Laminação, por Ernandes Marcos da Silveira Rizzo, 1179 KB ... - ABM
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Panorama do Setor Siderúrgico<br />
0
Estudo Prospectivo<br />
do Setor Siderúrgico<br />
NT <strong>Laminação</strong><br />
<strong>Ernandes</strong> <strong>Marcos</strong> <strong>da</strong> <strong>Silveira</strong> <strong>Rizzo</strong><br />
1
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos<br />
Presidenta<br />
Lucia Carvalho Pinto de Melo<br />
Diretor Executivo<br />
Marcio de Miran<strong>da</strong> Santos<br />
Diretores<br />
Antonio Carlos Figueira Galvão<br />
Fernando Cosme <strong>Rizzo</strong> Assunção<br />
Projeto Gráfico<br />
Equipe Design CGEE<br />
Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico: 2008. Brasília: Centro de Gestão e<br />
Estudos Estudo Estratégicos, Prospectivo 2008 para Energia Fotovoltaica: 2008. Brasília: Centro de Gestão e Estudos<br />
20 Estratégicos, p : il. Ano<br />
200 p : il. ; 21 cm.<br />
1. <strong>Laminação</strong> – Brasil. I. Centro de Gestão e<br />
1.<br />
Estudos<br />
Energia<br />
Estratégicos.<br />
– Brasil. 2. Energia<br />
II. Título.<br />
Solar - Brasil. I. Título. II. Centro de Gestão e<br />
Estudos Estratégicos.<br />
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos<br />
SCN Qd 2, Bl. A, Ed. Cor<strong>por</strong>ate Financial Center sala 1102<br />
70712-900, Brasília, DF<br />
Telefone: (61) 3424.9600<br />
Http://www.cgee.org.br<br />
Este documento é parte integrante do Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico com amparo na Ação 51.4 (Tecnologias<br />
Críticas em Setores Econômicos Estratégicos) e Subação 51.4.1 (Tecnologias Críticas em Setores Econômicos<br />
Estratégicos) pelo Contrato de Gestão do CGEE/MCT/2008.<br />
Todos os direitos reservados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Os textos contidos nesta publicação<br />
poderão ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que cita<strong>da</strong> a fonte.<br />
2
Estudo Prospectivo do<br />
Setor Siderúrgico<br />
Supervisão<br />
Fernando Cosme <strong>Rizzo</strong> Assunção, Diretor CGEE<br />
Horacídio Leal Barbosa Filho, Diretor Executivo <strong>da</strong> <strong>ABM</strong><br />
Equipe, CGEE<br />
Elyas Ferreira de Medeiros, Coordenador<br />
Bernardo Godoy de Castro, Assistente<br />
Consultor, CGEE<br />
Marcelo de Matos, De Matos Consultoria<br />
Equipe, <strong>ABM</strong><br />
Gilberto Luz Pereira, Coordenador<br />
Ana Cristina de Assis, Assistente<br />
Comitê de Coordenação do Estudo<br />
ABDI, <strong>ABM</strong>, Aços Villares, Arcelor Mittal<br />
BNDES<br />
CGEE, CSN<br />
FINEP, Ger<strong>da</strong>u<br />
IBRAM, IBS<br />
MDIC, MME<br />
Samarco<br />
Usiminas<br />
Valourec-Mannesmann, Villares Metals, Votorantim<br />
Comitê Executivo do Estudo<br />
Elyas Ferreira de Medeiros, CGEE<br />
Gilberto Luz Pereira, <strong>ABM</strong><br />
Horacídio Leal Barbosa Filho, <strong>ABM</strong><br />
Lélio Fellows Filho, CGEE<br />
Revisão<br />
Elyas Ferreira de Medeiros<br />
Maria Beatriz Pereira Mangas<br />
Endereços<br />
CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS (CGEE)<br />
SCN Quadra 2, Bloco A - Edifício Cor<strong>por</strong>ate Financial Center, Salas 1102/1103<br />
70712-900 - Brasília, DF<br />
Tel.: (61) 3424.9600 / 3424.9636 Fax: (61) 3424.9671<br />
E-mail: elyasmedeiros@cgee.org.br<br />
URL: http://www.cgee.org.br<br />
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE METALURGIA E MATERIAIS (<strong>ABM</strong>)<br />
Rua Antonio Comparato, 218 – Campo Belo<br />
04605-030 – São Paulo, SP<br />
Tel.: (11) 5534-4333 Fax: (11) 5534-4330<br />
E-mail: gilberto@abmbrasil.com.br<br />
URL: http://www.abmbrasil.com.br<br />
3
SUMÁRIO<br />
Capítulo 1 Processos de <strong>Laminação</strong> dos Aços – Definições e<br />
Classificações<br />
Capítulo 2 Arranjo Físico <strong>da</strong>s Linhas de <strong>Laminação</strong> 11<br />
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 19<br />
5<br />
4
Capítulo 1. Processos de <strong>Laminação</strong> dos Aços – Definições e Classificações<br />
A im<strong>por</strong>tância dos metais na tecnologia moderna deve-se em grande parte à<br />
relativa facili<strong>da</strong>de com que estes podem ser processados com o objetivo de se obter<br />
uma forma deseja<strong>da</strong>, com proprie<strong>da</strong>des controla<strong>da</strong>s e a um custo compatível com a<br />
sua utilização. De uma maneira geral, os metais apresentam alta resistência à<br />
deformação e tenaci<strong>da</strong>de, que os tornam adequados a uma série de aplicações<br />
tecnológicas. Ao mesmo tempo, permitem a sua conformação no estado sólido, <strong>por</strong><br />
meio de diversos processos de trabalho mecânico, associados aos tratamentos<br />
térmicos que permitem a alteração e o controle de diversas proprie<strong>da</strong>des.<br />
Por definição, a laminação é um processo de conformação no qual o material é<br />
forçado a passar entre dois cilindros, girando em sentidos opostos, com<br />
praticamente a mesma veloci<strong>da</strong>de superficial e espaçados entre si a uma distância<br />
menor que o valor <strong>da</strong> dimensão inicial do material a ser deformado. Ao passar<br />
entre os cilindros, a tensão surgi<strong>da</strong> entre o esboço (produto em processamento) e<br />
os cilindros promove uma deformação plástica, na qual a espessura é diminuí<strong>da</strong>, o<br />
comprimento é aumentado e a largura pode ser aumenta<strong>da</strong> ou reduzi<strong>da</strong>. Em certos<br />
