A Reforma Protestante de Martinho Lutero - IFCS
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Thomas Müntzer, acusando-o <strong>de</strong> estar sendo usado pelo satã para corromper os camponeses<br />
ao uso da violência já que queriam “resolver a causa pela espada”. Ele então diz:<br />
Altezas, aqui não se po<strong>de</strong> dormir nem per<strong>de</strong>r tempo, pois Deus o exigirá e quererá<br />
ter resposta quanto à negligência na serieda<strong>de</strong> da espada que lhes foi confiada.<br />
Igualmente não seria perdoável perante as pessoas e o mundo que vossas altezas<br />
tolerassem e admitissem punhos subversivos e criminosos. 21<br />
Como a pacificação dos camponeses não foi possível, <strong>Lutero</strong> escreveu Contra as<br />
hordas salteadoras e assassinas dos camponeses colocando-se terminantemente contra eles e<br />
não apenas contra Müntzer, como no escrito anterior. Neste texto <strong>Lutero</strong> classifica a todos<br />
como heréticos e convoca os príncipes a exercerem sua vocação à espada e exterminarem os<br />
maus (camponeses revoltosos). Para <strong>Lutero</strong>, os camponeses estariam cometendo três graves<br />
pecados: 1) rebelião contra a autorida<strong>de</strong> constituída, 2) roubo e saque contra conventos e<br />
castelos e 3) blasfêmia contra Deus por se <strong>de</strong>nominarem cristãos e encobrirem com o<br />
Evangelho seus atos. <strong>Lutero</strong> mais uma vez conclama os príncipes, pois<br />
não cabem paciência e misericórdia; aqui é a hora da espada e da ira, e não da graça.<br />
(...) Pois um príncipe e senhor <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar nesse caso que ele é ministro <strong>de</strong> Deus<br />
e servidor <strong>de</strong> sua ira, que lhe foi confiada a espada par domínio <strong>de</strong> tais patifes e está<br />
pecando diante <strong>de</strong> Deus se não castiga e combate e não <strong>de</strong>sempenha a sua função, na<br />
mesma medida que pecaria aquele que matasse, embora a espada não lhe tivesse<br />
sido confiada. 22<br />
Vemos o <strong>de</strong>senho político <strong>de</strong> <strong>Lutero</strong> nesses textos e como foi possível a aliança com<br />
os príncipes. No entanto, faz-se necessário <strong>de</strong>stacar mais dois pontos do pensamento luterano<br />
que dizem respeito ao po<strong>de</strong>r secular. Para <strong>Lutero</strong>, a nobreza cristã <strong>de</strong> nação alemã <strong>de</strong>veria<br />
exercer a sua vocação, <strong>de</strong>veria tomar o Sacro Império Romano-Germânico das mãos <strong>de</strong> Roma<br />
e governá-lo segundo os <strong>de</strong>sígnios divinos, tornando a Alemanha uma nação gran<strong>de</strong> que não<br />
seria conivente com os pecados do papa.<br />
Embora o papa tenha roubado o Império Romano ou o nome do Império Romano do<br />
imperador legítimo a força e injustamente e o conferido a nós, alemães, é certo que<br />
nisso Deus fez o uso da malda<strong>de</strong> do papa para dar esse império à nação alemã (...)<br />
Não obstante, infelizmente, pagamos preço alto <strong>de</strong>mais por esse império, por causa<br />
da perfídia e malda<strong>de</strong> papal, com incalculável <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue, supressão<br />
da nossa liberda<strong>de</strong>, perda e roubo <strong>de</strong> todos os nossos bens, principalmente das<br />
igrejas e prebendas, suportando incrível frau<strong>de</strong> e vergonha. Nós temos o título do<br />
império; o papa, entretanto (...) tem tudo o que possuímos (...) Como, pois, o<br />
império nos foi dado pelo <strong>de</strong>sígnio <strong>de</strong> Deus e pelo propósito <strong>de</strong> gente ruim, sem<br />
culpa nossa, não aconselho que se o largue, mas que se o governe <strong>de</strong>vidamente no<br />
temor <strong>de</strong> Deus, enquanto lhe aprouver. 23<br />
21 Op cit p155.<br />
22 LUTERO, <strong>Martinho</strong>. Contra as hordas salteadoras e assassinas dos camponeses. In: DE BONI, Luís Alberto<br />
(Org). Escritos Seletos <strong>de</strong> <strong>Martinho</strong> <strong>Lutero</strong>, Tomás Müntzer e João Calvino. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora Vozes,<br />
2000. p170<br />
23 LUTERO, <strong>Martinho</strong>. À sereníssima po<strong>de</strong>rosíssima Majesta<strong>de</strong> Imperial e à Nobreza Cristã <strong>de</strong> Nação Alemã. In:<br />
<strong>Martinho</strong> <strong>Lutero</strong> – Obras Selecionadas. Volume 2: O programa da <strong>Reforma</strong>. Escritos <strong>de</strong> 1520. São Leopoldo:<br />
Editora Sinodal, 2000. p305<br />
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