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Escoamento Superficial

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1. GENERALIDADES<br />

<strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Capítulo<br />

8<br />

O escoamento superficial tem origem, fundamentalmente, nas precipitações. Ao chegar ao solo,<br />

parte da água se infiltra, parte é retirada pelas depressões do terreno e parte se escoa pela superfície.<br />

Inicialmente a água se infiltra; tão logo a intensidade da chuva exceda a capacidade de infiltração do<br />

terreno, a água é coletada pelas pequenas depressões. Quando o nível à montante se eleva e superpõe<br />

o obstáculo (ou o destrói), o fluxo se inicia, seguindo as linhas de maior declive, formando<br />

sucessivamente as enxurradas, córregos, ribeirões, rios e reservatórios de acumulação.<br />

É, possivelmente, das fases básicas do ciclo hidrológico, a de maior importância para o engenheiro, pois<br />

a maioria dos estudos hidrológicos está ligada ao aproveitamento da água superficial e à proteção<br />

contra os efeitos causados pelo seu deslocamento.<br />

Figura 8.1 – <strong>Escoamento</strong> superficial (Fonte: GRAY, 1973)<br />

2. COMPONENTES DO ESCOAMENTO<br />

A água, uma vez precipitada sobre o solo, pode seguir três caminhos básicos para atingir o curso<br />

d’água: o escoamento superficial, o escoamento sub-superficial (hipodérmico) e o escoamento<br />

subterrâneo, sendo as duas últimas modalidades sob velocidades mais baixas. Observa-se que o


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

deflúvio direto abrange o escoamento superficial e grande parte do sub-superficial, visto que este<br />

último atinge o curso d’água tão rapidamente que, comumente, é difícil distinguí-lo do verdadeiro<br />

escoamento superficial.<br />

O escoamento de base, constituído basicamente do escoamento subterrâneo, é o responsável<br />

pela alimentação do curso d’água durante o período de estiagem.<br />

3. HIDRÓGRAFA<br />

Denomina-se hidrógrafa ou hidrograma a representação gráfica da vazão que passa por uma<br />

seção, ou ponto de controle, em função do tempo.<br />

A caracterização de um hidrograma é feita a partir de observações e registros das variações de<br />

vazão no decorrer do tempo.<br />

Na figura 8.2 está mostrada um hidrograma com as vazões médias diárias para um dado ano.<br />

Figura 8.2 – Registro de descargas diárias do Rio Tietê. (Fonte: VILLELA, 1975).<br />

2


3.1. ELEMENTOS DO HIDROGRAMA<br />

hidrologia.<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Isolando-se picos do hidrograma, pode-se analisar alguns fenômenos de interesse para a<br />

A figura 8.3 mostra um diagrama hipotético acompanhado da chuva que o gerou.<br />

Figura 8.3 – Ietograma e Hidrograma (Fonte: VILLELA, 1975).<br />

Na seção do curso d’água onde se está registrando a vazão, verificou-se que, após o início a<br />

precipitação (t o), o nível da água começa a elevar-se. A vazão cresce desde o instante correspondente<br />

ao ponto B, quando atinge seu pico. Terminada a precipitação, o escoamento superficial prossegue<br />

durante certo tempo e a curva de vazão vai decrescendo. Ao trecho BC denomina-se curva de depressão<br />

do escoamento superficial. A linha tracejada AEC representa a vazão correspondente ao lençol d’água.<br />

Para efeitos práticos, a linha que representa a contribuição da água do lençol subterrâneo ao curso<br />

d’água costuma ser representada pela reta AC.<br />

3


3.2. SEPARAÇÃO DO HIDROGRAMA<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

O hidrograma de uma onda de cheia é formado pela superposição de dois tipos distintos de<br />

afluxos: um proveniente do escoamento superficial (+ subsuperficial + precipitação direta) e outro,<br />

da contribuição do lençol subterrâneo.<br />

Esses dois componentes possuem propriedades sensivelmente diversas, notando-se que,<br />

enquanto as águas superficiais, pela sua maior velocidade de escoamento, preponderam na formação de<br />

enchentes, a contribuição subterrânea pouco se altera.<br />

Essa distinção de comportamento torna conveniente o estudo separado da porção referente ao<br />

escoamento superficial, que melhor define o fenômeno das cheias.<br />

Embora a linha AEC seja mais correta para separar os escoamentos, é de difícil determinação e<br />

como já referido para fins práticos toma-se a reta AC. O ponto A corresponde ao início do escoamento,<br />

com a mudança brusca na inclinação da curva de vazão. O ponto C, de mais difícil determinação,<br />

normalmente é tomado no ponto de máxima curvatura, sendo o período de tempo entre o ponto B e C,<br />

tomado como um número inteiro de dias.<br />

ABCA.<br />

A determinação do total escoado superficialmente é feita por planimetria da área hachurada<br />

3.3. DETERMINAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO EFETIVA<br />

Alguns procedimentos são disponíveis para o cálculo da chuva excedente, ou seja, daquela que<br />

efetivamente contribui para o escoamento superficial.<br />

3.3.1. MÉTODO DO SOIL CONSERVATION SERVICE (SCS)<br />

Este método leva em conta, além da precipitação e a umidade anterior, o complexo solo<br />

vegetação, expresso pelo parâmetro N encontrado na tabela 1. A fórmula tem a seguinte apresentação:<br />