casos, a largura pode não ser altera<strong>da</strong>. O processo de laminação, objeto desta nota<br />
técnica, está incluído na categoria denomina<strong>da</strong> de mol<strong>da</strong>gem, pertencendo à<br />
subcategoria de conformação a partir de um sólido. Os processos pertencentes a<br />
esta categoria também são denominados de processos de conformação mecânica<br />
ou processos de conformação plástica, incluindo também os processos de<br />
forjamento, estampagem, extrusão e trefilação.<br />
A conformação mecânica, ou deformação plástica <strong>por</strong> laminação, é efetua<strong>da</strong> <strong>por</strong><br />
duas razões básicas. Primeiro, visando obter formas que seriam difíceis ou<br />
dispendiosas de serem produzi<strong>da</strong>s <strong>por</strong> outros métodos. Estas formas vão desde<br />
folhas e barras (fios) finas, que, embora simples, são difíceis de serem produzi<strong>da</strong>s<br />
economicamente <strong>por</strong> outros métodos, até formas mais complica<strong>da</strong>s como vigas em<br />
I, trilhos e perfis especiais. O processo de laminação é um processo de<br />
conformação mecânica largamente aplicado às ligas metálicas. Considerando os<br />
<strong>da</strong>dos divulgados <strong>por</strong> enti<strong>da</strong>des internacionais relativos aos primeiros anos do<br />
século XXI, mais de 90% dos aços e <strong>da</strong>s ligas de alumínio e cobre<br />
passaram pelo menos uma vez <strong>por</strong> processos de laminação, correspondendo a mais<br />
de um bilhão de tonela<strong>da</strong>s 1 .<br />
1 Dados atualizados...<br />
5
A segun<strong>da</strong> razão reside no fato de as proprie<strong>da</strong>des mecânicas dos metais serem<br />
geralmente melhora<strong>da</strong>s pela conformação mecânica. Neste caso, o efeito mais<br />
relevante é o encruamento (endurecimento <strong>por</strong> deformação plástica),<br />
freqüentemente utilizado com a finali<strong>da</strong>de de aumentar a resistência mecânica de<br />
materiais. O trabalho mecânico também permite obter microestruturas de maior<br />
tenaci<strong>da</strong>de, <strong>por</strong> exemplo: fechando ou caldeando cavi<strong>da</strong>des ou alongando partículas<br />
de inclusões para a forma de veios paralelos e alinhados <strong>por</strong> meio de um cui<strong>da</strong>doso<br />
planejamento do processo, segundo as direções do produto acabado que irão ser<br />
submeti<strong>da</strong>s às maiores tensões de tração.<br />
Outra vantagem fun<strong>da</strong>mental do uso dos processos de produção <strong>por</strong> laminação está<br />
na possível economia de material, devido à adequação <strong>da</strong>s formas e na menor<br />
relação peso/resistência (construção mais leve), em relação aos métodos de<br />
usinagem ou fundição. O processo de laminação apresenta uma alta produtivi<strong>da</strong>de<br />
e um controle dimensional do produto acabado que pode ser bastante preciso, além<br />
de permitir a obtenção de produtos, como chapas finas de reduzi<strong>da</strong> espessura e<br />
longos perfis, que seria impossível ou muito dispendioso <strong>por</strong> outros processos. O<br />
processo de laminação também possibilita a introdução de um elevado nível de<br />
automação, facilitando assim o controle de uma planta industrial, reduzindo a<br />
variabili<strong>da</strong>de do processo e permitindo reduzir a exposição dos operadores a riscos.<br />
Como os custos dos ferramentais de conformação <strong>por</strong> laminação (cilindros de<br />
laminação) e o investimento em instalações de uma linha de produção <strong>por</strong><br />
laminação são elevados, o tamanho do lote encomen<strong>da</strong>do afeta decisivamente no<br />
custo dos produtos gerados <strong>por</strong> laminação. Em alguns casos, utilizam-se cilindros<br />
confeccionados com caríssimos aços para trabalho a quente, de difícil usinagem, e<br />
nas quais devem ser executa<strong>da</strong>s, muitas vezes formas complexas ou com uma<br />
eleva<strong>da</strong> freqüência de renovação <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> usina<strong>da</strong> de trabalho. O processo de<br />
conformação <strong>por</strong> laminação é adequado para a produção em série, promovendo<br />
assim uma redução de custo de produção. Pelos motivos expostos, a laminação é<br />
um dos processos de conformação mais utilizados nas indústrias.<br />
Durante a laminação, raramente passa-se o material somente uma vez entre os<br />
cilindros de laminação, pois, a redução de área almeja<strong>da</strong> não pode ser consegui<strong>da</strong><br />
em um só passe. Assim, o equipamento de laminação deve ser capaz de submeter<br />
o material a uma seqüência de passes. Quando este equipamento consiste em<br />
somente um conjunto de cilindros, isto pode ser conseguido de duas formas: ou<br />
variando-se a distância entre os cilindros de trabalho, laminadores reguláveis<br />
durante a operação, ou mantendo-se esta distância fixa, laminadores fixos durante<br />
6
a operação, e variando-se o diâmetro (perfil) do cilindro ao longo do seu<br />
comprimento, o que equivale a variar a abertura entre os cilindros. Neste último<br />
caso, a peça a ser trabalha<strong>da</strong> deverá ser desloca<strong>da</strong> paralelamente aos cilindros<br />
para ca<strong>da</strong> passe sucessivo. O canal é um corte ou entalhe usinado na mesa dos<br />
cilindros, com forma pré-determina<strong>da</strong>, onde acontece a deformação do material<br />
durante o processo de laminação.<br />
Outra forma de realizar passes com diferentes reduções seria a colocação de<br />
