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alguns aspectos da toxemia da prenhez em pequenos ruminantes

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ALGUNS ASPECTOS DA TOXEMIA DA PRENHEZ EM PEQUENOS<br />

RUMINANTES<br />

Adelmo Ferreira de Santana – Prof. Caprinocultura e<br />

Ovinocultura<br />

E-mail afs@ufba.br<br />

Departamento de Produção Animal<br />

Escola de Medicina Veterinária<br />

Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia<br />

CEP- 40.170-110 Salvador - Bahia<br />

Daniela Freitas Viana – Acadêmica de Medicina Veterinária<br />

Monografia apresenta<strong>da</strong> como parte de conclusão do curso de Medicina<br />

Veterinária-julho/2001<br />

RESUMO<br />

A <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong> é uma enfermi<strong>da</strong>de metabólica que t<strong>em</strong> como<br />

causa a adoção de um manejo nutricional inadequado para cabras<br />

gestantes. Observou-se que cabras e ovelhas com fetos múltiplos tinham<br />

mais propensão para desenvolver o quadro clínico, devido a maior<br />

necessi<strong>da</strong>de energética e nutricional <strong>da</strong>s mesmas. O estado corporal dos<br />

animais acometidos não segue um padrão específico, visto que fêmeas<br />

subnutri<strong>da</strong>s, obesas e de boa condição corpórea apresentaram a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong><br />

<strong>da</strong> gestação. O tratamento depende diretamente do diagnóstico precoce,<br />

uma vez que os animais grav<strong>em</strong>ente acometidos não respond<strong>em</strong> à<br />

terapia. Medi<strong>da</strong>s preventivas representam, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>, a melhor maneira<br />

de evitar este probl<strong>em</strong>a. Dentre elas, a manutenção de um nível<br />

nutricional adequado durante todo período gestacional.<br />

UNITERMOS: <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong>, gestação, <strong>prenhez</strong>.


1. INTRODUÇÃO<br />

Os princípios de sani<strong>da</strong>de e a necessi<strong>da</strong>de de uma boa nutrição<br />

representam regras de uma criação que visa a alta produtivi<strong>da</strong>de e com<br />

animais sadios. Os principais probl<strong>em</strong>as que acomet<strong>em</strong> a cabra gestante<br />

pod<strong>em</strong> ser evitados ou minimizados adotando-se práticas simples quanto ao<br />

manejo nutricional e sanitário do rebanho. O maior índice de mortali<strong>da</strong>de<br />

caprina é observado na fase perinatal. Esta fase inclui as 48 horas que<br />

anteced<strong>em</strong> ao parto, o parto propriamente dito, e às 48 horas após o parto.<br />

(SILVA E SILVA 1983b).<br />

No Brasil, as exigências nutricionais de caprinos têm sido motivos de<br />

poucos estudos e os cálculos de rações baseiam-se <strong>em</strong> normas norte-<br />

americanas, tradicionalmente conheci<strong>da</strong>s do “National Research Council” –<br />

(NRC 1981), que assume exigências s<strong>em</strong>elhantes para ovinos e bovinos.<br />

Estas recomen<strong>da</strong>ções têm sido usa<strong>da</strong>s s<strong>em</strong> qualquer preocupação de<br />

examiná-las ou a<strong>da</strong>ptá-las às condições locais, <strong>em</strong>bora diversos trabalhos<br />

revel<strong>em</strong> diferenças nas exigências recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s, mesmo no país onde os<br />

<strong>da</strong>dos são gerados <strong>em</strong> decorrência de tipos raciais, categoria animal,<br />

ativi<strong>da</strong>de funcional e região geográfica, dentre outros fatores. (RESENDE et all<br />

1999).<br />

Os abortos <strong>em</strong> caprinos, na região s<strong>em</strong>i-ári<strong>da</strong> do Nordeste, ocorr<strong>em</strong> numa<br />

proporção que varia de 15% a 36%, podendo atingir até 50%. Observou-se<br />

também, que a deficiência nutricional deveria ser a causa mais provável<br />

dessa ocorrência, uma vez que os exames sorológicos e bacteriológicos<br />

revelaram-se negativos para as doenças que mais comumente causariam os<br />

abortos. (UNANIAM E SILVA 1989).<br />

Uma <strong>da</strong>s mais importantes causas de mortali<strong>da</strong>de <strong>em</strong> ovelhas no final <strong>da</strong><br />

gestação, é descrita sob vários nomes, tais como: doença do sono, doença


dos partos duplos, doença <strong>da</strong> estupidez, <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação, dentre outros.<br />

