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Abuso do direito de estar em juízo [ Rui Stoco ] - APEJUR

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contraditória.<br />

2<br />

Buscou PLANIOL mostrar que a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong> abuso <strong>do</strong> <strong>direito</strong> é teoricamente<br />

Contu<strong>do</strong>, redargüiu JORGE AMERICANO 2 : “Se, por um la<strong>do</strong>, a noção <strong>do</strong><br />

<strong>direito</strong> exclui a idéia <strong>do</strong> abuso, porque o abuso <strong>de</strong>snatura o <strong>direito</strong> e faz com que <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> o<br />

ser, por outro la<strong>do</strong> não há cont<strong>estar</strong> a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos, que verifica, <strong>em</strong> uma série <strong>de</strong><br />

atos ilícitos, um falso assento <strong>em</strong> <strong>direito</strong>, diversamente <strong>do</strong> ato ilícito, genericamente<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>em</strong> que se não invoca nenhum assento <strong>em</strong> <strong>direito</strong>”.<br />

E DEGUIT 3 , afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong> PLANIOL, para <strong>de</strong>le discordar<br />

parcialmente, l<strong>em</strong>brou: “Eu não diria, com Marcel Planiol que a fórmula “uso abusivo <strong>do</strong>s<br />

<strong>direito</strong>s” é uma logomaquia, mas, como ele, enten<strong>do</strong> que se há <strong>direito</strong>, este cessa on<strong>de</strong> o<br />

abuso começa. E acrescento que esta teoria, ou pelo menos esta fórmula – abuso <strong>do</strong> <strong>direito</strong><br />

– explica-se pelas circunstâncias”.<br />

E o maior estudioso da <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong> abuso <strong>do</strong> <strong>direito</strong>, o mestre JOSSERAND 4 ,<br />

também refutou PLANIOL observan<strong>do</strong> não existir contradição <strong>em</strong> que um ato seja a um só<br />

t<strong>em</strong>po conforme a tal <strong>direito</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e, entretanto, contrário ao <strong>direito</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

sua generalida<strong>de</strong> e <strong>em</strong> sua objetivida<strong>de</strong>.<br />

Para não pol<strong>em</strong>izar ainda mais e manter discussão sobre a “luta <strong>de</strong> palavras”,<br />

que não se comporta neste estu<strong>do</strong>, cabe apenas dizer que a teoria <strong>do</strong> abuso <strong>do</strong> <strong>direito</strong> está<br />

consagrada hoje <strong>em</strong> quase to<strong>do</strong>s os or<strong>de</strong>namentos jurídicos das nações <strong>de</strong>senvolvidas.<br />

O ato jurídico, porque encampa<strong>do</strong> pela norma legal, pressupõe-se lícito.<br />

O ato contrário ao <strong>direito</strong> não é ato jurídico. Caracteriza um ato ilícito posto<br />

não <strong>estar</strong> conforme ao <strong>direito</strong>.<br />

produz.<br />

Esse ato é ilícito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua gênese: concepção, nascimento e efeitos que<br />

O abuso <strong>de</strong> <strong>direito</strong>, <strong>em</strong> palavras simples e objetivas, pressupõe licitu<strong>de</strong> no<br />

antece<strong>de</strong>nte e ilicitu<strong>de</strong> no conseqüente, pois originariamente o agente lança mão <strong>de</strong> um<br />

<strong>direito</strong> mas o exerce com excesso ou com abuso.<br />

Então, o ato que era inicialmente lícito, <strong>em</strong> um segun<strong>do</strong> momento converte-se<br />

<strong>em</strong> ilícito pelo excesso e não <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> sua orig<strong>em</strong>.<br />

Do que se infere que a idéia <strong>do</strong> abuso sustenta-se <strong>em</strong> uma apreciação relativa<br />

ao mo<strong>do</strong> pelo qual o titular exerce o <strong>direito</strong>. 5<br />

2<br />

. JORGE AMERICANO. Do abuso <strong>do</strong> <strong>direito</strong> no exercício da <strong>de</strong>manda. 2. ed. São Paulo, 1932, p. 5.<br />

3<br />

. LÉON DEGUIT. Les transformations générales du Droit Privé, p. 199.<br />

4<br />

. LOUIS JOSSERAND. De l’Esprit <strong>de</strong>s Droits et leur relativité, 1927, p. 312 e segs, n. 245.<br />

5<br />

. RICARDO LUIS LORENZETTI. Nuevas fronteras <strong>de</strong>l abuso <strong>de</strong> <strong>de</strong>recho, Revista <strong>do</strong>s Tribunais n. 723,<br />

p. 53.

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