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Martin Soares e o "Cantar do Cavaleiro" - Seminário Medieval de ...

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terá, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>, si<strong>do</strong> consagra<strong>do</strong> entre os seus pares 3 – transitará para<br />

geografias mais a norte, ou nor<strong>de</strong>ste, nomeadamente rumo à casa senhorial <strong>do</strong>s<br />

Trastâmaras, on<strong>de</strong> terá ti<strong>do</strong> lugar a sua troca <strong>de</strong> experiências com Paai <strong>Soares</strong> <strong>de</strong><br />

Taveirós 4 pelos finais da década <strong>de</strong> 1230. Posteriormente verificamos a sua presença<br />

na corte castelhana, cuja activida<strong>de</strong> trova<strong>do</strong>resca se organizava em torno <strong>do</strong> futuro<br />

Afonso X, e assistimos ao seu retorno, um bom punha<strong>do</strong> <strong>de</strong> anos mais tar<strong>de</strong>, ao reino<br />

<strong>de</strong> Portugal, pon<strong>do</strong> termo a um exílio que, <strong>de</strong> ser tão comum nos meios trova<strong>do</strong>rescos<br />

portugueses, se po<strong>de</strong> atribuir em gran<strong>de</strong> medida à crise política que por cá se foi<br />

acentuan<strong>do</strong> até mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> quarenta. Aliás, sen<strong>do</strong> provável a sua<br />

vinculação vassálica a <strong>Martin</strong> Garcia <strong>de</strong> Parada, partidário <strong>do</strong> rei D. Sancho II,<br />

entretanto exila<strong>do</strong> em Castela on<strong>de</strong> virá a morrer em 1248, essa estadia castelhana <strong>do</strong><br />

trova<strong>do</strong>r ganha por certo uma explicação acrescida.<br />

Mais <strong>de</strong> trinta anos, portanto, <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> trova<strong>do</strong>resca que manifesta<br />

uma constância notável e na qual a apologia da vassalagem amorosa, levada a cabo<br />

nos seus cantares <strong>de</strong> amor sem gran<strong>de</strong>s cedências à hipertrofia formal típica <strong>de</strong><br />

muitos trova<strong>do</strong>res alfonsinos, encontra correspondência numa rígida atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

da or<strong>de</strong>m social e estética aristocrática e cortês, tal como o trova<strong>do</strong>r a entendia 5 .<br />

<strong>Martin</strong> <strong>Soares</strong>, tal como alguns trova<strong>do</strong>res da sua geração, mas <strong>de</strong> uma forma<br />

mais ostensiva porque a sua obra é mais vasta, manteve-se alheio à eclosão e<br />

afirmação <strong>do</strong> cantar <strong>de</strong> amigo 6 , com o qual teve, todavia, <strong>de</strong> conviver ao longo <strong>do</strong> seu<br />

3 Acompanhan<strong>do</strong> as suas composições no Cancioneiro da Biblioteca Nacional é dito o seguinte: "Este<br />

<strong>Martin</strong> <strong>Soares</strong> foy <strong>de</strong> Riba <strong>de</strong> Limia en Portugal e trobou melhor ca to<strong>do</strong>los que trobaron e assi foi julga<strong>do</strong><br />

antr'os outros troba<strong>do</strong>res". Sobre a natureza <strong>de</strong>ste apontamento biográfico que comparece junto a B 144,<br />

veja-se LORENZO GRADÍN, Pilar, “Las razos gallego-portuguesas”, Romania, 121 (2003), pp. 99-132.<br />

4 Ao contrário <strong>do</strong> que foi adianta<strong>do</strong>, como possibilida<strong>de</strong>, por OLIVEIRA, Depois <strong>do</strong> Espectáculo, pp.<br />

401-402, não cremos que a cronologia <strong>de</strong>ste trova<strong>do</strong>r – aliás, não muito fecun<strong>do</strong> – se estenda pela<br />

década <strong>de</strong> quarenta <strong>do</strong> séc. XIII e muito menos que ele tenha frequenta<strong>do</strong>, poeticamente activo, a corte<br />

<strong>de</strong> Fernan<strong>do</strong> III. Tu<strong>do</strong> o que se sabe sobre ele, quer através <strong>do</strong>s textos poéticos, quer por meio da<br />

<strong>do</strong>cumentação existente, aponta para uma permanência exclusiva em círculos senhoriais, provavelmente<br />

liga<strong>do</strong>s à linhagem <strong>do</strong>s Trastâmaras. Sobre o assunto, ver VALLÍN, Gema, “Pay Soarez <strong>de</strong> Taveirós y la<br />

corte <strong>de</strong>l Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Traba”, in O <strong>Cantar</strong> <strong>do</strong>s Troba<strong>do</strong>res, Santiago <strong>de</strong> Compostela, 1993, pp. 521-531;<br />

IDEM, "Pay Soarez <strong>de</strong> Taveiros: Datos para su <strong>de</strong>ntificación", in Actas <strong>do</strong> IV Congresso da Associação<br />

Hispânica <strong>de</strong> Literatura <strong>Medieval</strong>, vol. III, Lisboa, 1993, pp. 39-42; VIEIRA, Yara F, “En cas <strong>do</strong>na Mayor,<br />

molher <strong>de</strong> Dom Rodrigo Gomes <strong>de</strong> Trastamar”, Signum, S. Paulo (1999), pp. 77-102.<br />

5 Para a avaliação da atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> trova<strong>do</strong>r face à or<strong>de</strong>m social aristocrática, veja-se MIRANDA – "Os<br />

Trova<strong>do</strong>res e a Região <strong>do</strong> Porto. II – Pois bõas <strong>do</strong>nas...".<br />

6 Sobre a cronologia e os intervenientes na afirmação trova<strong>do</strong>resca <strong>do</strong> cantar <strong>de</strong> amigo, ver<br />

OLIVEIRA, António Resen<strong>de</strong>/ MIRANDA, José Carlos, "A segunda geração <strong>de</strong> trova<strong>do</strong>res galego-<br />

-portugueses: temas, formas e realida<strong>de</strong>s", in Medioevo y literatura. Actas <strong>de</strong>l V Congreso da la<br />

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