A etiologia desta enfermi<strong>da</strong>de não está claramente defini<strong>da</strong>, <strong>em</strong>bora se saiba<br />

que não é de ord<strong>em</strong> infecciosa, n<strong>em</strong> devido à deficiência de alguma vitamina<br />

ou mineral específico. Sabe-se também que a sua maior incidência é <strong>em</strong><br />

fêmeas com gestações múltiplas. (SANCHES 1986).<br />

De acordo com ORTOLANI E BENESI (1989), a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong> é uma<br />

afecção metabólica, determina<strong>da</strong> por alimentação inadequa<strong>da</strong> durante a<br />

gestação, caracterizando-se por uma hipoglic<strong>em</strong>ia, cetose e acidose<br />

metabólica, com sintomas nervosos e digestivos que culminam<br />

freqüent<strong>em</strong>ente com a morte do animal, particularmente <strong>da</strong>s fêmeas<br />

portadoras de dois ou mais fetos no último terço <strong>da</strong> gestação.<br />

Em cabras, por ser alta a incidência de partos múltiplos, a importância<br />

dessa enfermi<strong>da</strong>de parece ser tão grande como nas ovelhas, <strong>em</strong>bora exista<br />

na literatura um número b<strong>em</strong> menor de trabalhos publicados com essa<br />

espécie. SANCHES (1986). Assim sendo, t<strong>em</strong>-se como objetivo deste trabalho,<br />

abor<strong>da</strong>r <strong>alguns</strong> <strong>aspectos</strong> do manejo nutricional, sintomatologia, quadro<br />

clínico, tratamento e medi<strong>da</strong>s preventivas que envolv<strong>em</strong> a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>prenhez</strong> <strong>em</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>ruminantes</strong>.<br />

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 HISTÓRICO<br />

Em 1854, Seaman observou pela primeira vez a ocorrência de <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>prenhez</strong> <strong>em</strong> ovelhas gor<strong>da</strong>s que sofriam de jejum t<strong>em</strong>porário, condicionado<br />

pelos tratadores que desejavam que os animais deveriam <strong>em</strong>agrecer para<br />

não ter<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as de parto. Em 1899, Gilruth descreveu uma série de<br />

casos de ovelhas superalimenta<strong>da</strong>s com o quadro de <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong>, e atribuiu a<br />

doença à falta de exercício <strong>da</strong>s gestantes. Já <strong>em</strong> 1935, Dayus e Weighton<br />

2


encontraram sintomas s<strong>em</strong>elhantes <strong>em</strong> ovelhas subnutri<strong>da</strong>s e com<br />

parasitoses intestinais. No Brasil, <strong>em</strong> 1982, Ortolani e Benesi, relataram a<br />

ocorrência de quatro casos <strong>em</strong> cabras e três casos <strong>em</strong> ovelhas. apud<br />

(ORTOLANI 1985).<br />

2.2 METABOLISMO DA GLICOSE EM RUMINANTES<br />

Para uma melhor compreensão de como se instala o quadro de <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong>, se<br />

faz necessário uma prévia revisão sobre o metabolismo <strong>da</strong> glicose dos<br />

<strong>ruminantes</strong>. Nos monogástricos, grande parte <strong>da</strong> glicose provém <strong>da</strong> digestão<br />

intestinal de carbohidratos poli ou monossacarídeos, contendo <strong>em</strong> suas<br />

fórmulas, glicose que é rapi<strong>da</strong>mente absorvi<strong>da</strong> e incorpora<strong>da</strong> à corrente<br />

sanguínea. Nos <strong>ruminantes</strong>, estes carbohidratos são metabolizados no rúmen<br />

<strong>em</strong> ácidos graxos voláteis (ácido propiônico, acético e butírico). Quando são<br />

absorvidos, parte do ácido propiônico é, no fígado, transformado <strong>em</strong> glicose,<br />

sendo responsável pela produção de 50% deste el<strong>em</strong>ento. 30% a 35 % deste<br />

açúcar são derivados dos aminoácidos dietéticos (principalmente a alanina e<br />

o aspartato), que são incorporados nas rotas bioquímicas gliconeogênicas. O<br />

restante <strong>da</strong>s fontes de glicose provém do metabolismo do lactato no fígado e<br />

rim, surgindo do metabolismo anaeróbico e do glicerol pela composição dos<br />

triglicerídios plasmáticos. (ORTOLANI 1994).<br />

Do ponto de vista bioquímico, a glicose é utiliza<strong>da</strong> como principal fonte<br />

energética dos <strong>ruminantes</strong>, <strong>em</strong> números reduzidos de órgãos: sist<strong>em</strong>a<br />

nervoso, fígado, glândula mamária e rim, mas os tecidos fetais a utilizam<br />

como carboidrato básico para o seu desenvolvimento. Assim sendo, quanto<br />

maior for o número de fetos e mais próximo do final <strong>da</strong> gestação, maior será<br />

a quanti<strong>da</strong>de requeri<strong>da</strong> de glicose pelo conjunto cabra-fetos, do que a <strong>da</strong><br />

fêmea não gestante. (ORTOLANI 1994).<br />

3


g GLICOSE / DIA<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Gráfico I<br />