⎛P<br />

− 5080 ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ N + 50,<br />

8<br />

P<br />

⎠<br />

E<br />

=<br />

⎛P<br />

+ 20320 ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ N − 203,<br />

2 ⎠<br />

2<br />

4


onde:<br />

P E = excesso de chuva (mm)<br />

P = precipitação (mm)<br />

N = número de deflúvio que define o complexo hidrológico solo vegetação<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Cumpre observar, no entanto, a validade da equação acima somente a partir da precipitação P tal<br />

que o numerador seja positivo.<br />

Tabela 8.1 – Valores do número de deflúvio N. (Fonte: WILKEN, 1978)<br />

Utilização da terra Condições de superfície<br />

Terrenos cultivados Com suícos retilíneos<br />

Em fileiras retas<br />

Plantações regulares Em curvas de nível<br />

Terraceado em nível<br />

Em fileiras retas<br />

Plantações de cereais Em curvas de nível<br />

Terraceado em nível<br />

Em fileiras retas<br />

Plantações de legumes<br />

ou campos cultivados<br />

Em curvas de nível<br />

Terraceado em nível<br />

Pobres<br />

Normais<br />

Boas<br />

Pastagens Pobres, em curvas de nível<br />

Normais, em curvas de nível<br />

Boas, em curvas de nível<br />

Campos permanentes Normais<br />

Esparsas, de baixa transpiração<br />

Normais<br />

Densas, de alta transpiração<br />

Chácaras<br />

Estradas de terra<br />

Normais<br />

Más<br />

De superfície dura<br />

Florestas Muito esparsas, baixa tanspiração<br />

Esparsas<br />

Densas, alta transpiração<br />

Normais<br />

Superfícies impermeáveis<br />

Tipos de solos de área<br />

A B C D<br />

77<br />

70<br />

67<br />

64<br />

64<br />

62<br />

60<br />

62<br />

60<br />

57<br />

68<br />

49<br />

39<br />

47<br />

25<br />

6<br />

30<br />

45<br />

36<br />

25<br />

59<br />

72<br />

74<br />

56<br />

46<br />

26<br />

36<br />

Áreas urbanizadas 100 100 100 100<br />

86<br />

80<br />

77<br />

73<br />

76<br />

74<br />

71<br />

75<br />

72<br />

70<br />

79<br />

69<br />

61<br />

67<br />

59<br />

35<br />

58<br />

66<br />

60<br />

55<br />

74<br />

82<br />

84<br />

75<br />

68<br />

52<br />

60<br />

91<br />

87<br />

83<br />

79<br />

84<br />

82<br />

79<br />

83<br />

81<br />

78<br />

86<br />

79<br />

74<br />

81<br />

75<br />

70<br />

71<br />

77<br />

73<br />

70<br />

82<br />

87<br />

90<br />

86<br />

78<br />

62<br />

70<br />

94<br />

90<br />

87<br />

82<br />

88<br />

85<br />

82<br />

87<br />

84<br />

89<br />

89<br />

94<br />

80<br />

88<br />

83<br />

79<br />

78<br />

83<br />

79<br />

77<br />

86<br />

89<br />

92<br />

91<br />

84<br />

69<br />

76<br />

5


e argila.<br />

Observações:<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

O solo tipo A é o de mais baixo potencial de deflúvio. Terrenos muito permeáveis. Com pouco silte<br />

O solo tipo B tem uma capacidade de infiltração acima da média após o completo umedecimento.<br />

Inclui solos arenosos.<br />

O solo tipo C tem uma capacidade de infiltração abaixo da média após a pré-saturação. Contém<br />

porcentagem considerável de argila e colóide.<br />

O solo tipo D é o de mais alto potencial de deflúvio. Terrenos quase impermeáveis junto à<br />

superfície. Argiloso.<br />

3.3.2. MÉTODO DO ÍNDICE φ<br />

Conhecendo-se a precipitação e o escoamento superficial, em uma bacia pode-se calcular por<br />

diferença, a capacidade de infiltração da mesma, embora o valor encontrado englobe, além da<br />

infiltração, toda interceptarão é armazenagem nas depressões. Este por menor, entretanto, não afeta a<br />

solução dos problemas de um projeto, vez que normalmente a meta é o conhecimento do escoamento<br />

superficial resultante de uma certa precipitação, conhecida a capacidade de infiltração (VILLELA, 1975).<br />

O método é apresentado, a seguir, em forma de algoritmo:<br />

1. Computar, para cada intervalo de tempo, a precipitação ocorrida.<br />

2. Deduzir da precipitação total (P) , a quantidade de água escoada.<br />

3. Dividir o valor obtido pelo tempo de duração total da chuva. Obten-se desta forma o φ<br />

hipotético.<br />

4. Comparar o φ h com as precipitações observadas em cada intervalo de tempo. Caso, algum<br />

intervalo, a precipitação tenha sido inferior ao φ h, exclui-lo do calculo e repetir o processo.<br />

Exemplo numérico:<br />

Durante a cheia , em uma bacia produzida por uma chuva cuja altura é de P = 76mm, o<br />

escoamento superficial foi equivalente a Q = 33mm. A distribuição do tempo da chuva é dada abaixo:<br />

6


Tabela 8.2<br />

Horas 1 a<br />

2 a<br />

3 a<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Chuvas(mm) 8 18 25 12 10 3 76<br />

Temos que:<br />

• Recarga da bacia ( L+ G ) = P – Q = 76 – 33 = 43 mm<br />

• Supondo o excesso de chuva de 6 horas, obtemos:<br />

43<br />

Índice φ = = 7, 2 mm/h<br />

6<br />

4 a<br />

5 a<br />

6 a<br />

Total<br />

• Entretanto, este valor é superior á chuva precipitada na 6 a hora; assim, essa chuva não foi<br />

efetivada e deve portanto ser retirada dos cálculos.<br />

L + G = ( 76 – 3 ) – 33 = 40 mm<br />

• Supondo agora o excesso de chuva de 5 horas:<br />

Índice φ = 40/5 = 8,0 mm/h.<br />

3.4. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO (T C)<br />

Figura 8.4 – Cálculo do Índice φ<br />

É o intervalo de tempo contado a partir do início da precipitação para que toda a bacia<br />

hidrográfica correspondente passe a contribuir na seção de estudo. Corresponde à duração da trajetória<br />

da partícula de água que demore mais tempo para atingir a seção.<br />

7


3.5. FORMA DO HIDROGRAMA VERSUS A RELAÇÃO T C E T R<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

A relação tempo de concentração (t C) e tempo de duração da chuva (t r) condicionará, no<br />

