11.05.2013 Views

Desfrutando Cristo Como a Palavra e o Espirito Atraves da Oração

Desfrutando Cristo Como a Palavra e o Espirito Atraves da Oração

Desfrutando Cristo Como a Palavra e o Espirito Atraves da Oração

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Desfrutando</strong> <strong>Cristo</strong> <strong>Como</strong><br />

CONTEÚDO<br />

A <strong>Palavra</strong> e o Espírito<br />

Por meio <strong>da</strong> <strong>Oração</strong><br />

Witness Lee<br />

1. Transferindo a <strong>Palavra</strong> para o Espírito por meio <strong>da</strong> <strong>Oração</strong><br />

2. Servindo o Senhor com <strong>Oração</strong> mais do que com a <strong>Palavra</strong> Exterior<br />

3. Li<strong>da</strong>ndo com <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> e o Espírito<br />

4. Mais Ilustrações sobre a Leitura <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> com <strong>Oração</strong><br />

5. <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> Tornando-se o Espírito para Ser Desfrutado por Nós<br />

6. Comendo a <strong>Palavra</strong> Lendo e Orando<br />

7. <strong>Desfrutando</strong> <strong>Cristo</strong> por meio <strong>da</strong> <strong>Oração</strong><br />

8. Exercitando Nosso Espírito para Desfrutar o Senhor em <strong>Oração</strong><br />

9. Orar para Desfrutar o Senhor e Expressar Seu Encargo<br />

PREFÁCIO<br />

Este livro é composto de mensagens <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo irmão Witness Lee em Los Angeles, Califórnia,<br />

Estados Unidos, no treinamento de Verão de 1965. Estas mensagens não foram revisa<strong>da</strong>s pelo<br />

orador. O tema do Treinamento de Verão foi “A Vi<strong>da</strong> Interior e a Vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Igreja”. O capitulo<br />

sete deste livro já foi publicado na forma de livrete com o titulo “The Enjoyment of Christ”, o<br />

qual foi falado juntamente com as mensagens deste livro.<br />

1<br />

1


CAPÍTULO 1<br />

TRANSFERIR A PALAVRA PARA O ESPÍRITO POR MEIO DA ORAÇÃO<br />

Leitura Bíblica: Jo 1:7, 11; 6:5.3; 1Co 15:45b; At 6:4; 2:42; 10:9; Is 56:7<br />

A<br />

Bíblia revela que Deus é o nosso desfrute e que to<strong>da</strong>s as riquezas de Deus, o que Ele<br />

é em Sua plenitude, são as riquezas de <strong>Cristo</strong> (Ef 3:8, 19b). To<strong>da</strong> a plenitude de Deus<br />

está corporifica<strong>da</strong> em <strong>Cristo</strong> (Cl 1:19) e torna-se os itens <strong>da</strong>s riquezas de <strong>Cristo</strong>. A<br />

reali<strong>da</strong>de de <strong>Cristo</strong> é o Espírito, que é o Espírito <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de (Jo 14:17), e tudo o que <strong>Cristo</strong> é,<br />

isto é, to<strong>da</strong>s as riquezas de <strong>Cristo</strong>, são revela<strong>da</strong>s na <strong>Palavra</strong> (1:1). Portanto, para conhecer as<br />

riquezas de <strong>Cristo</strong> temos de conhecer a <strong>Palavra</strong> que é a revelação de tudo que <strong>Cristo</strong> é. Além<br />

do mais, o lugar em que o Deus Triúno torna-se real para nós é o nosso espírito humano (3:6).<br />

Para <strong>Cristo</strong> tornar-se real para nós e para que O desfrutemos sempre, temos de exercitar o<br />

espírito. Não há outra maneira de desfrutá-Lo, e não existe outro órgão com o qual possamos<br />

desfrutá-Lo. Temos de exercitar o nosso espírito para que tudo o que Deus é em <strong>Cristo</strong> tornese<br />

real para nós por meio do Espírito Santo e segundo é revelado na <strong>Palavra</strong>. Os fatores do<br />

nosso desfrute de Deus são estes cinco itens: Deus, <strong>Cristo</strong>, o Espírito Santo, a <strong>Palavra</strong> e o nosso<br />

espírito.<br />

CRISTO PRIMEIRAMENTE É A PALAVRA E, DEPOIS, TORNA-SE O ESPÍRITO<br />

<strong>Cristo</strong> é primeiramente revelado como a <strong>Palavra</strong>, e em Sua ressurreição Ele foi transferido <strong>da</strong><br />

<strong>Palavra</strong> para o Espírito. Portanto, nossa experiência de <strong>Cristo</strong> é uma experiência de transferir<br />

constantemente a palavra para o Espírito. João 6:63 é um versículo grandioso na Bíblia. Ele<br />

diz: "O Espírito é o que dá vi<strong>da</strong>; a carne para na<strong>da</strong> aproveita; as palavras que Eu vos tenho dito<br />

são espírito e são vi<strong>da</strong>". A palavra é espírito e o Espírito é vi<strong>da</strong>. A palavra é vi<strong>da</strong> para nós<br />

somente quando é transferi<strong>da</strong> para o Espírito. Não recebemos diretamente a palavra <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Precisamos de uma etapa intermediária, isto é, a palavra deve ser espírito para ser vi<strong>da</strong> para<br />

nós. Sem essa etapa, a palavra é mero conhecimento para nós. Para conhecer as Escrituras e<br />

conhecer a vi<strong>da</strong>, precisamos estar familiarizados e bastante esclarecidos a respeito desses<br />

princípios. Então, teremos as chaves para abrir a <strong>Palavra</strong>. Caso contrário, não importando<br />

quantas vezes a leiamos, iremos lê-la cega e tolamente, e ela nunca será clara para nós.<br />

Os quatro Evangelhos nos dizem que o Senhor Jesus veio como a <strong>Palavra</strong>. No princípio, na<br />

eterni<strong>da</strong>de antes <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção do mundo, Ele era a <strong>Palavra</strong>, e no tempo Ele veio por meio <strong>da</strong><br />

encarnação (Jo 1:1, 14). Portanto, o Novo Testamento começa com <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong>.<br />

Então, no final do Evangelho de João, <strong>Cristo</strong> tornou-se o Espírito como o sopro de vi<strong>da</strong> (20:22).<br />

Esse Evangelho começa com a <strong>Palavra</strong> e termina com o Espírito. A <strong>Palavra</strong> e o Espírito não são<br />

duas pessoas; são uma pessoa com dois aspectos. Primeiro Ele era a <strong>Palavra</strong>, e, por fim,<br />

tornou-se o Espírito. Com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Epístolas podemos perceber quem é esse Espírito. O<br />

termo adequado usado para esse Espírito é "Espírito vivificante". Primeira Coríntios 15:45b<br />

diz: "O último Adão, porém, tornou-se Espírito vivificante" (lit.).<br />

Novamente vemos que a Bíblia é aberta por esse princípio, de que a <strong>Palavra</strong> torna-se Espírito<br />

como vi<strong>da</strong>. <strong>Cristo</strong> é a <strong>Palavra</strong>, Ele se tornou o Espírito, e esse Espírito é o Espírito vivificante.<br />

A MANEIRA DE TOMAR A PALAVRA COMO VIDA<br />

É pela <strong>Palavra</strong> por meio do Espírito que <strong>Cristo</strong> é vi<strong>da</strong> para nós e nos transmite vi<strong>da</strong>. Segundo a<br />

letra <strong>da</strong> Bíblia muitos cristãos sabem que <strong>Cristo</strong> é vi<strong>da</strong>, mas não são muitos os que podem<br />

2<br />

2


3<br />

dizer como <strong>Cristo</strong> pode ser vi<strong>da</strong> para nós de maneira prática. Devemos ter clareza de que<br />

<strong>Cristo</strong> é vi<strong>da</strong> para nós porque é a <strong>Palavra</strong> que se tornou Espírito vivificante. Agora, para<br />

receber <strong>Cristo</strong>, percebê-Lo como reali<strong>da</strong>de e experimentá-Lo como nossa vi<strong>da</strong>, devemos<br />

conhecer a <strong>Palavra</strong> e saber como transferir a <strong>Palavra</strong> para o Espírito vivificante. Essa é a<br />

maneira de tomar <strong>Cristo</strong> como vi<strong>da</strong>.<br />

Desde a juventude ouvi mestres cristãos dizer que a palavra <strong>da</strong> Bíblia é vi<strong>da</strong>. Contudo, eles não<br />

me disseram como as palavras pretas impressas no papel branco <strong>da</strong> Bíblia podem ser vi<strong>da</strong>. A<br />

resposta é que a palavra em preto e branco deve ser transferi<strong>da</strong> para o Espírito. Se a palavra<br />

está meramente em letras, ela não é vi<strong>da</strong>; é mero conhecimento, que mata (2Co 3:6). É quando<br />

a palavra é transferi<strong>da</strong> para o Espírito que se torna vi<strong>da</strong>, porque não são as palavras<br />

diretamente que dão vi<strong>da</strong>, mas o Espírito.<br />

OS DISCÍPULOS "LERAM" CRISTO COMO O ESPÍRITO VIVIFICANTE NOS EVANGELHOS<br />

Nos quatro Evangelhos, os discípulos receberam a <strong>Palavra</strong>, mas não receberam o Espírito. Foi<br />

depois dos quatro Evangelhos, no livro de Atos e nas Epistolas, que eles receberam o Espírito.<br />

Isso significa que a <strong>Palavra</strong> que receberam nos quatro Evangelhos foi transferi<strong>da</strong> para o<br />

Espírito, que experimentaram e contataram em Atos e nas Epístolas. Nessa ocasião eles<br />

li<strong>da</strong>ram não apenas com a <strong>Palavra</strong>, mas também com o Espírito.<br />

Na época dos Evangelhos, os discípulos não tinham o Novo Testamento. Contudo, ain<strong>da</strong><br />

tinham <strong>Cristo</strong> e li<strong>da</strong>vam com Ele como a <strong>Palavra</strong>. Primeira João 1:1 diz: "O que era desde o<br />

princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que<br />

contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>". [O vocábulo<br />

Verbo também pode ser traduzido por <strong>Palavra</strong>. Naquela época, tudo que Pedro, João e os<br />

demais discípulos tinham ouvido, visto, contemplado e tocado era a <strong>Palavra</strong>. Em sua primeira<br />

Epístola, João não disse que eles haviam visto o Filho de Deus, ou Jesus <strong>Cristo</strong>. Em vez disso,<br />

eles viram, ouviram. contemplaram e até mesmo tocaram a <strong>Palavra</strong>. Essa <strong>Palavra</strong>. não era uma<br />

composição escrita com letras pretas em papel branco. Era uma Pessoa viva, que os discípulos<br />

"leram" diariamente. Essa Pessoa é o Deus Triúno que se encarnou para ser um homem<br />

chamado Jesus. Esse Jesus tinha muitas "histórias" para serem li<strong>da</strong>s pelos discípulos. João 1:14<br />

diz: "E o Verbo [<strong>Palavra</strong>] tornou-se carne, e armou tabernáculo entre nós (e vimos a Sua<br />

glória, glória como do Unigênito <strong>da</strong> parte do Pai), cheio de graça e de reali<strong>da</strong>de". Pedro, Tiago,<br />

João e todos os primeiros discípulos contemplaram a glória dessa Pessoa viva, e dessa<br />

maneira O "leram".<br />

Desde o momento em que foram chamados, Pedro. André, Tiago e João começaram a "ler" essa<br />

Pessoa viva. Onde quer que fossem com essa Pessoa, eles contemplavam a ela e o que ela fazia.<br />

Dessa maneira eles O "leram" por três anos e meio. Uma vez eles experimentaram uma<br />

violenta tempestade no mar. Eles ficaram aterrorizados com a tempestade, mas essa Pessoa<br />

viva, como a <strong>Palavra</strong> viva, dormia ali (Mt 8:24-25). Quando despertou, Ele simples-mente deu<br />

ordem ao ar e a água para que a tormenta parasse (v. 26). Então, os discípulos se<br />

maravilharam, dizendo: "Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (v. 27). O que<br />

eles fizeram naquela ocasião foi ler a <strong>Palavra</strong> viva. Mais tarde, Pedro, Tiago e João foram para<br />

o monte com a <strong>Palavra</strong> viva, onde O contemplaram ain<strong>da</strong> mais. De repente Seu rosto se<br />

tornou resplandecente como o sol. Pedro disse: "Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei<br />

aqui três ten<strong>da</strong>s: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias" (17:4). Pedro não lera<br />

claramente a <strong>Palavra</strong> viva, começando, portanto, a falar tolices. Então, uma voz vin<strong>da</strong> do céu<br />

disse: "Este é o Meu Filho amado, em quem me comprazo; a Ele ouvi!" (v. 5). Moisés e Elias<br />

desapareceram, deixando apenas Jesus. Foi assim que Pedro leu a <strong>Palavra</strong> viva. Quando eles<br />

desceram do monte, os cobradores do imposto do templo perguntaram a Pedro se Jesus<br />

3


4<br />

pagava o imposto. Pedro respondeu que sim (vs. 24-25). Quando ele entrou na casa, Jesus lhe<br />

perguntou: "De quem cobram os reis <strong>da</strong> terra impostos ou tributo? dos seus filhos ou dos<br />

estranhos?" É como se Jesus tivesse dito: "Os reis <strong>da</strong> terra cobram imposto de seu próprio<br />

filho? Você não ouviu no monte que Eu sou o Filho de Deus? Por que então você disse aos<br />

cobradores do imposto que Eu, o Filho do Rei, tenho de pagar imposto?" Quando Pedro foi<br />

corrigido pelo Senhor, talvez ele tenha desejado dizer: "Então estou errado. Tu não deves<br />

pagar o imposto do templo". Contudo, Jesus concordou em pagar o imposto, mas não de<br />

maneira fácil para Pedro. Pedro teve de fazer algo difícil. O Senhor disse: "Mas, para que não<br />

os escan<strong>da</strong>lizemos, vai ao mar, lança o anzol, e tira o primeiro peixe que subir; e, abrindo-lhe a<br />

boca, acharás um estáter. Toma-o, e entrega-o a eles por Mim e por ti" (v. 27). Pedro deve ter<br />

ficado muito incomo<strong>da</strong>do. Enquanto lançava o anzol no mar, ele pode ter dito para si mesmo:<br />

"Não sei de que direção virá o peixe, e tem de ser um peixe com uma moe<strong>da</strong> na boca.<br />

Simplesmente não consigo crer nisso. Tenho de aprender a lição. De agora em diante, não<br />

devo dizer coisa alguma. Devo manter a boca fecha<strong>da</strong> e não me envolver". Deve ter sido<br />

intenção do Senhor naquela ocasião ensinar o Pedro imprudente a não falar na<strong>da</strong> quando<br />

viessem os cobradores de impostos. Ele simplesmente deveria ter dito: "Esperem um pouco,<br />

por favor. Deixem-me perguntar a Jesus. Eu não sei na<strong>da</strong> e não tenho base ou direito para falar<br />

coisa alguma. Deixem o Mestre falar". Assim, Pedro leu muito <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> viva.<br />

De acordo com os quatro Evangelhos, pode ser que Pedro tenha lido o Senhor Jesus mais do<br />

que qualquer outra pessoa. Depois <strong>da</strong> ressurreição do Senhor, quando chegou o dia do<br />

Pentecostes, Pedro levantou-se para falar. Após ter sido educado pelo Senhor, Pedro falou<br />

muito, não de maneira tola, mas no Espírito e na vi<strong>da</strong>. Todos precisamos aprender a maneira<br />

de ler a <strong>Palavra</strong>. Devemos abandonar a maneira tradicional de ler. A velha maneira não dá<br />

revelação alguma; dá somente conhecimento morto de letras em preto e branco.<br />

OS EVANGELHOS FORAM ESCRITOS SEGUNDO O QUE OS DISCIPULOS "LERAM" DA<br />

PALAVRA VIVA<br />

Os quatro Evangelhos foram escritos pelos primeiros discípulos com base no que eles leram<br />

de <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> viva. Primeiro eles leram algo do Senhor, e depois escreveram o que<br />

leram, para que nós lêssemos. Antes de João escrever os capítulos catorze a dezessete de seu<br />

Evan-gelho, ele "leu" a <strong>Palavra</strong>, ouvindo o Senhor. Parte do que os discípulos leram do Senhor<br />

foram Suas palavras fala<strong>da</strong>s, mas parte do que leram foi o viver, o an<strong>da</strong>r e os atos do Senhor<br />

Jesus. Eles viram como Jesus agia, comportava-se e li<strong>da</strong>va com as pessoas. Então, depois de ter<br />

visto to<strong>da</strong>s essas coisas, eles as reuniram na forma escrita para que nós as lêssemos. Eles<br />

foram os primeiros a receber a <strong>Palavra</strong>; nós somos a geração seguinte.<br />

A PALAVRA VIVA TORNOU-SE O ESPÍRITO EM ATOS E NAS EPÍSTOLAS<br />

Os quatro evangelhos revelam <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> viva, a quem os discípulos leram<br />

diariamente por três anos e meio. Naquela época o Senhor Jesus era a <strong>Palavra</strong>, mas não era o<br />

Espírito. Em Atos e nas Epístolas, entretanto, Ele já não era somente a <strong>Palavra</strong> para os<br />

discípulos. Nessa época os discípulos li<strong>da</strong>vam com <strong>Cristo</strong> como o Espírito vivificante (1Co<br />

15:45b). Foi por meio <strong>da</strong> crucificação e ressurreição que esse Jesus, que é a <strong>Palavra</strong>, foi<br />

transferido para o Espírito.<br />

A MANEIRA PRÁTICA DE TRANSFERIR A PALAVRA PARA O ESPÍRITO<br />

Em nossa experiência, porém, precisamos ver como podemos desfrutar <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong><br />

transferi<strong>da</strong> para o Espírito. É difícil dizer se hoje li<strong>da</strong>mos com o Senhor e O desfrutamos como<br />

a <strong>Palavra</strong> ou como o Espírito. Se simplesmente estu<strong>da</strong>mos a palavra <strong>da</strong> maneira ensina<strong>da</strong><br />

4


5<br />

pelos seminários, por exemplo, desfrutamos o Senhor principalmente como conhecimento na<br />

mente, embora, por Sua misericórdia, possamos de modo inconsciente desfrutá-Lo um pouco<br />

como o Espírito. Hoje, contudo, desfrutamos o Senhor como a <strong>Palavra</strong> mais em nosso espírito<br />

do que em nossa mente. Por fim, nós O desfrutaremos cabalmente como o Espírito em nosso<br />

espírito. Tudo o que sabemos sobre Ele como a <strong>Palavra</strong> deve ser transferido para o Espírito.<br />

Então, por fim, desfrutaremos o Senhor não apenas como a <strong>Palavra</strong>, mas também como o<br />

Espírito vivificante.<br />

A maneira de transferir <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> para o Espírito é abrir o coração, abrir o<br />

espírito e exercitar o espírito para orar. Nos quatro Evangelhos está a <strong>Palavra</strong> que foi "li<strong>da</strong>"<br />

pelos primeiros discípulos, e em Atos está o Espírito. Entre o registro dos quatro Evangelhos e<br />

a primeira parte de Atos, os discípulos oraram por dez dias. Foi por meio <strong>da</strong> oração que a<br />

<strong>Palavra</strong> foi transferi<strong>da</strong> para o Espírito. A partir de então, Pedro tornou-se uma pessoa de<br />

oração. É por isso que no capítulo seis Pedro disse: "Quanto a nós, nos consagraremos à<br />

oração e ao ministério <strong>da</strong> palavra" (v. 4). Primeiro vem a oração, depois o ministério <strong>da</strong><br />

palavra. Consagrar-se à oração significa que a oração deles nunca cessava. Atos 2:42 confirma<br />

que todos os discípulos perseveravam nas orações.<br />

Em Atos 10, Cornélio enviou seus servos para chamar a Pedro. Nessa ocasião, que fazia Pedro?<br />

Ele orava no eirado <strong>da</strong> casa (v. 9). Nos quatro Evangelhos vemos um Pedro tagarela, não um<br />

Pedro que orava. Hoje, muitos irmãos são tagarelas. Às vezes falam sobre as mensagens, mas<br />

às vezes é apenas tagarelice. Não há muita oração. Em Atos, contudo, o Pedro tagarela tornouse<br />

uma pessoa de oração. Os discípulos já tinham lido <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> nos quatro<br />

Evangelhos. Eles já conheciam claramente a <strong>Palavra</strong>. Agora, o que necessitavam era transferir<br />

a <strong>Palavra</strong> para o espírito por meio <strong>da</strong> oração.<br />

Considere o tema <strong>da</strong> oração dos cento e vinte discípulos nos dez dias antes do Pentecostes.<br />

Alguém pode achar que Pedro orou pela esposa; que João e Tiago oraram pelo negócio<br />

pesqueiro do pai; que André orou pela família na Galiléia e que Maria e Marta oraram por<br />

Lázaro. Contudo, não foi assim. O Senhor Jesus dissera-lhes que esperassem pela promessa do<br />

Pai. Ele disse: "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas<br />

teste-munhas tanto em Jerusalém como em to<strong>da</strong> a Judéia e Samaria e até aos confins <strong>da</strong> terra"<br />

(1:8). No versículo 22 Pedro falou sobre a escolha de Matias: "Um destes se torne testemunha<br />

conosco de sua ressurreição". Eles precisavam escolher um para completar o número doze, a<br />

fim de <strong>da</strong>r testemunho adequado de Jesus. Os discípulos devem ter percebido que para que<br />

fossem testemunhas do Senhor era necessário que <strong>Cristo</strong> fosse trabalhado neles.<br />

Por, essas duas passagens podemos perceber qual foi o tema <strong>da</strong> oração dos discípulos<br />

naqueles dez dias. Eles devem ter dito: "Senhor, abandonamos tudo além de Ti. Éramos<br />

galileus, mas abandonamos nossa casa e nossa terra. Eis-nos aqui agora simplesmente como<br />

vasos vazios. Esse pequeno aposento superior é como um altar, e estamos sobre o altar<br />

esperando ser cheios de Ti, possuídos e tomados por Ti e mesclados Contigo. Senhor, nesses<br />

três anos e meio temos lido tudo o que és. Agora, foste para o céu, mas nos disseste que<br />

devemos ser Tuas testemunhas na terra. <strong>Como</strong> podemos fazer isso? Senhor, eis-nos aqui<br />

abertos para Ti. Vem encher-nos. Vem possuir-nos, ocupar-nos e saturar-nos".<br />

Os discípulos não oraram de maneira superficial. A oração deles deve ter sido profun<strong>da</strong>. Os<br />

cento e vinte haviam deixado casa, parentes, trabalhos, objetivos, fama e tudo o mais. O<br />

Senhor lhes havia dito que eles seriam Suas testemunhas, mas eles não podiam sê-lo sem ser<br />

cheios Dele. Eles precisavam que o Senhor os tomasse, possuísse, ocupasse, enchesse,<br />

saturasse, revestisse de poder e equipasse. Esse deve ter sido o conteúdo <strong>da</strong> oração deles. Foi<br />

por meio dessa oração, orando o que eles haviam lido de <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong>, que o que eles<br />

5


6<br />

leram foi transferido para o Espírito. Portanto, a partir do dia do Pentecostes, eles foram<br />

ver<strong>da</strong>deiramente um com o Senhor em espírito, e o Senhor foi um com eles. É por isso que<br />

quando Saulo de Tarso perseguiu Estevão e os outros discípulos, o Senhor Jesus lhe disse:<br />

"Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 9:4). Quando Saulo perguntou: "Quem és tu,<br />

Senhor?", o Senhor respondeu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (v. 5). Saulo pode ter<br />

pensado: "Eu persegui a Pedro, Tiago, João e Estevão, mas nunca persegui a Jesus". Contudo,<br />

ao falar dessa maneira a Saulo, o Senhor revelou que perseguir Seus discípulos era persegui-<br />

Lo. Jesus era um com Pedro, João, Tiago e todos os discípulos, porque Ele era não somente a<br />

<strong>Palavra</strong>, mas também o Espírito. Desde o dia do Pentecostes, a <strong>Palavra</strong> fora transferi<strong>da</strong> para o<br />

Espírito. A partir desse dia, os primeiros discípulos li<strong>da</strong>ram não apenas com o Senhor como a<br />

<strong>Palavra</strong>, mas também com <strong>Cristo</strong> como o Espírito.<br />

NOSSA NECESSIDADE DE SEMPRE ORAR COM A PALAVRA QUE OUVIMOS<br />

O princípio aqui é que sempre que lemos ouvimos ou aprendemos algo do Senhor temos de<br />

orar. Devemos guar<strong>da</strong>r esse principio não apenas individualmente, mas também na vi<strong>da</strong><br />

coletiva. A maneira adequa<strong>da</strong> de se ter uma reunião ministerial é que após a mensagem<br />

tenhamos algum tempo para que todos orem juntos. Não deveríamos simplesmente <strong>da</strong>r-lhes a<br />

mensagem e encerrar a reunião. Temos de orar para transferir a palavra que ouvimos para o<br />