laminadores em linha, com uma distância pré-determina<strong>da</strong> entre eles, de modo que<br />
trabalhassem o material sucessivamente e em alguns casos simultaneamente<br />
O processo de laminação pode ser feito a frio ou a quente. Normalmente, a<br />
laminação a quente é usa<strong>da</strong> para as operações de desbaste e a laminação a frio,<br />
para as operações de acabamento de produtos planos. Geralmente, utiliza-se um<br />
ou dois conjuntos de cilindros para a laminação a quente, de modo que o lingote ou<br />
o esboço passa várias vezes entre os mesmos cilindros. As últimas etapas <strong>da</strong><br />
laminação a quente e a maior parte <strong>da</strong> laminação a frio são efetua<strong>da</strong>s comumente<br />
em múltiplos conjuntos de cilindros denominados trens de laminação.<br />
O número de operações necessárias para atender a estes objetivos do processo de<br />
laminação, depende <strong>da</strong>s especificações estipula<strong>da</strong>s para a forma, as proprie<strong>da</strong>des<br />
mecânicas, as condições superficiais (rugosi<strong>da</strong>de, revestimentos, etc.) e em relação<br />
à macro e microestrutura do produto laminado. Quanto mais detalha<strong>da</strong>s forem<br />
estas especificações, mais complicado será o procedimento e um maior número de<br />
operações será necessário. Para obtenção de produtos laminados as principais<br />
etapas são:<br />
a) preparação do material inicial para a laminação;<br />
b) aquecimento do material inicial;<br />
c) laminação a quente;<br />
d) acabamento e/ou tratamento térmico (se se tratar de produto final);<br />
e) decapagem;<br />
f) laminação a frio (se necessário);<br />
g) tratamento térmico;<br />
h) acabamento e revestimento.<br />
Para facilitar o estudo <strong>da</strong> etapa de laminação de produtos acabados deve-se<br />
considerar que os produtos laminados de aço podem ser fabricados <strong>por</strong> um dos dois<br />
caminhos descritos a seguir:<br />
7
a) produção de perfis, tarugos e barras (produtos não-planos ou produtos longos);<br />
b) produção de chapas, tiras e folhas (produtos planos).<br />
Através do processo de laminação, lingotes são convertidos em produtos semi-<br />
acabados e os produtos semi-acabados (laminados ou lingotados continuamente)<br />
podem ser transformados em produtos acabados, os quais devem atender as<br />
especificações estabeleci<strong>da</strong>s em termos de proprie<strong>da</strong>des mecânicas, forma,<br />
dimensões, acabamento superficial, dentre outros critérios. As operações de<br />
acabamento envolvem operações de tratamentos térmicos (esferoidização,<br />
normalização, recozimento, etc.) ou tratamentos superficiais (galvanização,<br />
estanhagem, cementação, usinagem, têmpera superficial, etc.). Devido ao fato de<br />
as operações de laminação serem com freqüência as últimas operações que podem<br />
alterar a microestrutura do material, elas devem ser projeta<strong>da</strong>s de modo a permitir<br />
que a microestrutura deseja<strong>da</strong> seja obti<strong>da</strong>.<br />
Depois <strong>da</strong> obtenção <strong>da</strong>s placas ou dos blocos no laminador primário, estes dois<br />
semi-acabados serão acabados de maneiras diferentes.<br />
As placas serão reaqueci<strong>da</strong>s nos fornos de reaquecimento e poderão seguir <strong>por</strong> dois<br />
caminhos distintos: ou são encaminha<strong>da</strong>s a um laminador de chapas grossas onde<br />
a espessura <strong>da</strong> placa será reduzi<strong>da</strong>, ou são encaminha<strong>da</strong>s para o laminador de tiras<br />
a quente onde serão obti<strong>da</strong>s as bobinas de chapas lamina<strong>da</strong>s a quente, ou, em<br />
certos casos, as chapas grossas. As bobinas de tiras lamina<strong>da</strong>s a quente podem <strong>por</strong><br />
sua vez, seguir vários caminhos distintos: podem ser utiliza<strong>da</strong>s na fabricação de<br />
tubos com costura, <strong>por</strong> diversos processos; podem servir de matéria-prima para o<br />
laminador de tiras a frio obtendo-se assim chapas e tiras lamina<strong>da</strong>s a frio com ou<br />
sem revestimentos superficiais; podem servir de matéria-prima para os<br />
laminadores a frio tipo Sendzmir para o caso de aços especiais (inoxidáveis, ao<br />
silício, etc.) onde obteríamos as folhas ou fitas lamina<strong>da</strong>s. As tiras ou chapas<br />
oriun<strong>da</strong>s do laminador de tiras a quente podem também ser utiliza<strong>da</strong>s para a<br />
fabricação de peças dobra<strong>da</strong>s, longarinas, ro<strong>da</strong>s, vigas, vasos de pressão, etc..<br />
Para o caso dos blocos e tarugos, estes podem seguir três caminhos distintos: para<br />
os laminadores de perfis (leves, médios ou pesados) onde obteríamos os perfis<br />
estruturais e os trilhos; para os laminadores de barras ou de fios, através dos quais<br />
se chegaria aos diversos tipos de barras e aos fios-máquina; para os laminadores<br />
de tubos sem costura. Normalmente, to<strong>da</strong>s as etapas de laminação de blocos e<br />
tarugos até o produto final são efetua<strong>da</strong>s a quente.<br />
Durante as etapas de laminação, deve-se efetuar um controle de quali<strong>da</strong>de do<br />
produto para se detectar a presença de defeitos, tais como trincas e dobras, a fim<br />
8
de se evitar que um produto com excesso de defeitos, <strong>por</strong>tanto, rejeitável, continue<br />
sendo processado, com desperdício de tempo e energia.<br />
Para auxiliar nas discussões que serão efetua<strong>da</strong>s no decorrer deste texto, é<br />