hidrograma, à existência de uma ou mais pontos de inflexão.<br />

Analisaremos aqui o caso particular da bacia hipotética de tempo de concentração t C submetida a<br />

precipitações de diferentes durações.<br />

Caso A<br />

Figura 8.5 – Hidrogramas das chuvas a, b e c. (Fonte: WILKEN, 1978)<br />

Similarmente ao caso c, existem dois pontos de inflexão. O patamar ocorre, agora, em virtude de<br />

uma compensação entre a água que deixou de precipitar após o t r e aquela oriunda da parte mais<br />

jusante da bacia.<br />

8


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

A figura mostra que a chuva cuja duração é igual ao tempo de concentração, produzira uma maior<br />

vazão no ponto de controle, sendo portanto considerada de duração crítica.<br />

Caso B<br />

Existência de um único ponto de inflexão devido ao fato do término da chuva coincidir com o<br />

momento em que toda a bacia contribui para a vazão na seção de controle.<br />

Caso C<br />

Existência de dois pontos de inflexão; um, corresponde ao tempo de concentração t C, e o outro<br />

corresponde ao tempo de duração de chuva t r. o patamar entre t C e t r resulta do fato de que, uma vez<br />

atingido t C (contribuição simultânea de toda a bacia), a chuva prossegue sem elevar a vazão, já que sua<br />

intensidade é admitida constante, ou seja, há compensação entre o inflow e o outflow.<br />

4. CLASSIFICAÇÃO DAS CHEIAS<br />

Quando não há precipitação, o fluxo de um curso d’água provém inteiramente da água do solo.<br />

Isto provoca um abaixamento do nível freático e uma diminuição constante da vazão do curso d’água,<br />

até que tenha lugar uma chuva de intensidade suficiente para provocar escoamento ou acréscimo de<br />

água no solo. Se o nível da água do solo estiver em sua máxima altura no fim de um período de<br />

escoamento superficial, e se não ocorrer precipitação até que o escoamento no curso d’água cesse<br />

completamente, a hidrógrafa neste período representará a curva de depleção da água do solo, o qual<br />

podemos ver na figura 8.3 como o trecho a partir do ponto c.<br />

Figura 8.6 – Hidrógrafa. (Fonte: WISLER, 1964).<br />

9


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

O escoamento superficial produz, invariavelmente, a cheia de curso d’água. O termo “cheia” é<br />

referido à acréscimos de fluxo de menor importância (evento extremo → enchente) tais como os que<br />

ocorrem algumas vezes por ano.<br />

Classificação das cheias:<br />

Tipo 0 – Não há escoamento superficial, uma vez que a intensidade da chuva (i) é menor que<br />

a capacidade de infiltração (f). a curva de depleção normal tem ramo descendente<br />

ininterrupto, não havendo assim cheia no rio. Deve-se observar que, na prática, é<br />

impossível a ocorrência de uma cheia Tipo 0 perfeita, vez que parte da precipitação<br />

incide diretamente sobre o curso d’água.<br />

Tipo 1 – A intensidade da chuva (i) ainda é menor que a capacidade de infiltração (f) e a<br />

deficiência de umidade natural (DUN) é menor que a infiltração total (F). Não há<br />

escoamento superficial, porém verifica-se um acréscimo de água no solo. Há três<br />

casos ligados ao tipo 1. Em todos eles é verificado o aumento do lençol d’água no<br />

intervalo mn. No primeiro caso, a proporção de aumento é menor que a depressão<br />

normal da água no solo; no segundo, as proporções são iguais e no terceiro, a<br />

proporção de acréscimo da água do solo é maior que a depleção normal.<br />

Tipo 2 – A intensidade da chuva (i) é maior que a capacidade de infiltração (f), porém a<br />

deficiência de umidade natural do solo (DUN) é maior que a infiltração total (F).<br />

Assim ocorre escoamento superficial, mais não há acréscimo de água no solo. A<br />

depleção normal continua durante a cheia e o regime da água do solo é retomado em<br />

N.<br />

Tipo 3 – A intensidade da chuva (i) ainda é maior que a capacidade de infiltração (f), mas a<br />

deficiência de umidade natural do solo (DUN) agora é menor que a infiltração total<br />

(F). Assim, ocorre escoamento superficial e acréscimo do lençol d’água.<br />

Analogamente ao tipo 1, pode-se Ter três caso conforme as proporções de acréscimo<br />

da água do solo.<br />

10


Figura 8.7 – Classificação das cheias dos cursos d’água. (Fonte: VILLELA, 1975)<br />

5. MEDIÇÃO DE VAZÕES<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Medidas sistemáticas de vazões são possíveis através da instalação de estações hidrométricas.<br />

Uma estação hidrométrica é uma seção do rio, com dispositivos de medição do nível da água<br />

(réguas linimétricas ou linígrafas, devidamente referidos a uma cota conhecida e materializada no<br />

terreno), facilidades para medição de vazão (botes, pontes) e estruturas artificiais de controle<br />

(se for o caso).<br />

11


Figura 8.8 – Linígrafo (Fonte: SOUZA PINTO et allii, 1976).<br />

Escolha do local para instalação de uma estação.<br />

1. Próximo a um ponto de possível interesse para aproveitamento das águas.<br />

2. Seção estável, que não apresente modificações significativas em seu leito.<br />

3. Facilidade de acesso e condições para medições de vazões.<br />

4. Relação unívoca cota x vazão.<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Após escolhida a seção do rio, instala-se neste local uma régua linimétrica ou um linígrafo.<br />

Figura 8.9 – Régua linimétrica (Fonte: LINSLEY, 1975).<br />

12


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

A finalidade dos dispositivos acima citados é medir a altura do rio. Para cada altura do nível d’água<br />

é medida a vazão correspondente, sendo possível desta maneira a construção de um acurva de<br />

correlação altura-vazão (VILLELA, 1975).<br />

Figura 8.9 – Curva chave. (Fonte: SOUZA PINTO et allii, 1976).<br />

5.1. COMO MEDIR VAZÕES<br />

5.1.1. PROCESSOS DIRETOS<br />

Consiste na medição direta em recipiente de volume conhecido. Mede-se o tempo, obtendo-se:<br />

