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imprensa<<strong>br</strong> />
8<<strong>br</strong> />
M<<strong>br</strong> />
uitas pessoas, inclusive médicos<<strong>br</strong> />
e cientistas, primeiro informamse<<strong>br</strong> />
das descobertas da medicina<<strong>br</strong> />
através da mídia. Entretanto, a cobertura<<strong>br</strong> />
de notícias médicas pela imprensa é<<strong>br</strong> />
geralmente imprecisa, superficial ou<<strong>br</strong> />
sensacionalista. Notícias médicas são<<strong>br</strong> />
freqüentemente simplificadas, ou pior,<<strong>br</strong> />
sensacionalisadas por pressão da indústria.<<strong>br</strong> />
Notícias de saúde são um produto que<<strong>br</strong> />
vende bem e que no processo de promoção<<strong>br</strong> />
pode ser distorcido. Além disto, alguns<<strong>br</strong> />
dos temas médicos mais importantes não<<strong>br</strong> />
são cobertos pela mídia.<<strong>br</strong> />
Jornalismo de baixa qualidade na área<<strong>br</strong> />
da política ou negócios pode manchar a<<strong>br</strong> />
reputação; mas em medicina, relatos<<strong>br</strong> />
imprecisos podem gerar falsas esperanças<<strong>br</strong> />
e temores desnecessários. Os cientistas<<strong>br</strong> />
culpam a mídia por esse problema, argumentando<<strong>br</strong> />
que os jornalistas são descuidados<<strong>br</strong> />
quando apresentam os resultados<<strong>br</strong> />
de uma pesquisa médica. Esta, por outro<<strong>br</strong> />
lado, acusa a comunidade médica por<<strong>br</strong> />
obstruir, desorientar ou falhar em alertar a<<strong>br</strong> />
imprensa. Críticos da mídia sugerem que<<strong>br</strong> />
a dificuldade está com a audiência: as<<strong>br</strong> />
pessoas precisam estar mais atentas e<<strong>br</strong> />
céticas quando interpretarem notícias<<strong>br</strong> />
médicas. Tudo leva a crer que ambos<<strong>br</strong> />
(cientistas médicos e jornalistas) dividem<<strong>br</strong> />
a responsabilidade de uma comunicação<<strong>br</strong> />
mais precisa para o público. Mas é preciso<<strong>br</strong> />
distinguir “jornalistas” da “mídia”. Profissão<<strong>br</strong> />
de jornalismo é uma coisa e mídia<<strong>br</strong> />
refere-se à indústria competitiva. Muitas<<strong>br</strong> />
vezes os objetivos e motivação do jornalismo<<strong>br</strong> />
entram em conflito com os da mídia!<<strong>br</strong> />
Os problemas:<<strong>br</strong> />
SENSACIONALISMO<<strong>br</strong> />
Freqüentemente os jornalistas perseguem<<strong>br</strong> />
uma notícia médica como se eles<<strong>br</strong> />
estivessem relatando um seqüestro. A<<strong>br</strong> />
informação é rápida mas sem contexto. O<<strong>br</strong> />
relato é sensacionalista: o jornalista exagera<<strong>br</strong> />
o achado científico e, como conseqüência,<<strong>br</strong> />
o público é enganado so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />
implicações do achado.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, os cientistas desejam a<<strong>br</strong> />
publicidade. Ajuda na captação de recursos<<strong>br</strong> />
para pesquisa, são valorizados pelas<<strong>br</strong> />
instituições e aumenta a conscientização<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e as suas pesquisas. Mas este esforço<<strong>br</strong> />
em atrair a mídia pode resultar em relatos<<strong>br</strong> />
imprecisos ou incompletos. Da mesma forma<<strong>br</strong> />
que incentivos podem levar a mídia a<<strong>br</strong> />
exagerar afirmações; os jornalistas podem<<strong>br</strong> />
querer oferecer esperança que pode levar a<<strong>br</strong> />
um retrato falso de novos tratamentos.<<strong>br</strong> />
Muitos exemplos podem ser encontrados: um<<strong>br</strong> />
tratamento não usual e invasivo para tratamento<<strong>br</strong> />
da doença de Alzheimer foi amplamente<<strong>br</strong> />
divulgado após um pequeno estudo<<strong>br</strong> />
não-cego; a fluoxetina (Prozac©) foi saudada<<strong>br</strong> />
como a cura certa da depressão quando<<strong>br</strong> />
foi lançada no mercado; melatonina recentemente<<strong>br</strong> />
recebeu um excessivo tratamento<<strong>br</strong> />
positivo da mídia como a “cura” para o<<strong>br</strong> />
envelhecimento. Jornalistas que publicam<<strong>br</strong> />
falsas expectativas podem ser censurados<<strong>br</strong> />
mas os cientistas que fornecem a informação<<strong>br</strong> />
devem dividir a culpa. Uma história negativa<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e os possíveis efeitos deletérios à saúde é<<strong>br</strong> />
outra tática sensacionalista. Relatos imprecisos<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e os riscos à saúde são facilitados<<strong>br</strong> />
pela tendência da mídia e da comunidade<<strong>br</strong> />
medica contra estudos negativos, talvez por<<strong>br</strong> />
que eles não tenham conseqüência. Essa<<strong>br</strong> />
omissão é combinada ao fato de revistas<<strong>br</strong> />
médicas serem menos propensas a publicar<<strong>br</strong> />