conveniente que estes termos sejam adequa<strong>da</strong>mente definidos. Para tal,<br />
consideram-se as definições apresenta<strong>da</strong>s nas normas NBR6215/1986 -<br />
Terminologia de produtos siderúrgicos, NBR8643/1995 - Produtos siderúrgicos de<br />
aço e NM-COPANT1588/1996 - Produtos siderúrgicos - Definições e classificação:<br />
a) Lingotes - Produto bruto obtido pelo vazamento do aço líquido em moldes de<br />
forma semelhante a um tronco de pirâmide ou tronco de cone. Os lingotes são<br />
processados <strong>por</strong> laminação a quente ou forjamento obtendo-se produtos semi-<br />
acabados ou acabados. As faces laterais (lisas ou corruga<strong>da</strong>s) podem ser<br />
submeti<strong>da</strong>s aos processos de escarfagem ou esmerilhamento para remoção de<br />
defeitos superficiais. Operações de corte <strong>da</strong> cabeça e <strong>da</strong> base ou outros cortes<br />
podem ser aplicados para facilitar o processamento posterior.<br />
b) Produtos semi-acabados - Produtos obtidos <strong>por</strong> laminação ou forjamento de<br />
lingotes ou <strong>por</strong> lingotamento contínuo. São destinados à transformação em<br />
produtos acabados <strong>por</strong> laminação ou forjamento. Sua seção transversal pode ter<br />
diversas formas com dimensões constantes nesta seção, com uma maior tolerância<br />
do que as correspondentes a produtos acabados. Suas arestas são mais ou menos<br />
arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s. As faces laterais podem ser, as vezes, ligeiramente côncavas ou<br />
convexas, conservando marcas de laminação ou forjamento e podem estar<br />
descasca<strong>da</strong>s total ou parcialmente através de ferramentas como, <strong>por</strong> exemplo,<br />
maçarico ou esmeril.<br />
c) Produtos acabados laminados e produtos finais - Produtos que geralmente são<br />
fabricados <strong>por</strong> laminação e que normalmente não sofrem nenhum trabalho a<br />
quente nas usinas. A seção é uniforme em todo seu comprimento. Esta é<br />
usualmente defini<strong>da</strong> <strong>por</strong> uma norma na qual são estabeleci<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s e as<br />
tolerâncias de forma e dimensão. A superfície é geralmente lisa, mas em alguns<br />
casos, como <strong>por</strong> exemplo, barras para concreto armado, chapas para piso, etc.,<br />
podem conter intencionalmente nervuras ou altos relevos regularmente espaçados.<br />
De acordo com a forma e dimensões, classificam-se em produtos longos, fio-<br />
máquina e produtos planos.<br />
Quanto aos produtos acabados de laminação (observa-se que podemos obter<br />
produtos acabados a partir de semi-acabados <strong>por</strong> diversos processos de<br />
conformação tais como laminação, forjamento, trefilação, extrusão, etc.) existe<br />
uma subclassificação de extrema im<strong>por</strong>tância para o setor siderúrgico de acordo<br />
com o tipo de produto plano e não-plano.<br />
9
Entende-se <strong>por</strong> produto laminado plano ou simplesmente produto plano aquele cuja<br />
forma <strong>da</strong> seção transversal é retangular, sendo que a largura do produto é várias<br />
vezes maior do que a sua espessura.<br />
Produtos longos ou não-planos, pelo contrário, tem sua seção transversal diferente<br />
<strong>da</strong> forma retangular (exceção de barras chatas), formas em geral complexas e<br />
varia<strong>da</strong>s, embora já se tenham formas consagra<strong>da</strong>s e limita<strong>da</strong>s. É o caso de perfis<br />
tais como H, I, U, trilhos, barras redon<strong>da</strong>s, quadra<strong>da</strong>s, sextava<strong>da</strong>s e outros.<br />
Observa-se que inicialmente algumas empresas do setor siderúrgico procuravam<br />
atuar no mercado de produtos planos e não-planos (longos) visando o seu<br />
fortalecimento neste segmento industrial. Entretanto, alguns fatores suscitaram a<br />
uma praticamente divisão do setor siderúrgico em empresas especializa<strong>da</strong>s no<br />
segmento de planos e empresas especializa<strong>da</strong>s no segmento de não-planos. Dentre<br />
estes fatores podem ser citados os seguintes:<br />
- Os mercados que empregam os produtos siderúrgicos laminados planos e não-<br />
planos serem razoavelmente distintos, com destaque para as indústrias<br />
automobilísticas, vasos de pressão e de embalagens para o primeiro grupo e a<br />
indústria <strong>da</strong> construção civil para o segundo grupo.<br />
- A tecnologia emprega<strong>da</strong> principalmente na etapa de laminação principalmente a<br />
utilização de cilindros com canais para os produtos não-planos e de cilindros lisos<br />
para o segundo caso com uma grande preocupação com a planici<strong>da</strong>de do produto<br />
laminado.<br />
- A composição química dos aços serem diferentes de forma a favorecer a<br />
ductili<strong>da</strong>de dos produtos planos que são geralmente estampados e a resistência à<br />
deformação dos produtos não planos que são geralmente cortados e unidos <strong>por</strong><br />
sol<strong>da</strong>gem ou elementos de união (parafusos e rebites).<br />
Na Tabela 1 tem-se a distribuição <strong>da</strong>s aplicações dos aços produzidos pela<br />
siderurgia no ano de 2004. Observa-se que no ano de 2004 foram produzi<strong>da</strong>s<br />
1.057.128 x 10 3 tonela<strong>da</strong>s de aço nas aciarias. Cerca de 90,3% desta produção foi<br />
lingotado continuamente, 9,1% foi lingota<strong>da</strong> convencionalmente e o restante<br />
(0,5%) aplicado para peças fundi<strong>da</strong>s. O somatório <strong>da</strong> produção de planos e longos<br />