Q = Vol/t<br />

13


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Este processo só é aplicável nos casos de pequenas descargas, como fontes e riachos, e sob<br />

condições muito favoráveis.<br />

5.1.2. VERTEDORES<br />

A vazão de rios pode ser medida através de um vertedor, que uma obstrução que faz com que a<br />

água retorne e escoe sobre a mesma. Determina-se a vazão medindo-se a altura da superfície de água a<br />

montante e aplicando-a na fórmula do vertedor utilizado.<br />

• Vertedor Retangular:<br />

• Vertedor triangular<br />

onde:<br />

Q = vazão<br />

L = largura do vertedor<br />

H 3/2<br />

Q = 1.838 (L – 2H/10)<br />

Q = 1,4•H 5/2<br />

H = altura da lâmina líquida acima do vertedor<br />

5.1.3. MOLINETES<br />

A construção de um vertedor para medir vazão em grandes rios não é praticável. Nestes casos<br />

pode-se medir a vazão do rio através da determinação da velocidade da água.<br />

Os molinetes são aparelhos constituídos de palhetas ou conchas móveis, as quais impulsionadas<br />

pelo líquido, dão um número de rotações proporcional a velocidade da corrente.<br />

14


Figura 8.11 – Molinetes (Fonte: AZEVEDO NETO, 1973).<br />

O princípio do método é o seguinte (VILLELA, 1975):<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

1. Divide-se a seção do rio em um certo número de posições para levantamento do perfil de<br />

velocidade<br />

2. Levanta-se o perfil de velocidades<br />

3. Acha-se a velocidade média de cada perfil<br />

4. A vazão será a somatória do produto de cada velocidade média por sua área de influência<br />

Figura 8.12 – Medida de Vazão com molinete. (Fonte: VILLELA, 1975).<br />

6. RELAÇÕES CHUVA x DEFÚVIO<br />

Dada a maior facilidade de obtenção de dados de precipitação, procurou-se desenvolver métodos<br />

para obtenção de valores de vazão a partir de informações pluviométricas.<br />

15


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Geralmente, a vazão que se deseja conhecer é aquela que é resultado de uma chuva intensa<br />

capaz de produzir enchente no curso d’água. Entretanto, pode-se desejar conhecer a vazão de uma<br />

chuva qualquer.<br />

6.1. MÉTODO RACIONAL<br />

A despeito de sua denominação, este método envolve simplificações e coeficientes de aceitação<br />

discutível, não se levando em conta, por exemplo, a natureza real e complexa como se processa o<br />

deflúvio.<br />

Seu mérito está na simplicidade de aplicação e facilidade de obtenção dos elementos envolvidos.<br />

Q = C • i • A<br />

Ou seja, a vazão (Q) corresponde a uma chuva de intensidade (i) sobre toda a bacia de área (A).<br />

Caso i seja dado em mm/h, A em m 2 e se deseje Q em m 3 /s, usaremos:<br />

10 6 −<br />

Q = C i A<br />

3,<br />

6<br />

e C pode ser extraído da Tabela 8.3.<br />

Tabela 8.3 – Valores do Coeficiente de Deflúvio (c). (Fonte: VILLELA, 1975).<br />

Natureza da Superfície Valores de C<br />

Telhados perfeitos, sem fuga 0,70 a 0,95<br />

Superfícies asfaltadas e em bom estado 0,85 a 0,90<br />

Pavimentações de paralelepípedos, ladrilhos ou blocos de madeira com juntas<br />

bem tomadas 0,75 a 0,85<br />

Para as superfícies anteriores sem as juntas tomadas 0,50 a 0,70<br />

Pavimentações de blocos inferiores sem as juntas tomadas 0,40 a 0,50<br />

Estradas macadamizadas 0,25 a 0,60<br />

Estradas e passeios de pedregulho 0,15 a 0,30<br />

Superfícies não revestidas, pátios de estrada de ferro e terrenos descampados<br />

Parques, jardins, gramados e campinas, dependendo da declividade do solo e da<br />

0,10 a 0,30<br />

natureza do subsolo 0,01 a 0,20<br />

16


6.2. MÉTODO DO HIDROGRAMA UNITÁRIO (HU)<br />

6.2.1. DEFINIÇÃO<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Hidrograma Unitário é o hidrograma resultante de um escoamento superficial unitário (1mm, 1cm,<br />

1polegada) gerado por uma chuva uniformemente distribuída sobre a bacia hidrográfica, com<br />

intensidade constante e de certa duração.<br />

Para uma dada duração de chuva, o hidrograma constitui uma característica própria da bacia; ele<br />

reflete as condições de deflúvio para o desenvolvimento da onda de cheia.<br />

6.2.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS<br />

iguais.<br />

(considerando chuva de distribuição uniforme e de intensidade constante sobre toda a bacia)<br />

1 o PRINCÍPIO: Constância do Tempo de Base<br />

Para chuvas de iguais durações, as durações dos escoamentos superficiais correspondentes são<br />

Figura 8.13 – Constância de tempo de base. (Fonte: WIKEN, 1978)<br />

17


2 o PRINCÍPIO: Proporcionalidade das Descargas<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Duas chuvas de mesma duração, mas com volumes escoados diferentes resultam em hidrógrafas<br />

cujas ordenadas são proporcionais aos correspondentes volumes escoados.<br />

Figura 8.14 – Proporcionalidade das descargas. (Fonte: WILKEN, 1978).<br />

3 o PRINCÍPIO: Aditividade<br />

Precipitações anteriores não influenciam a distribuição no tempo do escoamento superficial de<br />

uma dada chuva.<br />

Figura 8.15 – Interdependência dos deflúvios simultâneos. (Fonte: WILKEN, 1978).<br />