Necessi<strong>da</strong>des Diárias de Glicose<br />

na Cabra<br />

110<br />

Mantença<br />

<strong>da</strong> Cabra 50<br />

kg<br />

Fonte: RUSSEL, 1983.<br />

150<br />

180<br />

210<br />

1 Feto 2 Fetos 3 Fetos<br />

A diminuição do nível calórico <strong>da</strong> dieta faz decrescer os níveis de glicose<br />

no sangue, uma vez que o requerimento <strong>da</strong> fêmea gestante se torna maior.<br />

Este nível cai de 40 a 60 mg/100 mL para 20 mg/100 mL e começam a ser<br />

utiliza<strong>da</strong>s as reservas de glicogênio. Sabe-se que o conteúdo de glicogênio do<br />

fígado de cordeiros recém-nascidos é três vezes maior do que nas ovelhas<br />

adultas e sadias. Desta forma, o organismo se vê obrigado a queimar<br />

maiores quanti<strong>da</strong>des de gorduras quando a alimentação não compensa o<br />

déficit de glicose. Uma rápi<strong>da</strong> mobilização <strong>da</strong> gordura pode elevar os níveis<br />

de corpos cetônicos do sangue de duas a cinco mg % para 40 a 80 mg %.<br />

(HIEPE 1972).<br />

2.3 CAUSAS DE ABORTOS EM PEQUENOS RUMINANTES<br />

O período de gestação é definido como o t<strong>em</strong>po compreendido entre a<br />

concepção e o parto, fase <strong>em</strong> que ocorre o desenvolvimento do feto e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente aumenta os requerimentos nutricionais. MEDEIROS et all<br />

(1997). De acordo com RESENDE et all (1999), durante a gestação o nível<br />

nutricional t<strong>em</strong> extr<strong>em</strong>a importância, sobretudo, nos últimos 45 dias, quando<br />

4


os tecidos fetais têm maior desenvolvimento. Nas últimas oito s<strong>em</strong>anas que<br />

anteced<strong>em</strong> o parto, as cabras reduz<strong>em</strong> <strong>em</strong> torno de 20% a sua ingestão de<br />

alimentos, devido ao aumento de volume do útero, que comprime o rúmen.<br />

Em contraparti<strong>da</strong>, é justamente neste período que as exigências nutricionais<br />

são mais eleva<strong>da</strong>s, já que dev<strong>em</strong> atender as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> matriz e do<br />

feto <strong>em</strong> formação. Se os nutrientes não são suficientes, a concorrência entre<br />

mãe e feto poderá levar ao aborto.(SANCHES 1985).<br />

A carência de microel<strong>em</strong>entos também traz conseqüências, sendo a cabra<br />

mais sensível que os outros <strong>ruminantes</strong>. Diversos fatores dificultam a<br />

supl<strong>em</strong>entação mineral dos caprinos, dentre eles, as poucas pesquisas<br />

referentes ao assunto e a inexistência no mercado de misturas comerciais<br />

prontas, destina<strong>da</strong>s especificamente a esta espécie. SANCHES (1984).<br />

Observa-se ain<strong>da</strong>, que há diferenças entre as exigências minerais para<br />

cabras com gestações simples e g<strong>em</strong>elares. (RESENDE et all 1999).<br />

Um estudo realizado <strong>em</strong> 127 proprie<strong>da</strong>des do Estado do Ceará d<strong>em</strong>onstrou<br />

que o aborto ocupa o terceiro lugar dentre os sinais clínicos que acometeram<br />

as causas de mortali<strong>da</strong>de de caprinos, perdendo apenas para ed<strong>em</strong>a de<br />

barbela e an<strong>em</strong>ia, e diarréia. O aborto é descrito <strong>em</strong> 96 (75,6%)<br />

proprie<strong>da</strong>des. Em 54,2% delas, o aborto ocorre durante todo o ano, 35,4%<br />

no período seco e 10,4% no período chuvoso. Provavelmente a principal<br />

causa de aborto no período seco seja de ord<strong>em</strong> nutricional. (PINHEIRO et all<br />