Espírito.<br />

Na primavera de 1961 estive com os jovens em Manila. Naqueles dias todos, gastamos mais<br />

tempo orando do que ouvindo mensagens. Por aproxima<strong>da</strong>mente duas semanas, dia e noite,<br />

aqueles jovens oravam. Oravam antes de ir para a reunião, e oravam na reunião. Não havia um<br />

começo definido <strong>da</strong>s reuniões. Todos simplesmente oravam ao chegar. A oração durava muito<br />

tempo, às vezes quase uma hora antes de se começar a mensagem. A mensagem terminava em<br />

trinta ou quarenta minutos, e então eles oravam por cerca de mais uma hora. Havia uns cem<br />

jovens e todos oravam, às vezes cinqüenta ou sessenta em ca<strong>da</strong> reunião. Aquele foi um<br />

ver<strong>da</strong>deiro mover do Senhor em Manila que os preparou para uma perseguição que viria. A<br />

oração naquela conferência fortaleceu to<strong>da</strong> a igreja ali. Também lançou bom fun<strong>da</strong>mento para<br />

a igreja em Manila, de maneira que até hoje dois terços dos membros <strong>da</strong> igreja são jovens.<br />

Não quero dizer que deveríamos mu<strong>da</strong>r a forma de nossas reuniões. Antes, precisamos mu<strong>da</strong>r<br />

nossa atitude percepção e maneira e vi<strong>da</strong>. Na situação miserável de hoje, muitos não oram.<br />

Eles simplesmente "vão à igreja no domingo de manhã e sentam-se para ouvir uma<br />

mensagem. Temos de <strong>da</strong>r uma vira<strong>da</strong> nessa situação. Temos de ser revolucionários para ter<br />

uma nova situação. Os irmãos devem ser aju<strong>da</strong>dos a aprender a orar e a ter uma vi<strong>da</strong> de<br />

oração, Então, quando forem à reunião, eles irão para orar. Isaías 56:7 diz: "A minha casa será<br />

chama<strong>da</strong> Casa de <strong>Oração</strong> para todos os povos”. Todos devem ir à reunião para orar. Não<br />

deveríamos cantar tanto; antes precisamos orar mais para escavar o coração e abrir o espírito.<br />

Então, podemos ter um tempo para o ministério <strong>da</strong> palavra e quando falarmos a palavra, ela<br />

será viva e alcançará o espírito dos que a ouvirem. Depois que a palavra for <strong>da</strong><strong>da</strong>, ain<strong>da</strong><br />

precisamos de um tempo para orar.<br />

Devemos permitir que na reunião todos orem. Às vezes, em Taipé, não havia tempo suficiente<br />

para que todos orassem, um após outro, de maneira que todos começaram a orar ao mesmo<br />

tempo, duas ou três mil pessoas, em voz alta. Não é que nós os tivéssemos encorajado a fazer<br />

assim; eles o fizeram espontaneamente, porque todos queriam orar. No início de 1961<br />

tivemos uma conferência acerca do edifício de Deus. Essa conferência foi maravilhosa<br />

simplesmente porque todos os presentes usaram muito tempo em oração.<br />

6


7<br />

Nos quatro Evangelhos, os primeiros discípulos tiveram a <strong>Palavra</strong> por três anos e meio, mas<br />

ain<strong>da</strong> não tinham o Espírito. Naquela ocasião <strong>Cristo</strong> era apenas a <strong>Palavra</strong> para eles Foi por<br />

meio <strong>da</strong> oração deles por dez dias que <strong>Cristo</strong> foi transferido a eles em sua experiência como o<br />

Espírito. A partir <strong>da</strong>quele dia eles se tornaram um povo de oração, li<strong>da</strong>ndo não apenas com a<br />

<strong>Palavra</strong>, mas também com <strong>Cristo</strong> como o Espírito vivificante. Todos devemos guar<strong>da</strong>r o princípio<br />

de transferir a palavra que temos ouvido para o Espí-rito por meio de nossa oração.<br />

Capítulo Dois<br />

SERVIR AO SENHOR COM ORAÇÃO MAIS DO QUE COM A PALAVRA EXTERIOR<br />

Leitura Bíblica: Cl 3: 16-17; Ef 5: 18-19; 1Ts 5:16-20; Ef 6:17-18; Hb 10:19-22; 4: 16; Jo 6:63<br />

Nos quatro Evangelhos, o Senhor Jesus veio como a <strong>Palavra</strong>. Depois, por meio de Sua<br />

crucificação e ressurreição, Ele foi transfigurado no Espírito (1Co 15:45b). Após a Sua<br />

ressurreição e ascensão, desde o livro de Atos e passando por to<strong>da</strong>s as Epístolas, o Senhor<br />

Jesus é o Espírito vivificante. Portanto, em nossa experiência precisamos aprender a transferir<br />

para o Espírito o Senhor como a <strong>Palavra</strong>. Precisamos conhecê-Lo como a <strong>Palavra</strong>, a<br />

expressão, a revelação, a mani-festação de Deus, mas precisamos mais do que isso. Depois de<br />

conhecê-Lo como a <strong>Palavra</strong>, precisamos que Ele seja transferido para o Espírito não apenas<br />

para que O conheçamos, mas também O experimentemos.<br />

Nos quatro Evangelhos, o Senhor Jesus é revelado como a <strong>Palavra</strong>, a expressão, a manifestação<br />

de Deus para O conhecermos. Nessa época Jesus estava sempre junto dos primeiros discípulos<br />

para que eles O vissem, estu<strong>da</strong>ssem e conhecessem. Diariamente, naqueles três anos e meio,<br />

Pedro e os demais discípulos conheceram ca<strong>da</strong> vez mais ao Senhor.<br />

Contudo, quando chegamos ao livro de Atos e às Epistolas, vemos o Senhor Jesus como o<br />

Espírito vivificante habitando em nosso espírito (Rm 8:16; 2 Tm 4:22), nem tanto para O<br />

conhecermos, mas principalmente para participarmos Dele e O provarmos, desfrutarmos e<br />

experimentarmos. Temos aqui dois passos em nosso li<strong>da</strong>r com o Senhor. O primeiro é<br />

conhecê-Lo o melhor possível como a <strong>Palavra</strong>. O segundo é desfrutá-Lo, prová-Lo e<br />

experimentá-Lo o mais profun<strong>da</strong>mente possível. O princípio é que todos devemos aprender a<br />

transferir o Senhor como a <strong>Palavra</strong> para o Espírito.<br />

SER ENCHIDO COM A PALAVRA QUE FOI TRANSFERIDA PARA O ESPÍRITO<br />

Colossenses 3:16-17 diz: "Habite, ricamente, m vós a palavra de <strong>Cristo</strong>; instruí-vos e<br />

aconselhai-vos mutuamente em to<strong>da</strong> a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e<br />

cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra<br />

seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, <strong>da</strong>ndo por ele graças a Deus Pai". Esses dois<br />

versículos mostram-nos que salmos, hinos e cânticos espirituais provém <strong>da</strong> palavra que nos<br />

enche. Quando somos enchidos com a palavra, louvamos e agradecemos com salmos, hinos e<br />

cânticos. A passagem paralela em Efésios 5:18-19 diz: "E não vos embriagueis com vinho, no<br />

qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e<br />

louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais". Dessas passagens nesses<br />

dois livros irmãos, uma nos diz que quando somos enchidos com a palavra, nós louvamos o<br />

Senhor com salmos, hinos e cânticos; enquanto a outra diz que quando estamos cheios no<br />

espírito, nós louvamos com salmos, hinos e cânticos. Isso prova que a palavra se torna Espírito<br />

para nós. Quando somos cheios adequa<strong>da</strong>mente com a palavra, somos, ao mesmo tempo,<br />

enchidos no espírito.<br />

7


8<br />

Por experiência própria, sabemos que a palavra deve tornar-se o Espírito. Caso contrário,<br />

jamais poderemos louvar adequa<strong>da</strong>mente. Louvar com hinos não é algo que provém, apenas<br />

<strong>da</strong> mente; nosso louvor deve vir do espírito. Quando nosso espírito é tocado pela palavra<br />

como Espírito, temos louvor em nosso interior.<br />

Quando a palavra fala<strong>da</strong> a nós entra em nós, ela se torna a palavra novamente, e quando eles a<br />

recebem, ela se torna Espírito para eles. Ao sair, o Espírito torna-se a palavra, e a palavra<br />

recebi<strong>da</strong> de maneira adequa<strong>da</strong> torna-se o Espírito. Se a palavra não se torna o Espírito, ela é<br />

mero conhecimento, a letra que mata (2Co 3:6). Se recebermos a palavra apenas na mente, ela<br />

será conhecimento na letra, mas quando a recebemos no espírito, ela se torna Espírito. Além<br />

disso, quando a palavra se torna Espírito, ela se torna vi<strong>da</strong>.<br />

A ORAÇÃO É A ÚNICA MANEIRA DE RECEBER A PALAVRA COMO O ESPÍRITO<br />

Não é necessário ensinar as pessoas a receber a palavra na mente. Elas fazem isso de modo<br />

espontâneo. Contudo, não são muitos os cristãos que sabem receber a palavra como o<br />

Espírito. A única maneira de recebê-la como o Espírito oração. Não importa quão<br />

profun<strong>da</strong>mente nós a recebamos, ela não será vi<strong>da</strong> para nós enquanto não tiver-mos oração<br />

adequa<strong>da</strong>. Uma pessoa pode ouvir o evangelho e ser profun<strong>da</strong>mente inspira<strong>da</strong> e movi<strong>da</strong> elo<br />

Espírito Santo. Contudo se ela não orar, não poderá ser salva. Não importa quão<br />

profun<strong>da</strong>mente seja inspira<strong>da</strong>, ela ain<strong>da</strong> precisa orar; isso é um princípio. Muitas vezes fomos<br />

inspirados por uma boa mensagem, mas deixamos de orar. Assim, de depois de pouco tempo a<br />

inspiração se vai. Para guar<strong>da</strong>r a mensagem que ouvimos e pela qual fomos inspirados, devemos<br />

imediatamente introduzi-la no espírito por meio <strong>da</strong> oração. Então, ela será semea<strong>da</strong> em<br />

nosso espírito e mes-cla<strong>da</strong> com ele pela oração. Orar faz uma enorme diferença.<br />

Em nossa pregação do evangelho aprendemos que, a despeito do quanto as pessoas enten<strong>da</strong>m<br />

uma mensagem e sejam inspira<strong>da</strong>s por ela, ain<strong>da</strong> temos de ajudá-las a orar. Orar é como<br />

assinar um contrato, mas se não o assinarmos, ele na<strong>da</strong> vale. De agora em diante, depois que<br />

uma mensagem for libera<strong>da</strong>, temos de aju<strong>da</strong>r os ouvintes a orar a respeito dela.<br />

Podemos aplicar o mesmo princípio à nossa leitura. To<strong>da</strong> vez que lemos a Bíblia, precisamos<br />

pôr em oração o que lemos e entendemos. Se gastarmos dez minutos lendo, devemos gastar<br />

pelo menos quinze minutos orando. Precisamos orar mais para receber em nosso espírito o<br />

que lemos. Muitas vezes, quando lemos a palavra, ganhamos conhecimento na mente, mas não<br />

somos nutridos interiormente. Enquanto não gastarmos tempo para orar sobre o que lemos,<br />

não seremos nutridos no espírito. Então, não apenas seremos iluminados e ensinados, mas<br />

também alimentados, refrescados e fortalecidos interiormente.<br />

Temos sofrido muito simplesmente porque negligenciamos esse princípio. Ao ler, ouvir e ter<br />

comunhão, passamos a conhecer muitas coisas, e somos ver<strong>da</strong>deiramente inspirados, mas<br />

negligenciamos a oração. Portanto, o que ouvimos e o que nos inspirou desaparecem com<br />

rapidez. Gradualmente, porém, guar<strong>da</strong>mos o conhecimento na mente. <strong>Como</strong> resultado, temos<br />

muito conhecimento, mas não temos suficiente crescimento em vi<strong>da</strong>. O conhecimento na<br />

mente torna-se a letra que mata, a qual destrói nossa vi<strong>da</strong> cristã.<br />

NEM DESPREZAR A PALAVRA MINISTRADA<br />

As Epístolas enfatizam que precisamos orar mais do que ler. Primeira Tessalonicenses 5:16-<br />

20 diz: "Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo, <strong>da</strong>i graças, porque esta é a vontade<br />

de Deus em <strong>Cristo</strong> Jesus para convosco. Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias".<br />

Se lermos todos esses versículos juntos, podemos ver que orar tem muito a ver com nossa<br />

8


9<br />

ação de graças a Deus. O versículo 17 diz-nos que devemos orar sem cessar, o 18, que<br />

devemos <strong>da</strong>r graças em tudo, e o 19, que não devemos apagar o Espírito. Isso implica que, se<br />

não orarmos, iremos apagar o Espírito. Podemos pensar que apagamos o Espírito fazendo<br />

algo errado. Na ver<strong>da</strong>de, apagamos o Espírito simplesmente deixando de orar. Além disso, o<br />

versículo 20 fala de profecias. Profecias referem-se à palavra e ao ministério <strong>da</strong> palavra. Não<br />

orar pelo que ouvimos é desprezar o ministério <strong>da</strong> palavra. Se respeitamos o que ouvimos no<br />

ministério <strong>da</strong> palavra, iremos orar sobre o que ouvimos e orar com o que ouvimos.<br />

RECEBER A PALAVRA COM TODA ORAÇÃO<br />

Efésios 6:17-18 diz: "Tomai também o capacete <strong>da</strong> salvação e a espa<strong>da</strong> do Espírito, que é a<br />

palavra de Deus; com todo oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e para isto<br />

vigiando com to<strong>da</strong> perseverança e súplica por todos os santos". O contexto dessa passagem<br />

mostra-nos que orar é muito mais importante do que ler. Isso não significa que não devemos<br />

ler e ouvir mensagens. Devemos fazê-lo. Contudo o que necessitamos é orar mais do que ler.<br />

Precisamos que a oração seja combina<strong>da</strong> com nossa leitura. Precisamos orar, com to<strong>da</strong> porção<br />

<strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> que lemos e to<strong>da</strong> mensagem que ouvimos e a respeito delas. Caso contrário, poderá<br />

ser apenas conhecimento na mente; jamais será alimento e suprimento de vi<strong>da</strong> no espírito.<br />

Teremos conhecimento, mas não 0 Espírito. Por fim, teremos morte em vez de vi<strong>da</strong>. Todos<br />

temos de aprender esse princípio. Para que nossas reuniões tenham novi<strong>da</strong>de e frescor de<br />

vi<strong>da</strong>, temos de aju<strong>da</strong>r os irmãos a que diariamente pratiquem orar mais do que ler. Temos<br />

negligenciado muito este assunto.<br />

SERVIR COMO SACERDOTES QUEIMANDO INCENSO<br />

Deus precisa e deseja ter um povo de sacerdotes. Todos fomos salvos para ser sacerdotes (Ap<br />

1:6; 1Pe 2:5, 9). Um sacerdote é alguém que queima incenso diante de Deus (Êx 30:7-8).<br />

Queimar incenso é orar. Somente os que vão ao Senhor para orar e contatá-Lo, cumprem o<br />

propósito de Deus. Nos quatro Evangelhos, quando o Senhor Jesus veio a terra entre os<br />

judeus, não havia muitos sacerdotes. Antes, havia muitos escribas. Escribas são eruditos<br />

religiosos, teólogos; não são sacerdotes. Sacerdotes não são pessoas de conhecimento; são<br />

pessoas de incenso. Diariamente eles queimam incenso, isto é, oram. Zacarias, pai de João<br />

Batista, é um bom exemplo de sacerdote, indo ao templo para quei-mar incenso e orar (Lc 1:8-<br />

9).<br />

Por to<strong>da</strong> a Bíblia, mesmo no tempo de Adão, a intenção de Deus era ter um povo sacerdotal.<br />

Esse é o único tipo de pessoa que Deus precisa. Abel era sacerdote e Noé também. Eles não<br />

tinham um sacerdote oficial para oferecer suas ofertas. Eles próprios as ofereciam. Contudo, o<br />

principal trabalho dos sacerdotes não é oferecer sacrifícios; é queimar incenso.<br />

Há dois altares no tabernáculo. Um está fora do tabernáculo, e o outro, dentro. O altar do<br />

holocausto no lado de fora do tabernáculo é feito de bronze, enquanto o altar do incenso,<br />

dentro do tabernáculo, é de ouro (Êx 27: 1-2; 30:1, 3). O altar do holocausto visa ao altar do<br />

incenso. Podemos provar isso de duas maneiras. Primeiramente, o fogo utili-zado para<br />

queimar o incenso vinha do altar do holocausto. O único fogo que podia ser usado para<br />

queimar o incenso era o fogo do altar do holocausto, o fogo celestial que vinha de Deus (Lv<br />

9:24). Qualquer outro seria "fogo estranho", como o que os dois filhos de Arão ofereceram<br />

(10:1). Isso significa que para orar temos de fazê-lo com base na redenção <strong>da</strong> cruz. A redenção<br />

no altar do holocausto visa à comunhão no altar de incenso. No altar do holocausto há a<br />

purificação do sangue com vistas à comunhão. Primeira João 1:7 diz-nos que, para manter a<br />

comunhão, precisamos <strong>da</strong> purificação pelo sangue. Sem o altar do holocausto, não temos base<br />

para queimar o incenso, isto é, para ter comunhão com Deus. A redenção visa à comunhão. Ela<br />

9


10<br />

nos conduz de volta à comunhão com Deus. Em segundo lugar, o sangue derramado sobre o<br />

altar do holo-causto é levado para o Lugar Santo para ser aspergido sobre os quatro chifres do<br />

altar do incenso (Lv 4:7a). Isso prova novamente que o altar externo ao tabernáculo visa ao<br />

altar no Lugar Santo.<br />

Os sacerdotes não somente traziam as ofertas; eles queimavam incenso, e queimar incenso é<br />

orar. Efésios 6:5-7 diz-nos que até mesmo ser servo de um senhor humano é um tipo de<br />

serviço a Deus. Contudo, esse não é um serviço como o que os sacerdotes tinham quando<br />

queimavam incenso. Muitos levitas trabalhavam em torno do altar no átrio, sem entrar no<br />

Lugar Santo. Eles apenas levavam as vacas e ovelhas, as imolavam, esfolavam e tinham muitas<br />

outras tarefas. Era um serviço a Deus, mas era diferente do serviço dos que queimavam<br />

incenso. Precisamos aprender a queimar incenso de maneira refina<strong>da</strong> para oferecer um<br />

aroma agradável a Deus. Servir a Deus no átrio como levita é um tipo de serviço, mas servir<br />

como sacerdote queimando incenso diretamente para Deus é outra coisa.<br />

Entrar no Santo dos Santos é ain<strong>da</strong> mais profundo. No Santo dos Santos não há um altar, mas a<br />

arca com a glória shekinah de Deus. O serviço no átrio, o serviço no Santo Lugar e o serviço no<br />

Santo dos Santos são todos serviços a Deus, mas que tipo de serviço queremos ter? O serviço<br />

no Santo Lugar exige que apren<strong>da</strong>mos a queimar incenso orando.<br />

NOSSA NECESSIDADE DE ORAR EM ESPÍRITO<br />

O tabernáculo e o templo representam nosso ser que é composto de três partes: espírito, alma<br />

e corpo. Para queimar incenso, devemos aprender a nos conduzir, agir e servir interiormente<br />

e não apenas exteriormente. Pouco a pouco devemos aprender a estar no espírito. De acordo<br />

com o registro <strong>da</strong> Bíblia, é difícil discernir se o altar do incenso está fora ou dentro do véu,<br />

diante <strong>da</strong> arca (Ex 30:6; 1Rs 6:22; Hb 9:3-4). Esse é um problema para os estudiosos <strong>da</strong> Bíblia.<br />

Contudo, esse arranjo está sob a soberania de Deus Em tipologia isso significa que, quando<br />

começamos a orar, estamos principalmente na alma e somente um pouco no espírito. É difícil<br />

dizer se estamos orando no Lugar Santo ou no Santo dos Santos. Depois de alguns minutos,<br />

porém, entramos mais profun<strong>da</strong>mente no espírito. Nesse momento oramos no espírito.<br />

Arão tomou um incensário para queimar incenso diante de Jeová dentro do véu do<br />

tabernáculo (Lv 16:12-13). Esse incensário é diferente do altar do incenso. De acordo com a<br />

interpretação bíblica adequa<strong>da</strong>, o altar do incenso é para orações em geral, ao passo que o<br />

incensário é para orações especiais. Orações especiais são um tanto mais profun<strong>da</strong>s, no Santo<br />

dos Santos. To<strong>da</strong>s nossas orações especiais devem ser no espírito. Portanto, devemos<br />

aprender a nos conduzir, agir, viver e an<strong>da</strong>r de maneira interior.<br />

NOSSA NECESSIDADE DE CONTATAR O SENHOR INTERIORMENTE POR MEIO DA<br />

ORAÇÃO<br />

Todos devemos buscar viver de maneira interior para contatar o Senhor. O que Deus necessita<br />

é um povo que O contata orando. No cristianismo hoje há muita ativi<strong>da</strong>de exterior, mas não há<br />

muito contato interior com o Senhor a fim de queimar incenso. Um sacerdote é uma pessoa<br />

que queima incenso interiormente, não no átrio, mas no Santo Lugar, e até mesmo no Santo<br />

dos Santos, para contatar o Senhor. Hebreus 10:19-22 exorta-nos a entrar no Santo dos<br />

Santos, e 4:16 encoraja-nos a tocar o trono <strong>da</strong> graça. Quem entra no Santo dos Santos e toca o<br />

trono <strong>da</strong> graça é um sacerdote. Em Colossenses 4: 16, Paulo exortou os colossenses a ler sua<br />

epístola aos laodicenses, mas, em sua maioria, os escritores <strong>da</strong>s Epístolas encorajam-nos não a<br />

ler mais, mas a ser pessoas de oração, pessoas que constante-mente vão ao Santo dos Santos<br />

para tocar o trono <strong>da</strong> graça.<br />

10


11<br />

O tipo de pessoa que pode contatar Deus não é a que faz obra, mas a que ora. O que<br />

precisamos hoje na restauração do Senhor são mais pessoas que oram. Esperamos no Senhor<br />

que Ele mude a maneira <strong>da</strong>s nossas reuniões, mas se não formos um povo que ora, somente<br />

teremos reuniões formais. Somente quando nos tornamos pessoas de oração é que podemos<br />

ter reuniões vivas. Podemos comparar o formalismo <strong>da</strong>s reuniões cristãs às ataduras que<br />

envolvem os mortos. Em João 11:44, o Senhor disse às pessoas que removessem as ataduras<br />

do Lázaro ressuscitado. Contudo, se Lázaro não tivesse ressuscitado, retirar as ataduras teria<br />

apenas exposto seu mau cheiro. Se mu<strong>da</strong>rmos a maneira de nos reunir sem que nossas<br />

reuniões sejam vivas, elas serão cheias de mau cheiro, como um cemitério cheio de morte.<br />

Portanto, devemos encorajar os irmãos a aprenderem a orar.<br />

ORAR SOBRE O QUE LEMOS E COM O QUE LEMOS PARA CONTATAR O SENHOR<br />

A fim de ser um povo de oração temos de ler a <strong>Palavra</strong> diariamente, mas temos de orar mais<br />

do que lemos. Se usarmos dez minutos para ler devemos usar outros vinte para orar. Esse tipo<br />

de oração não é por assuntos, negócios, cônjuge, escola, trabalho nem mesmo por socorro. É<br />

simplesmente orar sobre o que lemos e com o que lemos a fim de contatar o Senhor. Não se<br />

trata de uma oração de negócios, mas de uma oração para contatar Deus. Precisamos<br />

aprender a orar a fim de comer e beber <strong>Cristo</strong>. Devemos esquecer os negócios e as<br />

necessi<strong>da</strong>des. Temos Mateus 6:33 como promessa: se buscarmos primeiro o Seu reino e a Sua<br />

justiça,<br />

Ele nos acrescentará tudo o que necessitamos. Deve-mos aprender a simplesmente buscá-Lo,<br />

orando sobre o que lemos e com o que lemos.<br />

Pouquíssimos cristãos têm uma vi<strong>da</strong> de oração adequa<strong>da</strong>, e menos ain<strong>da</strong> oram com o que<br />

lêem. Temos de orar com o que lemos e sobre o que lemos. Então, a palavra que recebemos se<br />

tornará o Espírito em nosso espírito, e quando a palavra se torna Espírito, ela é vi<strong>da</strong> para nós.<br />

"As palavras que Eu vos tenho dito são espírito e são vi<strong>da</strong>" (Jo 6:63). <strong>Como</strong> a palavra pode<br />

tornar-se Espírito para nós? Não há outra maneira senão pela nossa oração. Podemos orar a<br />

respeito dessa palavra. Que o Senhor nos conce<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira mu<strong>da</strong>nça e ver<strong>da</strong>deira revelação<br />

no espírito, para que possamos servi-Lo não meramente no átrio, mas no Lugar Santo e até<br />

mesmo no Santo dos Santos. Todos precisamos aprender a não ser escribas ou mestres, mas<br />

sacerdotes, <strong>da</strong>ndo mais atenção à oração do que à leitura.<br />

11


Capítulo Três<br />

LIDAR COM CRISTO COMO A PALAVRA E O ESPÍRITO<br />

Leitura Bíblica: Jo 6:57, 63; 2Co 3:6b<br />

A intenção de Deus é mesclar-se conosco e trabalhar-se em nós. A primeira figura na Bíblia<br />

após a criação do homem é a de Deus apresentar-se ao homem como a árvore <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> na<br />

forma de alimento para que o homem coma (Gn 2:8-9). Comer é desfrutar, e tudo o que<br />

desfrutamos comendo é mesclado conosco. Deus deseja oferecer-se a nós para que possamos<br />

desfrutá-Lo todo o tempo. Dessa maneira, Ele pode ser vi<strong>da</strong> e tudo para nós e até mesmo<br />

tornar-se nosso próprio componente.<br />

Deus como desfrute para nós está em <strong>Cristo</strong>. <strong>Cristo</strong> é a própria corporificação de Deus; to<strong>da</strong> a<br />

plenitude <strong>da</strong> dei<strong>da</strong>de habita Nele corporalmente (Cl 2:9), isto é, tudo o que Deus é está<br />

corporificado em <strong>Cristo</strong>. <strong>Cristo</strong> vem até nós como a corporificação de Deus para que O<br />

tomemos, comamos, bebamos e desfrutemos. O próprio <strong>Cristo</strong> nos disse que veio como o pão<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> celestial para comermos e como água viva para bebermos (Jo 6:51; 7:37-38). Comer e<br />

beber <strong>Cristo</strong> é tomá-Lo como nosso desfrute. <strong>Cristo</strong> é a própria corporificação de Deus para<br />

que possamos participar Dele e desfrutá-Lo.<br />

DEUS CORPORIFICADO EM CRISTO COMO A PALAVRA PARA O CONHECERMOS<br />

<strong>Cristo</strong> veio como a corporificação de Deus para ser desfrutado por nós primeiramente como a<br />