18


6.2.3. DURAÇÃO DA CHUVA A SER ADOTADA NO HIDROGRAMA UNITÁRIO<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Teoricamente deveria se determinar, para uma dada bacia hidrográfica, uma série de hidrógrafas<br />

unitárias – uma para cada duração de chuva. Na prática, entretanto, costuma-se estabelecer a HU para<br />

uma duração t r compreendida entre 1/4 e 1/5 do tempo de concentração t c (WILKEN, 1978). Essa<br />

hidrógrafa servirá de base para o estabelecimento de outras hidrógrafas unitárias para maiores durações<br />

(da mesma bacia hidrográfica).<br />

6.2.4. HIDROGRAMA UNITÁRIO DE VÁRIAS DURAÇÕES<br />

6.2.4.1. DETERMINAÇÃO DO HIDROGRAMA UNITÁRIO PARA UMA CHUVA DE DADA<br />

DURAÇÃO (T) A PARTIR DE OUTRA DURAÇÃO MAIOR (T).<br />

O método da chuva “S” presta-se para a obtenção de um hidrograma unitário a partir de outro da<br />

mesma bacia, porém originado de chuva de duração mais longa.<br />

A curva “S” é o hidrograma que se obteria no caso de chuva hipotética de duração infinita.<br />

Há uma única curva “S” para uma dada bacia hidrográfica e a partir de chuva de dada duração.<br />

Figura 8.16 – Curva S. (Fonte: GRAY,1973).<br />

19


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Podemos observar na figura 16 o gráfico de uma curva “S” para uma duração específica. A<br />

ordenada “q e” corresponde a vazão de equilíbrio, atingida no momento em que toda a bacia passa a<br />

contribuir para a vazão do ponto de controle. A sua constância a partir do tempo de concentração t c<br />

decorre da hipótese da chuva Ter duração infinita.<br />

onde,<br />

A = área (Km 2 )<br />

t = duração (h)<br />

q e<br />

q e = vazão (m 3 /s)<br />

2,<br />

7 x<br />

=<br />

t<br />

O fator 2,77 decorre da conversão de unidades.<br />

A<br />

De posse desta curva, obtém-se facilmente o hidrograma unitário referente a uma chuva mais<br />

curta que aquela que lhe deu origem. Para isso basta defasar a curva “S” de t (duração pretendida). A<br />

diferença entre as ordenadas das duas curvas – uma sem e a outra com defasagem – seria o<br />

hidrograma correspondente a uma chuva capaz de produzir uma lâmina d’água uniforme na bacia de T/t<br />

mm, não se tratando, portanto, de hidrograma unitário. Para converte-lo é suficiente multiplicar todas as<br />

ordenadas pelo fator t/T.<br />

Exemplo<br />

Dado o hidrograma unitário para uma chuva de duração de 1 hora, trace a curva S.<br />

20


Solução:<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Figura 8.17 – Hidrograma unitário para duração de 1 hora e sua curva S.<br />

6.4.2.2. DETERMINAÇÃO DO HIDROGRAMA UNITÁRIO PARA UMA CHUVA DE DADA<br />

DURAÇÃO A PARTIR DE OUTRA DE DURAÇÃO MENOR.<br />

Tendo em vista a validade do 3 º Principio dos Hidrogramas, ou seja, o princípio da aditividade, é<br />

possível traçar-se um hidrograma de chuva de maior duração a partir do de uma menor, bastando para<br />

isso encadear sucessivamente chuvas das quais se conhecem o desenvolvimento da onda de cheia,<br />

defasados de sua duração (sem interstício de tempo entre elas).<br />

A soma das ordenadas de “n” hidrógrafas unitária de duração “t”, encadeadas, da origem ao<br />

hidrograma que resultaria de uma chuva de duração total “n x t” e de altura de chuva “n”. O hidrograma<br />

unitário para aquela mesma bacia produzido por uma chuva de duração “T” é facilmente obtido<br />

dividindo-se cada ordenada por n (n = T/t). Isto se justifica pelo fato de que, embora as chuvas parciais<br />

não se superponham no tempo, assim o fazem no espaço.<br />

O procedimento acima descrito é diretamente aplicável aos casos em que T é multiplicado por t,<br />

situação essa ilustrada na figura 8.18.<br />

21


Figura 8.18 – Hidrogramas.<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Casos ocorrem em que a duração T não é múltiplo da duração t. Nessas circunstâncias o mesmo<br />

princípio se mantém válido; no entanto, para a sua utilização é necessário converter a chuva da<br />

hidrógrafa conhecida t em submúltiplo de T. O algoritmo abaixo esclarece o procedimento a ser seguido:<br />

Passo 1 – Traçar a curva “S” a partir do hidrograma da chuva de duração t.<br />

Passo 2 – Determinar um número divisor comum de t e T(t´). Recomenda-se a adoção do<br />

máximo divisor comum (MDC) para redução posterior da carga de trabalho.<br />

Passo 3 – Determinar a partir da chuva “S” obtida no “passo 1”, o hidrograma unitário relativo a<br />

uma curva de duração t’.<br />

22


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

A conversão esta concluída! Procede-se a partir deste ponto conforme orientação<br />

da figura 18, cumprindo observar, no entanto, que a conversão no caso presente<br />

será feita dividindo-se as ordenadas por T/t’.<br />

Exemplo Numérico:<br />

Dado o hidrograma abaixo (Colunas (0) e (1) correspondente a uma precipitação efetiva de<br />

duração t = 1h, obter o hidrograma para uma outra chuva de duração t´= 2h.<br />

horas.<br />

Tabela 8.4: Calculo do hidrograma de 2h.<br />

Tempo (H) Vazão (M 3 /S)<br />

(0) (1) (2) (3) = (1) + (2) (4) = (3) : 2<br />

0 0 - 0 0<br />

1 5,6 0 5,6 2,8<br />

2 18,3 5,6 23,9 11,9<br />

3 15,7 18,3 34,0 17,0<br />

4 10,1 15,7 25,8 12,9<br />

5 7,9 10,1 18,0 9,0<br />

6 4,6 7,9 12,5 6,3<br />

7 0 4,6 4,6 2,3<br />

8 - 0 0 0<br />

A coluna (4) fornece as ordenadas do hidrograma relativo a uma precipitação excedente de duas<br />

