiosíssima evolução dos<br />
acontecimentos internacionaes, que<br />
se precipitam num <strong>de</strong>clive terrivelmente<br />
ameaçador, constituindo<br />
a questão das Filippinas a verda<strong>de</strong>ira<br />
chave do ameaçador e in<strong>de</strong>cifrável<br />
enygma, o boato da venda<br />
<strong>de</strong> Lourenço Marques assume<br />
as gigantêscas proporções duma<br />
realida<strong>de</strong> incontestável e acceite.<br />
O<br />
Não <strong>de</strong>vemos extranhar o silêncio<br />
do governo era face <strong>de</strong> tam verídico<br />
boato, pois que a cumplicida<strong>de</strong><br />
no crime tem <strong>de</strong> garantir a<br />
sua impunida<strong>de</strong> com o mystério, o<br />
complacente protector <strong>de</strong> todos os<br />
criminosos que receiam a intervenção<br />
da justiça, e essa intervenção<br />
genuinamente popular é sempre<br />
operada com a máxima severida<strong>de</strong>,<br />
a máxima isenção... a máxima<br />
moralida<strong>de</strong>!<br />
Não ha melhor e mais severo<br />
juiz do que o pôvo, quando elle<br />
intervem nas suas <strong>de</strong>mandas com<br />
o po<strong>de</strong>r, e muito mais quando o<br />
po<strong>de</strong>r é criminoso.<br />
Mas a opposição regeneradora,<br />
a constituinte, as vozes auctorizadas<br />
e profundamente indignados<br />
dos srs. Hintze Ribeiro e viscon<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Chancelleiros na câmara alta, e<br />
dos srs. João Franco, Dias Ferreira,<br />
João Arroyo e Mello e Sousa na<br />
dos _ <strong>de</strong>putados, on<strong>de</strong> se sumiram?!...<br />
para on<strong>de</strong> se escon<strong>de</strong>ram<br />
êsses vultos eminentes da política<br />
portuguêsa no momento em que o<br />
seu país precisa do seu recurso... <strong>de</strong><br />
toda a sua activida<strong>de</strong> ?!<br />
Mystérios sombrios que o futuro<br />
<strong>de</strong>svendará.<br />
O meu protesto como português<br />
e como patriota ahi fica<br />
abertamente patente em face <strong>de</strong><br />
todos quantos queiram adherir a