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COIMBRA —Domingo, 16 de junho de 1895 A PENA DE MORTE

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l.° ^LINTI^O <strong>16</strong><br />

eien<br />

ii<br />

Cumpria aos governos e a nós todos<br />

porluguezes, dignos d'esle nome:<br />

— promover e aperfeiçoar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da educação nacional e da instrucção<br />

publica, em lodos os graus;<br />

— promover e aperfeiçoar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da nossa mesquinha e atrazada<br />

agricultura e <strong>de</strong> Iodas as mais industrias,<br />

do commercio e da navegação;<br />

— provocar e realisar, quanto possivel<br />

e pelos melhores e mais aperfeiçoados processos,<br />

o aproveitamento do solo, inculto,<br />

<strong>de</strong>sprezado em largas zonas e extensíssimas<br />

regiões, no continente, nas ilhas e no<br />

ultramar, o emprego útil das nossas variadas<br />

e especificas aptidões, induslriaes e artísticas<br />

;<br />

— fomentar a riqueza e cimentar, em<br />

bases solidas, a moralida<strong>de</strong> publica e particular<br />

;<br />

— levantar o nosso credito abatido e<br />

hoje quasi nullo;<br />

— restabelecer e augmenlar a nossa<br />

dignida<strong>de</strong> politica, o nosso valor economico,<br />

o prestigio moral da nossa administração<br />

civii e financeira;<br />

— <strong>de</strong>saffronlar com valiosas e brilhantes<br />

conquistas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e progresso, com<br />

reformas e emprehendimentos civilisadores<br />

a honra da Patria ultrajada: erguer da<br />

abjecção, em que o lançaram, e tirar da<br />

lama, para on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>ixaram cahir, e impelliram,<br />

o glorioso nome portuguez, outrora<br />

tão respeitado e hoje tão escarnecido.<br />

Mas... os governos da monarchia e a<br />

monarchia, que traiçoeiramente nos esgotam,<br />

e barbaramente nos alrophiam, em<br />

nada d'isso pensam; e, se urna ou outra<br />

vez pensam em lai, e com isso fingem preoccupar-se,<br />

é para fazerem o contrario do<br />

que <strong>de</strong>viam, e promeltem; é para amesquinliar,<br />

e rebaixar cada vez mais, e mais violentamente<br />

reprimir tudo isso, e anniquilar<br />

o pouquissimo que ainda nos resta da nossa<br />

antiga opulência, que, por um milagre, tem<br />

resistido ao seu assolador vandalismo e<br />

inexorável acção <strong>de</strong>struidora.<br />

tComer e gozar á farta, dizem elles:<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nós venha o diluvio, muito embora<br />

n'elle se afoguem, e pereçam os nos-1<br />

sos proprios filhos, que o nosso voraz e<br />

insaciavel egoismo não poupa.»<br />

Basta a taes governos e a taes monarchas<br />

sustentar em sua vida a realeza, manter<br />

por alguns annos mais a monarchia;<br />

pouco lhes importa que a Nação afflicla e<br />

lurlurada sotfra, e a Patria agonise, morra<br />

<strong>de</strong> fome e <strong>de</strong> vergonha.<br />

Elles promovem sim e aperfeiçoam cada<br />

vez mais o <strong>de</strong>senvolvimento da nefanda arte<br />

<strong>de</strong> enriquecer sem trabalhar, <strong>de</strong> enriquecer<br />

roubando, e <strong>de</strong> roubar por mil modos j<br />

differentes e variados processos <strong>de</strong> extorsão.<br />

Elles promovem, e aperfeiçoam, e cada<br />

vez mais <strong>de</strong>senvolvem, e espalham o habito<br />

e o gosto dos syudieatos sordidamenle lucrativos<br />

e criminosamente expoliadores dos<br />

haveres particulares e da fortuna publica<br />

do Estado, formada e alimentada á custa<br />

do fadigoso trabalho e já insupporlaveis<br />

sacrifícios dos cidadãos honestos e laboriosos.<br />

Elles promovem, e aperfeiçoam o habito<br />

e o gosto da mentira e do lôgro; que elles<br />

são os primeiros a mentir por habito e a<br />

lograr por gosto, coino astutos e ousados es-<br />

Leiam bem a somma — Trinta e oito<br />

mil vinte e einco contos cento quarenta<br />

quatro mil e tresentos ! ! !<br />

E' para endoi<strong>de</strong>cer tanta voragem <strong>de</strong> dinheiros.<br />