<strong>Palavra</strong> e, por fim, como o Espírito. Podemos ver isso claramente no Evangelho de João. No<br />

princípio havia Deus como o Verbo, ou a <strong>Palavra</strong> (1:1). A <strong>Palavra</strong> é a expressão, definição, a<br />

revelação de Deus. No Evangelho de João, Deus é expresso e revelado por meio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e do<br />

an<strong>da</strong>r do Senhor Jesus enquanto Ele esteve na terra. É por meio Dele que conhecemos a<br />

plenitude de Deus, que tipo de Deus Ele é e como Ele é o nosso des-frute. Enquanto <strong>Cristo</strong><br />

estava com os discípulos, eles O ouviam, viam e tocavam (1Jo 1:1). Diariamente eles "liam" a<br />

<strong>Palavra</strong> viva. Se alguém ficasse conosco de manhã até à noite, dia e noite, nós, por fim, o<br />

teríamos "lido" de maneira cabal. Por três anos e meio, Pedro e os demais discípulos liam<br />

constantemente algo de <strong>Cristo</strong>, não em letras em preto e branco, mas em uma Pessoa viva.<br />

Pela leitura que os discípulos fizeram de <strong>Cristo</strong> por três anos e meio, eles passaram a conhecer<br />

quem era Ele.<br />

CRISTO TRANSFIGURADO NO ESPÍRITO PARA O NOSSO DESFRUTE<br />

Contudo, <strong>Cristo</strong> somente podia estar no meio deles. Naquela ocasião Ele não estava dentro<br />

deles. Portanto, eles somente puderam conhecê-Lo, mas não desfrutá-Lo plenamente. Para se<br />

comer algo, essa coisa precisa ser morta, corta<strong>da</strong> em pe<strong>da</strong>ços e cozinha<strong>da</strong>. Então, o que<br />

anteriormente apenas contemplávamos irá tornar-se uma deliciosa refeição para ser toma<strong>da</strong>,<br />

prova<strong>da</strong> e desfruta<strong>da</strong>. Foi isso o que o Senhor Jesus disse aos discípulos depois de ter estado<br />

com eles por três anos e meio. Ele lhes disse que seria crucificado. Ser crucificado é ser morto,<br />

ser "colocado no fogo e cozi-nhado". Ser cozinhado é ser transformado, mu<strong>da</strong>r de forma para<br />

poder ser comido, Por Sua crucificação e ressurreição, <strong>Cristo</strong> foi transfigurado <strong>da</strong> carne para o<br />

Espírito. Depois dos quatro Evangelhos, essa <strong>Palavra</strong> tornou-se o Espírito vivificante (1Co<br />

15:45b; 2Co 3:17).<br />

Nas Epístolas não vemos <strong>Cristo</strong> principalmente como a <strong>Palavra</strong>. Somente 1 João 1:1 o<br />

menciona como a <strong>Palavra</strong>. Contudo, o livro de Atos e as Epístolas dizem-nos diversas vezes<br />

que <strong>Cristo</strong> é o Espírito. Nos quatro Evangelhos, <strong>Cristo</strong> é a <strong>Palavra</strong>, como a expressão e<br />

12<br />

12


13<br />

revelação de Deus, mas em Atos e nas Epístolas, <strong>Cristo</strong> é o Espírito como nosso desfrute.<br />

Quando <strong>Cristo</strong> tornou-se o Espírito é que Ele pôde ser nosso desfrute. <strong>Como</strong> a <strong>Palavra</strong>, <strong>Cristo</strong><br />

era a revelação, mas como o Espírito, Ele é nosso desfrute, torna-se real para nós e é nossa<br />

experiência. Quando <strong>Cristo</strong> estava com os primeiros discípulos nos quatro Evangelhos, nos<br />

três anos e meio, Ele era uma revelação para eles, mas não podia ser compreen-dido por eles<br />

porque eles não podiam experimentá-Lo. Após o dia <strong>da</strong> ressurreição e o dia do Pentecostes,<br />

contudo, <strong>Cristo</strong> já não era apenas uma revelação. <strong>Cristo</strong> tornou-se uma experiência para os<br />

discípulos porque havia se tornado o Espírito vivificante e habitava no espírito deles (Rm<br />

8:16; 2 Tm 4:22), não simplesmente para que O entendessem, vis-sem e conhecessem, mas<br />

para que O desfrutassem, partici-passem Dele e O experimentassem. Para conhecer <strong>Cristo</strong>,<br />

temos de conhecê-Lo como a <strong>Palavra</strong>, e para experimentá-Lo, temos de fazê-Lo como o<br />

Espírito vivificante. <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> é para conhecermos; <strong>Cristo</strong> como o Espírito é para<br />

O desfrutarmos e experimentarmos.<br />

TRÊS TIPOS DE PESSOAS QUE BUSCAM A CRISTO<br />

Os Fun<strong>da</strong>mentalistas: Buscam a <strong>Cristo</strong> Estu<strong>da</strong>ndo com a Mente<br />

Embora sejamos cristãos há muitos anos, temos conhecido a <strong>Cristo</strong> principalmente como a<br />

<strong>Palavra</strong>. Não O temos desfrutado suficiente como o Espírito vivificante. Um tipo de cristão<br />

buscador estu<strong>da</strong> a fim de conhecer <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong>, tomando notas em sua Bíblia,<br />

marcando-a com cores diferentes e exercitando a mente em concor-dâncias, léxicos,<br />

dicionários e exposições. Muitas vezes no passado, ao li<strong>da</strong>r com <strong>Cristo</strong>, nós exercitamos<br />

apenas a mente a fim de estu<strong>da</strong>r dessa maneira.<br />

Os Pentecostais: Buscam a <strong>Cristo</strong> Exercitando os Dons<br />

Outro tipo de cristão diz que isso é muito morto. Esse segundo grupo busca as experiências<br />

pentecostais, possivelmente chegando a produzir algo manufaturado. Repentinamente, parece<br />

que algo desce do céu sobre a pessoa, e ela pula, ri, rola e mu<strong>da</strong> a voz para falar em línguas.<br />

Os que Desfrutam o <strong>Cristo</strong> que Neles Habita: Exercitam o Espírito<br />

Contudo, não são muitos os cristãos que conhecem a maneira <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> interior. <strong>Cristo</strong> foi<br />

primeiramente a <strong>Palavra</strong>, mas, depois de Sua crucificação e ressurreição, Ele tornou-se, e<br />

ain<strong>da</strong> é, o Espírito vivificante, que habita em nosso espírito.<br />

Agora temos de exercitar nosso espírito humano como órgão para O contatar, experimentar e<br />

desfrutar interiormente de maneira viva. O Novo Testamento não corresponde à maneira dos<br />

fun<strong>da</strong>mentalistas, os que somente estu<strong>da</strong>m a <strong>Palavra</strong>, nem à dos pentecostais, os que somente<br />

buscam experiências pentecostais. Antes, o Novo Testamento corres-ponde aos que<br />

compreendem e desfrutam o fato de <strong>Cristo</strong> hoje ser o Espírito vivificante habitando em nosso<br />

espírito. Devemos conhecê-Lo <strong>da</strong> maneira revela<strong>da</strong> em 2 Timóteo 4:22: "O Senhor seja com o<br />

teu espírito". Devemos saber exercitar o espírito a fim de compreender, desfrutar e<br />

experimentar o Senhor. Não digo que não precisamos do conhecimento fun<strong>da</strong>mental ou dos<br />

dons adequados. Sim, precisamos deles. Contudo, o conhecimento fun<strong>da</strong>mental e os dons<br />

adequados são para que os cristãos conheçam a <strong>Cristo</strong> como o Espírito vivificante e O<br />

experimentem exercitando o espírito para contatá-Lo.<br />

13


SABER LIDAR COM CRISTO COMO A PALAVRA E O ESPÍRITO<br />

Nos quatro Evangelhos, <strong>Cristo</strong> era a <strong>Palavra</strong> a fim de revelar Deus a nós; e em Atos e nas<br />

Epístolas, <strong>Cristo</strong> é o Espírito vivificante para desfrutarmos, contatarmos e experimentarmos.<br />

Portanto, todos temos de saber li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong> e com o Espírito. Alguns podem saber li<strong>da</strong>r<br />

com a <strong>Palavra</strong>, mas não de maneira adequa<strong>da</strong>. Contudo, estou mais preocupado com o fato de<br />

que muitos não sabem li<strong>da</strong>r com o Espírito.<br />

Temos a Bíblia como a <strong>Palavra</strong> de Deus, e também temos o Espírito Santo em nós. Esses dois<br />

itens são a riqueza, os bens que her<strong>da</strong>mos de Deus. Se me perguntarem: “Irmão Lee, que<br />

riquezas você tem?", eu responderia que tenho apenas estes dois itens: a Bíblia em minhas<br />

mãos e o Espírito Santo no meu espírito. Um bom cristão sabe li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong> e com o<br />

Espírito. Nestes dias nos demos conta de que precisamos de uma maneira adequa<strong>da</strong> para nos<br />

reunir. Contudo, para ter uma reunião adequa<strong>da</strong>, precisamos ter uma vi<strong>da</strong> cristã adequa<strong>da</strong>.<br />

Uma reunião adequa<strong>da</strong> é a expressão e o testemunho coletivos de nossa vi<strong>da</strong> cristã. Além<br />

disso, para se ter uma vi<strong>da</strong> cristã adequa<strong>da</strong>, preci-samos saber li<strong>da</strong>r diariamente com <strong>Cristo</strong><br />

como a <strong>Palavra</strong> e como o Espírito vivificante. Enquanto não soubermos li<strong>da</strong>r adequa<strong>da</strong>mente<br />

com <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> e o Espírito vivo que habita interiormente não seremos capazes de<br />

ter uma vi<strong>da</strong> cristã e uma vi<strong>da</strong> de reunião adequa<strong>da</strong>s.<br />

EXERCITAR O ESPÍRITO PARA ORAR COM A PALAVRA QUE LEMOS<br />

João 6:63 diz: "As palavras que Eu vos tenho dito são espírito são vi<strong>da</strong>". A palavra tem de ser<br />

espírito para ser vi<strong>da</strong> para nós. Portanto, devemos saber transferir para o Espírito a palavra<br />

que entendemos. Se vamos à Bíblia apenas para exercitar os olhos e a mente a fim de entendêla,<br />

a palavra ain<strong>da</strong> será apenas palavra. A maneira de transferi-la para o Espírito é exercitar<br />

nosso espírito para orar.<br />

Um cristão pode ler Mateus 1:1 que diz: "Livro <strong>da</strong> geração de Jesus <strong>Cristo</strong>, filho de Davi, filho<br />

de Abraão". Se ler esse versículo apenas para entendê-lo, ele receberá a palavra somente de<br />

maneira exterior. Contudo, a palavra apenas na forma de letras traz morte (2Co 3:6). A<br />

maioria dos cristãos a toma somente como conhecimento a fim de armazená-la na mente.<br />

Aliás, quanto mais fazemos isso, mais morte temos. Essa morte na esfera <strong>da</strong> mente faz com<br />

que critiquemos os outros, e quando os criticamos temos o mau cheiro <strong>da</strong> morte. Contudo, se<br />

transferirmos Mateus 1:1 para o Espírito, esse versículo torna-se vi<strong>da</strong>. Então, em vez do mau<br />

cheiro <strong>da</strong> morte, essa palavra trará uma fragrância, um incenso oferecido a Deus.<br />

Quando um recém-convertido ora com Mateus 1:1, pode ser que ele não saiba quem são Davi<br />

e Abraão. Ele pode simplesmente orar: "Senhor Jesus, eu não sei quem são Davi e Abraão. Mas<br />

sei que Tu, Senhor, és o Filho de Deus, que se tornou o Filho de Davi. Ó Senhor, Tu és o Filho<br />

de Deus, mas Te tornaste Filho do Homem. Senhor, eu Te louvo e Te adoro. Tu és Deus,<br />

contudo, Te tornaste homem". Se ele ler a palavra dessa maneira, receberá não conhecimento,<br />

mas o próprio <strong>Cristo</strong> vivo. Quanto mais ele orar dessa maneira, mais o <strong>Cristo</strong> vivo terá sido<br />

infundido nele por meio <strong>da</strong> oração. Depois de ler e orar dessa maneira por vários minutos, ele<br />

estará cheio, satisfeito e renovado.<br />

Há duas maneiras de li<strong>da</strong>r com a palavra. Uma é perguntar: "Quem é Davi? É o pai de Salomão;<br />

mas quem é Salomão?" Essa é a maneira erra<strong>da</strong>. Ela nos deixará per-didos e poderá fazer com<br />

que estudemos por duas semanas. Então nos orgulharemos, sabendo quem é Davi e<br />

conhecendo tudo sobre ele. Iremos para a reunião para ouvir o ministrar <strong>da</strong> palavra,<br />

observando cui<strong>da</strong>dosamente o que o orador falará sobre Davi. Poderemos achar que sua<br />

palavra não é precisa, e assim começaremos a criticá-lo. Podemos dizer: "Esse orador nunca<br />

14<br />

14


15<br />

usou uma boa concordância bíblica. Ele não tem conhecimento adequado. <strong>Como</strong> pode vir aqui<br />

ensinar-nos?" É exatamente isso que tem ocorrido conosco. Uma vez, uma pessoa que me<br />

ouvia disse: "Esse coitado do irmão Lee provavelmente nunca leu “A Vi<strong>da</strong> Cristã Normal”. Na<br />

ver<strong>da</strong>de eu ouvi as mensagens <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Cristã Normal antes que essa pessoa tivesse nascido.<br />

Isso ilustra como tomar a palavra simplesmente como letras que gera conhecimento, o<br />

conhecimento traz morte e a morte cheira mal. Que o Senhor nos salve e liberte dessa maneira<br />

erra<strong>da</strong>.<br />

A maneira correta de receber a palavra é tomá-la como o sopro de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> parte de Deus (2Tm<br />

3:16). Ela é o alimento vital pelo qual o homem vive. O homem não vive somente do pão, mas<br />

de to<strong>da</strong> palavra que procede <strong>da</strong> boca de Deus (Mt 4:4). É alimento para o espírito, por isso<br />

temos de exercitar o que vamos à palavra, temos de nos <strong>da</strong>r conta de que ela é alimento<br />

espiritual. Devemos exercitar o espírito para comê-la, e não meramente conhecê-la. Devemos<br />

esquecer-nos do conhecimento e simplesmente comer <strong>Cristo</strong>. Essa é a palavra escrita <strong>da</strong><br />

<strong>Palavra</strong> viva. É a expressão, a revelação <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> viva, que é <strong>Cristo</strong>. Ele é nosso alimento,<br />

nosso pão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, de modo que sempre que tomamos a Bíblia, tomamos alimento, não para o<br />

corpo, mas para o espírito. Assim temos de usar o espírito para tomá-la. Isso está claro para<br />

nós, mas temos de ter a prática de receber a palavra dessa maneira: não meramente lê-la para<br />

obter conhecimento, mas para nos alimentar.<br />

Gênesis 1:1 diz: "No princípio, criou Deus os céus e a terra". A maioria <strong>da</strong>s pessoas que lêem<br />

esse versículo é tenta<strong>da</strong> a saber quem estava no princípio e se esse princípio foi há milhares,<br />

milhões ou bilhões de anos. Essa é a maneira de ler a Bíblia para obter conhecimento,<br />

conhecer pelo exercício <strong>da</strong> mente. É a maneira erra<strong>da</strong>. A maneira correta é exercitar o<br />

espírito. Se o fizermos, imediatamente iremos orar: "Senhor, Tu criaste to<strong>da</strong>s as coisas. Tudo<br />

foi criado por Ti, por isso, tudo foi iniciado por Ti. Senhor, quero que Tu entres em minha vi<strong>da</strong><br />

para iniciar to<strong>da</strong>s as coisas". Tomar a palavra dessa maneira não é mero conhecimento. Antes,<br />

é suprimento.<br />

Mateus 8:1-3 diz: "Ora, descendo Ele do monte, grandes multidões O seguiram. E eis que um<br />

leproso, tendo-se aproximado, adorou-O dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E<br />

Jesus, estendendo a mão, tocou-o dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo<br />

<strong>da</strong> sua lepra". Alguns podem tomar essa palavra como mero conheci-mento e até mesmo<br />

criticar, dizendo que isso não parece ser um ensinamento adequado na Bíblia. To<strong>da</strong>via,<br />

deveríamos tomar essa palavra louvando e orando: “Senhor, desce novamente hoje para o<br />

lugar onde estou. Estou no lugar de fracasso, no lugar de lepra e não consigo libertar-me.<br />

Senhor, se desceres para o lugar onde estou serei libertado. Ó Senhor, fui lavado por Ti, mas<br />

ain<strong>da</strong> preciso mais e mais de Ti. Desce, Senhor, para o lugar onde estou".<br />

A PALAVRA TORNA-SE O ESPÍRITO PARA NÓS, POR MEIO DA ORAÇÃO<br />

Se lermos a palavra pela manhã dessa maneira, esses poucos versículos serão muito<br />

adequados e constituirão um rico desjejum. Eles serão bons até mesmo para to<strong>da</strong> a semana.<br />

Ca<strong>da</strong> dia <strong>da</strong>quela semana podemos orar: "Ó Senhor, Tu desceste do monte exatamente para o<br />

lugar onde estou. Fui lavado por Ti. Senhor, eu creio que até hoje Tu vens para mim. Encontrame<br />

aqui". Enquanto trabalhamos, podemos orar: "Senhor, aqui há lepra. Desce para o lugar<br />

onde estou". O dia todo receberemos não a palavra, mas o próprio Senhor. A palavra será<br />

transferi<strong>da</strong> para o Espírito por meio <strong>da</strong> oração. A palavra é preta e branca exterior a nós, mas<br />

depois de orarmos ela se torna o Espírito vivo em nosso interior, a nos alimentar, refrescar,<br />

fortalecer e libertar o dia todo.<br />

15


16<br />

Podemos ilustrar ain<strong>da</strong> mais a maneira viva de ler a palavra com 1 Timóteo 1:1. Esse versículo<br />

diz: "Paulo. apóstolo de <strong>Cristo</strong> Jesus, pelo man<strong>da</strong>to de Deus, nosso Salvador e de <strong>Cristo</strong> Jesus,<br />

nossa esperança". Um irmão pode ler esse versículo, orando e louvando o Senhor por ser<br />

nosso Salvador e nossa esperança. Mais tarde, durante o dia, algo decepcionante pode ocorrer<br />

a ele, mas quanto mais ele ora: "Senhor, Tu és a minha esperança", mais o Espírito em seu<br />

interior o fortalece. Dessa maneira, a palavra esperança torna-se Espírito para ele.<br />

Para orar a fim de transferir a palavra para o Espírito, devemos aprender a exercitar, liberar e<br />

elevar nosso espírito. Nossa oração sobre a palavra deve também ter algum entendimento ou<br />

inspiração em si. Se não recebemos algo quando começamos a ler, devemos prosseguir a<br />

leitura. Não devemos forçar-nos a ganhar algo em to<strong>da</strong> porção que lemos. A Bíblia é muito<br />

rica. É como um banquete sobre a mesa. Quando chegamos a um banquete, não precisamos<br />

esforçar-nos para desfrutar um pe<strong>da</strong>ço de osso sem carne. Se fôssemos pobres, teríamos de<br />

quebrar o osso para pegar o tutano. Porém, não somos pobres; a Bíblia é muito rica.<br />

Inicialmente pode ser que não ganhemos na<strong>da</strong> do que lemos, porém mais tarde, quando<br />

voltamos para aquela mesma passagem, receberemos algo.<br />

Todos precisamos ter a prática de receber a palavra dessa maneira, porque estamos<br />

acostumados a receber algo de conhecimento. Depois de determinado período de prática,<br />

contudo, estaremos mais acostumados a receber algo de vi<strong>da</strong>. Mesmo sendo fácil ganhar algo<br />

de conhecimento em certa porção <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong>, não o faremos. Se entendemos algo de um<br />

trecho <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong>, não devemos <strong>da</strong>r atenção ao simples conhecimento. Em vez disso, devemos<br />

receber algo de vi<strong>da</strong>. Digo novamente: não devemos esforçar-nos para ganhar algo de to<strong>da</strong>s as<br />

porções que lemos. Se chegarmos a um "osso" podemos esquecê-lo por enquanto e prosseguir<br />

para uma mensagem macia e cheia de "carne", a fim de ganhar algo de vi<strong>da</strong>. Ir à <strong>Palavra</strong> para<br />

banquetear-se no Senhor é como ir à mesa de jantar. Devemos aprender a encontrar algo que<br />

possamos comer.<br />

É muito fácil ganhar algo de conhecimento, mas não é tão fácil ganhar algo de vi<strong>da</strong>. Estamos<br />

familiarizados com os ossos, mas não conhecemos tão bem a carne. Todos devemos aprender<br />

essa maneira adequa<strong>da</strong> de ler a palavra. Isso nos aju<strong>da</strong>rá a desfrutar o Senhor, a experimentá-<br />

Lo e a viver por Ele. O Senhor Jesus nos disse: "Quem Me come, também viverá por causa de<br />

Mim" (Jo 6:57). A leitura adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> aju<strong>da</strong>-nos a compreender o Senhor, desfrutá-<br />

Lo, experimentá-Lo e viver por Ele, e também nos aju<strong>da</strong> a exercitar o espírito, porque, dessa<br />

maneira, oramos muito. Então, nosso espírito é fortalecido, elevado, exercitado e vivificado.<br />

Quando chegarmos às reuniões, será fácil orar, porque nosso espírito foi exercitado,<br />

fortalecido e elevado. Além disso, teremos algum conteúdo para orar. Teremos algo<br />

armazenado em nosso espírito, e nosso espírito estará vivo porque diariamente temos nos<br />

alimentado de <strong>Cristo</strong>. Essa é a maneira adequa<strong>da</strong> e normal de desfrutar o Senhor.<br />

16


Capítulo Quatro<br />

OUTRAS ILUSTRAÇÕES SOBRE A LEITURA DA PALAVRA COM ORAÇÃO<br />

<strong>Oração</strong>: “Senhor sob o Teu precioso sangue aproxima-mo-nos novamente de Ti. Buscamos a Tua<br />

aju<strong>da</strong>. Senhor, Tu sabes que nas práticas adequa<strong>da</strong>s precisamos de aju<strong>da</strong> no espírito. Que<br />

tenhamos a liber<strong>da</strong>de e o encorajamento para falar e praticar na maneira <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Aju<strong>da</strong>-nos<br />

para isso. Pedimos-Te em Teu precioso nome.”<br />

NÃO FAZER UMA ORAÇÃO FORMAL, MAS FALAR ESPONTANEAMENTE AO SENHOR<br />

Quanto mais adquirimos a prática de exercitar o espírito para orar com a palavra que lemos,<br />

mais somos ajustados e mais aprendemos a fazê-lo. Esse tipo de leitura passará a ser<br />

espontâneo para nós. Não é necessário que enten<strong>da</strong>mos o que lemos para então fazer uma<br />

oração formal. Simplesmente lemos algo e falamos ao Senhor. Primeiramente, pode ser que<br />

alguns tenham de fechar os olhos para orar, mas depois de alguma prática eles se tornarão<br />

mais interiores e serão capazes de orar de todos os modos.<br />

Em determinado ponto seremos capazes de ler e orar com João 15:10, por exemplo. Esse<br />

versículo diz: "Se guar<strong>da</strong>rdes os Meus man<strong>da</strong>mentos, permanecereis no Meu amor; assim<br />

como Eu tenho guar<strong>da</strong>do os man<strong>da</strong>mentos de Meu Pai, e no Seu amor permaneço".<br />

Poderemos falar ao Senhor de maneira espontânea: "Senhor, não apenas Tu mesmo és vi<strong>da</strong>,<br />

mas até mesmo Teus man<strong>da</strong>mentos são vi<strong>da</strong> eterna. Não tomo Teu man<strong>da</strong>mento meramente<br />

como os Dez Man<strong>da</strong>mentos. Antes, eu os tomo como vi<strong>da</strong>, porque eles são a Tua própria<br />

pessoa. Senhor, Tu nos disseste claramente que sem Ti na<strong>da</strong> podemos fazer. Tomo Teus<br />

man<strong>da</strong>mentos simplesmente como a Ti mesmo. Tu és alegria e amor". Não é necessário fazer<br />

uma oração formal. Podemos simplesmente falar com o Senhor dessa maneira.<br />

Quando falamos ao Senhor dessa maneira, não devemos exercitar demais a mente. Antes,<br />

precisamos aprender a exercitar o espírito, a abrir profun<strong>da</strong>mente o nosso interior e falar algo<br />

ao Senhor. Precisamos praticar mais. Quando começamos a ter a prática de ler e orar dessa<br />

maneira, precisamos separar algum tempo diariamente. Contudo, depois de nos<br />

acostumarmos mais a isso, poderemos fazê-lo o dia inteiro. Estaremos familiarizados com a<br />

