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D - ZIBORDI, MARCOS ANTONIO.pdf - Universidade Federal do ...

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Monteiro Lobato fez jorrar o ouro negro, o nosso primeiro teórico da biomassa). Ao denunciar o<br />

aban<strong>do</strong>no das fazendas pelos barões <strong>do</strong> café enfia<strong>do</strong>s nas mansões quentes da capital, estaria<br />

vislumbran<strong>do</strong> uma situação que se acirraria décadas adiante com a luta pela terra. Monteiro<br />

Lobato é o precursor da discussão <strong>do</strong> nosso patrimônio telúrico, sobre o qual sempre fomos<br />

aliena<strong>do</strong>s e, apesar <strong>do</strong> famoso entrevero por causa da exposição expressionista de Anita Malfatti,<br />

o fato é que ele é também, como os modernistas, um prenuncia<strong>do</strong>r da defesa das lendas e mitos<br />

que compõem o folclore brasileiro e de uma certa faixa desassistida e atrasada da população. "É<br />

quase inacreditável que ainda tão jovem ele pregasse a extinção da miséria, das classes sociais<br />

ricas e pobres, apelan<strong>do</strong> para o mais alto senti<strong>do</strong> ético, moral, de justiça e de solidariedade<br />

humana. Uma forma de cristianismo secular, dedica<strong>do</strong> à ação transforma<strong>do</strong>ra e ao lema tão<br />

formula<strong>do</strong> de 'ama o teu próximo como a ti mesmo"', afirma Léo Gilson Ribeiro. 143<br />

A geração imediatamente posterior à década modernista de 20 deu ao Brasil e ao mun<strong>do</strong> o<br />

escritor mais popular <strong>do</strong> país, o sempre queri<strong>do</strong> Jorge Ama<strong>do</strong>. Na entrevista intitulada "Jorge, o<br />

vermelho" 146 , debate-se menos literatura e mais a vontade latente <strong>do</strong> repórter em saber o seguinte:<br />

Ama<strong>do</strong>, militante socialista de destaque, posteriormente rotula<strong>do</strong> de aliena<strong>do</strong> e vendi<strong>do</strong>, o que<br />

tem a dizer sobre o episódio e, secundariamente, quais são suas opiniões atuais sobre o<br />

socialismo?<br />

Ele responde. Segun<strong>do</strong> Ama<strong>do</strong>, não houve fase engajada e não-engajada em sua obra. Há,<br />

ao contrário, um fio condutor e a mudança de posicionamento deveu-se ao desencanto político,<br />

principalmente com Stálin. Sobre socialismo, não acredita numa retomada das idéias,<br />

simplesmente porque elas nunca foram postas em prática: "o homem falhou na condução da<br />

causa socialista. Os ideais socialistas continuam de pé". E sugere, displicentemente, que talvez<br />

seja necessário criar uma síntese entre capitalismo e socialismo...<br />

Da mesma geração de Ama<strong>do</strong> e de vida e obra similares à <strong>do</strong> baiano, Rachel de Queiroz.<br />

A cearense de O Quinze, publica<strong>do</strong> em 1930, aos 88 anos teve seu perfil publica<strong>do</strong> pelo poeta<br />

Álvaro Alves de Faria. Desiludida de ideais políticos, reafirman<strong>do</strong> que não deixará nenhum<br />

inédito e que conspirou sim contra João Goulart, o que importa salientar é que mais uma vez o<br />

discurso da revista elege um autor cuja obra percorre a linha social e regional, dan<strong>do</strong> voz aos<br />

145 "Lobato, brasileiro roxo", dezembro de 1997, p.40-43.<br />

146 "Jorge, o vermelho", setembro de 1997, p. 12-14.<br />

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