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Martin Soares e o "Cantar do Cavaleiro" - Seminário Medieval de ...

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<strong>de</strong>sta linhagem a Toronho 40 , na época que estamos a consi<strong>de</strong>rar, e também à<br />

linhagem galega <strong>de</strong> Lima, com a qual troca alianças matrimoniais.<br />

É notável como o mun<strong>do</strong> trova<strong>do</strong>resco reflecte este alinhamento. Com efeito, ao<br />

longo <strong>do</strong>s anos vinte sobressai a figura <strong>de</strong> Garcia Men<strong>de</strong>s, talvez o mais importante<br />

<strong>do</strong>s Sousões no apoio a trova<strong>do</strong>res, ele próprio também poeta, embora ocasional,<br />

figura à qual se vem juntar um infante-trova<strong>do</strong>r, Gil Sanches, e pequenos cavaleiros<br />

aguerri<strong>do</strong>s, como Rui Gomes <strong>de</strong> Briteiros. Fernan Rodrigues <strong>de</strong> Calheiros é também<br />

um <strong>de</strong>stes pequenos cavaleiros e o seu “ban<strong>do</strong>” em parte coincidiria certamente com a<br />

“mesnada” <strong>do</strong>s Sousões.<br />

Do outro la<strong>do</strong>, há os que se lhes opõem, pelo menos na fase que estamos a<br />

consi<strong>de</strong>rar. Li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s pela linhagem <strong>do</strong>s Soverosa, secundada por outras linhagens,<br />

como Valadares, Nóvoa e até Riba <strong>de</strong> Vizela, apoiaram o parti<strong>do</strong> régio nos<br />

conturba<strong>do</strong>s tempos <strong>de</strong> Afonso II. Embora durante a menorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. Sancho II<br />

(1223-1228) as tensões se tenham atenua<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> Elvas em 1226 41 marca<br />

um retorno <strong>do</strong> conflito aberto, com o afastamento <strong>do</strong>s Sousões da esfera <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r<br />

régio, a que se seguirá mesmo, por parte <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s seus membros, um aban<strong>do</strong>no<br />

<strong>do</strong> país em conjunto com o po<strong>de</strong>roso infante Pedro Sanches 42 . Como é sabi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então até à guerra civil <strong>de</strong> 1245 a situação ir-se-á progressivamente <strong>de</strong>gradan<strong>do</strong> 43 .<br />

Entre os que se alinham contra os Sousões estão naturalmente o senhor <strong>de</strong> Parada e<br />

o trova<strong>do</strong>r <strong>Martin</strong> <strong>Soares</strong>. A cultura trova<strong>do</strong>resca também nestes meios ganhou<br />

a<strong>de</strong>ptos, não só como manifestação <strong>de</strong> prestígio e superiorida<strong>de</strong>, mas também como a<br />

po<strong>de</strong>rosa arma <strong>de</strong> ataque que os textos po<strong>de</strong>m <strong>do</strong>cumentar.<br />

Um ponto importante <strong>do</strong> exacerbar <strong>de</strong> tensões entre estes <strong>do</strong>is grupos terá<br />

ocorri<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> os Sousões fecham os olhos perante o "rapto", leva<strong>do</strong> a cabo por Rui<br />

Gomes <strong>de</strong> Briteiros, <strong>de</strong> Elvira Anes da Maia, jovem filha <strong>de</strong> João Peres da Maia e <strong>de</strong><br />

Guiomar Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa, à guarda da linhagem materna <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à morte <strong>do</strong> pai, o<br />

40 Um panorama actualiza<strong>do</strong> sobre os inícios <strong>do</strong> trova<strong>do</strong>rismo galego-português po<strong>de</strong> ler-se em<br />

MIRANDA, José Carlos Ribeiro, Aurs mesclatz ab argen. Sobre a primeira geração <strong>de</strong> trova<strong>do</strong>res galego-<br />

-portugueses, Porto, 2004.<br />

41 Cfr. FERNANDES, Hermenegil<strong>do</strong>, D. Sancho II, Lisboa, Círculo <strong>de</strong> Leitores, 2005, pp. 148-154;<br />

SERRÃO, Joel/ MARQUES, A.H. (dir), Nova História <strong>de</strong> Portugal, vol.III, Lisboa, 1996, p. 108.<br />

42 Cfr. PIZARRO, José Augusto, Linhagens Medievais Portuguesas, I, Porto, 1999, p. 222.<br />

43 Cfr. MATTOSO, José, "A Crise <strong>de</strong> 1245", in Portugal <strong>Medieval</strong>. Novas Interpretações, Lisboa, 1985,<br />

pp. 57-75.<br />

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