<strong>Palavra</strong> e seremos capazes de transformar todo e qualquer versículo em oração. Então, ca<strong>da</strong><br />

versículo se tornará Espírito para nós. Precisamos praticar mais para nos acostumar a isso.<br />

TRANSFORMAR CADA PASSAGEM EM ORAÇÃO, EXERCITANDO O ESPÍRITO<br />

Precisamos ler a Bíblia sem exercitar nossa escolha. Devemos começar em Mateus 1:1 e<br />

simplesmente continuar a ler na seqüência. Um dia podemos ler os oito primeiros versículos,<br />

e no dia seguinte continuar a partir do versículo 9 lendo outros cinco ou dez versículos. Uma<br />

manhã podemos chegar a Marcos 4:3-6, que diz: "Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear. E<br />

sucedeu que, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a devoraram.<br />

Outra parte caiu em lugar pedregoso, onde não havia muita terra, e logo brotou, visto não ser<br />

profun<strong>da</strong> a terra. Quando saiu o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se". Podemos<br />

orar algo simples, sem muita doutrina e sem "<strong>da</strong>r uma mensagem" na oração.<br />

Espontaneamente podemos dizer: "Senhor, eu Te louvo porque és o semeador e também a<br />

semente. Ó Senhor, Tu Te semeaste em mim. Oh! a semente! Tu és a semente". Às vezes,<br />

podemos repetir várias vezes: "Ó, Senhor, Tu és a semente maravilhosa!" Então, podemos<br />

aproximar-nos <strong>da</strong> esposa e dizer: "Queri<strong>da</strong>, o Senhor é a semente!" Podemos também dirigirnos<br />

ao inimigo e dizer: "Satanás, você não sabe que o Senhor é a semente em mim?".<br />

17<br />

17


18<br />

Essa é uma maneira simples e viva de orar sem muitas palavras. Às vezes nossas orações têm<br />

palavras demais. Muitas palavras se amontoam, mas não há subs-tância alguma. Nossa oração<br />

quando chegarmos a Marcos 4 pode simplesmente ser: "Senhor, Tu és a semente viva, a<br />

semente <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que foi planta<strong>da</strong> em mim. Eu Te louvo porque por Tua misericórdia não estou<br />

à beira do caminho. Temo, contudo, que eu tenha algumas pedras. Pode ser que meu coração<br />

seja o terreno pedregoso. Senhor, mostra-me as pedras e retira-as. Que Tu cresças<br />

profun<strong>da</strong>mente em mim". Tal oração é viva; não está na esfera do exercício mental. Temos de<br />

exercitar o espírito para falar algo ao Senhor de maneira viva, do nosso interior. Isso exige<br />

prática.<br />

QUANDO TRANSFERIMOS A PALAVRA PARA O ESPÍRITO, A BÍBLIA TORNA-SE UM<br />

LIVRO "DIFERENTE" PARA NÓS<br />

Precisamos mu<strong>da</strong>r nossa maneira de ler a <strong>Palavra</strong>. Devemos tomar a palavra como a ver<strong>da</strong>de,<br />

e não só como conhecimento e perceber que ela deve ser transferi<strong>da</strong> para o Espírito. Esse é o<br />

princípio correto. Para que seja aplica<strong>da</strong> a nós, temos de saber transferir a palavra para o<br />

Espírito. Muitas pessoas lêem a Bíblia, mas não recebem suprimento algum. Elas crescem em<br />

conhecimento, mas não em vi<strong>da</strong>. Para crescer em vi<strong>da</strong>, precisamos perceber a maneira<br />

adequa<strong>da</strong> de transferir a palavra para o Espírito. Por fim, a Bíblia será ver<strong>da</strong>deiramente<br />

aberta como vi<strong>da</strong> a nós. Ela se tornará um livro diferente para nós. O irmão Watchman Nee<br />

disse uma vez que pessoas diferentes têm Bíblias diferentes. Não é que a Bíblia mude; ela é a<br />

mesma. A sua têm sessenta e seis livros, assim como a minha. A sua começa com Gênesis e<br />

termina com Apocalipse, e a minha também. Contudo, nossa experiência <strong>da</strong> Bíblia é diferente.<br />

O tipo de Bíblia que temos depende do tipo de pessoa que somos e de como a lemos.<br />

Ouvi o irmão Nee falar essa palavra há muito tempo, mas gradualmente em minha experiência<br />

vim a perceber que isso é ver<strong>da</strong>de. Uma vez, um irmão veio a mim e disse: "A Bíblia é<br />

realmente boa". Eu lhe perguntei: "Que você quer dizer com isso?" Ele disse: Em todo o mundo<br />

não há outro livro como esse que ensine como as mulheres devem submeter-se ao marido".<br />

Descobri que esse irmão tinha um problema com a esposa. Ele sempre esperava que ela lhe<br />

fosse submissa e tornou-se cristão com esse objetivo. Ele nos disse que deveríamos enviar<br />

algumas irmãs à sua casa para aju<strong>da</strong>r a esposa quanto a esse ensinamento. Isso ilustra que, se<br />

somos determinado tipo de pessoa, a Bíblia será determinado tipo de livro para nós. O tipo de<br />

Bíblia que temos depende do tipo de pessoa que somos. A mesma Bíblia pode ter sido<br />

determinado livro para nós há cinco anos e ser hoje outro livro. Se praticamos a maneira<br />

adequa<strong>da</strong> de orar com o que lemos, a Bíblia "mu<strong>da</strong>rá" após apenas seis meses. Ela será outro<br />

livro. Precisamos dessa prática para receber a palavra <strong>da</strong> maneira <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

TOMAR AS PROMESSAS DO SENHOR POR MEIO DA ORAÇÃO<br />

Certas partes <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> são promessas. Isaías 54:1-2 é uma promessa para as estéreis. Esses<br />

versículos dizem: “Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e<br />

exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos <strong>da</strong> mulher solitária do<br />

que os filhos <strong>da</strong> casa<strong>da</strong>, diz o Senhor. Alarga o espaço <strong>da</strong> tua ten<strong>da</strong>; esten<strong>da</strong>-se o toldo <strong>da</strong> tua<br />

habitação, e não o impeças; alonga as tuas cor<strong>da</strong>s e firma bem as tuas estacas". Quando lemos<br />

isso, podemos orar resumi<strong>da</strong>mente com espírito forte a fim de tomar a promessa do Senhor:<br />

"Senhor, tomo Tua palavra como uma promessa para mim. De mim mesmo não consigo<br />

romper em cânticos, mas Tu podes fazê-lo. Minha ten<strong>da</strong> é meu espírito. Senhor, alarga-o.<br />

Alarga-o e estende o toldo <strong>da</strong> minha habitação". Tome essa palavra como a promessa do<br />

Senhor e gaste tempo para orar a respeito. Se li<strong>da</strong>rmos com o Senhor dessa maneira, o<br />

Espírito Santo nos <strong>da</strong>rá maneiras vivas de expressão. Então, quanto mais as falarmos, mais<br />

18


19<br />

provaremos, desfrutaremos e absorveremos, não o mero conhecimento, mas o próprio Senhor<br />

como vi<strong>da</strong> e suprimento.<br />

LER A PALAVRA DE MANEIRA NOVA, A MANEIRA DA VIDA<br />

Essa é a maneira correta de ler a palavra. É algo absolutamente diferente <strong>da</strong> antiga maneira. A<br />

antiga maneira de ler é a maneira natural, com a qual as pessoas lêem qualquer publicação<br />

comum. A maneira de os filhos de Deus lerem a palavra viva deve ser diferente. Ela não deve<br />

ser natural e religiosa, mas espiritual e viva:<br />

Podemos ain<strong>da</strong> ilustrar a leitura <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> orando com Isaías 15:1. Esse versículo começa<br />

com: "Sentença contra Moabe. Certamente, numa noite foi assola<strong>da</strong>". Ao ler isso, podemos<br />

novamente orar: "Senhor, não sei o que é Moabe, mas sei que a ci<strong>da</strong>de na qual vivo pode ser<br />

como Moabe. Senhor, dá-me encargo por esta ci<strong>da</strong>de". Podemos simplesmente orar até obter<br />

entendimento espiritual. Então, a Escritura não será apenas uma palavra ou algum conhecimento,<br />

mas algo vivo. Muitas vezes, por meio desse tipo de oração, o Senhor fará algo. O<br />

Senhor ouvirá e responderá nossa oração e nos <strong>da</strong>rá encargo pela ci<strong>da</strong>de na qual vivemos. A<br />

partir desse momento, teremos um encargo ver<strong>da</strong>deiro dia a dia. Mesmo quando ao trabalhar<br />

ou dirigir, oraremos com lágrimas por nossa ci<strong>da</strong>de.<br />

Há grande diferença entre a maneira do conhecimento e a maneira <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de se compreender<br />

a <strong>Palavra</strong>, de fazer que ela seja viva no espírito. O que temos é a <strong>Palavra</strong> viva de Deus.<br />

Aproximar-se dela adequa<strong>da</strong>mente sempre prepara o caminho para que o Espírito Santo<br />

venha. Se praticarmos ir adequa<strong>da</strong>mente à palavra o Espírito Santo virá, e muitas coisas<br />

acontecerão de maneira viva. Permitamos que o Espírito Santo faça muitas coisas<br />

maravilhosas. O que lemos não é a palavra em letras mortas; é algo vivo é algo vivo.<br />

Primeira Timóteo 6:1 diz: "Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de<br />

to<strong>da</strong> honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados".<br />

<strong>Como</strong> não somos tal tipo de servos, talvez não tenhamos inspiração para orar com esse<br />

versículo. Não devemos forçar-nos a extrair algo dele. Antes, podemos passar por esse<br />

versículo, deixando-o temporariamente de lado, e continuar a leitura. Contudo, às vezes<br />

podemos ser inspirados por esse tipo de passagem. Podemos perceber que <strong>Cristo</strong> é esse<br />

Senhor, ou Amo; temos de servi-Lo honesta e fielmente. Se tivermos tal percepção, devemos<br />

transformá-la em oração. Novamente digo: não construa uma oração. Em vez disso,<br />

simplesmente fale espontaneamente ao Senhor. Se construirmos uma oração, iremos vagar na<br />

mente. Devemos sempre evitar exercitar a mente dessa maneira. Devemos ser simples para<br />

falar a partir <strong>da</strong>s profundezas do nosso ser, para falar algo proveniente do espírito. Podemos<br />

dizer: "O Senhor, embora eu não seja tal tipo e servo, sou Teu servo, e Tu és meu Senhor.<br />

Quero servir-Te honestamente".<br />

TOMAR A PALAVRA COM ORAÇÃO EXIGE PRÁTICA<br />

Alguém pode perguntar: <strong>Como</strong> posso orar sem compor uma oração?" Isso exige prática. Por<br />

fim chegaremos ao ponto de simplesmente orar sem fazer uma composição. Quando temos<br />

uma conversa familiar, não fazemos compo-sição alguma; apenas falamos. Precisamos ter a<br />

prática de falar com o Senhor enquanto lemos Sua <strong>Palavra</strong>. Sem pensar, considerar ou<br />

compor, simplesmente falamos a partir do espírito: "Ó Senhor, não tenho um senhor terreno,<br />

mas tenho a Ti como meu Senhor".<br />

Em to<strong>da</strong>s as coisas é necessário prática, e esse assunto não é exceção. Precisamos adquirir a<br />

prática de exercitar o espírito e treinar nossas facul<strong>da</strong>des para que se acostumem a esse tipo<br />

19


20<br />

de leitura e oração. Esperamos no Senhor. De agora em diante, todos temos de aprender essa<br />

maneira de conta-tar palavra e transferir a palavra para o Espírito. Então, desfrutaremos o<br />

Senhor e sempre oraremos no espírito. Nosso espírito será fortalecido, aumentado e<br />

vivificado. Então, quando nos reunirmos, teremos espírito forte, vivo e o acúmulo do conteúdo<br />

divino em nós.<br />

Capítulo Cinco<br />

CRISTO COMO A PALAVRA TORNA-SE O ESPÍRITO PARA SER ESFRUTADO POR NÓS<br />

Leitura Bíblica: Jo 1:1, 14, 18; 14:16-20; At 9:4; Rm 8:9-11; 1Co 6:17; 15:45b; 2Co 3:17; 4:7;<br />

13:5; Gl 1:16; 2:20; 4:19; 6:1; Ef 3:16-17 Fp 1:19; Cl 1:27; 3:4, 11; Ap 2: 1, 7, 8, 11; 5:6; 22: 1-2<br />

Precisamos de uma visão completa do Senhor Jesus como a <strong>Palavra</strong> e como o Espírito. Os<br />

quatro Evangelhos são um relato, uma figura e uma revelação completos do Senhor Jesus<br />

como a expressão de Deus, a <strong>Palavra</strong> de Deus para "lermos", vermos e entendermos (Jo 1:1,<br />

14, 18). Para conhecer quem é o Senhor Jesus e o que Ele é, temos de gastar tempo estu<strong>da</strong>ndo<br />

os quatro Evangelhos. Nesses quatro livros Ele nos é revelado em muitos aspectos. Ao lê-los,<br />

devemos prestar atenção de maneira especial não ao que Ele fez, mas, indo além, ver o que Ele<br />

é. Pelo que Ele fez, o Seu ser é revelado. Precisamos aprender principalmente o que Ele é e<br />

quem Ele é.<br />

Os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) nos dão uma figura plena desse <strong>Cristo</strong><br />

maravilhoso como a <strong>Palavra</strong>, expressão e revelação de Deus. Depois dos Evan-gelhos, vem a<br />

segun<strong>da</strong> parte do Novo Testamento: Atos e as Epístolas. Nessa parte, o Senhor Jesus é<br />

revelado não apenas como a <strong>Palavra</strong>, mas como o Espírito (1Co 15:45b; 2Co 3:17). <strong>Como</strong> a<br />

<strong>Palavra</strong>, Ele está no estágio <strong>da</strong> revelação, expressão e explicação e como o Espírito está no<br />

estágio do desfrute e <strong>da</strong> experiência. Portanto depois de conhecer <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong><br />

temos de desfrutá-Lo como o Espírito.<br />

Precisamos ser capazes de mostrar às pessoas como <strong>Cristo</strong> é revelado nos Evangelhos como a<br />

<strong>Palavra</strong>, e não como o Espírito, e como é revelado nas Epístolas não tanto como a palavra, mas<br />

principalmente como o Espírito. Estu<strong>da</strong>r o Novo Testamento com isso em vista pode-se levar<br />

um ou dois anos. Muitos cristãos hoje têm um ponto fraco por conhecer as coisas espirituais<br />

somente de maneira superficial, meramente repetindo o que os outros dizem, mas sem saber<br />

como demonstrar o que dizem a partir <strong>da</strong>s Escrituras. Isso não é correto. Os cientistas hoje<br />

estu<strong>da</strong>m as coisas a partir dos fun<strong>da</strong>mentos. Eles se tornam especialistas e podem res-ponder<br />

às perguntas detalha<strong>da</strong>mente. Da mesma maneira, e especialmente porque tomamos o<br />

caminho <strong>da</strong> restauração do Senhor, não podemos simplesmente repetir o que os outros dizem.<br />

Temos de conhecer cabalmente a ver<strong>da</strong>de de <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> e o Espírito e ser capazes<br />

de responder adequa<strong>da</strong>mente sobre esse assunto. A luz, a confirmação e as provas adequa<strong>da</strong>s<br />

e fortes dessa ver<strong>da</strong>de devem fluir de nós como uma cachoeira.<br />

Nas Epístolas ninguém pergunta quem é o Senhor. Nos quatro Evangelhos, entretanto, o<br />

Senhor perguntou aos discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" (Mt<br />

16:13). Os discípulos responderam: "Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias,<br />

ou um dos profetas", ao que o Senhor perguntou: "Mas vós, quem dizeis que Eu sou?" (vs. 14-<br />

15). Essa passagem é prova categórica de que nos Evangelhos o Senhor é a <strong>Palavra</strong>, a<br />

revelação de Deus, para que as pessoas O conhecessem. Em outras oca-siões nos Evangelhos,<br />

os discípulos perguntariam: "Quem é este?" (8:27). Nas Epístolas, contudo, não encontramos<br />

20


21<br />

esse tipo de pergunta. Antes, há outra categoria de expressões a respeito de <strong>Cristo</strong>, porque<br />

nelas Ele é revelado como o Espírito.<br />

Hoje, a maioria dos cristãos está no estágio dos quatro Evangelhos: muitos conhecem a <strong>Cristo</strong><br />

como a <strong>Palavra</strong>, mas não O conhecem no estágio <strong>da</strong>s Epístolas. Por causa disso, muitos se<br />

apegam apenas à doutrina e ao ensinamento sobre o Senhor Jesus. Eles podem dizer "<strong>Cristo</strong> é<br />

Deus e é Homem" meramente no conhecimento, mas têm poucas experiências de <strong>Cristo</strong>. Por<br />

outro lado, alguns com determina<strong>da</strong> experi-ência de <strong>Cristo</strong> não têm entendimento adequado.<br />

Dizem ter a experiência de <strong>Cristo</strong> "pela aju<strong>da</strong> do Espírito Santo". É como se dissessem: "Estou<br />

aqui na terra, e <strong>Cristo</strong> está lá no céu. Estamos muito afastados. É o Espírito Santo que me aju<strong>da</strong><br />

a contatar <strong>Cristo</strong>". No entendimento deles, <strong>Cristo</strong> e o Espírito Santo estão separados, o Espírito<br />

Santo é apenas uma aju<strong>da</strong> e um meio. Esse conceito e entendimento são errados. A maioria<br />

dos cristãos hoje não vê que <strong>Cristo</strong> é o Espírito (2Co 3: 17; cf. 4:5). Para experimentar <strong>Cristo</strong><br />

temos de experi-mentar o Espírito, porque <strong>Cristo</strong> é o Espírito.<br />

OS EVANGELHOS SÃO UMA EXPLANAÇÃO E REVELAÇÃO DE CRISTO<br />

O Evangelho de Mateus começa com a genealogia de <strong>Cristo</strong>. Uma genealogia é a explicação de<br />

uma pessoa, dizendo-nos quem ela é. Portanto, na primeira página do Novo Testamento está<br />

uma explanação, uma revelação <strong>da</strong> pessoa de <strong>Cristo</strong>, dizendo-nos quem Ele é. De acordo com o<br />

princípio <strong>da</strong> primeira menção, isso determina que o tema dos Evangelhos é a pessoa de <strong>Cristo</strong>.<br />

Imediatamente após isso vem o registro do nascimento dessa pessoa. As duas primeiras<br />

coisas que precisamos saber sobre uma pessoa são a genealogia e o nascimento. Quando<br />

preenchemos formulários sobre nós mesmos, temos de dizer quem são nossos pais, qual a<br />

nossa nacionali<strong>da</strong>de e a <strong>da</strong>ta e local de nascimento. Isso nos mostra novamente que os<br />

Evangelhos nos dizem quem é <strong>Cristo</strong> e que tipo de pessoa Ele é.<br />

Depois de Sua genealogia e nascimento, os Evangelhos registram a apresentação de <strong>Cristo</strong><br />

pelo seu precursor, João Batista. Uma apresentação é uma revelação, um tipo de explanação<br />

que nos diz quem é a pessoa. Hoje em dia, nos negócios e na socie<strong>da</strong>de, sempre precisamos de<br />

referências. Os Evangelhos nos dão uma referência para apresentar <strong>Cristo</strong> e provar quem Ele<br />

é. Em segui<strong>da</strong> há um teste, uma tentação, para provar que tipo de pessoa é <strong>Cristo</strong>. Dessa<br />

maneira, ca<strong>da</strong> página dos Evangelhos prova ama coisa: que tipo de pessoa Ele é.<br />

Embora Seu teste tenha provado quem é <strong>Cristo</strong>, ain<strong>da</strong> precisamos de algumas ilustrações e<br />

explanações práticas, tais como os relatos de Mateus 8, 15 e, finalmente, 17, em que <strong>Cristo</strong> foi<br />

repentinamente transfigurado no monte. Não temos esse tipo de registro nas Epístolas.<br />

Quando chegamos às Epístolas, a figura mu<strong>da</strong>. Os Evangelhos e as Epístolas apresentam dois<br />

tipos de figuras de <strong>Cristo</strong>.<br />

Mateus, Marcos e Lucas pertencem à mesma catego-ria. Nesses três Evangelhos, <strong>Cristo</strong> é<br />

revelado como homem. No primeiro Evangelho, Ele, como homem, é um Rei comis-sionado<br />

com to<strong>da</strong> a autori<strong>da</strong>de. No segundo livro, como homem, Ele é um servo que serve não apenas<br />

a Deus, mas também a nós, com poder, amor e até com Sua própria vi<strong>da</strong>. No terceiro livro,<br />

como homem perfeito Ele é nosso Salvador, que morreu para nos redimir. O último Evangelho<br />

está em outra categoria. O Evangelho de João diz-nos: "No princípio era o Verbo" (1:1). Esse<br />

Evangelho nos diz que <strong>Cristo</strong> era o Verbo, e o Verbo era Deus. Aqui, <strong>Cristo</strong> é revelado como o<br />

Deus encarnado, que veio para transmitir vi<strong>da</strong> a nós. Dessa maneira, os Evangelhos<br />

apresentam uma figura e um registro de todos os aspectos de <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong>,<br />

mostrando-nos quem e que tipo de pessoa Ele é. Todos os registros, capítulo após capítulo,<br />

têm esse único propósito. Ler os Evangelhos é simplesmente ler uma explanação e uma<br />

definição de alguém.<br />

21


Contudo, nos Evangelhos, <strong>Cristo</strong> ain<strong>da</strong> não é o Espírito. Ele estava entre as pessoas a fim de<br />

ser visto, entendido apreendido, mas não podia entrar nelas para ser desfrutado por elas. Elas<br />

podiam apreciá-Lo, admirá-Lo e louvá-Lo, mas não podiam compartilhá-Lo e participar Dele.<br />

Podiam entendê-Lo como o Verbo, mas, enquanto a <strong>Palavra</strong> não se tornasse o Espírito, Ele não<br />

podia entrar nelas.<br />

JOÃO 14 É O PONTO DE VIRADA NOS ESTÁGIOS DE CRISTO<br />

Por essa razão, não podemos encontrar um versículo ou passagem nos quatro Evangelhos que<br />

nos diga que <strong>Cristo</strong> é o Espírito ou que está nos discípulos, até chegarmos a João 14 e 15.<br />

Contudo, João 14 e 15 fala de <strong>Cristo</strong> não meramente relacionado com o estágio dos<br />

Evangelhos. Esses capítulos não se referem a algo que acontece nos Evangelhos. Eles<br />

predizem algo a respeito de <strong>Cristo</strong> no estágio <strong>da</strong>s Epístolas. Da mesma maneira, João 20<br />

acontece nos Evangelhos, mas esse capítulo pode ser considerado como o fim do estágio dos<br />

Evangelhos e o começo do estágio <strong>da</strong>s Epístolas.<br />

Foi por meio de Sua morte e ressurreição que <strong>Cristo</strong> como a <strong>Palavra</strong> tornou-se o Espírito. É<br />

por isso que João 14 diz-nos que Ele tinha de passar pela morte e ser ressus-citado. É a partir<br />

desse capítulo que o Espírito é mencionado tão claramente. Os versículos 16 e 17 dizem: "E Eu<br />

rogarei ao Pai, e Ele vos <strong>da</strong>rá outro Consolador a fim de que esteja para sempre convosco, o<br />

Espírito <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, que o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece; vós O<br />

conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós". <strong>Cristo</strong> foi o primeiro Consolador, mas<br />

Ele havia de enviar outro Consolador, o Paracleto, o Espírito <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />

O versículo 17 diz que esse Espírito habitaria entre os discípulos e estaria neles. Estar neles<br />

indicava um passo posterior. A <strong>Palavra</strong> já estava entre eles, porque o Verbo se tornara carne e<br />

armara tabernáculo entre eles (1:14). Com-tudo, os discípulos precisavam do segundo passo<br />

do Senhor, para que Ele pudesse tornar-se o Espírito a fim de estar não apenas entre eles, mas<br />

neles. O versículo 17 do capítulo catorze diz, com respeito ao Espírito: “Ele habita convosco e<br />

estará em vós”, mas, logo a seguir, o versículo 18 diz: “Não vos deixarei órfãos, virei a vós”. Ele<br />

no versículo 17 torna-se Eu no versículo 18. <strong>Cristo</strong> ir mediante a morte e ressurreição foi Sua<br />

vin<strong>da</strong> como o Espírito a fim de estar nos discípulos.<br />

Os versículos 19 e 20 continuam: "Ain<strong>da</strong> por um pouco e o mundo não Me verá mais; vós,<br />

porém, Me vereis; porque Eu vivo, vós também vivereis. Naquele dia, vós conhecereis que Eu<br />

estou em Meu Pai, e vós em Mim, e Eu em vós". Naquela ocasião Ele somente podia estar entre<br />

os discípulos; Ele não podia estar neles. "Naquele dia", contudo, Ele estaria neles. Esses são os<br />

dois passos de <strong>Cristo</strong>: encarnar-se para estar entre os discípulos e ser transfigurado no<br />