não coincide com a produção de aço na aciaria <strong>por</strong>que devem ser considera<strong>da</strong>s as<br />
per<strong>da</strong>s que existem durante a etapa de laminação e de lingotamento e as<br />
aplicações diretas dos produtos lingotados na área de construção mecânica,<br />
inclusive o forjamento de grandes peças. Observa-se que no ano de 2004, foram<br />
laminados 54,0% de produtos acabados planos e 46% e produtos acabados longos.<br />
A intenção <strong>da</strong> apresentação destas informações é ilustrar as aplicações dos aços,<br />
não sendo objetiva<strong>da</strong> uma exatidão numérica <strong>da</strong>s informações apresenta<strong>da</strong>s.<br />
10
Capítulo 2. Arranjo Físico <strong>da</strong>s Linhas de <strong>Laminação</strong><br />
O arranjo físico (layout) utilizado para a laminação envolve principalmente os<br />
seguintes itens:<br />
- o posicionamento <strong>da</strong>s cadeiras e de seus acessórios;<br />
- a localização dos equipamentos de resfriamento, corte, inspeção e acabamento<br />
dos produtos;<br />
- a distribuição <strong>da</strong>s cabines de controle e dos operadores e inspetores;<br />
- a localização dos laboratórios de ensaios de controle de quali<strong>da</strong>de dos produtos<br />
laminados, <strong>da</strong>s oficinas de cilindros e de guias, salas elétricas, salas de automação,<br />
centrais de lubrificação, <strong>da</strong>s oficinas de manutenção e de cadeiras de reserva ou<br />
pré-monta<strong>da</strong>s e uni<strong>da</strong>des de tratamento de água de processo;<br />
- a localização dos estoques de matérias-primas, de materiais sendo processados,<br />
dos produtos acabados, dos materiais desviados (sucatas e produtos<br />
desclassificados) e<br />
- a localização <strong>da</strong> rede de distribuição de insumos e utili<strong>da</strong>des (água, gases,<br />
lubrificantes, energia elétrica).<br />
11
Tabela 1 — Dados <strong>da</strong> produção siderúrgica mundial em 2004 <strong>por</strong> tipo de<br />
produto (Fonte: International Iron and Steel Institute, Steel Statistical<br />
Yearbook 2005, Brussels, 2006).<br />
Produção Siderúrgica Mundial <strong>por</strong> Tipo de Produto no Ano de 2004<br />
PRODUTO Quanti<strong>da</strong>de (10 3 t)<br />
Fundição (peças fundi<strong>da</strong>s) 5.041<br />
Lingotamento convencional (lingotes) 95.794<br />
Lingotamento contínuo (placas, blocos e tarugos) 956.293<br />
Produção total de aço 1.057.128<br />
Laminados a quente (incluindo a laminação de lingotes) 980.627<br />
Produtos planos laminados a quente 481.073<br />
Produtos longos Laminados a quente (excluindo-se os tubos sem<br />
costura)<br />
DADOS DE APLICAÇÕES TÍPICAS<br />
389.696<br />
Tubos de pequeno diâmetro conformados e sol<strong>da</strong>dos 69.903<br />
Perfis pesados (≥ 80 mm) 35.570<br />
Chapas revesti<strong>da</strong>s <strong>por</strong> outros materiais metálicos (Zn, Cr, etc.) 87.246<br />
Perfis leves (< 80 mm) 49.306<br />
Chapas revesti<strong>da</strong>s <strong>por</strong> outros materiais não-metálicos 7.998<br />
Vergalhões 91.546<br />
Tubos sol<strong>da</strong>dos de grande diâmetro 41.058<br />
Barras (com exceção dos vergalhões) 84.205<br />
Consumo aparente de aço 1.084.106<br />
Fio-máquina 110.896<br />
Consumo aparente de aço per capita (kg/habitante/ano) 183,0<br />
Trilhos 6.917<br />
Consumo aparente de produto acabado 985.534<br />
Tubos sem costura (laminados) 19.874<br />
Consumo aparente de produto acabado per capita<br />
Chapas de aço para fins elétricos (a frio)<br />
(kg/habitante/ano)<br />
7.356 166,3<br />
Folhas de Flandres 13.920<br />
Produção de aço inoxidável e aços resistentes ao calor (lingotes 24.570<br />
12
O arranjo físico deve ser projetado de forma a:<br />
- minimizar os custos de instalação, produção e de movimentação;<br />
- propiciar a adequa<strong>da</strong> segurança para o pessoal e equipamentos envolvidos direta<br />
e indiretamente com a laminação,<br />
- possibilitar um tempo reduzido para troca do programa de produção (câmbio) e<br />
para realização de manutenções,<br />
- apresentar flexibili<strong>da</strong>de para alteração do mix de produtos e permitir a futura<br />
expansão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de produção <strong>da</strong> laminação, evitando-se estrangulamentos<br />
irreversíveis em determinado setor.<br />
Normalmente recomen<strong>da</strong>-se que o projeto do arranjo físico resulte no menor<br />
espaço físico ocupado, de modo propiciar uma menor área construí<strong>da</strong>, redução <strong>da</strong>s<br />
redes de distribuição de utili<strong>da</strong>des e mínimo de movimentações internas, ou seja,<br />
que os próprios equipamentos de processo sirvam de elo de trans<strong>por</strong>te entre as<br />
diversas fases de fabricação. A instalação <strong>da</strong>s cadeiras de laminação com o piso<br />
elevado (segundo piso) apresenta a vantagem de reduzir a necessi<strong>da</strong>de de se<br />
realizar escavações profun<strong>da</strong>s para posicionamento de instalações e equipamentos<br />
acessórios à linha de produção, além de uma maior proteção no caso de enchentes.<br />
Os arranjos físicos <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de laminação são continuamente aperfeiçoados.<br />
Isto se deve ao fato de que os fabricantes de equipamentos de laminação<br />
disponibilizarem novos equipamentos de processamento, monitoramento e controle<br />
do processo, de modo que a continui<strong>da</strong>de e automação do processo é crescente nas<br />