2000).<br />

Na região s<strong>em</strong>i-ári<strong>da</strong> do Nordeste, onde foram acompanha<strong>da</strong>s 153 cabras<br />

adultas por um período de três anos, cria<strong>da</strong>s <strong>em</strong> pastag<strong>em</strong> nativa e<br />

supl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong>s com sal comum, observou-se 51 casos de abortos. Mais<br />

tarde, constatou-se, através de testes h<strong>em</strong>atológicos e bioquímicos, que a<br />

ocorrência destes abortos eram por causa dos baixos níveis de proteína e de<br />

minerais (macro e microel<strong>em</strong>entos). (SILVA E SILVA 1983a).<br />

5


2.4 TOXEMIA DA PRENHEZ<br />

A. Conceito<br />

Vários autores refer<strong>em</strong>-se a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação como uma intoxicação,<br />

outros tratam-na como uma doença com base numa hipoglic<strong>em</strong>ia, tendo<br />

como principal sintoma, alterações ocorri<strong>da</strong>s nas células nervosas.<br />

De acordo com ORTOLANI E BENESI (1989), a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong> é uma<br />

afecção metabólica determina<strong>da</strong> por alimentação inadequa<strong>da</strong> durante a<br />

<strong>prenhez</strong>, caracterizando-se por uma hipoglic<strong>em</strong>ia, cetose e acidose<br />

metabólica, com sintomas nervosos e digestivos que culminam<br />

freqüent<strong>em</strong>ente com a morte do animal, particularmente <strong>da</strong>s fêmeas<br />

portadoras de dois ou mais fetos no último terço <strong>da</strong> gestação.<br />

Segundo HIEPE (1972) do ponto de vista neurológico, ocorre alterações no<br />

sist<strong>em</strong>a nervoso central que se originam sob a base de uma hipoglic<strong>em</strong>ia. A<br />

ação tóxica se deve principalmente a acetona e ao ácido acetoacético.<br />

MARQUES (1994) afirma que a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação trata-se de uma<br />

encefalopatia hipoglicêmica e não de uma intoxicação. Isto porque, as lesões<br />

ocorri<strong>da</strong>s nas células nervosas pela falta de glicose são irreversíveis, <strong>da</strong>í a<br />

ocorrência de diversas alterações nervosas. 1 .<br />

B. Etiologia<br />

A etiologia <strong>da</strong> <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação não está claramente defini<strong>da</strong>, <strong>em</strong>bora<br />

se saiba que não é de ord<strong>em</strong> infecciosa, n<strong>em</strong> devido à deficiência de alguma<br />

vitamina ou mineral específico. Sabe-se também que a sua maior incidência é<br />

<strong>em</strong> fêmeas com gestações múltiplas. SANCHES (1986).<br />

1 MARQUES, L. C. (Facul<strong>da</strong>de de Medicina Veterinária e Zootecnia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo - FMVZUSP). Comunicação Pessoal, 1994.<br />

6


De acordo com ORTOLANI (1994), a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação pode ser<br />

provoca<strong>da</strong> por condições determinantes relaciona<strong>da</strong>s a condição nutricional<br />

<strong>da</strong> gestante. Além disso, a presença de fetos múltiplos, é um dos fatores<br />

predisponentes para a ocorrência desta enfermi<strong>da</strong>de. Cabras primíparas têm<br />

maior necessi<strong>da</strong>de de mantença e maior d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> de energia do que cabras<br />

multíparas. A falta de exercício, fatores que lev<strong>em</strong> a diminuição do apetite do<br />

animal (estresse, transporte, administração de vacinas e/ou medicamentos)<br />

e alterações fisiológicas (insuficiência hepática, febre) também são citados<br />

como causadores desta enfermi<strong>da</strong>de.<br />

C. Tipos de Tox<strong>em</strong>ia <strong>da</strong> Prenhez<br />

ORTOLANI (1985) cita que a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong> pode ser defini<strong>da</strong> <strong>em</strong> dois<br />

tipos. O tipo I é caracterizado pela subalimentação durante o período<br />

gestacional associado à presença de fetos múltiplos. Este quadro pode ser<br />

provocado diminuindo cerca de 50% <strong>da</strong> energia dietética adequa<strong>da</strong> a ser<br />

ofereci<strong>da</strong> a uma fêmea gestante (450g de NDT). No quadro 1, encontram-se<br />

apresenta<strong>da</strong>s as quanti<strong>da</strong>des necessárias de nutrientes para cabras <strong>em</strong><br />

gestação. Sabe-se ain<strong>da</strong> que alimentos com baixa quali<strong>da</strong>de e/ou<br />

digestibili<strong>da</strong>de, oferecidos por longos períodos, pod<strong>em</strong> também desencadear<br />

o quadro. O tipo II está relacionado à superalimentação, principalmente nos<br />

dois terços iniciais <strong>da</strong> gestação, onde muitas vezes os animais receb<strong>em</strong><br />

alimentação “ad libitum” ou mal balancea<strong>da</strong> e ricas <strong>em</strong> grãos, farelos. O<br />

fornecimento de rações comerciais balancea<strong>da</strong>s, mas <strong>em</strong> quanti<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong>s<br />

também pode levar ao aparecimento <strong>da</strong> doença, principalmente quando essas<br />

rações ating<strong>em</strong> valores superiores a 30% <strong>em</strong> NDT normalmente requeridos.<br />