Espírito para estar nos discípulos.<br />

<strong>Como</strong> o ponto de vira<strong>da</strong> nesses dois passos, João 14 é o capítulo mais significativo de to<strong>da</strong> a<br />

Bíblia. É nesse trecho <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> que temos o Espírito <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, o Espírito como a<br />

reali<strong>da</strong>de de <strong>Cristo</strong>, e é nesse ponto <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> que temos a frase em vós. Em to<strong>da</strong> a Bíblia, tal<br />

frase nunca foi usa<strong>da</strong> dessa maneira. Então, no capítulo seguinte, o Senhor diz: "Permanecei<br />

em Mim, e Eu permanecerei em vós" (15:4). Se <strong>Cristo</strong> fosse apenas a <strong>Palavra</strong>, como poderia<br />

permanecer em nós? Para permanecer em nós, Ele tem de ser o Espírito. É nesse ponto de<br />

vira<strong>da</strong> que a <strong>Palavra</strong> tornou-se o Espírito por meio <strong>da</strong> crucificação e ressurreição. Portanto<br />

depois de Sua ressurreição Ele já não é apenas a <strong>Palavra</strong>; antes é principalmente o Espírito.<br />

<strong>Como</strong> o Espírito, Ele pode estar em nós e de fato está em nós.<br />

22<br />

22


O LIVRO DE ATOS MOSTRA-NOS QUE CRISTO ESTÁ NOS DISCÍPULOS<br />

Aparentemente não há versículo em Atos que nos diga que <strong>Cristo</strong> estava em Pedro, João, Tiago<br />

ou Estevão. Contudo, em Atos há o fato que prova que <strong>Cristo</strong> não apenas estava nos discípulos,<br />

mas até mesmo era um com eles. Quando Se revelou a Saulo de Tarso, Ele disse: "Saulo, Saulo,<br />

por que me persegues?" (9:4). É como se dissesse: "Quando você perseguiu Estevão e meus<br />

outros discípulos, você Me perseguiu, porque Eu sou um com eles. Eu sofri sua perseguição<br />

neles". Eis aqui o fato de que <strong>Cristo</strong> era um com todos os discípulos, porque, como o Espírito<br />

Ele estava em todos os discípulos.<br />

AS EPÍSTOLAS DIZEM-NOS QUE CRISTO, COMO O ESPÍRITO, ESTÁ EM NÓS<br />

Nas Epístolas, Romanos 8:9-11 diz-nos que <strong>Cristo</strong> está em nós. Essa passagem fala<br />

alterna<strong>da</strong>mente do Espírito de Deus, do Espírito de <strong>Cristo</strong> e do próprio <strong>Cristo</strong>. O Espírito de<br />

Deus é o Espírito de <strong>Cristo</strong>, e o Espírito de <strong>Cristo</strong> é o próprio <strong>Cristo</strong>. Essa passagem deixa<br />

muito claro que <strong>Cristo</strong> agora é o Espírito. Portanto, tudo o que Romanos 8 fala sobre o<br />

Espírito, fala de <strong>Cristo</strong> como o Espírito. O Espírito ali men-cionado não é diferente e na<strong>da</strong><br />

menos do que o próprio <strong>Cristo</strong>. <strong>Cristo</strong> como o Espírito vive em to<strong>da</strong>s as pessoas salvas.<br />

A seguir, 1 Coríntios 6:17 diz: “Aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele”. Essa é<br />

uma prova contun-dente de que o Senhor é o Espírito. Se Ele não fosse o Espí-rito, como<br />

poderíamos ser um espírito com Ele? É também uma forte prova de que temos um espírito<br />

humano e que <strong>Cristo</strong>, como o Espírito, está em nosso espírito, para que sejamos um espírito<br />

com Ele. Primeira Coríntios também usa diversas vezes a frase em <strong>Cristo</strong> 1:2, 4, 30; 4:15, 17;<br />

15:22; 16:24). Por fim, 15:45b diz: "O último Adão tornou-se Espírito vivificante" (lit.).<br />

Diversas passagens em 2 Coríntios mostram-nos que <strong>Cristo</strong> está em nós. O versículo 17 do<br />

capítulo três diz: "O Senhor é o Espírito", e 4:7 diz que <strong>Cristo</strong> é o tesouro em nós, os vasos de<br />

barro. No final do livro, 13:5 diz: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé;<br />

provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus <strong>Cristo</strong> está em vós? Se não é que já<br />

estais reprovados".<br />

Gálatas 1:16, 2:20, e 4:19 dizem-nos que <strong>Cristo</strong> está em nós, e o último versículo, 6:18, diz: "A<br />

graça do nosso Senhor Jesus <strong>Cristo</strong> seja, irmãos, com o vosso espírito". A seguir, Efésios 3:16-<br />

17 é uma oração para que o nosso homem interior seja fortalecido e para que <strong>Cristo</strong> faça<br />

mora<strong>da</strong> em nosso coração. Filipenses 1:19 fala <strong>da</strong> provisão abun<strong>da</strong>nte do Espírito de Jesus<br />

<strong>Cristo</strong>, que estava no apóstolo Paulo. Colossenses 1:27 diz: "<strong>Cristo</strong> em vós, a esperança <strong>da</strong><br />

glória", 3:4 fala de "<strong>Cristo</strong>, que é a nossa vi<strong>da</strong>", e o versículo 11 diz que “<strong>Cristo</strong> é tudo em<br />

todos”. Igualmente podemos também encontrar versículos como esses nas demais Epístolas.<br />

Esses são apenas alguns dos versículos que nos mostram que <strong>Cristo</strong> como o Espírito vive em<br />

nós. Não é necessário respigar esse tipo de passagem; há uma grande colheita delas no Novo<br />

Testamento.<br />

APOCALIPSE REVELA O CRISTO QUE FALA, COMO O ESPÍRITO QUE FALA, E O CRISTO<br />

REDENTOR COMO O ESPÍRITO QUE FLUI<br />

Ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s sete epístolas em Apocalipse 2 e 3 começa com "Estas coisas diz...", referindo-se<br />

ao próprio Senhor em Suas diversas qualificações (2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14), mas o final de<br />

ca<strong>da</strong> epístola diz: "Ouça o que o Espírito diz às igrejas" (2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). Apocalipse<br />

2:1, por exemplo, diz: "Ao anjo <strong>da</strong> igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que<br />

conserva na mão direita as sete estrelas e que an<strong>da</strong> no meio dos sete candeeiros de ouro". Diz<br />

aquele, significa "diz <strong>Cristo</strong>". Contudo, o final <strong>da</strong> epístola diz: "Quem tem ouvidos, ouça o que o<br />

23<br />

23


24<br />

Espírito diz às igrejas" (v. 7). Assim podemos ver que aquele é o Espírito e o Espírito é aquele.<br />

Igualmente, o versículo 8 diz: "Ao anjo <strong>da</strong> igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o<br />

primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver". Quem fala aqui é <strong>Cristo</strong>. Contudo, o<br />

versículo 11 começa com: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. O começo<br />

de ca<strong>da</strong> epístola diz que o Senhor fala, mas o final de ca<strong>da</strong> uma delas diz que o Espírito fala. O<br />

Espírito é o Senhor, e o Senhor é o Espírito. Apocalipse 5:6 diz: "Então, vi, no meio do trono e<br />

dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele<br />

tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados por to<strong>da</strong> a<br />

terra". O Senhor como o Cordeiro tem sete olhos, e os sete olhos são os sete Espíritos. Isso<br />

indica que <strong>Cristo</strong> vem a nós como os sete olhos, isto é, como o Espírito, para nossa experiência.<br />

Além disso, o Cordeiro está no trono, do trono flui o rio <strong>da</strong> água <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, e na água <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

cresce a árvore <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (22:1-2). Essa é uma figura do <strong>Cristo</strong> redentor que se tornou Espírito<br />

vivificante, fluindo constantemente com suprimento de vi<strong>da</strong>.<br />

Por meio disso tudo, podemos ver que <strong>Cristo</strong> não é mais apenas a <strong>Palavra</strong>, mas o Espírito<br />

vivificante, não apenas para conhecermos e entendermos, mas para desfru-tarmos tomarmos<br />

e experimentarmos. Não podemos desfru-tar <strong>Cristo</strong> conhecendo-O apenas como a <strong>Palavra</strong>.<br />

Temos de desfrutar <strong>Cristo</strong> tornando-se real para nós como o Espírito. Portanto, não devemos<br />

exercitar apenas a mente para entendê-Lo; temos de exercitar o espírito para contatá-Lo em<br />

nosso espírito, conforme revelam as Epístolas.<br />

Capítulo Seis<br />

COMER A PALAVRA LENDO E ORANDO<br />

Leitura Bíblica: Cl 3:16; Ef 5:78-20; Mt 4:4; Jr 15:16; Êx 30:7-8<br />

A VIDA CRISTÃ É UMA VIDA DE DESFRUTAR CRISTO<br />

Colossenses 3:16 diz: "Habite, ricamente, em vós a palavra de <strong>Cristo</strong>; instruí-vos e aconselhaivos<br />

mutuamente em to<strong>da</strong> a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos<br />

espirituais, com gratidão, em vosso coração". Salmos são cânticos mais longos, hinos são mais<br />

curtos e cânticos espirituais são mais curtos ain<strong>da</strong>, como "corinhos". O versí-culo 17<br />

prossegue: "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor<br />

Jesus, <strong>da</strong>ndo por ele graças a Deus Pai". O resultado disso está nos versículos 18 a 20:<br />

"Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor. Maridos, amai vossa<br />

esposa e não a trateis com amargura. Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é<br />

grato diante do Senhor". Os versículos seguintes, então, passam a falar aos pais, aos servos e<br />

aos senhores. Isso indica que to<strong>da</strong>s as coisas adequa<strong>da</strong>s na vi<strong>da</strong> cristã, tais como a mulher<br />

submeter-se ao marido, o marido amar a mulher, os filhos serem submissos aos pais, os<br />

servos servirem adequa<strong>da</strong>mente, e os senhores tratarem os servos com justiça, tudo provém<br />

do desfrute do Senhor por meio <strong>da</strong> palavra em louvor e ação de graças.<br />

De acordo com o contexto desses versículos, primeiramente temos a palavra como o meio de<br />

transmitir <strong>Cristo</strong> a nós, e nós O desfrutamos a tal ponto que somos cheios Dele. Então,<br />

louvores e ação de graças fluem como água viva. A partir desse tipo de desfrute do Senhor, a<br />

submissão é produzi<strong>da</strong> nas mulheres, o amor surge nos maridos, e a honra aos pais surge nos<br />

filhos. Todos esses assuntos relacio-nados ao an<strong>da</strong>r cristão resultam do desfrute de <strong>Cristo</strong>.<br />

24


25<br />

Efésios 5:18-20 confirma essa mesma ver<strong>da</strong>de. Esses versículos dizem: "E não vos<br />

embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós<br />

com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais,<br />

<strong>da</strong>ndo sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus <strong>Cristo</strong>".<br />

Colossenses 3:16 diz-nos para enchermos <strong>da</strong> palavra, enquanto Efésios 5 diz-nos para enchernos<br />

em espírito. Os versículos 21 e 22 prosseguem: "Sujeitando-vos uns aos outros no temor<br />

de <strong>Cristo</strong>. As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor". Em segui<strong>da</strong>,<br />

Efésios 6 prossegue falando aos filhos, aos pais, aos servos e aos senhores (vs. 1-9). Isso<br />

equivale às palavras de Paulo em Colossenses, mostrando novamente que todos os assuntos<br />

adequados <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cristã provêm de encher-se interiormente e desfrutar o Senhor.<br />

Parece que muitos cristãos "pulam" a passagem referente a encher-se no espírito e tomam<br />

apenas a passagem que ensina que as mulheres devem submeter-se ao próprio marido, que os<br />

maridos devem amar a mulher, e que os filhos, os servos e os senhores devem comportar-se<br />

ade-qua<strong>da</strong>mente. Contudo, to<strong>da</strong>s essas coisas no an<strong>da</strong>r cristão provém do desfrute de <strong>Cristo</strong>.<br />

Quando nos enchemos de <strong>Cristo</strong> e O desfrutamos ao máximo, algo flui desse encher interior. A<br />

submissão <strong>da</strong> mulher e o amor do marido são o transbor<strong>da</strong>r do encher interior. A questão de<br />

maior importância em Colossenses 3 e Efésios 5 é o desfrute de <strong>Cristo</strong>. Se nos enchermos de<br />

<strong>Cristo</strong>, to<strong>da</strong>s essas outras coisas surgirão espontaneamente.<br />

A vi<strong>da</strong> cristã não é religiosa nem meramente moral; é simplesmente uma vi<strong>da</strong> de desfrutar<br />

<strong>Cristo</strong> o tempo todo. Todos os assuntos adequados e necessários, provém desse desfrute e<br />

dependem dele. Até mesmo a própria vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja é questão do desfrute de <strong>Cristo</strong>. Se não<br />

tivermos o desfrute de <strong>Cristo</strong>, será difícil ter a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja. Poderemos ter certo tipo de<br />

religião ou organização, mas não teremos a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja. A vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja é o transbor<strong>da</strong>r do<br />

desfrute de <strong>Cristo</strong>. Isso é provado na última parte de Efésios 5, que fala <strong>da</strong> igreja (v. 32).<br />

Quando todos desfrutamos <strong>Cristo</strong> ao máximo, a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja j vem à existência.<br />

DESFRUTAR CRISTO TOMANDO A PALAVRA COMO COMIDA<br />

A intenção de Deus é <strong>da</strong>r-se a nós como nosso desfrute em <strong>Cristo</strong> por meio do Espírito.<br />

Portanto, temos de saber como desfrutá-Lo. Então teremos a vi<strong>da</strong> cristã adequa<strong>da</strong>. Tanto a<br />

vi<strong>da</strong> cristã como a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja dependem de uma coisa: o desfrute <strong>Cristo</strong>. Desfrutar Deus em<br />

<strong>Cristo</strong> é simplesmente li<strong>da</strong>r com duas coisas: a palavra e o Espírito. Temos a Bíblia sagra<strong>da</strong><br />

nas mãos e o Espírito Santo no espírito. Tanto a Bíblia sagra<strong>da</strong> como o Espírito Santo são os<br />

meios para desfrutarmos <strong>Cristo</strong>. <strong>Cristo</strong> é a <strong>Palavra</strong> e é o Espírito. Portanto, para desfrutá-Lo,<br />

temos de li<strong>da</strong>r com a palavra e o Espírito.<br />

Há duas maneiras de ler a palavra. Uma é lê-la e não contatar <strong>Cristo</strong>. Muitos cristãos a lêem<br />

sem jamais contatar <strong>Cristo</strong>. Essa maneira é erra<strong>da</strong>. A maneira correta de lê-la é perceber que<br />

ela não é para mero conhecimento, mas para alimento. "Não só de pão viverá o homem, mas<br />

de to<strong>da</strong> palavra que procede <strong>da</strong> boca de Deus" (Mt 4:4). Jeremias 15:16 diz: "Acha<strong>da</strong>s as tuas<br />

palavras, logo as comi". Preci-samos comer a palavra porque ela é alimento.<br />

A comi<strong>da</strong> física é para o corpo, portanto temos de comê-la com o corpo e introduzi-la no<br />

corpo. No mesmo princípio, a palavra é comi<strong>da</strong> espiritual, comi<strong>da</strong> para o espírito, portanto<br />

temos de comê-la com o espírito e introduzi-la no espírito. Todos temos de aprender a tomar<br />

a palavra por meio do espírito e introduzindo-a nele. Não há outra maneira de fazê-lo a não<br />

ser por meio <strong>da</strong> oração. Devemos orar acerca de tudo e também com tudo o que lemos e<br />

entendemos. Isso é algo muito negligenciado pelos cristãos hoje em dia. Muitos lêem a Bíblia,<br />

mas poucos a lêem dessa maneira.<br />

25


26<br />

Precisamos comprar a comi<strong>da</strong> física, cozinhá-la, e separar uns quinze a vinte e cinco minutos<br />

para comê-la. Não devemos comer depressa demais. Precisamos de tempo suficiente para<br />

comer adequa<strong>da</strong>mente. Podemos correr a um supermercado a fim de comprar algo às pressas<br />

e podemos jogar algo no forno para cozinhar rapi<strong>da</strong>mente, mas não podemos jogar algo em<br />

nosso estômago rápido demais. Precisamos de tempo para mastigar e comer de maneira<br />

refina<strong>da</strong>. Igualmente, precisamos de algum tempo diariamente para tomar a palavra de<br />

maneira refina<strong>da</strong>, não exercitando a mente para entender, mas exercitando nossa parte mais<br />

interior, o espírito. Para tomar a palavra dessa maneira precisamos orar sobre o que lemos e<br />

entendemos, ou seja, ler com oração. Precisamos aprender a orar não de maneira formal,<br />

compondo uma oração, mas de maneira informal assim como conversamos com uma pessoa<br />

ama<strong>da</strong>.<br />

Pode ser que, às vezes, necessitemos ler a Bíblia para ganhar algum conhecimento bíblico.<br />

Podemos também ter de consultar um dicionário bíblico a fim de aprender o significado de<br />

palavras novas que encontramos. Contudo, essa não é a principal maneira de li<strong>da</strong>r com a<br />

palavra. O que mais necessitamos é separar vinte ou trinta minutos, pelo menos uma vez ao<br />

dia, embora fosse melhor três vezes, para li<strong>da</strong>r com a palavra, não meramente a fim de<br />

conhecê-la, mas para comê-la, digeri-la e transferi-la para o Espírito. Não diga que você não<br />

tem tempo para isso. Se você não tem tempo para gastar com a palavra, é melhor não gastá-lo<br />

com uma refeição material. Antes, gaste o tempo de uma refeição material com uma refeição<br />

espiritual. Não tenha medo de perder uma refeição. Eu lhe garanto que você ficará mais<br />

saudável. Para ser espiritualmente saudável, precisamos tomar pelo menos uma refeição<br />

espiritual diariamente.<br />

Não podemos esperar que um irmão seja normal e saudável em sua vi<strong>da</strong> cristã se não sabe<br />

comer o Senhor ao li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong>. Não importando quantas mensagens possamos <strong>da</strong>r às<br />

pessoas e quão boas sejam, se os que as ouvem não sabem comer do Senhor, beber o Senhor e<br />

banquetear-se no Senhor, as mensagens não lhes serão eficazes. Podemos ter mensagens<br />

sobre a cruz e sobre muitas outras coisas, mas ain<strong>da</strong> precisamos alimentar-nos do Senhor,<br />

beber Dele e banquetear-nós Nele. Isso é <strong>da</strong> maior importância. Espero que todos<br />

pratiquemos isso diariamente, especialmente pela manhã. Precisamos gastar pelo menos dez<br />

minutos com o Senhor a fim de banquetear-nos Nele comendo a palavra.<br />

A MANEIRA PRÁTICA DE COMER A PALAVRA<br />

A maneira de comer a palavra é, primeiramente, não ler muito Nosso tempo com a palavra<br />

não é para comprar algo no supermercado; é para tomar o café <strong>da</strong> manhã. Por-tanto, não<br />

devemos comer muito, apenas uma porção adequa<strong>da</strong>. Em segundo lugar, não devemos tentar<br />

entender demais. Em outras ocasiões podemos precisar exercitar a mente ao ler, mas nosso<br />

tempo para comer a palavra não é para exercitar a mente. Devemos simplesmente ler, e<br />

entender o que for possível. Não precisamos tentar entender mais do que isso; caso contrário<br />

podemos ficar frustrados. Se lermos alguns versículos ou meio capítulo e não enten-dermos,<br />

devemos continuar a ler. Talvez nos versículos seguintes enten<strong>da</strong>mos algo.<br />

Em terceiro lugar, uma vez que entendemos alguma, coisa, devemos ponderar um pouco<br />

sobre ela. Não gosto de usar a palavra meditar, porque esse termo tem sido usado<br />

erroneamente. Às vezes, meditar é meramente exercitar a mente. Nesse caso, é melhor não<br />

meditar. Quando alguns cristãos meditam demais, eles viajam por to<strong>da</strong> a Bíblia, de Gênesis a<br />

Apocalipse, de volta para Salmos e novamente para Gênesis. Isso não aju<strong>da</strong>. Contudo, quando<br />

somos inspirados com algo <strong>da</strong> palavra, devemos considerar a esse respeito.<br />

26


27<br />

Então, em quarto lugar, imediatamente devemos orar sobre o que entendemos. É por meio<br />

desse tipo de oração que temos um contato novo não apenas com a palavra, mas também com<br />

o próprio Senhor por meio <strong>da</strong> palavra. Por fim, o Senhor e a palavra, a palavra e o Senhor,<br />

tornam-se um conosco. Dessa maneira, nossa oração e leitura serão mescla<strong>da</strong>s. Enquanto<br />

lemos e consideramos, falamos algo ao Senhor, e, ao fazê-lo, ponderamos a palavra e<br />

consideramos o que entendemos. Isso é orar e ler, ler e orar, mesclados.<br />

Mateus 8:1-4 diz que o Senhor Jesus desceu do monte e curou um leproso. Quando lemos essa<br />

porção, podemos ser inspirados com o fato de o Senhor ter descido do monte. Então podemos<br />

dizer: “Eu Te louvo, Senhor, porque Tu desceste do monte. Tu desceste para onde eu estou. Ó<br />

Senhor, desce mais uma vez hoje para que eu seja curado. Se vieres, minha lepra será<br />

elimina<strong>da</strong>". Pode não ser possível orar dessa maneira por uma hora, mas é possível fazê-lo por<br />

vinte minutos. Tente fazer isso pela manhã e novamente durante o dia. Sugiro especialmente<br />

aos jovens que tenham uma Bíblia pequena no bolso. Durante o dia ou nos intervalos ou<br />

descanso, abram a Bíblia e leiam dois ou três versículos. Então ganharão algo e poderão orar<br />

sobre isso.<br />

Alguns podem perguntas: "<strong>Como</strong> posso ler e orar? Para ler tenho de abrir os olhos, mas para<br />

orar tenho de fechá-los". Esqueça essa coisa de abrir ou fechas os olhos. Se precisar fechas os<br />

olhos, feche-os espontaneamente, mas se não precisa fechá-los, não faça disso um formalismo.<br />

Mesmo quando fechamos os olhos, ain<strong>da</strong> podemos "ler", porque a palavra já entrou em nós.<br />

É muito conveniente ter a palavra em nosso interior. Muitas vezes as pessoas não percebem<br />

que estou lendo a palavra, porque não uso a Bíblia exteriormente. Contudo, muitas vezes eu<br />

"leio" interiormente. Recordo-me de Roma-nos 8:1-2: "Agora, pois, já nenhuma condenação há<br />

para os que estão em <strong>Cristo</strong> Jesus. Porque a lei do Espírito <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, em <strong>Cristo</strong> Jesus, te livrou <strong>da</strong><br />

lei do pecado e <strong>da</strong> morte". Espontaneamente digo ao Senhor: "Eu Te louvo, pois estou em<br />

<strong>Cristo</strong>. Aleluia, não estou em Los Angeles; estou em <strong>Cristo</strong>!" Quando sou incomo<strong>da</strong>do por<br />

alguma coisa, digo: "Não estou neste lugar. Estou em <strong>Cristo</strong>. Louvado seja o Senhor! Aleluia!<br />

Estou em <strong>Cristo</strong>!" Temos de estar fora de nós mesmos desta maneira: "Louvado seja o Senhor,<br />

o Espírito dá vi<strong>da</strong>! Ó Senhor, Tu és o Espírito <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, e esse Espírito vivificante está em mim.<br />

Nesse Espírito está a lei libertadora, libertando-me <strong>da</strong> lei do pecado e <strong>da</strong> morte". Podemos<br />

também voltar-nos para o inimigo e dizer: "Satanás, não mais tenho medo de você. Tenho<br />

Outro que é mais forte que você. Se vier lutar comigo, você será derrotado". Essa é a maneira<br />

viva de ler a palavra.<br />

LER E ORAR PARA ENCHER-SE DA PALAVRA E DO ESPÍRITO<br />

Dez minutos antes de servir o jantar, podemos voltar para a palavra e orar. Quando o jantar<br />

chegar, já teremos tido uma boa refeição, comendo apalavra e alimentando-nos do Senhor.<br />

Tente isso; você verá a diferença em sua vi<strong>da</strong> cristã. Sua vi<strong>da</strong> cristã será diferente <strong>da</strong> que você<br />

tinha no passado. Você saberá alimentar-se do Senhor e <strong>da</strong> palavra. Por fim, você será cheio <strong>da</strong><br />

palavra e com o Espírito. Será difícil diferenciar entre a palavra e o Espírito. Em Colossenses<br />

3:16, a palavra de <strong>Cristo</strong> nos enche, mas em Efésios 5:18, somos cheios do Espírito. A palavra e<br />

o Espírito são um. Quando somos cheios <strong>da</strong> palavra, somos cheios do Espírito.<br />

É errado ser cheio <strong>da</strong> palavra e não sê-lo do Espírito. Não se esqueça desta fórmula: "A palavra<br />

sem o Espírito é conhecimento. Conhecimento sem vi<strong>da</strong> é morte. Depois de algum tempo a<br />

morte cheira mal". Sempre ler sem comer, sem orar, meramente amontoa conhecimento na<br />

letra. A letra mata (2Co 3:6), e a morte produz mau cheiro. Portanto, temos de transferir a<br />

palavra para o Espírito. Sempre que temos o Espírito temos vi<strong>da</strong>, e sempre que temos vi<strong>da</strong><br />

temos um aroma suave. O aroma suave de <strong>Cristo</strong> exalará continuamente de nós (2Co 2:15). O<br />

