11.05.2013 Views

1 Adelino Torres “Oração de Sapiência” proferida na cerimónia do ...

1 Adelino Torres “Oração de Sapiência” proferida na cerimónia do ...

1 Adelino Torres “Oração de Sapiência” proferida na cerimónia do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

para <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das acções que <strong>de</strong>sconhecem a ética, mas não me<br />

atardarei sobre esses pontos embora eles estejam presentes no<br />

pensamento <strong>de</strong> Onésimo Silveira.<br />

Relativamente à importância da sua obra, sublinho alguns aspectos que<br />

me parecem revela<strong>do</strong>res.<br />

Quan<strong>do</strong> recebi o convite para participar nesta sessão <strong>de</strong> home<strong>na</strong>gem, li<br />

ou reli gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> que escreveu. E apesar da admiração que já<br />

tinha, <strong>de</strong>vo confessar que fui surpreendi<strong>do</strong>.<br />

Na obra poética, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, reencontrei a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um pensamento<br />

que revela, hoje como ontem, a par <strong>de</strong> um estilo apura<strong>do</strong> e<br />

literariamente bem cinzela<strong>do</strong>, a voz po<strong>de</strong>rosa <strong>de</strong> um poeta, inquieto e<br />

revolta<strong>do</strong> que vai além <strong>do</strong> que se convencionou chamar “intervenção<br />

social” e cuja poesia é um grito <strong>de</strong> indig<strong>na</strong>ção que lhe suscita o<br />

sofrimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> um povo nos anos 50 <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, numa<br />

busca, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito ce<strong>do</strong>, da verda<strong>de</strong> por <strong>de</strong>trás das aparências com<br />

base num salutar inconformismo, como é visível no poema intitula<strong>do</strong><br />

“Lema” on<strong>de</strong> é dito:<br />

“Atras <strong>do</strong>s ferros da prisão<br />

é preciso levantar os braços algema<strong>do</strong>s<br />

contra a prepotência”<br />

ou ainda no poema “Hora gran<strong>de</strong>” on<strong>de</strong> com forte simbolismo poético<br />

se po<strong>de</strong> ler:<br />

“O negreiro está perdi<strong>do</strong> <strong>na</strong> légua <strong>do</strong> tempo<br />

porque a alma das nossas vozes<br />

não morrerá no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s porões…<br />

A fome não se alimentará da fome<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!