linhas de laminação. Como continui<strong>da</strong>de do processo entende-se a eliminação de<br />
etapas intermediárias de aquecimento, desbaste, marcação, estoque, inspeção e<br />
condicionamento.<br />
e placas)<br />
Os fatores citados resultaram em linhas de laminação mais flexíveis, compactas, e<br />
de eleva<strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de de processamento, resultando em uni<strong>da</strong>des com alta<br />
produtivi<strong>da</strong>de, maior estabili<strong>da</strong>de operacional e mínima variabili<strong>da</strong>de de<br />
características dos produtos gerados, propiciando operações mais confiáveis e<br />
custos de produção mais competitivos. A implantação de sistemas de gestão <strong>da</strong><br />
fábrica que privilegiam a estabili<strong>da</strong>de, a melhoria continua e a inovação dos<br />
processos, contribui decisivamente para a efetivação dos ganhos citados.<br />
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Se observarmos o parque industrial brasileiro ou mesmo mundial, são encontrados<br />
vários tipos de arranjos físicos para produção de produtos longos laminados. Tal<br />
diversi<strong>da</strong>de é conseqüência dos seguintes fatores:<br />
- o estágio do desenvolvimento tecnológico do fornecedor do equipamento de<br />
laminação selecionado prevalecente quando do projeto e implantação dos<br />
equipamentos;<br />
- o montante de investimento disponível no momento <strong>da</strong> implantação e ao longo<br />
dos anos de funcionamento <strong>da</strong> fábrica;<br />
- a capaci<strong>da</strong>de de produção especifica<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s futuras ampliações almeja<strong>da</strong>s e<br />
- o mix de produção previsto (tipo de produto, tipo de aço e requisitos de quali<strong>da</strong>de<br />
exigidos).<br />
Assim, diversos tipos de cadeiras (trio, duo não-reversível, duo reversível,<br />
universal, cantiléver, calibradoras com 2, 3 ou 4 roletes e planetárias), diversas<br />
plataformas (horizontal, vertical, obliqua, conversíveis e disposição em H-V) e<br />
varia<strong>da</strong>s disposições <strong>da</strong>s cadeiras (trem aberto, em série, contínuo, semi-contínuo,<br />
em ziguezague, alternado e múltiplo), além <strong>da</strong> utilização ou não de blocos<br />
laminadores/calibradores 2 . Os diversos tipos de cadeiras, de plataformas e de<br />
disposição <strong>da</strong>s cadeiras são apresentados no livro Processos de <strong>Laminação</strong> dos<br />
Aços: Uma Introdução (RIZZO, 2007).<br />
Em relação ao desenvolvimento tecnológico dos fornecedores de equipamentos,<br />
deve-se ressaltar que os equipamentos concebidos, projetados e construídos <strong>por</strong><br />
um determinado fabricante são normalmente protegidos <strong>por</strong> patentes. Entretanto,<br />
se o tipo de equipamento instalado é aprovado pelos clientes (empresas de<br />
laminação), logo surgem equipamentos similares oferecidos <strong>por</strong> outros fabricantes,<br />
havendo maior concorrência em termos de custo, prazos, garantias e assistência<br />
técnica.<br />
Em relação aos arranjos físicos <strong>da</strong>s linhas de laminação podem ser observados os<br />
seguintes avanços implementados nas usinas siderúrgicas ou disponibilizados pelos<br />
fabricantes de equipamentos nos últimos anos:<br />
A - Utilização de máquinas de sol<strong>da</strong> para realizar a união dos esboços nos últimos<br />
passes (fase intermediária ou de acabamento) na laminação a quente de produtos<br />
planos ou de produtos longos.<br />
2 São conjuntos de cadeiras compactas monta<strong>da</strong>s em um único conjunto mecânico; as cadeiras são<br />
aciona<strong>da</strong>s <strong>por</strong> um ou vários motores, de acordo com a potência necessária; esta técnica foi desenvolvi<strong>da</strong><br />
para a laminação de fio-máquina, sendo posteriormente estendi<strong>da</strong> para laminadores de barras leves; o<br />
bloco Morgan deve o seu nome ao fabricante que foi pioneiro neste tipo de equipamento.<br />
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Este tipo de arranjo permite aumentar a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> linha de laminação pelo<br />
fato de reduzir os tempos mortos (sem material sob entre cilindros), reduzir a<br />
ciclagem térmica dos cilindros de laminação, além de reduzir substancialmente o<br />
número de pontas de esboços com deslocamento livre na mesa de rolos, reduzindo<br />
assim a possibili<strong>da</strong>de de geração de sucata na linha de laminação. O aumento de<br />
produtivi<strong>da</strong>de também está associado a eliminação <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de redução <strong>da</strong><br />
veloci<strong>da</strong>de de laminação na etapa de mordi<strong>da</strong> do esboço pelos cilindros ou <strong>por</strong> uma<br />
bobinadeira, principalmente no caso do processamento de materiais de reduzi<strong>da</strong><br />
espessura.<br />
B – Integração direta <strong>da</strong>s linhas de lingotamento contínuo com a laminação a<br />
quente de produtos planos ou longos<br />
Este tipo de arranjo permite reduzir consideravelmente os custos de produção e o<br />
run time principalmente pelo fato de não ser necessário o resfriamento do produto<br />
lingotado (placa fina ou tarugo) até a temperatura ambiente. Um forno de<br />
homogeneização de temperatura (o núcleo do produto lingotado cede calor para a<br />
sua periferia) equipamento com queimadores direcionados principalmente para as<br />
quinas dos produtos. Entretanto, observa-se que este tipo de arranjo apresenta as<br />