27


28<br />

segredo, a chave, é transferir a palavra para o Espírito por meio <strong>da</strong> oração. Isso não significa<br />

que não devemos ler e estu<strong>da</strong>r a palavra para ganhar conhecimento. Todos precisamos fazer<br />

tal coisa, assim como precisamos ir ao supermercado para comprar mantimentos e armazenálos.<br />

Contudo, isso não é tudo. Precisamos comer.<br />

Podemos conhecer muito sobre a Bíblia, mas quanto temos comido? Esse é o problema entre<br />

os cristãos. Não estamos acostumados a comer, portanto agora precisamos aprender a fazê-lo.<br />

Por isso tenho o encargo de enfatizar a questão de comer. Se alguém não tem o desejo de<br />

comer Deus, tal pessoa está doente. Somente os doentes não têm apetite. Tal pessoa deve orar<br />

para que o Senhor a cure. Cristãos saudáveis, to<strong>da</strong>via, devem ter a prática de comer. Mesmo<br />

que sinta que tem clareza a esse respeito, você ain<strong>da</strong> precisa praticar mais.<br />

NÃO É NECESSÁRIO ENTENDER TUDO O QUE LEMOS, NEM LER RÁPIDO DEMAIS<br />

OU COMPOR ORAÇÕES FORMAIS<br />

Salmos 35:1-2 diz: "Contende, Senhor, com os que contendem comigo; peleja contra os que<br />

contra mim pelejam. Embraça o escudo e o broquel e ergue-te em meu auxílio". Não é muito<br />

fácil aplicar uma passagem assim, a não ser que, pela soberania do Senhor, tenhamos um caso<br />

como o do salmista. Se não tivermos tal caso, não precisamos aplicar esses dois versículos a<br />

nós mesmos. Não devemos tentar forçar coisa alguma. Se houver algo em versículos como<br />

esses para ser digerido, então podemos digerir. Caso contrário, podemos simplesmente<br />

prosseguir para os versículos seguintes. Não é necessário extrair algo de todos os versí-culos.<br />

A Bíblia é muito rica; se continuarmos a ler, por fim ganharemos algo. Pode ser que numa<br />

manhã na<strong>da</strong> recebamos de uma passagem, mas alguns meses mais tarde, quando houver<br />

necessi<strong>da</strong>de, o Espírito a trará de volta para o nosso entendimento. Naquela ocasião<br />

poderemos orar melhor.<br />

Quando comemos alimento material, não devemos engolir depressa demais. Temos de<br />

mastigar por algum tempo. Da mesma maneira, quando lemos e oramos a palavra, não<br />

devemos ler rápido demais, tampouco devemos compor orações formais. Simplesmente<br />

devemos ler e conversar com o Senhor de forma espontânea. Quando era jovem, eu era muito<br />

religioso. Sempre que orava, sentia que devia ajoelhar-me e falar adequa<strong>da</strong>mente. Isso é<br />

demasia<strong>da</strong>mente religioso e formal. Mais tarde, percebi que o Senhor não honra essas coisas.<br />

Antes, Ele honra o fato de sabermos com-tatá-Lo e comê-Lo. Por um lado, não devemos ser<br />

levianos, frouxos e selvagens, mas, por outro devemos esquecer a formali<strong>da</strong>de e a religião e<br />

simplesmente ser espontâneos. Às vezes, podemos ler a palavra no jardim ou no carro, às<br />

vezes podemos sentar-nos, e outra: vezes teremos de nos ajoelhar para ler e falar com o<br />

Senhor. Simplesmente devemos contatar o Senhor conversando com Ele de modo muito<br />

espon-tâneo, contudo no espírito, a fim de absorvê-Lo lendo e orando, ou seja, conversando<br />

com o Senhor com base no que lemos e entendemos.<br />

A PALAVRA TORNA-SE O ESPÍRITO QUE LIDA COM TODOS OS NOSSOS PROBLEMAS<br />

Se tentarmos fazer isso, veremos a diferença em nossa vi<strong>da</strong> cristã. Muitos problemas serão<br />

resolvidos espontânea-mente por esse tipo de comer, porque iremos digerir muitas<br />

"vitaminas" espirituais que tratam os problemas e tragam a morte. Há muitos problemas que<br />

não podemos resolver e ninguém pode aju<strong>da</strong>r-nos. Igualmente, há muitas perguntas que<br />

ninguém pode responder. Contudo, simplesmente banqueteando-nos no Senhor dessa forma,<br />

o suprimento e o alimento interior cui<strong>da</strong>rão de todos os nossos problemas. A nutrição<br />

resolverá os problemas. As vitaminas satisfarão às necessi<strong>da</strong>des e matarão os germes.<br />

Uma vez senti que tinha um problema nos olhos. No começo <strong>da</strong> noite era-me difícil enxergar<br />

ou ler. Quando contatei um oftalmologista, ele disse-me que eu precisava de vitamina A. Eu lhe<br />

28


29<br />

disse: "Há algo errado com minha visão. Por que você está me falando sobre comer?" Ele riu e<br />

disse: `'Simplesmente compre algumas vitaminas ou cápsulas de óleo de fígado de bacalhau e<br />

tome-as diariamente. “Três dias depois você verá a diferença”. Aprendi com essa experiência.<br />

O problema não era que eu não conseguia enxergar; o problema era que eu tinha carência de<br />

vitamina A. No mesmo princípio, muitos problemas em nossa vi<strong>da</strong> cristã são devidos a uma<br />

coisa: estamos carentes de <strong>Cristo</strong>. Não quero dizer que estejamos carentes do conhecimento<br />

de <strong>Cristo</strong>. Pode ser que tenhamos muito conhecimento de <strong>Cristo</strong>. Não estamos carentes <strong>da</strong><br />

"receita", mas <strong>da</strong> própria "vitamina". Simplesmente precisamos tomar mais de <strong>Cristo</strong>. Então<br />

ficaremos bem. Não discuta; simplesmente tente. Então você será grato por essa palavra.<br />

ACENDER AS LÂMPADAS E QUEIMAR INCENSO<br />

Na tipologia do tabernáculo, li<strong>da</strong>r com as lâmpa<strong>da</strong>s e queimar incenso an<strong>da</strong>m juntos. Êxodo<br />

30:7-8 diz: "Arão queimará sobre ele o incenso aromático; ca<strong>da</strong> manhã, quando reparar as<br />

lâmpa<strong>da</strong>s, o queimará. Quando, ao crepúsculo <strong>da</strong> tarde, acender as lâmpa<strong>da</strong>s, o queimará; será<br />

incenso continuo perante o Senhor, pelas vossas gerações". Pela manhã, o sacerdote queimava<br />

incenso quando li<strong>da</strong>va com as lâmpa<strong>da</strong>s, e ao anoitecer, ele queimava incenso novamente<br />

quando as acendia. Além do mais, o incenso não era somente para um dia, um mês, um ano ou<br />

uma geração; era incenso constante, contínuo, perpétuo perante o Senhor, por to<strong>da</strong>s as<br />

gerações. Isso significa que todos os dias, quando li<strong>da</strong>mos com as lâmpa<strong>da</strong>s, precisamos<br />

queimar incenso.<br />

Queimar incenso tipifica nossa oração, com <strong>Cristo</strong> como o incenso oferecido a Deus, e acender<br />

as lâmpa<strong>da</strong>s tipifica nosso li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong>, ou seja, nossa leitura <strong>da</strong> Bíblia. Temos aqui um<br />

princípio. Sempre que acendemos as lâmpa<strong>da</strong>s, temos de queimar incenso. Ou seja, sempre<br />

que li<strong>da</strong>mos com a palavra de maneira adequa<strong>da</strong> a fim de receber luz, temos de orar e<br />

oferecer incenso a Deus. É somente por esse tipo de oração que a palavra que lemos e<br />

entendemos pode ser transferi<strong>da</strong> para o Espírito e tornar-se vi<strong>da</strong> para nós.<br />

Muitos de nós lêem a Bíblia, mas estou preocupado porque podemos não lê-la dessa maneira<br />

viva. Eu recomendo a você que o faça dessa maneira viva. De agora em diante, devemos ler a<br />

palavra dessa forma e aju<strong>da</strong>r os outros a contatar o Senhor diariamente lendo dessa maneira.<br />

Isso causará mu<strong>da</strong>nça entre nós.<br />

PRATICAR E DESENVOLVER NOSSA ORAÇÃO COM A PALAVRA A FIM DE BANQUETEAR-<br />

NOS NO SENHOR<br />

João 14:1-3 diz: "Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também em Mim. Na<br />

casa de Meu Pai há muitas mora<strong>da</strong>s. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito; pois vou prepararvos<br />

lugar. E se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos receberei para Mim mesmo,<br />

para que onde Eu estou estejais vós também". Essa é uma boa porção <strong>da</strong> palavra com a qual<br />

orar. Orar sobre esse trecho exige certa prática, desenvolvimento e consideração. Não<br />

devemos ir rápido demais aqui. Precisamos "provar" essa porção “mastigando-a". Podemos<br />

dizer: "Senhor, eu Te agradeço por ter ido preparar o caminho, preparar um lugar e<br />

conquistar o lugar onde eu possa estar no Pai, para que eu possa estar onde Tu estás. Senhor,<br />

eu percebo que hoje estou no lugar onde Tu estás, contudo preciso perceber mais isso. Dá-me<br />

mais e mais experiência de que estou no Pai, assim como Tu". Devemos aprender a aplicar tal<br />

porção dizendo: "Senhor guar<strong>da</strong>-me hoje no lugar onde Tu estás. Agora vou para o escritório.<br />

Guar<strong>da</strong>-me no Pai. Dá-me o sentimento de estar Contigo no Pai o tempo todo". Quando<br />

tomamos a palavra dessa maneira, não são apenas palavras de letras pretas no papel branco.<br />

Antes, é algo vivo. É dessa maneira que exercitamos o espírito e temos um contato novo com o<br />

Senhor. Assim é fácil usar o espírito para orar.<br />

29


30<br />

À medi<strong>da</strong> que adquirimos a prática de tomar a palavra desse modo, devemos aprender a orar<br />

não meramente com nosso conhecimento, mas exercitando o espírito a fim de dizer ao Senhor<br />

algo que sai do nosso interior, para ter um contato real com Ele. Precisamos exercitar o<br />

espírito para nos levar à presença do Senhor e falar algo diretamente em Sua presença, face a<br />

face. Isso é uma ver<strong>da</strong>deira oração, e não apenas uma oração por assuntos, negócios ou<br />

encargos; é uma oração para contatar e digerir o Senhor. Essa é a forma de se alimentar do<br />

Senhor por meio <strong>da</strong> palavra. Ao mesmo tempo, enquanto oramos, bebemos o Senhor.<br />

João 5 começa com: "Depois disso, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Ora,<br />

existe em Jerusa-lém, junto à porta <strong>da</strong>s ovelhas, uma piscina, que em hebraico se chama<br />

Betes<strong>da</strong>, a qual tem cinco pórticos” (vs. 1-2). Esse capítulo é um "bom pe<strong>da</strong>ço de carne" e<br />

precisa de um desenvolvimento adequado. <strong>Como</strong> essa porção é tão rica, podemos conversar<br />

com o Senhor por dez, vinte ou trinta minutos em oração. Podemos dizer: "Senhor, naquele<br />

dia houve uma festa. Eu Te agradeço porque hoje Deus é minha festa. Em Jerusalém havia uma<br />

piscina com cinco pórticos. Hoje, Tu és minha Jerusalém e minha piscina. Não é necessário que<br />

eu fique entre os pórticos. Agora estou em Ti; estou em <strong>Cristo</strong>. Não preciso esperar, como um<br />

homem impotente, por um anjo. Tu és o Anjo que veio para o lugar onde estou. Também és a<br />

água. Não preciso esperar até que a água seja agita<strong>da</strong>. Tu as agita o tempo todo. Senhor, eu Te<br />

louvo; sempre que as agitas, sou curado. És ain<strong>da</strong> o ver<strong>da</strong>deiro sábado para mim. Senhor, eu<br />

Te louvo porque hoje tenho um sábado, uma festa, um poço, um anjo, a água e o agitar".<br />

Em segui<strong>da</strong>, podemos aplicar essa porção orando: “Senhor, faz com que tudo isso se torne real<br />

para mim. Não é necessário que eu vá para o céu. Tu já vieste aqui, e agora estás comigo. Tu<br />

não pedes nem exiges coisa alguma. Apenas supres e transmites. Não é preciso que eu faça ou<br />

mude coisa alguma. Tu simplesmente transmites algo a mim no lugar onde estou". Se lermos e<br />

orarmos dessa maneira, a Bíblia será um livro diferente. Será um livro vivo.<br />

Não devemos permitir que uma passagem <strong>da</strong> Bíblia como essa se esvaia rapi<strong>da</strong>mente. Talvez,<br />

na manhã se-guinte, possamos voltar ao mesmo trecho. Então teremos algo mais. Podemos<br />

orar: "Senhor, peço não apenas por mim, mas por muitos necessitados". Teremos o encargo de<br />

cui<strong>da</strong>r dos outros e teremos intercessão autêntica pelos outros. Essa é a maneira viva de ler a<br />

palavra. Todos precisamos fazê-lo. Assim como necessitamos de alimento para viver físicamente,<br />

também necessitamos de alimento para viver espiri-tualmente. Precisamos alimentarnos<br />

e nos banquetear, tomar algo do Senhor para o nosso espírito.<br />

NÃO TRAZER NOSSOS CONCEITOS RELIGIOSOS, MAS TER UMA VISÃO PARA NOSSAS<br />

ORAÇÕES<br />

Nossa oração com a palavra não deve ser formal. Quando somos formais, tornamo-nos<br />

religiosos. Freqüentemente confundimos ser formal e religioso com ser espiritual. Quanto<br />

mais praticamos a maneira viva de ler a palavra, somos mais de fato espirituais e menos<br />

formais e religiosos. Se praticarmos dessa maneira por apenas meio ano, poderemos abrir os<br />

mesmos capítulos e versículos que lemos hoje e falar ao Senhor de modo diferente. Isso<br />

provará que estamos mais no espírito e não somos mais tão religiosos como costumávamos<br />

ser.<br />

Pode ser difícil para alguns saber a diferença entre ser religioso e ser de fato espiritual em<br />

digerir, compreender e aplicar uma passagem <strong>da</strong> palavra. Ser religioso significa que sabemos<br />

o que agra<strong>da</strong> a Deus e que esperamos ser ou fazer tal coisa. Podemos orar: "Senhor, aju<strong>da</strong>-me<br />

a fazer tal coisa". Quase todos os cristãos que lêem Lucas 21:1-4, por exemplo,<br />

espontaneamente pedem ao Senhor que os ajude a ser como a viúva pobre que lançou duas<br />

30


31<br />

moe<strong>da</strong>s no gazofilácio. Por um lado, não há na<strong>da</strong> de errado com essa oração; por outro, é uma<br />

oração religiosa.<br />

Não é necessário ter uma visão do Senhor para ter esse tipo de conceito religioso. Até mesmo<br />

as pessoas do mundo que não conhecem a <strong>Cristo</strong> e são contra Ele, quando lerem essa porção,<br />

dirão: "Essa viúva está certa. Se eu fosse cristão, gostaria de ser como ela". Contudo, as<br />

pessoas do mundo não têm visão. Se tivermos a visão adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> palavra, veremos que não<br />

se trata de ofertar mais ou menos, mas de fazer algo na presença do Senhor. A visão adequa<strong>da</strong><br />

relaciona-se à presença do Senhor, e não em ser como a viúva. Deveríamos orar: "Senhor,<br />

aju<strong>da</strong>-me a estar na Tua presença" Tudo o que fazemos na presença do Senhor é correto. O<br />

que importa é viver, an<strong>da</strong>r e fazer as coisas na presença do Senhor. "Senhor, tem misericórdia<br />

de mim para que eu sempre ande e viva sentindo a Tua presença".<br />

Entender esse pequeno trecho <strong>da</strong> palavra de modo que não seja natural nem religioso exige<br />

visão. Quando nos aproximamos <strong>da</strong> palavra, não devemos tentar entender de forma natural.<br />

Se tentarmos entendê-la de modo natural, não precisamos sequer lê-la, porque já temos um<br />

conceito religioso. Tentar agra<strong>da</strong>r a Deus oferecendo mais "moe<strong>da</strong>s" com maior sinceri<strong>da</strong>de<br />

não requer a palavra de Deus. Já tínhamos esse conceito antes mesmo de ser salvos. Não<br />

devemos trazer à palavra conceitos humanos como esse. Precisamos esquecê-los. Exercitar o<br />

espírito e negar a nós mesmos inclui abandonar todos os nossos conceitos naturais e<br />

religiosos quando nos aproximamos <strong>da</strong> palavra.<br />

Devemos ir à palavra sem qualquer entendimento natural. Às vezes, quando determinado<br />

entendimento vem até nós, temos de conferir: "Esse conceito é natural? É um conceito<br />

religioso?" Se praticarmos isso, aprenderemos a ter discernimento. Então, quando chegarmos<br />

a uma passagem como Lucas 21, teremos a visão <strong>da</strong> presença do Senhor, e oraremos: "Senhor,<br />

em tudo que eu fizer, dá-me a misericórdia e a graça para que sinta a Tua presença. Quero<br />

fazer tudo aos Teus pés. Quero fazer tudo sob a Tua supervisão. Tudo que eu fizer deve ser<br />

aprovado na Tua presença".<br />

Por meio dessas mensagens obtivemos clareza sobre a maneira adequa<strong>da</strong> de ler e orar.<br />

Contudo, todos nós ain<strong>da</strong> precisamos de mais prática.<br />

31


Capítulo Sete<br />

DESFRUTAR CRISTO POR MEIO DA ORAÇÃO<br />

Leitura Bíblica: Ap 5:8; 8:3-4; Rm 8:26, Sl 27:4, 8<br />

Apocalipse 5:8 diz: "E, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro<br />

anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo ca<strong>da</strong> um deles uma harpa de ouro e taças de<br />

ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”. As taças são as orações dos santos, e<br />

no interior delas está o incenso. Isso significa que algo como o incenso, tão agradável a Deus,<br />

está nas orações dos santos. A oração os santos é o recipiente, e o incenso é o conteúdo.<br />

Apocalipse 8:3-4 diz: "Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro,<br />

e foi-lhe <strong>da</strong>do muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar<br />

de ouro que se acha diante do trono; e <strong>da</strong> mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do<br />

incenso, com as orações de todos os santos".<br />

Romanos 8:26 diz: "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;<br />

porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós<br />

sobremaneira, com gemidos inexprimíveis". Embora não saibamos pelo que devemos orar, o<br />

Espírito intercede em nós e por nós, muitas vezes com gemidos inexprimíveis.<br />

Salmos 27:4 diz: "Uma coisa peço o Senhor, buscarei: que eu possa na Casa do Senhor todos os<br />

dias <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>, par contem lar a beleza do Senhor e meditar no seu templo". A Casa do<br />

Senhor tem dois significados: A igreja é a casa de Deus (1Tm 3:15), e nosso espírito humano<br />

também é habitação do Senhor (Ef 2:22).<br />

Salmos 27:8 diz: "Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor,<br />

a tua presença". Isso mostra que o coração do salmista falou-lhe interiormente algo do Senhor.<br />

Seu coração disse: "Buscai a minha pre-sença". Em seu coração havia um clamor e uma<br />

proclamação dizendo que ele tinha de buscar a presença do Senhor. Então sua resposta foi:<br />

"Buscarei, pois, Senhor, a tua presença.<br />

MESCLAR A LEITURA DA PALAVRA COM ORAÇÃO<br />

Neste capítulo queremos ter mais comunhão sobre desfrutar <strong>Cristo</strong> intimamente. Sempre há<br />

diversas maneiras de se fazer alguma coisa, mas queremos saber a melhor maneira. A melhor<br />

maneira de orar é misturar a leitura <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> co oração. Devemos ler a <strong>Palavra</strong> para<br />

desfrutar o Senhor, Quando o lemos a <strong>Palavra</strong>, a mente não deve tomar a liderança. À medi<strong>da</strong><br />

que lemos, espontaneamente enten-demos alguma coisa. Então, podemos considerar o que<br />

lemos. Depois de considerar, podemos transferir o que entendemos e considerar em oração.<br />

Devemos orar exercitando o espírito.<br />

Não devemos exercitar a mente para compor uma oração. Antes, devemos orar com sentenças<br />

e frases curtas. Quando falamos com pessoas com quem temos intimi<strong>da</strong>de, não como s algo de<br />

maneira formal, contudo, muitos de nós não oram nem conversam com o Senhor intimamente.<br />

Em vez disso, compomos algo formal. Isso mata nosso espírito e aju<strong>da</strong>-nos a exercitar a mente.<br />

Precisamos aprender a orar de maneira muito espontânea com termos e frases, mas sem<br />

qualquer composição formal. Deveríamos aprender a ser espontâneos com o Senhor.<br />

Enquanto oramos, lemos a <strong>Palavra</strong>, e enquanto lemos, oramos, Nossa oração e leitura estão<br />

mescla<strong>da</strong>s. Essa é a maneira de li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong> a fim de desfrutar <strong>Cristo</strong>.<br />

32<br />

32


33<br />

<strong>Cristo</strong> é vi<strong>da</strong> e tudo para nós, para o nosso desfrute. Por um lado, o Senhor é a <strong>Palavra</strong> e está<br />

na <strong>Palavra</strong>. Por outro, o Senhor é o Espírito e está no Espírito. Também, a <strong>Palavra</strong> é o Espírito.<br />

João 1:1 revela que <strong>Cristo</strong> era o Verbo, isto é, a <strong>Palavra</strong>, no princípio. João 6:63 mostra que a<br />

<strong>Palavra</strong> é o Espírito. Efésios 6:17 mostra que o Espírito é a <strong>Palavra</strong>. Temos a <strong>Palavra</strong> nas mãos<br />

e o Espírito em nosso espírito. Esses são os dois meios para contatar e desfrutar <strong>Cristo</strong>. A vi<strong>da</strong><br />

cristã não é uma vi<strong>da</strong> religiosa, mas é uma vi<strong>da</strong> desfrutar <strong>Cristo</strong> o tempo todo.<br />

Nosso an<strong>da</strong>r diário cristão e to<strong>da</strong>s as virtudes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cristã adequa<strong>da</strong> provém do desfrute de<br />

<strong>Cristo</strong>. Efésios 5 e 6 fala que as mulheres devem submeter-se ao marido, os maridos devem<br />

amar a mulher, os filhos devem honrar aos pais, os pais devem cui<strong>da</strong>r dos filhos, os servos<br />

devem servir fielmente aos senhores e os senhores devem tratar os servos adequa<strong>da</strong>mente.<br />

Tal viver humano adequado provém de ser enchido com <strong>Cristo</strong> (Ef 5:18), que é desfrute e<br />

<strong>Cristo</strong>. Ate mesmo combater a luta espiritual, relata<strong>da</strong> no final de Efésios, provém do desfrute<br />

de <strong>Cristo</strong>.<br />

Primeiro, podemos desfrutar <strong>Cristo</strong> li<strong>da</strong>ndo com a <strong>Palavra</strong>. Se queremos desfrutar <strong>Cristo</strong>,<br />

devemos saber li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong>. Se não sabemos li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong> de maneira adequa<strong>da</strong>,<br />

na maneira <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, jamais poderemos desfrutar <strong>Cristo</strong> adequa<strong>da</strong>mente. Temos também de<br />

aprender a orar é beber <strong>Cristo</strong> como o Espírito (1Co 12:13). É também inalá-Lo, respirá-Lo (Jo<br />

20:22; Lm 3:55-56 - VRC). Todos temos de aprender a li<strong>da</strong>r com a <strong>Palavra</strong> e a orar a inalar<br />

<strong>Cristo</strong> como o Espírito. Ao orar, trabalhamos juntamente com <strong>Cristo</strong>, <strong>da</strong>ndo-Lhe terreno e<br />

oportuni<strong>da</strong>de para operar algo por nosso intermédio. Assim, podemos dizer que há duas<br />

maneiras de desfrutar <strong>Cristo</strong>. Uma é ler a <strong>Palavra</strong>; outra, a outra é orar. Precisamos mesclar a<br />

leitura <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong> com a oração.<br />

DESFRUTAR CRISTO ORANDO<br />

Para aprender a desfrutar <strong>Cristo</strong> orando, devemos abandonar o velho modo de orar. Também<br />

não devemos orar por assuntos ou preocupações pessoais. Antes, devemos orar para louvá-<br />

Lo, adorá-Lo agradecer-Lhe, contemplar Sua beleza e inalá-Lo. Muitas vezes temos de orar<br />

gemendo, dizendo "O Senhor, ó Senhor..." Essa é a melhor oração. A ver<strong>da</strong>deira oração não<br />

provém de nós mesmos, para que o Senhor faça algo por nós. A ver<strong>da</strong>deira oração é o Espírito,<br />

que é o próprio <strong>Cristo</strong>, operando e agindo em nós, para que nos abramos a Ele a fim de expirá-<br />

Lo e inspirá-Lo (ver Hino n° 136). Devemos <strong>da</strong>r a Ele um caminho livre para sair e entrar a fim<br />

de expressar algo de Si mesmo.<br />

Orar não é cui<strong>da</strong>r de muitas coisas. Orar é respirar o ar espiritual, que é o próprio Senhor.<br />

Diariamente, até mesmo diversas vezes ao dia, temos de aprender a respirar o Senhor como o<br />

ar espiritual. Mesmo enquanto dirigimos o carro ou preparamos a comi<strong>da</strong> em casa, podemos<br />

respirar invocando do nosso interior: "Ó Senhor". Essa é a melhor oração.<br />

Apocalipse mostra-nos que as orações dos santos são as taças ou o incensário que contém<br />