QUADRO 1 REQUISITOS DIÁRIOS PARA CABRAS NOS DOIS ÚLTIMOS MESES DE GESTAÇÃO<br />

7


Peso<br />

vivo<br />

(kg)<br />

20<br />

30<br />

40<br />

50<br />

60<br />

70<br />

80<br />

Matéria<br />

Seca<br />

(Kg)<br />

Fonte: SANCHES, (1981).<br />

Proteín<br />

a<br />

Bruta<br />

(g)<br />

Proteína<br />

Digestív<br />

el<br />

(g)<br />

E.D.<br />

(Kcal<br />

)<br />

N.D.T<br />

.<br />

(g)<br />

Ca<br />

(g)<br />

0,56 114 53 2098 475 7,0 4,<br />

0,84 133 71 2852 647 7,0 4,<br />

1,00 151 88 3528 800 8,0 5,<br />

1,15 167 105 4170 945 8,5 5,<br />

1,38 183 120 4781 1084 9,0 6,<br />

1,54 198 134 5367 1217 10,<br />

1,76 212 148 5933 1346 10,<br />

D. Quadro Clínico<br />

A <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong> caracteriza-se por depressão <strong>da</strong> consciência,<br />

distúrbios neuromusculares, <strong>da</strong> postura, tônus muscular, desequilíbrio e<br />

an<strong>da</strong>r cambaleante e por movimentos primitivos (mímica <strong>da</strong> mastigação,<br />

ranger dos dentes). SANCHES (1986). Do ponto de vista neurológico, ocorre<br />

alterações no sist<strong>em</strong>a nervoso central que se originam sob a base de uma<br />

hipoglic<strong>em</strong>ia. A ação tóxica se deve principalmente a acetona e ao ácido<br />

0<br />

0<br />

P<br />

(g<br />

)<br />

0<br />

5<br />

0<br />

5<br />

0<br />

6,<br />

5<br />

6,<br />

5<br />

8


acetoacético. HIEPE (1972). MARQUES (1994) relata que as lesões ocorri<strong>da</strong>s nas<br />

células nervosas pela falta de glicose, são irreversíveis, <strong>da</strong>í a ocorrência de<br />

diversas alterações nervosas, tornando o quadro de difícil prognóstico 2 .<br />

ORTOLANI (1985) descreve as alterações nervosas de acordo com a área<br />

afeta<strong>da</strong> pela a falta de glicose. Quanto maior a exigência de glicose por um<br />

setor do Sist<strong>em</strong>a Nervoso Central, mais rápido e com maior intensi<strong>da</strong>de ele é<br />

afetado. Assim, o cótex cerebral é o primeiro a ser acometido, sendo<br />

responsável pelo aparecimento <strong>da</strong> depressão <strong>da</strong> consciência, observa<strong>da</strong> pela<br />

falta de resposta aos estímulos provocados, ausência de reação ao meio<br />

ambiente, surdez cortical e hiporexia ou anorexia. Em segui<strong>da</strong> o cerebelo é<br />

acometido surgindo distúrbios de balanço e postura, cambaleios laterais e<br />

<strong>alguns</strong> movimentos de rotação. Por fim, nas fases terminais do quadro, o<br />

diencéfalo é acometido, responsável pela mímica de mastigação e ranger dos<br />

dentes.<br />

A evolução do quadro clínico depende <strong>da</strong> orig<strong>em</strong> etiológica, sendo de 10 a<br />

15 dias para animais com subnutrição e três a oito dias para fêmeas com boa<br />

condição corporal, ou obesas. Observa-se hiporexia inicial segui<strong>da</strong> de<br />

anorexia terminal; disfagia no primeiro t<strong>em</strong>po de deglutição, hipotonia ou<br />

atonia ruminal e redução do volume fecal. Os animais evitam a locomoção ou<br />

perambulam s<strong>em</strong> objetivo, isolando-se do rebanho. Ao término <strong>da</strong> evolução<br />

do quadro clínico, ocorre per<strong>da</strong> de reflexos fotomotores, diminuição<br />

acentua<strong>da</strong> <strong>da</strong> resposta a estímulos sonoros e dolorosos; tr<strong>em</strong>ores <strong>da</strong> cabeça<br />

acompanhados de ranger dos dentes e mímica de mastigação; coma e morte<br />

após um período de um a seis dias. (ORTOLANI 1994).<br />

E. Diagnóstico<br />

• Diagnóstico clínico<br />

2 MARQUES, L. C. (Facul<strong>da</strong>de de Medicina Veterinária e Zootecnia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo - FMVZUSP). Comunicação Pessoal, 1994.<br />