6.2.5. HIDROGRAMA UNITÁRIO INSTANTÂNEO<br />

O conceito de hidrograma unitário instantâneo se origina da teoria do Hidrograma Unitário, posto<br />

que, numa situação fictícia de precipitação efetiva de duração infinitamente pequena, o hidrograma<br />

unitário resultante seria a própria Hidrógrafa unitária Instantânea.<br />

23


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

A grande vantagem do Hidrograma Unitário Instantâneo sobre o Hidrograma Unitário é que o<br />

primeiro independe da duração da chuva efetiva, e assim só existe um HUI para dada bacia hidrográfica;<br />

de modo que qualquer hidrograma pode ser gerado a partir dele.<br />

Uma vez obtida o HUI, para traçarmos o hidrograma unitário de uma chuva de duração t podemos<br />

seguir o algoritmo abaixo:<br />

1. Dividir o HUI em intervalos de t<br />

2. Marcar os pontos no HUI<br />

3. Calcular a ordenada média para cada par consecutivo<br />

4. Plotar a média (vazão) obtida, associando-a ao tempo (limite superior do intervalo)<br />

5. Ligar os pontos, procurando ajustar, a sentimento, a curva pretendida, ou seja, o hidrograma<br />

unitário de t horas.<br />

Figura 8.19 – Hidrógrafa unitária instância (Fonte: WILSON, 1969).<br />

24


6.2.6. HIDROGRAMA UNITÁRIO SINTÉTICO<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Em casos freqüentes não se dispõe de registros suficientes para a determinação de hidrogramas<br />

unitários relativos às seções de interesses em projeto. Parte-se então, para o emprego de hidrogramas<br />

unitários sintéticos. Tais hidrogramas são obtidos a partir de características físicas das bacias.<br />

Os três HUS mais conhecidos são os de Snyder, o de Commons e o do Soil Conservation Service.<br />

Cada um deles foi determinado após estudos de vários hidrogramas para bacias de dada região, onde se<br />

procurou correlacioná-los com parâmetros definidos.<br />

Note-se que um HUS, tendo em vista seu caráter empírico, tem aplicação regional; sua adoção em<br />

regiões distintas deve ser feita com cautela e após levantamento de parâmetros empíricos regionais.<br />

Dentre as características físicas da bacia hidrográfica que intervém na forma e dimensão do<br />

hidrograma de dada precipitação destacam-se a área, declividade, dimensão do canal, densidade de<br />

drenagem e o formato. Com base na correlação destas características com a configuração das ondas de<br />

cheias observadas, pode-se embasar as tentativas de estabelecimento de processos de sintetização.<br />

6.2.6.1. MÉTODO DE SNYDER<br />

Baseado em observação de rios dos Apalaches (EUA), Snyder propôs equações para o cálculo de<br />

tempo de retardamento, da vazão de pico e da duração total do escoamento (tempo de base).<br />

Figura 8.20 – Hidrograma Sintético de Snyder. (Fonte: WILKEN, 1978).<br />

25


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Para obtenção do hidrograma sintético de Snyder, empregamos os passos seguintes:<br />

1. Cálculo de t p (tempo de retardamento, tempo de pico ou “timelag”)<br />

onde:<br />

t p = 0,75 C t (L x L g) 0,3 (em horas)<br />

L – comprimento da bacia em Km, medido ao longo do rio principal.<br />

L g – distância do centro de gravidade da bacia em Km, medido ao longo do rio principal até<br />

a projeção do C.G. sobre o rio.<br />

C t – coeficiente que depende das características da bacia hidrográfica e que varia de 1,8 a<br />

2,2.<br />

2. Cálculo de t r (duração da chuva unitária)<br />

tp<br />

tr<br />

= (tr e tp em horas)<br />

5, 5<br />

3. Verificar se a duração da chuva da chuva excedente (t e) supera a duração da chuva<br />

unitária (t p). Em caso afirmativo, fazer:<br />

t p = t e - t r<br />

Δ<br />

tp’ = tp +<br />

4<br />

t p<br />

4. Cálculo de t (tempo de base)<br />

T = 3 + 3<br />

⎛ tp ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎜ ⎟<br />

⎝24<br />

⎠<br />

5. Cálculo de q p (vazão de pico)<br />

onde:<br />

q p = 2,75 x<br />

A – área (Km²)<br />

C<br />

p<br />

t<br />

x<br />

p<br />

A<br />

(t em dias e t p em horas)<br />

(q p em m³/s)<br />

C p – coeficiente que varia entre 0,56 e 0,69 e que depende das características da bacia.<br />

26


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

6. De posse dos elementos principais do hidrograma, traçar o gráfico a sentimento.<br />

Exemplo Numérico:<br />

Calcular o hidrograma unitário sintético do Snyder para uma bacia de drenagem hipotética com<br />

as seguintes características:<br />

A = 120,0 Km²<br />

L = 25,0 Km<br />

L g = 15,0 Km<br />

C t = 2,0<br />

C p = 0,60<br />

t e < t r<br />

• Cálculo do tempo de pico t p<br />

t<br />

t<br />

p<br />

p<br />

Ct<br />

=<br />

1,<br />

33<br />

( ) 3 0,<br />

L x L<br />

2,<br />

0<br />

,<br />

=<br />

=<br />

1,<br />

33<br />

g<br />

0 3<br />

( 25,0 x 15,0)<br />

8,<br />

9 h<br />

• Cálculo do tempo da duração da chuva t r<br />

t<br />

r<br />

tp<br />

= =<br />

5,<br />

5<br />

8,9<br />

5,5<br />

= 1,<br />

6 h<br />

• Cálculo da vazão do pico q p<br />

q<br />

p<br />

2,<br />

76<br />

=<br />

• Cálculo do tempo de base t b<br />

x<br />

t<br />

p<br />

C<br />

p<br />

x A 2,<br />

76 x 0,60 x 120,0<br />

=<br />

8,<br />

9<br />

⎛ tp ⎞ ⎛ 8,<br />

9 ⎞<br />

tb = 3 + 3 ⎜ ⎟ = 3 + 3 = 4,<br />

1 dias<br />

⎝ 24 ⎠<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ 24 ⎠<br />

= 22,<br />

3 m<br />

Com a obtenção dos valores acima pode-se traçar, a sentimento, o hidrograma sintético de<br />