<strong>Cristo</strong> como o incenso. Em nossa oração deve haver <strong>Cristo</strong> como o incenso. Temos de queimar<br />

incenso diariamente, oferecendo orações com <strong>Cristo</strong> subindo até Deus. <strong>Cristo</strong> está em nós e<br />

precisamos ter oração como o incensário, as taças, o recipiente ara o <strong>Cristo</strong> que habita em nós<br />

como o incenso. Se não oramos temos <strong>Cristo</strong> no nosso interior, mas não como o incenso que<br />

sobe até Deus. A oração adequa<strong>da</strong> não é por nossas necessi<strong>da</strong>des práticas, e sim para a<br />

expressão de <strong>Cristo</strong>. Oramos para expressar <strong>Cristo</strong>, isto é, para <strong>da</strong>r ao <strong>Cristo</strong> que habita em<br />

nós a oportuni<strong>da</strong>de de ser o incenso, de subir até Deus e de ser expresso em nossa oração.<br />

Mateus 6:31-33 diz: "Portanto, não andeis ansiosos, dizendo: Que comeremos? ou: Que<br />

beberemos? ou: Com que nos vestiremos? porque to<strong>da</strong>s essas coisas os gentios procuram<br />

33


34<br />

ansiosamente; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de to<strong>da</strong>s elas. Buscai, porém, em<br />

primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e to<strong>da</strong>s essas coisas vos serão acrescenta<strong>da</strong>s".<br />

Podemos até dizer ao Senhor: "Senhor, não preciso orar tantas coisas. Mateus 6:31-33 diz que<br />

Tu já sabes de que necessito". Se não estivermos em paz quanto às nossas necessi<strong>da</strong>des<br />

pessoais, podemos lembrar ao Senhor que nos alimente e cuide de nós segundo a Sua <strong>Palavra</strong>.<br />

Simplesmente devemos buscar o Senhor, o Seu reino e a Sua justiça. Tudo de que precisamos,<br />

o Senhor não apenas nos <strong>da</strong>rá, mas também acrescentará. Devemos aprender a orar e a buscar<br />

o próprio Senhor para contemplar Sua beleza.<br />

Depois podemos prosseguir e aprender a perguntar ao Senhor. Isso significa que devemos<br />

aprender a perguntar ao Senhor sobre o que temos de orar. Não ore segundo o que você acha<br />

que deve orar, mas pergunte ao Senhor o que Ele quer que você ore. Às vezes você pode ter de<br />

perguntar: "Senhor, posso orar agora por determinado amigo? Posso orar agora pela pregação<br />

do evangelho?”<br />

Uma boa ilustração disso é encontra<strong>da</strong> em Gênesis 18, quando o Senhor com dois anjos foi<br />

visitar Abraão. A Bíblia nos diz que Abraão era amigo de Deus (2Cr 20:7; Is 41:8; Tg 2:23). O<br />

relato de Gênesis 18 mostra que havia uma amizade íntima entre eles. Abraão recebeu o<br />

Senhor como um amigo, um convi<strong>da</strong>do, e serviu ao Senhor (vs. 1-8). O Senhor e Abraão<br />

tiveram um desfrute mútuo. O Senhor perguntou então a Abraão: "Sara, tua mulher, onde<br />

está?" (v. 9), e disse a Abraão que ela <strong>da</strong>ria à luz um filho (v. 10). Abraão não pediu um filho ao<br />

Senhor em Gênesis 18. Antes, permitiu que o Senhor lhe falasse algo. Não devemos levar<br />

muitas coisas na oração para que se intrometam em nossa comunhão com o Senhor. Devemos<br />

contemplar o Senhor e deixá-Lo desfrutar-nos enquanto O desfrutamos. Devemos deixar que<br />

Ele nos pergunte algo, assim como perguntou a Abraão: "Tua mulher, onde está?" Depois<br />

devemos deixar que Ele fale algo a nós.<br />

Após Sua comunhão com Abraão, o Senhor e os dois anjos começaram a sair. O versículo 16<br />

diz: "Tendo-se levantado <strong>da</strong>li aqueles homens, olharam para Sodoma; e Abraão ia com eles,<br />

para os encaminhar". Isso significa que Abraão os acompanhou. Isso mostra como Abraão<br />

tratava o Senhor como um amigo íntimo. É como se ele dissesse: "Senhor, já vais? Que pena;<br />

eu não gostaria que fosses. Deixe-me acompanhar-Te um pouco. Pelo fato de Abraão<br />

acompanhar e conduzir o Senhor, surgiu o encargo pela intercessão.<br />

O versículo 17 diz: "Disse o Senhor: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?" O versículo 17<br />

proveio do fato de Abraão acompanhar e conduzir o Senhor no versículo 16. Se Abraão tivesse<br />

simplesmente dito: "Até logo, Senhor", e não O tivesse acompanhado determina<strong>da</strong> distância, o<br />

Senhor não teria tido comunhão adicional com ele. O Senhor não pôde esconder de Seu amigo<br />

íntimo o que estava para fazer. Ele teve de contar-lhe.<br />

O Senhor, então, disse a Abraão que ia julgar Sodoma. De fato, naquele momento o Senhor<br />

tinha um ver<strong>da</strong>deiro encargo por Ló, e precisava de alguém que orasse por Ló. O Senhor<br />

sempre precisa de alguma intercessão para fazer algo pelos outros. Por meio de sua<br />

comunhão com o Senhor, Abraão, tomou conhecimento <strong>da</strong> intenção do Senhor. Por serem<br />

amigos íntimos, não era necessário que mencionassem nominalmente a Ló.<br />

Os versículos 22 e 23 dizem: "Então, partiram <strong>da</strong>li aqueles homens [os dois anjos] e foram<br />

para Sodoma; porém Abraão permaneceu ain<strong>da</strong> na presença do Senhor. E, aproximando-se a<br />

ele, disse: Destruirás o justo com o ímpio?" Mesmo com a parti<strong>da</strong> dos dois anjos, Abraão não<br />

desejava deixar o Senhor. Ele permaneceu diante do Senhor para ter comunhão mais íntima.<br />

Abraão começou a interceder, perguntando ao Senhor se Ele destruiria o justo com o ímpio.<br />

Isso quer dizer que ele estava orando por Ló. Isso mostra que o encargo pela intercessão vem<br />

34


35<br />

do nosso contato com o Senhor. Quando o Senhor nos revela o Seu coração, sabemos Sua<br />

intenção e esta se torna nosso encargo, que volta ao Senhor como nossa intercessão. O desejo<br />

do coração do Senhor era salvar Ló de Sodoma, mas o Senhor precisava que alguém orasse<br />

por Ló. Sem alguém para orar por Ló, o Senhor não podia agir. Esse é o princípio <strong>da</strong><br />

encarnação. Na nova criação, na obra <strong>da</strong> graça do Senhor na salvação, sempre há a<br />

necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> encarnação. Isso quer dizer que sempre é necessário que alguém coopere com<br />

o Senhor. Então, o Senhor tem base para fazer algo. Gênesis 19:29 indica que, quando o<br />

Senhor destruiu Sodoma, Ele salvou Ló como resposta à oração de Abraão. Depois <strong>da</strong><br />

comunhão cabal de Abraão com o Senhor, Gênesis nos diz: "Tendo cessado de falar a Abraão,<br />

retirou-se o Senhor; e Abraão voltou para o seu lugar" (18:33). Ao ler Gênesis 18 podemos ver<br />

que Abraão falou, mas o versículo 33 diz que assim que cessou de falar a Abraão, o Senhor se<br />

retirou. Isso nos mostra que a melhor oração não é falar ao Senhor, mas o Senhor falar a nós.<br />

Devemos deixá-Lo cessar de falar a nós. Então, podemos dizer amém ao Seu falar. Devemos<br />

in<strong>da</strong>gar: "Quando terminamos nossa oração e dissemos amém, fomos nós que terminamos o<br />

que tínhamos para falar, ou foi o Senhor?”<br />

Rigorosamente falando, a oração adequa<strong>da</strong> é o Senhor falando por intermédio de quem ora.<br />

Por isso devemos aprender a orar para contemplar Sua beleza e inalá-Lo a fim de expressá-Lo.<br />

Se não sabemos o que orar, podemos gemer, dizendo: "Ó Senhor, não sei como orar nem o que<br />

orar. Ó Senhor..." então teremos a melhor oração.<br />

Precisamos praticar a comunhão descrita neste capítulo. Primeiramente devemos aprender a<br />

ler e orar acerca <strong>da</strong> <strong>Palavra</strong>. Precisamos também orar para contemplar o Senhor e respirá-Lo<br />

como nosso ar espiritual. Talvez possamos tomar dez ou quinze minutos de manhã para ler e<br />

orar a <strong>Palavra</strong>. Depois, precisamos de outro momento, talvez uns cinco minutos, apenas para<br />

orar. Devemos abrir-nos ao Senhor, buscá-Lo, buscar Sua face para contemplá-Lo, adorá-Lo,<br />

louvá-Lo e agradecer-Lhe. Se temos algum sentimento interior que não sabemos expressar,<br />

podemos gemer diante Dele. Se praticarmos esse tipo de oração viva e íntima, seremos<br />

nutridos, refrescados e fortalecidos pelo Senhor não apenas de manhã, mas o dia todo.<br />

Precisamos aprender a orar desse modo todo o tempo. Primeira Tessalonicenses 5:17 exortanos<br />

a orar sem cessar. Somente orando assim é que podemos orar sem cessar. Orar dessa<br />

forma é respirar espiritualmente. Não importa o que fazemos, podemos orar à maneira <strong>da</strong><br />

respiração espiritual. Devemos orar sem cessar, não importa o que estamos a fazer. Assim<br />

desfrutaremos <strong>Cristo</strong> continuamente.<br />

35


Capítulo Oito<br />

EXERCITAR O ESPÍRITO PARA DESFRUTAR O SENHOR EM ORAÇÃO<br />

Depois de termos usado vinte ou vinte e cinco minutos para desfrutar o Senhor, li<strong>da</strong>ndo com<br />

Sua palavra, precisamos de um tempo para simplesmente orar. Nesse tempo não devemos nos<br />

preocupar com o que lemos. Não devemos manter coisa alguma na mente, mas apenas buscar<br />

a Sua face, abrir-nos a Ele, contemplá-Lo e falar-Lhe algo, sobre Sua bon<strong>da</strong>de e beleza, adorá-<br />

Lo e reverenciá-Lo.<br />

Inicialmente, alguns podem começar sua oração dizen-do: "Senhor, confesso que não sei como<br />

Te desfrutar ou Te louvar desta maneira". Isso pode ser bom, mas é apenas o começo <strong>da</strong><br />

prática <strong>da</strong> oração. Depois de praticarmos um pouco mais esse tipo de oração, não devemos<br />

dizer que não sabemos fazê-la. Antes, quando nos aproximarmos do Senhor, devemos<br />

expressar de maneira muito positiva algo <strong>da</strong> nossa percepção interior. Podemos perceber que<br />

o Senhor é amável e, assim, orar: "Ó Senhor, Tu és tão amável!" Pode-mos também perceber<br />

que o Senhor é tão disponível e, assim, orar: "Senhor, eu Te adoro! Tu és tão disponível. Ó<br />

Senhor, eu Te adoro e louvo por Tua disponibili<strong>da</strong>de". Dessa maneira, podemos falar algo de<br />

maneira positiva com segurança e confirmação.<br />

ORAR PARA EXPRESSAR NOSSA COMPREENSÃO INTERIOR DO SENHOR<br />

Dizer que não sabemos louvar o Senhor é uma desculpa. Por fim, o Senhor não nos permitirá<br />

essa desculpa. Ele pode dizer: "Você sabe Me louvar". Temos compreendido muitas coisas a<br />

respeito do Senhor, assim, deveríamos simplesmente expressar na oração algo <strong>da</strong> nossa<br />

percepção interior. A adoração, louvor e ação de graça que rendemos ao Senhor são as<br />

expressões <strong>da</strong> nossa percepção interior. Podemos dizer a um irmão, por exemplo: "Irmão,<br />

você é tão amável". Isso é um tipo de louvor, àquele irmão, que é a expressão <strong>da</strong> percepção<br />

que temos dele. Da mesma maneira, em nosso interior nós compreendemos algo do Senhor.<br />

Essa percepção interior é expressa, às vezes como adoração, às vezes com louvor e às vezes<br />

como ação de graça que rendemos a Ele. Às vezes precisamos dizer: "Ó Senhor, eu amo a Tua<br />

presença. Eu amo contemplar a Tua beleza. Eis-me aqui para abrir-me a Ti. Ó Senhor, abre-Te<br />

mais a mim".<br />

Estamos no começo desse tipo de prática. Depois de determinado período de prática, nos<br />

libertaremos de composições e explicações em nossa oração. Quanto mais praticarmos orar<br />

dessa maneira, mais seremos simples em nossas expressões. O princípio básico é<br />

simplesmente expres-sar nossa percepção interior do Senhor.<br />

Um irmão pode orar: "Senhor, Tu deixaste claro que vives e habitas no meu espírito". Esse<br />

tipo de oração pode ser meramente um tipo de explicação ou definição: Em vez disso,<br />

devemos simplesmente expressar algo <strong>da</strong> nossa percepção interior. Podemos dizer: "Ó<br />

Senhor, que graça! Que graça Tu estares aqui. Que graça Tu estares comigo e que graça Tu<br />

estares no meu espírito! Ó Senhor, Tu és tão amável!" Essa é a expressão <strong>da</strong> percepção de que<br />

o Senhor vive em nós.<br />

Em uma ou duas semanas <strong>da</strong> nossa prática de orar dessa maneira, podemos definir e compor<br />

nossas palavras com muita habili<strong>da</strong>de. Depois de certo período de prática, contudo, seremos<br />

mais simples. Nossas orações serão expres-sões, não definições ou explicações. Nossas<br />

orações podem ser simplesmente sentenças curtas ou até mesmo frases simples. Podemos<br />

dizer: "Ó Senhor, quão bom é que Tu estejas em mim o tempo todo". Dessa maneira podemos<br />

36<br />

36


37<br />

esquecer nossa mente natural e exercitar o espírito. Quando oramos, temos de concentrar<br />

to<strong>da</strong> a nossa força no nosso espírito para falar algo: "Ó Senhor, que misericórdia! Que graça!<br />

Oh! que bom! Ó Senhor, aleluia! Não consigo expressar. É bom demais". Isso é dizer algo do<br />

espírito, não compor uma oração. Se orarmos com pequenas sentenças e não compusermos<br />

nossas orações, teremos a liberação do espírito. Nosso espírito será liberado e elevado. Façam<br />

uma tentativa.<br />

Essa é a maneira de falar uma mensagem. Quando um jovem irmão começa a ministrar, ele<br />

freqüentemente prepara uma introdução e ca<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> mensagem com uma compo-sição<br />

adequa<strong>da</strong>. À medi<strong>da</strong> que prossegue, contudo, ele deixa esse tipo de formali<strong>da</strong>de para trás e<br />

fala às pessoas de maneira mais eficaz e libera<strong>da</strong>.<br />

Algumas pessoas podem orar com muita composição porque estão acostuma<strong>da</strong>s a orar em<br />

público nas reuniões. Contudo, até mesmo quando oramos nas reuniões, devemos aprender a<br />

expressar em vez de explicar. Em vez de orar de maneira explicativa: "Senhor, é um privilégio<br />

estarmos diante de Ti nesta hora", podemos simplesmente expressar: "Ó Senhor, que<br />

momento precioso! <strong>Como</strong> é bom estarmos aqui!” Isso é uma expressão, não uma explicação.<br />

Nossa maneira atual de orar prova que no passado nos acostu-mamos a uma maneira antiga.<br />

Agora devemos ter a prática de orar de maneira nova, com sentenças curtas. Nossas<br />

explicações e definições devem tornar-se expressões de nossa percepção interior. Não<br />

devemos nos preocupar com pensamentos, considerações e composições. Simplesmente<br />

devemos nos importar com nossa percepção interior.<br />

NÃO ORAR COM COMPOSIÇÕES, MAS COM AS RIQUEZAS DE CRISTO<br />

Se virmos um edifício em chamas, não iremos dizer ao nosso vizinho: "Meu caro amigo, é<br />

importante que você saiba que há um incêndio nas imediações". Ninguém falaria dessa<br />

maneira. Antes, gritaríamos: "Fogo!" Isso é uma expressão e não uma explicação. Devemos<br />

aprender a orar de maneira a expressar algo <strong>da</strong> nossa percepção interior. Em nosso interior<br />

percebemos algo do Senhor, e simplesmente o expressamos. Muitos salmos, no Antigo<br />

Testamento, são falados dessa maneira. Eles não explicam as coisas; antes, expressam algo.<br />

Quanto mais deveria ser nosso caso hoje em dia. Muitos de nós aprenderam a maneira erra<strong>da</strong><br />

de orar. Trata-se <strong>da</strong> maneira religiosa, natural de orar. Temos de mu<strong>da</strong>r nossa maneira. Se os<br />

amados irmãos no nosso meio tomarem esta palavra de praticar a oração que vem <strong>da</strong> nossa<br />

percepção interior, nossa oração melhorará muito.<br />

Quanto mais praticarmos, mais seremos libertados <strong>da</strong> maneira <strong>da</strong> composição. Se reduzirmos<br />

nossa composição, teremos mais expressão, e quando tivermos mais expressão, teremos as<br />

riquezas não <strong>da</strong> composição, mas dos itens do Senhor. Podemos dizer: "Ó Senhor, Tu és minha<br />

comi<strong>da</strong>, minha bebi<strong>da</strong> e minha respiração. Oh! o meu ar fresco! Minha força e iluminação". O<br />

próprio Senhor, como comi<strong>da</strong>, bebi<strong>da</strong> e ar que respiramos, é as Suas riquezas. Então,<br />

continuamos: "Tu és minha satisfação. Oh! a preciosi<strong>da</strong>de e o frescor desse ar! Ó Senhor, que<br />

refrescante! Não há palavras para expressar". Esse tipo de oração é rico em essência e não em<br />

composição, sentenças, frases e palavras. Quanto mais orarmos dessa maneira, mais<br />

absorveremos do Senhor.<br />

Precisamos praticar mais e mais esse tipo de oração. Devemos aprender a não compor, mas a<br />

expressar algo que vem do interior do nosso espírito a fim de contatar o Senhor com<br />

expressões simples, quanto mais curtas melhor. Se o fizermos, sentiremos as riquezas de<br />

<strong>Cristo</strong>, e teremos a aplicação e o sentido prático <strong>da</strong> experiência de <strong>Cristo</strong> em nosso caminhar<br />

diário. Nós O desfrutamos o tempo todo, de maneira que, quando nos aproximamos Dele,<br />

temos certa percepção, certo sentimento. Podemos ter desfrutado muito 0 Senhor a tarde<br />

37


38<br />

to<strong>da</strong>. Então, à noite, podemos ter cinco minutos para orar antes do jantar. Não é necessário<br />

fechar a porta ou nos ajoelhar. Onde quer que estejamos, podemos simplesmente expressar<br />

algo ao Senhor: "Ó Senhor, que fortalecimento durante to<strong>da</strong> a minha tarde! Eu Te adoro,<br />

Senhor. Tu és minha força". Quanto mais orarmos dessa maneira, mais seremos fortalecidos,<br />

mais desfrutaremos e mais absorveremos o Senhor.<br />

NÃO NOS IMPORTAR COM A MENTE NATURAL,<br />

MAS EXERCITAR O ESPÍRITO PARA ORAR<br />

Os Salmos foram escritos na forma de expressões diri-gi<strong>da</strong>s ao Senhor. Contudo, tantos<br />

cristãos do Novo Testa-mento não podem ser comparados aos salmistas do Antigo<br />

Testamento. Eles têm o Espírito que habita interiormente, mas não usam seu espírito para<br />

orar com expressões simples. Não quer dizer que devemos orar com expressões do Antigo<br />

Testamento, como: "Por ti, ó Deus, suspira a minha alma" (Sl 42:1). Antes, é o princípio dos<br />

salmistas que está correto: "Ó Deus, minha alma suspira por Ti!" Todos precisamos aprender a<br />

mu<strong>da</strong>r nossa maneira de orar. Creio que se o fizermos, os irmãos serão mais animados e as<br />

reuniões serão mais vivas.<br />

Mesmo se orarmos com um bom espírito, ain<strong>da</strong> podemos ter muita composição em nossa<br />

oração. Isso ocorre porque todos nós somos "diplomados na mesma escola", onde nos<br />

formamos no mesmo curso de velhas orações. Precisamos deixar de compor nossa oração.<br />

Devemos aprender a orar exercitando o espírito a fim de expressar alguma coisa, não<br />

exercitando a mente para compor algo. Esse é o princípio adequado <strong>da</strong> oração. Qualquer<br />

músculo que usamos sempre é fortalecido e cresce. O mesmo ocorre com o espírito. Quanto<br />

mais o usarmos, mais ele crescerá e será fortalecido.<br />

Na oração, devemos aprender a concentrar-nos no espírito e esquecer a mente natural. Não<br />

devemos compor coisa alguma, mas simplesmente expressar algo que vem do interior<br />

conforme percebemos e sentimos. Precisamos ter um sentido interior do Senhor. Podemos<br />

senti-Lo não apenas como nossa comi<strong>da</strong>, bebi<strong>da</strong> e porção, mas como muitos outros itens. Às<br />

vezes, podemos dizer: "Ó Senhor, estou experimen-tando Tua soberania. Durante todo este<br />

dia, que soberania experimentei". Essa é a expressão de nossa experiência do Senhor naquela<br />

ocasião. Todos temos de aprender essa maneira. Então, creio que nossas reuniões serão muito<br />

enriqueci<strong>da</strong>s por nossas orações desse tipo.<br />

Depois de certa prática, mu<strong>da</strong>remos a maneira de orar. Espontaneamente diremos: "Senhor,<br />

Tua presença é preciosa, tão amável!" Se sentimos que estamos na mente, não devemos<br />

explicar isso ao Senhor, dizendo: "No passado, fiquei muito na mente. <strong>Como</strong> estou na mente!<br />

Aju<strong>da</strong>-me a perceber que devo exercitar meu espírito. Mas, Senhor, não sei como fazê-lo". Essa<br />

é uma boa oração, mas está muito na mente quanto à (composição, explicação e raciocínio. Se<br />

estivéssemos em um terremoto, não haveria tempo para explicar na<strong>da</strong>. Simplesmente<br />

gritaríamos: "Terremoto!" Da mesma maneira, podemos simplesmente gritar: "Senhor,<br />

liberta-me <strong>da</strong> mente. Ó Senhor, <strong>da</strong> mente! Liberta-me! Que misericórdia, Senhor! Que graça!<br />

Tu estás no meu espírito. Ó Senhor, aju<strong>da</strong>-me a exercitar o espírito. Oh! o espírito! Senhor, o<br />

espírito! Senhor, aju<strong>da</strong>-me a exercitar!" Isso é oração de ver<strong>da</strong>de. É uma expressão e não uma<br />

explicação. Depois de orar dessa maneira por cinco minutos, estaremos no céu. Pratiquem isso<br />

e vocês sentirão a diferença. Sua oração será totalmente diferente.<br />

FAZER ORAÇÕES CURTAS COM UM ESPÍRITO FORTE NAS REUNIÕES<br />

Para orar na maneira de composição, não precisamos de nenhuma ousadia. Podemos estar<br />

fracos em nosso espírito e introspectivos. Para orar de maneira a expressar nossa percepção,<br />

contudo, é preciso ousadia, força no espírito e libertação <strong>da</strong> introspecção. Quanto mais forte<br />

38


39<br />

for o nosso espírito, mais curtas serão as sentenças e frases <strong>da</strong> nossa oração. Quanto mais viva<br />

for nossa oração, menor será o palavreado e menos raciocínio natural haverá em nosso<br />

discurso. Devemos aprender a orar dessa maneira nova. Então, quando chegamos à reunião,<br />

podemos orar <strong>da</strong> mesma maneira, à maneira de não explicar, mas de expressar. Apren<strong>da</strong>m a<br />

orar dessa maneira.<br />

Digo novamente: precisamos de mais prática. Deveríamos praticar essa maneira de orar não<br />

apenas em nossos momentos privados, mas nas reuniões. Sem dúvi<strong>da</strong>, a neces-si<strong>da</strong>de na<br />

reunião nem sempre será a mesma. Às vezes preci-samos de uma oração longa como o Salmo<br />

119, o mais longo dos salmos, com cento e setenta e seis versículos em vinte e duas estrofes<br />

de oito versículos ca<strong>da</strong>. Contudo, a maioria <strong>da</strong>s vezes nossa oração nas reuniões deve ser viva,<br />

forte e curta fim de expressar algo <strong>da</strong> nossa percepção do Senhor. Orações curtas, que não são<br />

prolixas, são ricas em seu efeito. Fazer uma oração prolixa significa que estamos orando na<br />

mente. Quando oramos no espírito, nosso falar é curto. Precisamos praticar essas duas coisas:<br />

contatar o Senhor li<strong>da</strong>ndo com a <strong>Palavra</strong> e orar de maneira nova para desfrutá-Lo.<br />

Capítulo Nove<br />

ORAR PARA DESFRUTAR O SENHOR E EXPRESSAR SEU ENCARGO<br />

Leitura Bíblica: Ef 5:18-20; 6:18-20; Jd 20; Gn 18:76-33; 1Sm 1: 10-11; Lc 7:46-55<br />

