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A Reforma Protestante de Martinho Lutero - IFCS

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importante, bem como a tradução da Bíblia da língua sagrada (latim) para a língua vulgar (no<br />

nosso caso o alemão) para que o povo tivesse livre acesso à Palavra divina.<br />

Segundo Hil<strong>de</strong> Symoens, Melanchthon 4 teria sido o primeiro a invocar explicitamente<br />

o regresso às fontes como ponto <strong>de</strong> partida para sua reforma <strong>de</strong> estudos nas Universida<strong>de</strong>s<br />

protestantes, <strong>de</strong>ixando transparecer uma preocupação humanística da busca pela verda<strong>de</strong> e a<br />

penetração da Filologia na própria Teologia.<br />

Ele dizia que o objetivo das humanae litterae, nas quais incluía História e Filosofia<br />

Natural, é uma educação filosófica e retórica que é susceptível <strong>de</strong> conduzir o<br />

tratamento eticamente responsável dos negócios públicos e <strong>de</strong> ser igualmente uma<br />

preparação para os estudos teológicos. A Teologia é em parte hebraico e em parte<br />

grego. Deve-se apren<strong>de</strong>r essas línguas estranhas a partir das quais os latinos criaram<br />

suas obras. O estudo dos textos originais revela a superfície brilhante e o valor<br />

intrínseco das palavras e o seu verda<strong>de</strong>iro significado, o que conduz à essência do<br />

assunto; quando 'dirigimos a nossa atenção para as fontes, conseguimos começar a<br />

enten<strong>de</strong>r Cristo 5 .<br />

Com relação ao pensamento <strong>de</strong> <strong>Lutero</strong>, sobretudo entre 1520 e 1525, po<strong>de</strong> ser dividido<br />

em dois gran<strong>de</strong>s esquemas, um relativo à concepção do homem e o outro relativo à doutrina.<br />

Esses esquemas são recorrentes e aperfeiçoados em seus escritos e, ao mesmo tempo que<br />

contrariam e abalam os pilares da fé católica, também fixam um arquétipo <strong>de</strong> homem para a<br />

socieda<strong>de</strong> do Sacro Império. A teologia Luterana <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> três pontos principais, a saber:<br />

sola fi<strong>de</strong>, sola gratia, sola scriptura. Isto significa que o homem era salvo por meio da graça<br />

divina e justificado por meio da fé em Cristo, ambas concedidas por Deus <strong>de</strong>vido a Sua<br />

bonda<strong>de</strong> e misericórdia e não por merecimento ou capacida<strong>de</strong> humana. E as Sagradas<br />

Escrituras constituíam o monopólio a cerca da fé e da conduta cristã, contrariando todas as<br />

tradições católicas.<br />

Já no que tange ao homem, para <strong>Lutero</strong>, ele era marcado pela dualida<strong>de</strong> interior X<br />

exterior, dualida<strong>de</strong> esta relativa ao Reino <strong>de</strong> Deus X reino do mundo, respectivamente. É o<br />

homem interior ou o novo homem quem é salvo pela graça divina e quem é justificado pela fé<br />

em Cristo, em oposição ao homem exterior ou velho homem marcado pela herança adâmica,<br />

portanto, escravo do pecado. No que diz respeito à dualida<strong>de</strong> do homem vemos a clara<br />

consonância com o pensamento do Apóstolo Paulo e <strong>de</strong> Santo Agostinho, o que nos faz<br />

questionar em que medida o “pai da <strong>Reforma</strong> <strong>Protestante</strong>” foi inovador? Como veremos, esse<br />

traço <strong>de</strong> pensamento tardo-medieval que transparece não apenas no arquétipo paulino-<br />

4 Philipp Schwarzerdt ou Philipp Melanchton nasceu em Bretten na Saxônia em 16 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1497. Seu<br />

princpal mestre foi seu tio, o humanista Johannes Reuchlin. Melanchthon foi aluno <strong>de</strong> <strong>Lutero</strong> na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Teologia e tornou-se seu gran<strong>de</strong> colaborador, chegando a assumir a li<strong>de</strong>rança do luteranismo após a morte <strong>de</strong><br />

<strong>Lutero</strong>.<br />

5 SYMOENS, Hil<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rid<strong>de</strong>r. Uma história da Universida<strong>de</strong> na Europa. As Universida<strong>de</strong>s na Europa<br />

Mo<strong>de</strong>rna (1500-1800). Porto: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002. p31<br />

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