9


Baseia-se na observação dos sinais clínicos do curso típico de como a<br />

<strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação se apresenta, b<strong>em</strong> como anamnese, ressaltando<br />

dentre outros <strong>aspectos</strong> a ocorrência de aborto, dieta <strong>da</strong>s gestantes e<br />

cui<strong>da</strong>do com as mesmas.<br />

• Diagnóstico laboratorial<br />

HIEPE (1972). cita que o conteúdo de acetona na urina varia de 10 a 300<br />

mg % e o nível de corpos cetônicos no sangue encontra-se elevado. A<br />

glic<strong>em</strong>ia decresce, variando entre 10 a 30 mg %. Observa-se linfopenia e<br />

neutrofilia. Para ORTOLANI (1985), os achados no exame de sangue são:<br />

neutrofilia com ligeiro desvio à esquer<strong>da</strong>, com neutrófilos apresentando<br />

granulações tóxicas. Observa-se ain<strong>da</strong> linfocitopenia e ausência de<br />

eosinófilos. Na urinálise constata-se um pH muito ácido, chegando a 5.<br />

Sabe-se que os valores normais de pH vão de 7,8 a 8,4. No exame de<br />

Rothera para a pesquisa de corpos cetônicos, encontrou-se quatro cruzes<br />

indicando estar altamente positivo. A bioquímica sérica revela <strong>em</strong>a severa<br />

hipoglic<strong>em</strong>ia (menor que 20 mg%) e um aumento <strong>da</strong> TGO (até 600 UI/ l).<br />

• Diagnóstico diferencial<br />

SANCHES (1986) refere-se a avitaminose A. De acordo com HIEPE (1972), a<br />

listeriose, cenurose, doença de Borna, hipocalc<strong>em</strong>ia e hipomagnes<strong>em</strong>ia,<br />

dev<strong>em</strong> ser excluí<strong>da</strong>s para facilitar o diagnóstico <strong>da</strong> <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação.<br />

F. Achados de Necrópsia<br />

• Achados anatomopatológicos<br />

Os achados anatomopatológicos revelam fetos a termo no útero<br />

(geralmente <strong>em</strong> bom estado de conservação), fígados e rins de coloração<br />

páli<strong>da</strong> e fezes resseca<strong>da</strong>s no reto e cobertas de muco. SANCHES (1985). De<br />

acordo com HIEPE (1972), além <strong>da</strong> hipertrofia observa<strong>da</strong> no fígado, ele<br />

10


também se apresenta de coloração e de consistência friável. ORTOLANI E<br />

BENESI (1989) descrev<strong>em</strong> rins de coloração esbranquiça<strong>da</strong>s e adrenais<br />

congestas e hipertrofia<strong>da</strong>s.<br />

ORTOLANI (1994) refer<strong>em</strong>-se à presença de grandes quanti<strong>da</strong>des de tecido<br />

gorduroso na cavi<strong>da</strong>de abdominal (<strong>em</strong> animais obesos) e pouca quanti<strong>da</strong>de<br />

de gordura (nos animais subnutridos); o fígado com aparente aumento de<br />

tamanho, bordos arredon<strong>da</strong>dos e de cor cinza amarelado; rúmen com<br />

conteúdo ressecado, amarelado e de odor acético; repleição aumenta<strong>da</strong> dos<br />

vasos mesentéricos e pulmões com congestão hipostática. Nos animais<br />

subnutridos observou-se abomaso repleto de conteúdo de cor achocolata<strong>da</strong>,<br />

de pH 6,0 e grande quanti<strong>da</strong>de de vermes adultos de Ha<strong>em</strong>onchus contortus<br />

e inúmeros nódulos de Oesophagostomun sp. ao nível <strong>da</strong> serosa do intestino<br />

grosso. Vale ressaltar que estes animais eram submetidos a um manejo<br />

alimentar extr<strong>em</strong>amente pobre e viviam <strong>em</strong> condições higiênico-sanitárias<br />

insatisfatórias, s<strong>em</strong> utilização periódica de vermífugos.<br />

• Achados histopatológicos<br />

SANCHES (1985) descreve fígado e rins de coloração páli<strong>da</strong>, acometidos de<br />

infiltração gordurosa. De acordo com HIEPE (1972), há uma degeneração do<br />

miocardio, adipose renal e degeneração gordurosa do cótex e <strong>da</strong>s cápsulas<br />

adrenais, b<strong>em</strong> como uma infiltração adiposa e degeneração hepática.<br />