Nesta mensagem consideraremos a maneira adequa<strong>da</strong> de desfrutar o Senhor, participar Dele<br />

e interceder para, expressar Seu encargo em oração.<br />

A ORAÇÃO É O RESULTADO DO NOSSO DESFRUTE DO SENHOR<br />

Efésios 3:16-17a diz: "Para que, segundo a riqueza <strong>da</strong> sua glória, vos conce<strong>da</strong> que sejais<br />

fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite <strong>Cristo</strong> no<br />

vosso coração, pela fé". O versículo 19b diz: "Para que sejais tomados de to<strong>da</strong> a plenitude de<br />

Deus". A seguir, 5:18-20 nos diz que tipo de pessoas são fortaleci<strong>da</strong>s pelo Espírito no homem<br />

interior, ocupados por <strong>Cristo</strong> no coração, e cheios em todo o seu ser até a plenitude de Deus.<br />

Esses versículos dizem: "E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas encheivos<br />

do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com<br />

hinos e cânticos espirituais, <strong>da</strong>ndo sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de<br />

nosso Senhor Jesus <strong>Cristo</strong>".<br />

Salmos, hinos, louvores e ação de graças são o transbor<strong>da</strong>r de ser cheio no espírito. O fato de o<br />

transbor<strong>da</strong>r incluir cânticos indica que se trata de desfrute. Sempre que cantamos há uma<br />

forte prova de que desfrutamos algo. Portanto, ser cheio no espírito é desfrutar o Senhor, e em<br />

tal condição derramamos nosso louvor e gratidão a Deus. Louvor e ação de graças são o<br />

transbor<strong>da</strong>r do desfrute interior de <strong>Cristo</strong>. Além disso, é desse desfrute que provém o viver<br />

adequado de maridos, esposas, filhos, pais, servos e senhores na vi<strong>da</strong> cristã (vs. 22, 25; 6:1, 4,<br />

5, 9).<br />

Depois disso, Efésios diz-nos que somos habilitados e ganhamos o encargo de lutar a batalha<br />

contra o inimigo de Deus (6:10-20). Dessa forma, esse livro conclui com oração. Os versículos<br />

18 a 20 dizem: "Com to<strong>da</strong> oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto<br />

vigiando com to<strong>da</strong> perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que<br />

me seja <strong>da</strong><strong>da</strong>, no abrir <strong>da</strong> minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o<br />

39


40<br />

mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em <strong>Cristo</strong>, eu seja<br />

ousado para falar, como me cumpre fazê-lo". Quando somos cheios do Senhor e O<br />

desfrutamos, temos os itens adequados <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cristã como resultado desse desfrute. Então,<br />

somos capacitados e habilitados para lutar a batalha contra o inimigo de Deus e somos<br />

encarregados disso, orando sempre no espírito com to<strong>da</strong> oração e súplica.<br />

SER CHEIO DO ESPÍRITO PARA ORAR NO ESPÍRITO SANTO<br />

Ju<strong>da</strong>s 20 diz: "Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito<br />

Santo". Para orar no Espírito Santo, devemos ser cheios Dele; devemos inalá-Lo.<br />

UM EXEMPLO MARAVILHOSO DE INTERCESSÃO<br />

Gênesis 18 contém boa ilustração e grande aju<strong>da</strong> com respeito à oração. Esse capítulo relata a<br />

conversa e a conferência entre Abraão e o Senhor. O Senhor veio até Abraão com dois de Seus<br />

anjos. Abraão recebeu o Senhor, serviu-O e ministrou-Lhe, e o Senhor desfrutou o que Abraão<br />

Lhe ministrou (vs. 1-8). Então, enquanto o Senhor desfru-tava tudo aquilo, Ele disse a Abraão<br />

o que faria por sua esposa Sara, de modo que ela <strong>da</strong>ria à luz um filho (v. 10). Parece que esse<br />

contato entre o Senhor e Abraão era suficiente.<br />

Contudo, quando o Senhor e os dois anjos prepararam-se para partir, Abraão não desejava<br />

perder a Sua presença, assim ele os acompanhou por certa distância. Os versículos 16 a 24<br />

dizem: "Tendo-se levantado <strong>da</strong>li aqueles homens, olharam para Sodoma; e Abraão ia com eles,<br />

para os encaminhar. Disse o Senhor: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer, visto que<br />

Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas to<strong>da</strong>s as<br />

nações <strong>da</strong> terra? Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a<br />

fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo; para que o Senhor<br />

faça vir sobre Abraão 0 que tem falado a seu respeito. Disse mais o Senhor: Com efeito, o<br />

clamor de Sodoma e Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado muito.<br />

Descerei e verei se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até<br />

mim; e, se assim não é, sabê-lo-ei. Então, partiram <strong>da</strong>li aqueles homens e foram para Sodoma;<br />

porém Abraão permaneceu ain<strong>da</strong> na presença do Senhor. E, aproximando-se a ele, disse:<br />

Destruirás o justo com o ímpio? Se houver, porventura, cinqüenta justos na ci<strong>da</strong>de, destruirás<br />

ain<strong>da</strong> assim e não pouparás o lugar por amor dos cinqüenta justos que nela se encontram?"<br />

Os versículos 32 e 33 concluem essa porção: "Disse ain<strong>da</strong> Abraão: Não se ire o Senhor, se lhe<br />

falo somente mais esta vez: Se, porventura, houver ali dez? Respondeu o Senhor: Não a<br />

destruirei por amor dos dez. Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o Senhor; e Abraão<br />

voltou para o seu lugar".<br />

Quando Abraão não se mostrou disposto a perder a presença do Senhor, o Senhor disse:<br />

"Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?" Isso é a transmissão do encargo do Senhor por<br />

intercessão. Havia um encargo no coração do Senhor, e, nesse momento, Ele encontrou a<br />

pessoa adequa<strong>da</strong> para compartilhá-lo. Suponha, entretanto, que, quando o Senhor se pusesse<br />

a partir, Abraão simplesmente tivesse dito: "Até logo". Esse teria sido o final de seu contato, e<br />

nenhum encargo por intercessão teria sido revelado a Abraão.<br />

O Senhor tinha um sentimento muito afável. Ele não transmitiu Seu encargo a Abraão antes de<br />

este o ter acompanhado por determina<strong>da</strong> distância. Antes, o Senhor o manteve oculto. Apenas<br />

quando Abraão O acompanhou é que Ele transmitiu Seu encargo. Então, foi como se Ele<br />

tivesse dito: "<strong>Como</strong> posso ocultar de Abraão o que estou para fazer? Tenho de contar a ele".<br />

40


41<br />

Naquela ocasião, o Senhor revelou a Abraão Sua grande preocupação com Sodoma. Na<br />

ver<strong>da</strong>de, Sua preocupação era com Ló, que estava em Sodoma. Assim Abraão veio a saber, o<br />

que estava no coração do Senhor, de modo que ganhou encargo para interceder por Ló.<br />

Abraão orou de forma pessoal, para consultar o Senhor e barganhar com Ele. O Senhor<br />

concordou que se houvesse cinqüenta justos em Sodoma, Ele a pouparia, mas como Abraão<br />

percebeu que não havia cinqüenta, ele reduziu o número para quarenta e cinco, quarenta,<br />

trinta, vinte e dez. Essa intercessão era uma espécie de conferência e troca de idéias entre<br />

Abraão e o Senhor.<br />

Aparentemente Abraão falou muito com o Senhor. Contudo, no final desse relato, o versículo<br />

33 diz: "Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o Senhor; e Abraão voltou para o seu<br />

lugar". Ele não diz que quando Abraão cessou de falar com o S amém e se foi. Em vez disso, diz<br />

que Senhor cessou de Seu falar se foi. Essa é uma boa ilustração <strong>da</strong> intercessão adequa<strong>da</strong>.<br />

ORAR CONFESSANDO E ABSORVENDO O SENHOR EM NÓS<br />

A oração adequa<strong>da</strong> é uma oração em que desfrutamos o Senhor, bebendo-O e respirando-O.<br />

Essa é a primeira coisa que deveríamos fazer quando vamos orar. Se algo nos impede de orar<br />

assim, devemos perceber que há algo errado entre nós e o Senhor, e li<strong>da</strong>r com isso<br />

confessando. Deveríamos dizer: "Senhor, deve haver algo errado comigo. Revela-me o que é".<br />

Se estivermos abertos ao Senhor, o Espírito Santo nos <strong>da</strong>rá o sentimento de que estamos<br />

errados em determina<strong>da</strong>s coisas. Devemos, então, seguir esse sentimento e confessar nossos<br />

erros e aplicar o sangue do Senhor. Se depois disso ain<strong>da</strong> tivermos o sentimento de que algo<br />

nos impede, mas não sabemos o quê, devemos pedir ao Senhor que nos cubra e purifique de<br />

qualquer coisa com Seu sangue precioso. Podemos firmar-nos sob a purificação do Seu sangue<br />

pela fé. Então, imediatamente devemos esquecer esse sentimento de frustração, olhar para o<br />

Senhor e absorver algo Dele. Preci-samos aprender a desfrutar o Senhor dessa forma.<br />

Precisamos usar algum tempo para absorver o Senhor. Não podemos fazê-lo apressa<strong>da</strong>mente.<br />

Devemos esperar no Senhor e falar algo a respeito Dele. Isso é respirá-Lo. A princípio não<br />

deveríamos orar por muitas coisas que estão na memória. Quando nos aproximamos do<br />

Senhor, precisamos esquecer tais coisas e não ter encargo por na<strong>da</strong> que não seja o próprio<br />

Senhor. Devemos simplesmente contatá-Lo, respirá-Lo e desfrutá-Lo. Essa é a primeira<br />

questão sobre a oração.<br />

ORAR PARA EXPRESSAR O CORAÇÃO DO SENHOR, UMA VEZ ENCHIDOS DELE<br />

O segundo item importante sobre a oração é expressar algo do Senhor. Isso significa que o<br />

Senhor deve <strong>da</strong>r-nos o encargo de algum desejo do Seu coração. O desejo do Seu coração<br />

torna-se um encargo para nós. Depois de termos inalado o Senhor e absorvido algo Dele, o que<br />

absorvemos torna-se um encargo em nós, e o expressamos em oração. Essa é a maneira<br />

autêntica e adequa<strong>da</strong> de orar.<br />

Às vezes, essa expressão em oração pode ser a respeito de nossa condição. O Senhor pode <strong>da</strong>rnos<br />

o sentimento de que somos carnais ou desleixados. Se Ele o fizer, não devemos dizer na<strong>da</strong><br />

diferente. Tudo que dissermos além disso não terá a unção. Somente teremos unção para<br />

dizer: "Senhor, livra-me <strong>da</strong> minha situação atual. Sou tão carnal e tão desleixado. Liberta-me<br />

totalmente". Às vezes pode ser neces-sário que clamemos ou até mesmo choremos na oração.<br />

Quanto mais orarmos assim, mais tocaremos a unção e seremos tocados por ela.<br />

Depois de ouvir uma mensagem exortando-nos a não ser carnais e desleixados, podemos ir ao<br />

Senhor em nosso esforço próprio e orar sobre carnali<strong>da</strong>de e desleixo. Contudo, isso não<br />

41


42<br />

funciona e não produz qualquer mu<strong>da</strong>nça em nós. Não deveríamos tentar corrigir-nos dessa<br />

maneira. Antes, devemos primeiramente ir ao Senhor a fim de li<strong>da</strong>r com to<strong>da</strong> frustração e<br />

coisa negativa, e então devemos absorver o Senhor, desfruta-Lo e recebê-Lo em nós. Então,<br />

algo do próprio Senhor em nós nos <strong>da</strong>rá sentimento para orar.<br />

Às vezes o encargo do Senhor será alguma coisa pela igreja, por algum irmão ou por<br />

determina<strong>da</strong> obra. Essa é a hora adequa<strong>da</strong> para orar por esses assuntos. Não se trata de uma<br />

oração inicia<strong>da</strong> por nós mesmos, mas pelo Senhor que está em nosso interior. Isso é mais que<br />

uma simples petição ao Senhor; é uma expressão do Senhor. Expressamos o Senhor a partir<br />

do nosso interior porque fomos cheios Dele. Nossa oração é algo do Senhor, é até mesmo o<br />

próprio Senhor para expressarmos. Essa é a maneira adequa<strong>da</strong> de orar, não apenas para<br />

desfrutar o Senhor, mas também para expressá-Lo na intercessão. Orar assim é orar no<br />

Espírito Santo. Recebemos algo do Senhor e fomos cheios Dele. Agora, porque inalamos e<br />

absorvemos o Senhor, tudo o que orarmos será algo do Espírito Santo.<br />

Muitos cristãos praticam orar segundo uma lista de orações ou um caderno com nomes.<br />

Quando vão orar, eles primeiramente verificam o que está registrado em seu caderno. Esses,<br />

sem dúvi<strong>da</strong>, são cristãos muito bons e devotados, e, às vezes, o Senhor opera soberanamente<br />

por meio desse tipo de oração. Ele é cheio de graça. Assim como o ar, Ele entra em qualquer<br />

lugar em que haja uma fresta. Contudo, isso não significa que esse modo de orar seja correto.<br />

Não é o melhor. O melhor modo de orar pode ser comparado ao abrir <strong>da</strong>s janelas. Os irmãos<br />

que cui<strong>da</strong>m do local de reuniões chegam antes <strong>da</strong> reunião para abrir as janelas e as portas.<br />

Essa é a forma correta de deixar o ar entrar. Se houver um buraco na vidraça ou uma fresta na<br />

porta, o ar pode penetrar, mas é uma maneira insatisfatória de deixar o ar entrar. Igualmente,<br />

a melhor maneira de orar é "abrir nossas janelas" para o céu, ou seja, abrir-nos para o Senhor<br />

e contatá-Lo. Todos nós precisamos aprender diáriamente a nos abrir ao Senhor, a "abrir<br />

nossas janelas" a Ele, assim como Daniel orava três vezes ao dia com as janelas abertas em<br />

direção a Jerusalém (Dn 6:10).<br />

Precisamos abrir-nos ao Senhor e gastar tempo com Ele. Não devemos pensar que não temos<br />

tempo para isso. Não devemos desculpar-nos pela falta de tempo. As irmãs são ocupa<strong>da</strong>s com<br />

cozinha, roupas e muitas outras coisas, mas não podem dizer que não têm tempo para<br />

respirar. Até mesmo quando cozinham, elas devem abrir-se ao Senhor. No último ano e meio,<br />

compusemos duzentos e trinta novos hinos. Muitas vezes, enquanto compunha, eu dizia:<br />

"Senhor, abro-me a Ti. Ó Senhor, vem". Isso mostra que não podemos dizer que estamos<br />

ocupados demais para orar. Enquanto trabalhamos precisamos abrir-nos ao Senhor. Às vezes,<br />

pode ser necessário orar em um local fechado, mas essa não é a maneira normal, saudável.<br />

Uma vez, quando tive uma enfer-mi<strong>da</strong>de, por dois anos e meio, passei muito tempo esforçando-me<br />

para respirar. Contudo era uma situação anormal. Hoje, estando saudável, respiro o<br />

tempo todo, não importa o que faça, onde esteja e com quem esteja.<br />

Temos de aprender a contatar o Senhor dessa maneira. Devemos abrir-nos a Ele a fim de<br />

absorver algo Dele. Se sentirmos um impedimento, devemos imediata-mente perguntar-Lhe o<br />

que está errado e confessá-lo. Se não tivermos clareza do que especificamente está errado,<br />

devemos dizer ao Senhor que estamos sob Seu sangue e aplicarmos sua purificação. Então,<br />

temos de contatar o Senhor pela fé para louvá-Lo, depender Dele, apreciá-Lo, adorá-Lo,<br />

contemplar Sua beleza e estar em Sua presença por certo tempo a fim de louvá-Lo e falar algo<br />

a Seu respeito.<br />

Quanto mais contatamos o Senhor dessa maneira, mais somos cheios Dele. Depois que O<br />

desfrutarmos, espon-tâneamente haverá um profundo sentimento em nós, e teremos encargo<br />

para orar. Esqueceremos nossos assuntos, problemas, fardos e aborrecimentos, e<br />

42


43<br />

gradualmente ganha-remos o encargo <strong>da</strong> intercessão. Teremos o encargo na oração de<br />

expressar algo pelo Senhor, e podemos perguntar-Lhe se esse encargo é Dele ou não, assim<br />

como Abraão ganhou encargo com o desejo do Senhor com respeito a Ló e orou enquanto<br />

conversava e trocava idéias com o Senhor. Depois de inalar o Senhor e de sermos cheios Dele,<br />

teremos o encargo de orar, às vezes por nós mesmos e às vezes pela família, pela igreja, pelos<br />

santos, pelo evangelho, pelos pecadores e até mesmo pelas igrejas em lugares muito distantes.<br />

Seremos um com o Senhor para desfrutá-Lo e expressá-Lo. Esse é o significado adequado de<br />

orar no Espírito Santo. Somente dessa maneira é que podemos orar no Espírito Santo e orar<br />

sem cessar (1Ts 5:17).<br />

Não é preciso ser formal ou ter boa composição nas orações. Antes, devemos falar livremente<br />

ao Senhor. Quanto mais praticarmos orar assim, mais oraremos com palavras simples e até<br />

mesmo singelas. Muitas vezes podemos simplesmente suspirar em nossa oração. Esses<br />

suspiros são como o "selá" nos Salmos ou como as pausas nas partituras musicais. Isso torna<br />

nossa oração mais significativa. Depois de haver orado por determinado tempo, podemos<br />

fazer uma pausa para descanso, um selá. Não deveríamos correr demais ou falar algo<br />

apressa<strong>da</strong>mente. Nosso descanso dá ao Senhor a oportuni<strong>da</strong>de de dizer algo. Se tivermos um<br />

pequeno silêncio em nosso falar, o Senhor nos <strong>da</strong>rá mais palavras. Às vezes precisamos<br />

descansar e até mesmo tatear em busca de palavras. Isso <strong>da</strong>rá ao Senhor uma chance de nos<br />

impres-sionar com alguma expressão nova. É fácil ter nosso tempo de oração pessoal assim.<br />

EVITAR CONCEITOS NATURAIS E RELIGIOSOS NA ORAÇÃO<br />

Quando oramos para adorar o Senhor e louvá-Lo, temos de aprender a abandonar a maneira<br />

natural e reli-giosa de pensar. Temos muitos itens positivos nas Escrituras com os quais<br />

podemos louvar o Senhor. Não é necessário que usemos expressões provenientes de<br />

sentimentos religiosos e naturais. Devemos aprender a falar coisas que vêm <strong>da</strong>s profundezas e<br />

também a usar expressões <strong>da</strong> Bíblia. Vemos esse tipo de falar na oração <strong>da</strong> mãe de Samuel<br />

(1Sm 1:10-11) e no louvor de Maria, a mãe do Senhor Jesus (Lc 1:46-55). Também precisamos<br />

aprender a orar como Paulo orou em Efésios 1:17-23 e 3:14-21. Quando louvamos e adoramos<br />

o Senhor, precisamos abandonar nossas idéias, conceitos e sentimentos naturais e falar algo<br />

celestial, espiritual, novo, cheio de vi<strong>da</strong>, cheio de unção e cheio <strong>da</strong> suavi<strong>da</strong>de do Senhor.<br />

Sempre que vamos orar, não devemos levar nessas coisas velhas ao Senhor. Devemos<br />

simplesmente contatá-Lo e abrir-nos a Ele. Não devemos considerar o que vamos dizer.<br />

Devemos esquecer nossa mente natural e aprender a sentir algo do Senhor que está em nosso<br />

interior, exercitando a percepção interior a fim de falar algo a Ele. Não precisamos compor<br />

nosso discurso. Antes, quando sentimos algo no espírito, nas profundezas do nosso ser,<br />

devemos expressá-lo resumi<strong>da</strong>mente. Compor a oração irá contrariar o sentimento interior.<br />

Se, por exemplo, sentimos que o Senhor é amável, podemos dizer: "Ó Senhor! Oh! Tu és tão<br />

amável!" O Senhor sabe o que queremos dizer; não é necessário completar o discurso. Às<br />

vezes, seguindo o sentimento interior, podemos orar: "Ó Senhor, Tu és tão profundo. Isso me<br />

satisfaz". Basta proferir algo que provém do nosso interior, com palavras e frases simples, sem<br />

qualquer composição. Devemos expressar apenas o sentimento interior.<br />

Com esse propósito, precisamos usar o tempo ade-quado na oração. Se possível, devemos<br />

trancar-nos com o Senhor e não deixar que na<strong>da</strong> interfira em nosso tempo com Ele. Então,<br />

teremos algo para expressar. Se não tivermos algo para expressar, não devemos fazer uma<br />

composição. Não existe uma lei que diga que ca<strong>da</strong> vez que desfrutamos o Senhor, devemos ter<br />

um encargo para expressar. Fazer algo assim seria de nossa criação. Se não temos algo em<br />

parti-cular para expressar, devemos apenas desfrutar o Senhor. Pode ser que pela manhã<br />

simplesmente O desfrutemos, e duas horas mais tarde a expressão venha. Nesse momento,<br />

43


44<br />

podemos espontaneamente ter um encargo para orar. Esse será um encargo <strong>da</strong>do a nós pelo<br />

Senhor. Não devemos fazer de nosso contato com o Senhor uma rotina. Isso poderá<br />

mortificar-nos Antes, o princípio é este: aproximamo-nos do Senhor para nos abrir e sentir<br />

um encargo para orar.<br />

O ENCARGO DA NOSSA ORAÇÃO TEM UM FOCO PRINCIPAL<br />

Quando chegamos à presença do Senhor para orar com um encargo, precisamos focalizar-nos<br />

em um assunto de ca<strong>da</strong> vez. Não podemos ir a um banquete comer muitos pratos de uma só<br />

vez. Orar por muitos assuntos sem focalizar um encargo ver<strong>da</strong>deiro pode indicar que nossa<br />

prática é meramente religiosa. Quando oramos assim, não podemos dizer pelo que oramos<br />

particularmente. Quando vamos ao Senhor, devemos ser tocados por Ele em determinado<br />

assunto. Às vezes podemos ser tocados pelo amor do Senhor, por Sua santi<strong>da</strong>de ou por Sua<br />

presença. Quando recebermos um assunto do Senhor, teremos encargo por esse assunto.<br />

Considere a oração de Daniel (Dn 9:3-19). Foi uma longa oração, mas enfatizava um ponto<br />

principal: a revelação de que no final dos setenta anos o Senhor libertaria Seu povo do<br />

cativeiro e os levaria de volta (v. 2). Daniel ganhou encargo no que viu, e sua oração<br />

concentrava-se naquele único assunto. Similarmente, o Salmo 119, com cento e setenta e seis<br />

versículos, é o capítulo mais longo <strong>da</strong> Bíblia, mas focaliza uma única coisa: a palavra de Deus.<br />

Há um ver<strong>da</strong>deiro encargo no louvor desse Salmo. Nossa oração deve ter um foco central. É<br />

difícil termos dois encargos ao mesmo tempo. Não podemos dizer se tal oração é "carne de<br />

vaca, de carneiro ou de porco". Se nossa oração for uma coleção de muitos itens sem um<br />

ver<strong>da</strong>deiro encargo, isso pode indicar que ela provém do nosso eu natural e conhecimento<br />

religioso.<br />

Precisamos abandonar as coisas do nosso passado natural e religioso e aproximar-nos do<br />

Senhor com coração simples, singelo, e espírito aberto para ser tocados por Ele. Se<br />

aprendermos a não falar naturalmente, falaremos de maneira adequa<strong>da</strong>. Uma vez, um jovem<br />

músico inscreveu-se para estu<strong>da</strong>r com um especialista na Itália. O especialista lhe disse: “Vou<br />

recebê-lo como aluno com uma condição: por três anos você não deve abrir a boca para falar".<br />

O jovem considerou se poderia ou não aprender algo se não falasse, e por fim concordou com<br />

a condição. Ele esteve três anos sob tutela desse especialista, até que um dia o tutor lhe disse:<br />

"Fale agora para expressar seu sentimento". Uma vez que o jovem começou a falar, tudo o que<br />

expressava era o que o tutor lhe ensinara. Se o aluno tivesse sido autorizado a se expressar<br />

naqueles três anos, isso teria sido uma frustração para o seu aprendizado. Da mesma forma,<br />

muitas vezes precisamos ir ao Senhor para estar em silêncio. Às vezes, não devemos dizer<br />

na<strong>da</strong> de nós mesmos, mas deixar-Lhe ensinar-nos o que dizer.<br />

Devemos evitar todo conceito e entendimento religioso quando oramos. Às vezes temos de<br />

fazer uma oração longa, ain<strong>da</strong> assim precisamos concentrar-nos em um encargo principal. Às<br />

vezes podemos orar: "Senhor, tem misericórdia de mim". Essa é uma boa oração. Em Mateus<br />

20:32-33, Jesus perguntou aos dois cegos: "Que quereis que Eu vos faça? Responderam-Lhe:<br />

Senhor, que se nos abram os olhos". <strong>Como</strong> oração, isso foi suficiente. Não havia necessi<strong>da</strong>de de<br />

dizer: "Senhor, sei que Tu és o Filho de Davi. Tu vieste com o poder de Deus. Tu és soberano,<br />

Tu podes fazer to<strong>da</strong>s as coisas. Se quiseres, podes curar-me". Devemos aprender a não falar<br />

assim quando oramos. Então teremos algo ade-quado para falar. Quanto mais oramos, mais<br />

desfrutamos o Senhor, mais O absorvemos e inalamos. Então, teremos um encargo que<br />

provém do fato de termos sido cheios do Senhor, e poderemos proferir e expressar algo Dele.<br />

44

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!