D - ZIBORDI, MARCOS ANTONIO.pdf - Universidade Federal do ...
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fato é que o jornalismo ensina (por esclarecimento crítico ou condução cega) a assimilar e<br />
entender o mun<strong>do</strong> de determinada maneira - uma pedagogia da informação.<br />
A forma como são dividi<strong>do</strong>s os assuntos em jornais e revistas (e a própria seleção de tais<br />
assuntos) é. por exemplo, um expediente didático. Política, economia, cidades, esportes, arte e<br />
mun<strong>do</strong> são seções criadas para que possam tratar de temas correlatos: a reunião das seções no<br />
corpo <strong>do</strong> impresso pretende ter conteú<strong>do</strong> abrangente o suficiente para noticiar os vários tipos de<br />
ocorrências nacionais e internacionais. Os veículos de comunicação selecionam o que. segun<strong>do</strong><br />
sua ótica, é necessário para entender o mun<strong>do</strong> e editam sua cartilha diária, semanal ou mensal.<br />
A intenção didática também está manifesta nas frases que os impressos usam para se<br />
anunciar. Quan<strong>do</strong> a Folha de São Paulo diz ser "um jornal a serviço <strong>do</strong> Brasil" ou mesmo<br />
quan<strong>do</strong> um diário menor como a curitibana Gazeta <strong>do</strong> Povo usa a frase "respeito por você", há<br />
uma clara postura de servidão pública, como se a razão de ser e de existir desses impressos fosse<br />
pura e simplesmente o interesse <strong>do</strong> leitor e <strong>do</strong> país. No entanto, inexiste de fato essa publicitária<br />
imagem de um relacionamento frutífero e dura<strong>do</strong>uro entre jornal e leitor, na base <strong>do</strong>s bons<br />
relacionamentos em que os <strong>do</strong>is saem ganhan<strong>do</strong>.<br />
A atribuição pedagógica <strong>do</strong> jornalismo é alimentada pelo público, que alimenta o desejo<br />
de ser transforma<strong>do</strong> e até melhora<strong>do</strong> depois de consumir a informação - o especta<strong>do</strong>r que assiste<br />
ao telejornal, o leitor que compra seu diário preferi<strong>do</strong> na banca ou o assinante que recebe sua<br />
revista semanal. Ele espera que 1er notícia o prepare para o relacionamento com o mun<strong>do</strong>, desde<br />
ficar informa<strong>do</strong> sobre as condições de tráfego até esclarecer determinada situação<br />
macroeconômica num editorial de economia. O leitor quer ser educa<strong>do</strong> e apresenta o espírito<br />
receptivo à novidade. Espera que o jornalismo acompanhe as mudanças <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para que elas<br />
sejam compreendidas, assimiladas por eles, para assim melhor saber como, quan<strong>do</strong> e onde fazer o<br />
quê diante de quem.<br />
Em sua Pedagogia <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong> 111 , um <strong>do</strong>s primeiros aspectos educacionais debati<strong>do</strong>s por<br />
Paulo Freire é a concepção bancária que se tem <strong>do</strong> ensino. Segun<strong>do</strong> ele, o educa<strong>do</strong>r olha para o<br />
aluno como para um recipiente vazio que deve ser completa<strong>do</strong> com conteú<strong>do</strong>s de matemática,<br />
português e outras disciplinas. Funciona como se o educan<strong>do</strong> não tivesse adquiri<strong>do</strong> nenhum<br />
: ' 7 FREIRE. Paulo. Pedagogia <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong>. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1979.<br />
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