G. Tratamento<br />

Para ORTOLANI (1994) o tratamento deve estar voltado para três metas<br />

principais: combate a hipoglic<strong>em</strong>ia, diminuição <strong>da</strong> drenag<strong>em</strong> de glicose e<br />

redução <strong>da</strong> cetogênese. A administração de glicose por via oral, induz nos<br />

animais, a formação de uma goteira reticular, o que facilita a absorção<br />

contínua e prolonga<strong>da</strong> de glicose pelo intestino delgado. Para diminuir a<br />

drenag<strong>em</strong> de glicose, a literatura indica a prática de cesariana, mas ao<br />

realizar esta cirurgia <strong>em</strong> fêmeas com <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação, ocorreu morte<br />

11


dos fetos e per<strong>da</strong> <strong>da</strong> matriz. A redução <strong>da</strong> cetogênese seria através de<br />

tratamento com insulina e certos tipos de esteróides, mas os resultados são<br />

incertos.<br />

Quanto mais precoce for o diagnóstico <strong>da</strong> doença, melhor será a<br />

recuperação do animal, sendo que, <strong>em</strong> casos avançados, a recuperação é<br />

raramente observa<strong>da</strong>. O uso de glicose unicamente não dá bons resultados,<br />

pois a sua aplicação é normalmente descontínua. Para cabras e ovelhas,<br />

recomen<strong>da</strong>-se o uso de 200 a 400 ml de glicose a 40%, por via endovenosa,<br />

mais 60 ml de propilenoglicol, por via oral, durante cinco a nove dias. Este<br />

tratamento feito no início <strong>da</strong> doença oferece bons resultados. (SANCHES,<br />

1986).<br />

SICA NOÉ (1984) sugere que sejam administrados 125 ml de glicerina<br />

diluídos <strong>em</strong> 125 ml de água, por via oral. Este tratamento deve ser<br />

acompanhado de um equilíbrio <strong>da</strong> dieta do animal.<br />

MARQUES (1994) recomen<strong>da</strong> que seja <strong>da</strong>do, por via oral, 50ml <strong>da</strong> solução<br />

contendo: 15gr de propionato de sódio, 25 ml de propilenoglicol, <strong>em</strong> 100 ml<br />

qsp de excipiente, BID 3 para cabras que se apresent<strong>em</strong> apáticas e s<strong>em</strong><br />

apetite 4 . HIEPE (1972) sugere que o tratamento respon<strong>da</strong> as necessi<strong>da</strong>des de<br />

glicose existentes no animal. Para isso <strong>em</strong>pregam-se glicerina (60 gr/dia) via<br />

oral e solução de glicose a 5-10%, entre 250 a 500 ml, por via subcutânea. O<br />

melaço t<strong>em</strong> oferecido bons resultados (0,3 a 0,75 litro/dia). Para as matrizes<br />

de grande valor econômico, pod<strong>em</strong> ser trata<strong>da</strong>s com preparados de Acth e<br />

corticóides. Refere-se ain<strong>da</strong> a interrupção <strong>da</strong> gestação e a prática de<br />

exercícios diários pela fêmea (uma vez tenham ocorrido os primeiros casos<br />

<strong>da</strong> enfermi<strong>da</strong>de na proprie<strong>da</strong>de), e se possível, o fornecimento do alimento<br />

ao ar livre.<br />

3 duas vezes ao dia.<br />

4 MARQUES, L. C. (FMVZSP). Comunicação Pessoal, 1994.<br />

12


De acordo com SANCHES (1984), o tratamento recomen<strong>da</strong>do é 50 a 100 ml<br />

de solução de gluconato de cálcio a 20 a 30%, por via endovenosa. ORTOLANI<br />

E BENESI (1989) constataram que o tratamento realizado <strong>em</strong> animais <strong>em</strong><br />

estágio avançado <strong>da</strong> doença, não produziu resultados satisfatórios. Esta<br />

terapia constituiu-se <strong>da</strong> administração oral diária de 200 ml de glicerina e<br />

injeção de glicose a 20% (endovenosa).<br />

Várias terapias são preconiza<strong>da</strong>s: soluções de glicose a 60%, por via<br />

subcutânea (2,5 ml/kg BID) e/ou solução de glicose a 5%, por via endovenosa<br />

(250-500 ml, BID). Apesar de ser racional, a eficácia do tratamento com<br />

glicose é menor quando compara<strong>da</strong> aos precursores deste açúcar: glicerol<br />