limitações de não ser adequado para eleva<strong>da</strong>s produções (limite superior em torno<br />
de 1,5 Mt/ano e 0,5 Mt/ano para laminação de planos e de longos respectivamente.<br />
Além do mais, como o produto lingotado não é resfriado até a temperatura<br />
ambiente para permitir a sua inspeção e, se necessário, o seu condicionamento<br />
(remoção de defeitos). O que vêm limitando a aplicação deste processo aos aços<br />
ditos comerciais, ou seja, sem maiores exigências em termos de proprie<strong>da</strong>des<br />
mecânicas, limpidez ou garantia de aplicação <strong>por</strong> parte <strong>da</strong>s usinas siderúrgicas.<br />
Corroborando com esta análise pode citar também que a necessi<strong>da</strong>de de existir um<br />
perfeito sincronismo operacional entre a aciaria e a laminação pode limitar a<br />
realização de ativi<strong>da</strong>de de correção do processamento para assegurar uma melhor<br />
quali<strong>da</strong>de do processamento do aço nas etapas de refino secundário, lingotamento<br />
ou laminação, ou seja, a valoração <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de em detrimento do<br />
atendimentos de requisitos de quali<strong>da</strong>de. Portanto, a fixação precisa de parâmetros<br />
operacionais para elaboração, lingotamento, laminação e resfriamento doa aços é a<br />
utilização de técnicas, equipamento e procedimentos de acompanhamento deste<br />
parâmetros é fun<strong>da</strong>mental para que tais limitações sejam supera<strong>da</strong>s, permitindo a<br />
aplicação desta tecnologia para aços de com exigências mais restritivas e,<br />
conseqüentemente, de maior valor agregado. Ressalta-se ain<strong>da</strong> que a utilização de<br />
equipamentos e procedimentos operacionais que propiciem condições para um<br />
funcionamento ininterrupto dos diversos equipamentos que constituem uma aciaria<br />
e laminação integrados (desde o pátio de matérias-primas <strong>da</strong> aciaria até o pátio de<br />
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produtos laminados) é de fun<strong>da</strong>mental im<strong>por</strong>tância para que as vantagens <strong>da</strong><br />
integração aciaria/laminação cita<strong>da</strong>s sejam auferi<strong>da</strong>s.<br />
C – Realização de tratamentos térmicos em linha<br />
A realização de tratamentos térmicos dos produtos laminados diretamente, ou seja,<br />
aproveitando o fato do produto laminado se encontrar em uma faixa de<br />
temperatura adequa<strong>da</strong> ao tratamento térmico proposto e submetendo-o ao<br />
resfriamento adequado, apresenta vantagens e limitações semelhantes às cita<strong>da</strong>s<br />
no item anterior. Este tipo de técnica vem sendo aplicado há muito anos para o<br />
caso de laminação de vergalhões, <strong>por</strong>ém a necessi<strong>da</strong>de de inspeção manual dos<br />
produtos laminados antes <strong>da</strong> aplicação dos tratamentos térmicos e a deficiência de<br />
sincronismo entre as etapas de laminação e acabamento de produtos laminados<br />
restringiam a sua utilização para produtos com exigências de quali<strong>da</strong>de mais<br />
restritivas. Com a introdução de dispositivos de inspeção em linha (baseados em<br />
técnicas de ensaios não destrutivos ou a laser) e de sistemas automatizados de<br />
corte, formação de lotes, compactação e embalagem de produtos laminados tais<br />
limitações estão sendo progressivamente supera<strong>da</strong>s.<br />
D – Realização de operações de decapagem, laminação a frio, tratamentos térmicos<br />
e revestimento de forma integra<strong>da</strong>.<br />
A realização destas operações para produtos laminados planos sem a necessi<strong>da</strong>de<br />
de etapas intermediárias de bobinamento e desbobinamento permite reduzir o run<br />
time e a introdução de defeitos inerentes a tais operações. Porém, mais uma vez<br />
existe a necessi<strong>da</strong>de de utilização de equipamentos e procedimentos operacionais<br />
que propiciem condições para um funcionamento ininterrupto <strong>da</strong>s diversas uni<strong>da</strong>des<br />
é de suma im<strong>por</strong>tância para que as vantagens desta integração sejam alcança<strong>da</strong>s.<br />
E - Produtos planos:<br />
As placas lingota<strong>da</strong>s continuamente pelos processos convencionais, apresentam<br />
espessura na faixa de 200 a 400 mm e largura de 600 até 4.000 mm. Placas finas<br />
são lingota<strong>da</strong>s na faixa de 30 a 150 mm de espessura.<br />
A largura <strong>da</strong> placa depende do produto a ser laminado posteriormente.<br />
Normalmente, quanto menor a espessura do produto final (chapas finas ou folhas,<br />
<strong>por</strong> exemplo) menor deve ser a largura <strong>da</strong> placa para que sejam atendi<strong>da</strong>s as<br />
tolerância de coroa (variação de espessura ao longo <strong>da</strong> largura do produto<br />
laminado), devido a flexão dos cilindros de laminação. Quanto menor a largura <strong>da</strong><br />
placa, menor a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> máquina de lingotamento contínuo, pois,<br />
normalmente, a veloci<strong>da</strong>de máxima de lingotamento é limita<strong>da</strong> pela espessura <strong>da</strong><br />
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placa, e não <strong>por</strong> sua largura. Esta limitação pode ser supera<strong>da</strong> pela consoli<strong>da</strong>ção de<br />
uma série de aperfeiçoamentos que estão sendo introduzi<strong>da</strong>s nos equipamentos de<br />
laminação a quente e a frio de chapas.<br />
