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1 Adelino Torres “Oração de Sapiência” proferida na cerimónia do ...

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E se é justo distinguir alguns gran<strong>de</strong>s nomes que alertavam já para<br />

aspectos que era necessário tomar em consi<strong>de</strong>ração – como por exemplo<br />

a existência <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira Filosofia africa<strong>na</strong> <strong>de</strong> que quase<br />

ninguém <strong>na</strong> Europa suspeitava a existência, a obra <strong>de</strong> Placi<strong>de</strong> Tempels,<br />

<strong>na</strong> sua Filosofia Bantu <strong>de</strong>u inesperadamente relevo a esse facto novo, a<br />

começar pelo seu título altamente subversivo em 1954!<br />

A evolução <strong>do</strong>s últimos cinquenta anos é notória, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>s<br />

anos 80, com o aparecimento <strong>de</strong> novos filósofos africanos, muitos eles<br />

<strong>de</strong> envergadura. Depois <strong>de</strong> Nkrumah, <strong>de</strong> Cheik Anta Diop e <strong>de</strong> Léopold<br />

Senghor, surgiram igualmente Kwame Appiah, Paulin Hountondji,<br />

Kwame Gyekye, Kwasi Wiredu, Elungu, Issiaka Lalèyê, Achille Mbembe,<br />

etc.<br />

Novas problemáticas ou pelo menos novos tratamentos <strong>de</strong> antigas<br />

problemáticas viram a luz <strong>do</strong> dia tratadas por pensa<strong>do</strong>res africanos,<br />

como por exemplo o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em África e as teorias <strong>de</strong> Thomas<br />

Hobbes sobre o “Esta<strong>do</strong> Leviatã”, a dificulda<strong>de</strong> em apreen<strong>de</strong>r a questão<br />

<strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r, ou distinguir o indivíduo da Comunida<strong>de</strong>, o “eu”<br />

relativamente ao “nós” que uma visão etnocêntrica distorcida tinha<br />

praticamente ignora<strong>do</strong>, e que muitos pensa<strong>do</strong>res africanos continuam a<br />

ignorar, aliás.<br />

Ora o que a leitura retrospectiva da África ao Sul <strong>do</strong> Sahara <strong>de</strong><br />

Onésimo Silveira nos leva a reconhecer é que, já em 1976, ele estava 20<br />

ou 30 anos à nossa frente, pois em relação às escolas <strong>de</strong> pensamento e<br />

a muitos <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s autores já referi<strong>do</strong>s, Onésimo Silveira já se tinha<br />

da<strong>do</strong> conta que os problemas culturais e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em África<br />

encerravam uma complexida<strong>de</strong> que não se conformava com orto<strong>do</strong>xias<br />

ou hetero<strong>do</strong>xias nem com espaços i<strong>de</strong>ológicos frequenta<strong>do</strong>s por<br />

<strong>do</strong>utri<strong>na</strong>s então em voga. Nem os <strong>do</strong>gmatismos nem os<br />

“libertarianismos” <strong>de</strong> raiz oci<strong>de</strong>ntal se adaptavam às diversas Áfricas e<br />

às diferentes tradições históricas e culturais que constituíam o vasto e<br />

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