(glicerina líqui<strong>da</strong> 150-200 ml/dia, BID) ou propilenoglicol (200 ml/dia BID),<br />

administrados por via oral. Recomen<strong>da</strong>-se então, a associação dos dois<br />

esqu<strong>em</strong>as, com a injeção de glicose como tratamento de choque e os<br />

precursores como manutenção dos níveis glicêmicos. (ORTOLANI 1985).<br />

H. Profilaxia<br />

Alguns autores recomen<strong>da</strong>m várias medi<strong>da</strong>s preventivas para evitar que as<br />

fêmeas, no terço final <strong>da</strong> gestação, venham a desenvolver a <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>prenhez</strong>. SILVA E SILVA (1983b) suger<strong>em</strong> a utilização de uma materni<strong>da</strong>de,<br />

onde seriam coloca<strong>da</strong>s as fêmeas gestantes. Esta prática favorece um<br />

atendimento especial a matriz, no tocante ao fornecimento de ração e/ou<br />

alimentação adequa<strong>da</strong>, b<strong>em</strong> como a diminuição do estresse. Para isto, deve-<br />

se evitar práticas comuns de manejo tais como: mu<strong>da</strong>nças bruscas de<br />

alimentação, cortes de casco, transporte de animais, manipulações<br />

individuais e do rebanho. Estudos têm d<strong>em</strong>onstrado que o exercício físico e<br />

apropriado, para fêmeas gestantes aumentam a produção de glicose e<br />

diminui a formação de corpos cetônicos. (ORTOLANI E BENESI, 1989).<br />

Quanto à dieta, é aconselhável que o animal receba alimentos de maior<br />

palatabili<strong>da</strong>de, visto que o crescimento do útero comprime o rúmen e<br />

13


favorece a uma diminuição do apetite. Com isto, a ingesta deve ser de<br />

melhor quali<strong>da</strong>de e os nutrientes dev<strong>em</strong> estar <strong>em</strong> equilíbrio. Para evitar uma<br />

superalimentação nos primeiros três meses, deve haver um controle<br />

quantitativo <strong>da</strong> ração, aumentando gra<strong>da</strong>tivamente deste período até o<br />

parto, conforme apresentado no gráfico II (ORTOLANI 1985).<br />

g / NDT / Dia<br />

1200<br />

1000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

Fonte: RUSSEL, 1983.<br />

Gráfico II<br />

Total g/NDT/dia Durante a Gestação<br />

Cabra 1ª Cria<br />

Multípara<br />

Constituição<br />

Razoável<br />

Multípara<br />

Gor<strong>da</strong><br />

Mês <strong>da</strong> Gestação<br />

Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto<br />

A higiene é um dos princípios básicos do manejo quando a meta for a<br />

criação de animais sadios e alta produtivi<strong>da</strong>de. Para tanto, deve-se<br />

preconizar a adoção de boas práticas do manejo nutricional e sanitário do<br />

rebanho. (SILVA E SILVA 1983b).<br />

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A ocorrência de falhas no manejo nutricional <strong>da</strong>s fêmeas gestantes é a<br />

principal causa <strong>da</strong> instalação do quadro de <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong>. A condição<br />

corpórea dos animais acometidos não interferiu no prognóstico <strong>da</strong> doença,<br />

14


observando-se assim, a incidência <strong>em</strong> animais subnutridos como também <strong>em</strong><br />

animais obesos.<br />

Devido à alta necessi<strong>da</strong>de de energia no terço final <strong>da</strong> gestação, cabras e<br />

ovelhas com gestação múltipla, têm propensão de desenvolver a doença,<br />

principalmente se o alimento oferecido for de baixa quali<strong>da</strong>de, pouca<br />

quanti<strong>da</strong>de ou mal balanceado, não satisfazendo as necessi<strong>da</strong>des energéticas<br />

do conjunto matriz-fetos.<br />

O tratamento <strong>da</strong> <strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> gestação ain<strong>da</strong> é discutido, mas pôde-se<br />

observar que, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será a resposta<br />

espera<strong>da</strong> a terapia escolhi<strong>da</strong>.<br />

Medi<strong>da</strong>s preventivas representam a melhor forma de evitar a ocorrência<br />

<strong>da</strong> doença. O mais relevante, portanto, é adotar um manejo adequado às<br />

necessi<strong>da</strong>des especiais <strong>da</strong>s fêmeas gestantes, priorizando o aspecto<br />

nutricional. Esta alternativa, diminuiria as chances de ocorrência de casos de<br />

<strong>tox<strong>em</strong>ia</strong> <strong>da</strong> <strong>prenhez</strong> na proprie<strong>da</strong>de.<br />

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.<br />

HIEPE, T. Enferme<strong>da</strong>des de la oveja. Zaragoza: Acríbia, 1972. 393p. p.21-<br />

23.<br />

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