Uma opção para aumentar a produtivi<strong>da</strong>de no lingotamento de placas de aço,<br />
principalmente no caso de placas de pequena largura, é a realização do<br />
lingotamento duplo (twin), ou seja, a subdivisão de um molde em duas partes. O<br />
lingotamento do tipo twin possibilita a utilização de até 4 veios em uma máquina de<br />
lingotamento de placas de aço.<br />
Outra possibili<strong>da</strong>de de redução de custos de uma usina siderúrgica de produtos<br />
laminados planos é através <strong>da</strong> produção de placas finas. A produção de placas finas<br />
permite reduzir a etapa de laminação, pois, dispensa a realização de<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 5 a 7 passes de redução no laminador de desbaste de placas,<br />
podendo também dispensar a etapa de reaquecimentos de placas (apenas um forno<br />
do tipo túnel para conservação de temperatura), já que é possível a laminação<br />
direta do produto lingotado no trem acabador de tiras a quente sem passar <strong>por</strong><br />
uma etapa de resfriamento, inspeção e condicionamento <strong>da</strong>s placas.<br />
Placas mais espessas, acima de 300 mm, são mais indica<strong>da</strong>s para a laminação de<br />
chapas grossas (na faixa de 10 a 30 mm), pois, neste caso, é possível a aplicação<br />
de uma maior intensi<strong>da</strong>de de deformação plástica, permitindo uma melhoria <strong>da</strong>s<br />
proprie<strong>da</strong>des mecânicas do produto final.<br />
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Produtos Longos<br />
Nas empresas que utilizam lingotes, são empregados fornos-poço para realizar o<br />
aquecimento <strong>da</strong> matéria-prima, enquanto que nas empresas que trabalham com<br />
blocos, tarugos ou pequenos lingotes, são utilizados fornos de reaquecimento<br />
geralmente do tipo contínuo. A manipulação dos blocos é mais simples para os<br />
trens desbastadores duo-reversíveis e consta normalmente de mesas de rolos e<br />
transferidores. Nos laminadores desbastadores trio, torna-se necessário o emprego<br />
de mesas elevatórias (basculantes). Estas mesas são dota<strong>da</strong>s de réguas e viradores<br />
para facilitar a introdução do esboço em determinado canal. Em alguns trens, as<br />
mesas elevatórias podem se deslocar lateralmente, podendo servir a mais de uma<br />
cadeira.<br />
Depois de termina<strong>da</strong> a laminação, as barras e perfis são cortados a quente <strong>por</strong><br />
tesoura ou serra, resfriados em leitos adequados, desempenados em máquinas<br />
especiais (para alguns perfis ou barras) e cortados a frio no comprimento final.<br />
Para alguns perfis ou barras pode haver a necessi<strong>da</strong>de de condicionamento <strong>da</strong><br />
superfície (descascamento, torneamento, retificação), calibração <strong>da</strong>s dimensões e<br />
melhoria <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des mecânicas (tratamentos térmicos).<br />
As descontinui<strong>da</strong>des de superfície dos produtos laminados podem ser removi<strong>da</strong>s<br />
através de esmerilhamento, desde que o material não sofra mu<strong>da</strong>nças bruscas na<br />
sua superfície, permanecendo o produto dentro <strong>da</strong>s tolerâncias. Para<br />
recondicionamento localizado, em alguns casos, é permitido que o material fique<br />
fora <strong>da</strong>s tolerâncias dimensionais, desde que haja acordo prévio entre produtor e<br />
comprador.<br />
Laminadores de barras e perfis com projetos mais antigos, alguns ain<strong>da</strong> em<br />
operação atualmente <strong>por</strong> serem viáveis técnica e economicamente, apresentam<br />
configurações que utilizam desbastadores reversíveis, trens acabadores do tipo<br />
aberto ou em ziguezague e leitos de resfriamento nas linhas de laminação. Este<br />
tipo de linha evoluiu para linhas contínuas na etapa de acabamento (perfis e barra<br />
leves) ou para laminadores intermediários ou acabadores reversíveis (trilhos e<br />
perfis médios e pesados). A maior veloci<strong>da</strong>de de processamento obti<strong>da</strong> permite<br />
modificar inclusive o dimensionamento dos produtos laminados, pois, permite que a<br />
espessura <strong>da</strong> alma seja reduzi<strong>da</strong> sem acarretar uma excessiva per<strong>da</strong> de<br />
temperatura durante a deformação do esboço. Para alguns tipos de barras também<br />
podem ser utiliza<strong>da</strong>s bobinadeiras.<br />
Mais recentemente foi introduzido o conceito de linhas de laminação sem fim<br />
(endless rolling) nas quais os esboços são unidos através de sol<strong>da</strong> durante o<br />
processamento no trem de laminação. Desta forma é possível eliminar tempos<br />
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mortos entre laminações sucessivas de esboços e reduzir problemas de variações<br />
de temperatura, agarramento do esboço pelos cilindros e bobinamento dos<br />
produtos. Este tipo de configuração foi estendido para o lingotamento e laminação<br />
sem fim (endless casting and rolling) no qual o aço é lingotado continuamente, o<br />
tarugo tem sua temperatura uniformiza<strong>da</strong>, sendo a seguir laminado e tratado<br />
termicamente em uma única linha de produção conecta<strong>da</strong>. Também pode ser<br />
considerado um im<strong>por</strong>tante progresso na configuração <strong>da</strong>s linhas de laminação a<br />
utilização de pré-formas (beam blank) lingota<strong>da</strong>s continuamente como matéria-<br />
prima dos laminadores de perfis.<br />
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