Snyder, de modo a ajustar a área sobra o mesmo ao volume unitário.<br />

3<br />

/ s<br />

27


6.2.6.2 MÉTODO DE COMMONS<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

O hidrograma básico de Commons é simplesmente um diagrama adimensional, baseado em cheias<br />

observadas no estado do Texas, e que proporciona uma primeira aproximação para hidrogramas de<br />

ondas de cheias para bacias hidrográficas de qualquer área, embora seja mais adequado para áreas de<br />

drenagem compreendidas entre 920 e 525.000Km 2 .<br />

Figura 8.21 – Hidrograma unitário de Commons<br />

O tempo de base do hidrograma é dividido em 100 unidades de tempo (UT); a altura, em 60<br />

unidades de vazão (UQ) e a área sobre a curva mede 1196,5 unidades de área (UA).<br />

Podemos seguir dois procedimentos para o traçado de hidrograma de Commons:<br />

1. Q p Conhecida<br />

Qp 3<br />

• UQ = ( m / s)<br />

60<br />

Vt<br />

2<br />

• UA = onde V = 0,01 x A ( A em m )<br />

1196,<br />

5<br />

t<br />

28


U<br />

• UT = A (horas)<br />

3600 x U<br />

ou<br />

0,<br />

139 x h x A<br />

• UT = (horas)<br />

Q<br />

2. t b conhecido<br />

P<br />

Q<br />

tb • UT = (horas)<br />

100<br />

h x A<br />

• UA =<br />

1196,5<br />

UA 3<br />

h = (m)<br />

A = (m 2 )<br />

• UQ = / 3600 (m /s)<br />

UT<br />

Exemplo numérico<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Para um deflúvio direto de 10mm sobre dada bacia hidrográfica com área total de 100Km 2 e com<br />

uma vazão de pico de 9m 3 /s calcular as unidades de vazão e de tempo, assim como o tempo de<br />

ascensão e o tempo de base do hidrograma de Commons.<br />

Solução:<br />

Q 3<br />

p 9<br />

• (UQ) = = = 0,<br />

15 m /s<br />

60 60<br />

h = cm<br />

A = Km 2<br />

Qp = m 3 0,<br />

139 x h x A<br />

• (UT) =<br />

(horas)<br />

Qp<br />

/s<br />

0,<br />

139 x 1 x 100<br />

• (UT) = = 1,54 horas<br />

9<br />

• t p = 100 (UT) = 100 x 1,54 = 154 horas.<br />

Para a obtenção do hidrograma sintético de Commons basta substituir os fatores de conversão de<br />

escala encontrados acima no hidrograma admensional.<br />

29


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

6.2.6.3 MÉTODO DE SOIL CONSERVATION SERVICE (SCS) (HIDROGRAMA UNITÁRIO TRIANGULAR)<br />

O Soil Conservation Service propôs a elaboração de um hidrograma unitário sintético a partir de<br />

um admensional, requerendo tão somente a determinação da vazão de pico e do tempo em que ela<br />

ocorre.<br />

O processo consiste, então, dos seguintes passos:<br />

1. Cálculo do tempo de pico (t p)<br />

onde,<br />

t p = 0,5 t r + 0,6 t c (horas)<br />

t p = tempo de pico (h)<br />

t r = tempo de duração da chuva (h)<br />

* t c = tempo de concentração (h)<br />

Recomenda-se a adoção de t r compreendido entre ¼ e 1/5 de t c. Posterior ajustamento a<br />

duração pretendida pode ser efetuado, se necessário, através de técnicas já explanadas.<br />

2. Calculo do tempo de base (t b)<br />

t b = 2,67 x t p (horas)<br />

3. Cálculo da vazão de pico (q p)<br />

onde,<br />

q p =<br />

2 x<br />

P x A<br />

tb<br />

(m 3 /s)<br />

P = precipitação efetiva (= 1mm)<br />

A = área da bacia (Km 2 )<br />

(*) No presente trabalho adotaremos a fórmula do Califórnia Highways and Public Roads.<br />

30


t<br />

c<br />

onde,<br />

t C (min)<br />

⎛ 3<br />

L ⎞<br />

= 57 ⎜ ⎟<br />

⎜ H ⎟<br />

⎝ ⎠<br />

0,<br />

385<br />

L = extensão do Rio Principal (Km)<br />

H = máximo desnível ao longo de L (m)<br />

Figura 8.22 – Hidrograma Unitário do SCS<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

4. Conversão do diagrama unitário triangular em um hidrograma unitário curvilíneo<br />

definitivo<br />

Esta conversão é feita com base no gráfico admensional, do qual extraímos valores das relações<br />

t/t p e q/q p, apresentados na tabela abaixo.<br />

Tabela 8.5 – Valores das relações t/ tp e q/qp tirados do gráfico admensional.<br />

t/t p q/q p t/t p q/q p t/t p q/q p t/t p q/q p<br />

0,0 0,000 0,7 0,77 1,4 0,75 2,6 0,13<br />

0,1 0,015 0,8 0,89 1,5 0,66 2,8 0,098<br />

0,2 0,075 0,9 0,97 1,6 0,56 3,0 0,075<br />

0,3 0,16 1,0 1,00 1,8 0,42 3,5 0,036<br />

0,4 0,28 1,1 0,98 2,0 0,32 4,0 0,018<br />

0,5 0,43 1,2 0,92 2,2 0,24 4,5 0,009<br />

0,6 0,60 1,3 0,84 2,4 0,18 5,0 0,004<br />

31


Exemplo Numérico<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Este exemplo é continuação do projeto de açude de Várzea alegre. No capítulo referente a<br />

precipitação, foram calculadas as precipitações intensas de 1 e 24 horas e traçado a curva altura x<br />

duração x freqüência para os períodos de retorno 100, 200 ,500 e 1000 anos.<br />