estudos com resultados negativos e cientistas<<strong>br</strong> />
menos ainda em submetê-los à publicação.<<strong>br</strong> />
VIÉS E CONFLITOS <strong>DE</strong> INTERESSE<<strong>br</strong> />
Para evitar histórias imprecisas, os repórteres<<strong>br</strong> />
devem examinar a credibilidade e viés das<<strong>br</strong> />
fontes científicas. Mas esse exame não é freqüentemente<<strong>br</strong> />
feito. Por outro lado, os cientistas<<strong>br</strong> />
e instituições não estão errados em convidar<<strong>br</strong> />
a imprensa para co<strong>br</strong>ir suas pesquisas e achados.<<strong>br</strong> />
Os pesquisadores podem evitar imprecisões<<strong>br</strong> />
nos relatos, desencorajando coletivas<<strong>br</strong> />
de imprensa para discutir dados preliminares<<strong>br</strong> />
e exigindo revisão final e aprovação do artigo<<strong>br</strong> />
a ser publicado. A principal fonte do repórter<<strong>br</strong> />
num artigo de pesquisa ou apresentação é o<<strong>br</strong> />
próprio autor ou conferencista. Os repórteres<<strong>br</strong> />
que querem confirmar os dados devem falar<<strong>br</strong> />
também com pessoas que podem criticar o<<strong>br</strong> />
trabalho. Revistas médicas ou instituições<<strong>br</strong> />
podem fornecer nomes de revisores que se<<strong>br</strong> />
dispõem a falar so<strong>br</strong>e o estudo. Os repórteres<<strong>br</strong> />
também estão mais conscientes dos conflitos<<strong>br</strong> />
de interesse por que muitas revistas médicas<<strong>br</strong> />
requerem que conflitos sejam revelados.<<strong>br</strong> />
Algumas vezes um estudo publicado foi<<strong>br</strong> />
financiado pela indústria que produz o<<strong>br</strong> />
medicamento. Relatar conflitos de interesse<<strong>br</strong> />
é crucial, porque permite que os leitores<<strong>br</strong> />
julguem por eles mesmos a validade dos<<strong>br</strong> />
resultados. Recentes acontecimentos<<strong>br</strong> />
levantaram preocupações so<strong>br</strong>e a extensão<<strong>br</strong> />
com que a imprensa pode ser enganada por<<strong>br</strong> />
comentários patrocinados pela indústria e<<strong>br</strong> />
disfarçados como comentários de um cientista<<strong>br</strong> />
ou médico. Algumas vezes um editorial<<strong>br</strong> />
foi escrito por um médico contratado, pago,<<strong>br</strong> />
ou foi parcialmente escrito por firmas de<<strong>br</strong> />
relações públicas representando a indústria<<strong>br</strong> />
farmacêutica. Qualquer carta, editorial ou<<strong>br</strong> />
conferencista deve ser identificado quando<<strong>br</strong> />
patrocinado pela indústria.<<strong>br</strong> />
FALTA <strong>DE</strong> SEGUIMENTO<<strong>br</strong> />
Como o público leigo não tem conhecimento<<strong>br</strong> />
do processo científico, pode dar<<strong>br</strong> />
mais importância do que cientistas aos<<strong>br</strong> />
resultados de um único estudo.Retornar a<<strong>br</strong> />
um assunto que foi relatado com base em<<strong>br</strong> />
dados preliminares pode não interessar aos<<strong>br</strong> />
editores e muitos jornalistas não sabem<<strong>br</strong> />
como o processo científico se dá: estudos -<<strong>br</strong> />
pilotos seguidos de estudos aleatórios,<<strong>br</strong> />
cegos, etc. Se a mídia não publicar artigos<<strong>br</strong> />
de seguimento, acompanhamento de uma<<strong>br</strong> />
notícia médica, o público pode ser enganado.<<strong>br</strong> />
Um exemplo disto foi o relato da<<strong>br</strong> />
suposta associação entre ingestão de café<<strong>br</strong> />
e câncer pancreático. A compreensão do<<strong>br</strong> />
público foi ofuscada pela falta de seguimento.<<strong>br</strong> />
A mídia deu cobertura ao artigo<<strong>br</strong> />
que falava da associação mas não da<<strong>br</strong> />
pesquisa subseqüente, que falhou em<<strong>br</strong> />
confirmar a associação.<<strong>br</strong> />
ÁREAS QUE NÃO SÃO COBERTAS PELA MÍDIA<<strong>br</strong> />
Até há pouco tempo, notícias médicas<<strong>br</strong> />
eram tipicamente escritas por repórteres não<<strong>br</strong> />
especializados. Embora hoje em dia já haja<<strong>br</strong> />
muitos repórteres especializados na área<<strong>br</strong> />
médica, muitos tópicos continuam a ser<<strong>br</strong> />
ignorados pela mídia. A explicação é que<<strong>br</strong> />
alguns jornalistas mantêm o foco em apenas<<strong>br</strong> />
algumas áreas, não de outras que não conseguem<<strong>br</strong> />
obter respostas as suas perguntas.<<strong>br</strong> />
Novamente a responsabilidade recai so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
a mídia e a comunidade médica. Semanalmente<<strong>br</strong> />
os repórteres da área médica são<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igados a ler artigos ou notícias de revistas<<strong>br</strong> />
médicas específicas. Esta o<strong>br</strong>igação pode<<strong>br</strong> />
desencorajá-los a perseguir uma área de<<strong>br</strong> />
pesquisa, um processo que envolve contatar<<strong>br</strong> />
cientistas, ler revistas mais especializa-