Cálculo do hidrograma unitário<br />

• Da planta na escala 1/100.000 da SUDENE observe-se:<br />

L = 21,5 Km<br />

H = 220 m<br />

• Tempo de concentração (t c)<br />

t<br />

c<br />

⎛ 3<br />

L ⎞<br />

= 57 ⎜ ⎟<br />

⎜ H ⎟<br />

⎝ ⎠<br />

0,<br />

385<br />

t c = 247,2 min = 4,1 horas<br />

t c = 4,0 horas<br />

• Duração da chuva (t r)<br />

1<br />

tr = tc<br />

5<br />

t r = 0,80 horas<br />

• Tempo de pico (t p)<br />

t p = 0,6 t c + 0,5 t r<br />

t p = 2,80 horas<br />

• Tempo de base (t b)<br />

t b = 2,6 t p<br />

t b = 7,5 horas<br />

• Vazão de pico<br />

f p =<br />

2 x P<br />

t<br />

e<br />

b<br />

x A<br />

f p = 5,3 m 3 /s<br />

2 x 0,001 m x 71,8 x 10 m<br />

=<br />

7,<br />

5 x 3600 s<br />

6<br />

2<br />

32


Figura 8.23 – Hidrograma unitário calculado. (Fonte: AGUASOLOS)<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Calculado o hidrograma unitário para uma chuva de 1mm e duração 0,8 horas (t c/5), deve-se<br />

convertê-lo para um hidrograma correspondente a chuva de duração t c (4 horas) e alturas referentes a<br />

vários períodos de retorno.<br />

• Cálculo da precipitação efetiva<br />

Na figura 8.20 do capítulo Precipitação (curva altura x duração x freqüência), achar as<br />

precipitações referentes a uma duração de 4 horas para os vários períodos de retorno.<br />

• Cálculo da precipitação efetiva através da fórmula do SCS:<br />

P E =<br />

( P − 5080 / N + 50,<br />

8)<br />

P + 20.<br />

320 / N − 203,<br />

2<br />

2<br />

Usando N = 73 (tabela deste capítulo) referente a campo permanente, em condições naturais<br />

e solo “C”.<br />

Tabela 8.6 – Precipitação efetiva para período de retorno<br />

de 100, 200 ,500 e 1000 anos em Várzea<br />

Alegre (mm)<br />

Tr (anos) P E (mm)<br />

100 38,4<br />

200 43,5<br />

500 48,7<br />

1000 52,5<br />

33


• Cálculo do hidrograma afluente<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Etapa 1: Cálculo do hidrograma para uma chuva de duração de 4 horas e altura de chuva<br />

efetiva igual a 5mm<br />

Figura 8.24 – Hidrograma para uma chuva efetiva de 5 mm e de<br />

duração igual a 4,0 h (tempo de concentração da bacia)<br />

Açude Várzea Alegre. (Fonte: AGUASOLOS)<br />

34


Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

Etapa 2: Cálculo do hidrograma para chuvas de período de retorno de 100, 200, 500 e 1000<br />

anos multiplicando-se as ordenadas do hidrograma obtido na etapa 1 pela relação<br />

P E (T)/5.<br />

Tabela 8.7 – Hidrogramas afluentes ao açude Várzea Alegre para períodos de retorno de 100, 200, 500<br />

e 1000 anos. (Fonte: AGUASOLOS).<br />

VALORES DE Q em m 3 /s<br />

PERÍODOS DE RETORNO (ANOS)<br />

TEMPO(h) 100 200 500 1000<br />

0 0 0 0 0<br />

1 17,7 20,0 22,4 24,2<br />

2 52,2 59,2 66,2 71,4<br />

3 101,4 114,8 128,6 138,6<br />

4 137,5 155,7 174,3 188,0<br />

5 163,6 185,3 207,5 223,7<br />

6 163,6 185,3 207,5 223,7<br />

7 135,2 153,1 171,4 184,8<br />

8 84,5 95,7 107,1 115,5<br />

9 45,3 51,3 57,5 62,0<br />

10 19,2 21,8 24,4 26,3<br />

11 4,6 5,2 5,8 6,3<br />

12 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

35


Figura 8.25 – HidrogramaS para chuva de período de retorno de 100,<br />

200, 500 e 1000 anos. Açude Várzea Alegre. (Fonte:<br />

AGUASOLOS)<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

36


3. PERÍODO DE RETORNO<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

A cheia de projeto está associada a um período de retorno (t r), que é o tempo médio em anos o evento<br />

é igualado ou superado pelo menos uma vez.<br />

Na adoção do Tr das enchentes, são utilizados alguns critérios, tais como (VILLELA, 1975):<br />

• vida útil da obra<br />

• tipo de estrutura<br />

• facilidade de reparação e ampliação<br />

• perigo de perda de vida.<br />

Outro critério para a escolha do T r é a fixação do risco que se deseja correr da obra falhar dentro de sua<br />

vida útil.<br />

• Probabilidade do evento ocorrer no período de retorno<br />

P = 1/T r<br />

• Probabilidade do evento não ocorrer no período de retorno<br />

P = 1 – P<br />

• Probabilidade do evento não ocorrer dentro de (n) quaisquer anos do período de retorno.<br />

J = P n<br />

• Probabilidade do evento ocorrer dentro de (n) quaisquer anos do período de retorno (RISCO<br />

PERMISSÍVEL).<br />

K = 1 - P n<br />

K = 1 – (1 - P) n<br />

K = 1 – (1 – 1/tr) n<br />

Ou ainda<br />

37


T r = 1 (tabelado)<br />

1 – (1 – K) 1/n<br />

Cap. 8 <strong>Escoamento</strong> <strong>Superficial</strong><br />

38

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