Veja-se que na semana anterior a 5 <strong>de</strong> <strong>junho</strong><br />

a divida ao banco era inferior em 196<br />

contos que foram <strong>de</strong>stinados em preparativos<br />

para as festanças do centenário.<br />

196 contos !.. . .<br />

Fogo <strong>de</strong> vistas<br />

De Londres trouxe o vapor London para<br />

Lisboa SOO libras <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> vistas para<br />

ar<strong>de</strong>r no dia 27.<br />

A's vistas está a miséria publica, em rugidos<br />

<strong>de</strong> leão.<br />

A ar<strong>de</strong>r ficamos todos.<br />

do Povo<br />

<strong>COIMBRA</strong>— Domingo, 23 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>1895</strong><br />

Os jantares em Lisboa<br />

peculadores <strong>de</strong> profissão, segurosdasua impunida<strong>de</strong>,<br />

certos <strong>de</strong> que hão <strong>de</strong> sempre ven-<br />

A camara municipal, que não tem on<strong>de</strong><br />

cer e sempre triumphar, opprimindo os que<br />

| caia morta, pois está <strong>de</strong>vendo salarios aos<br />

ainda prezam a honra, e fazem da honesti- operários, vae dar um lauto jantar aos repreda<strong>de</strong><br />

o seu mais timbroso e fidalgo brazão, I sentantes dos municípios do paiz que foram<br />

^ e l o i j L r l n n L l h - ©<br />

IV<br />

D. Carlos I e D. Alfonso IY<br />

e, por isso, têm ainda a ingenuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a Lisboa, ao centenário. Assistem também<br />

pedir justiça, e confiam na legal <strong>de</strong>saffronta i suas magesta<strong>de</strong>s, ministros, etc.<br />

E frequente noticiarem os jornaes as di-<br />

E' coisa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> estadão, para custar<br />

e reparo <strong>de</strong> seus aggravos.<br />

gressões venatorias e as diversões tauroma-<br />

uns sete contos <strong>de</strong> réis!<br />

chicas, tão predilectas e quasi que as princi-<br />

Elles promovem, e aperfeiçoam por isso Avaliem pela <strong>de</strong>scripção que abaixo dapaes preoccupações, do nosso actual chefe<br />

a parcialida<strong>de</strong> dos magistrados, a chicana mos, <strong>de</strong> jornal bem informado, e vejam se politico do Estado el-rei D. Carlos, narrando<br />

do fôro, a prevaricação dos tribunaes, para não é uma loucura o gasto <strong>de</strong> tanto dinheiro com encomiástica emphase as gentis proe-<br />

com quem não precisa das sopas do arruinado<br />

embaraçar a acção da justiça e tolher a resas<br />

do excelso monarcba; o qual não só tem<br />

| município :<br />

uma vocação <strong>de</strong>cisiva para estes e outros<br />

cta applicação das leis e do direito.<br />

que taes misteres e heroicos feitos, mas<br />

Elles promovem, e aperfeiçoam a ma-<br />

«O banquete dado pela camara municipal do<br />

Lisboa aos representantes dos muuieipios do<br />

guarda roupa com toiletes apropriados para<br />

china infernal e insidiosa da policia, por paiz e que foi dado á casa Caseaes, do Porto, cada um d'elies.<br />

elles organisada, instruída e habilmente constará <strong>de</strong> 12 pratos. V#rn algumas fructas do Ainda não ha muito que foi visto e admi-<br />

estrangeiro, entre ellas melões. O serviço é por<br />

disciplinada <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a servir, opporluna emquauto para 400 talheres, po<strong>de</strong>ndo ser elerado,<br />

em Villa-Viçosa, com a sua branca ves-<br />

e efficazmente, os seus criminosos planos e vado a 500 ou 600, feito por 50 creados. A <strong>de</strong>stia curta, calça ajustada ao pernil, sapato <strong>de</strong><br />

peza d'este festim será <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 7 contos do prateleira, camisa á hespanhola, presa no<br />

prolervos intentos; e reforçam, e escudam réis. O banquete, que por este resumo <strong>de</strong>ve ser collarinho com botões duplos <strong>de</strong> travinca,<br />

a policia com a forte couraça das guardas <strong>de</strong>slumbrante, é, como já disse, feito na sala da<br />

risco do arsenal da marinha, <strong>de</strong> cuja <strong>de</strong>coração<br />

chapéu <strong>de</strong> aba larga, forcado ou varapau<br />

municipaes, transformadas em guardas pre- está incumbido o engenheiro sr. Ressano Gar- <strong>de</strong> campino aiemtejano e lenço encarnado,<br />

torianas, mantidas á farta e largamente ascia. O salão será profusamente illuminado a luz pen<strong>de</strong>nte do bolso da característica jaleca, a<br />

electrica.<br />

soldadadas pelos dinheiros da Nação e pelo<br />

completar o elegantíssimo e pittoresco toilete,<br />

«E os operários sem receberem as férias!» tão proprio e accommodado, na compostura<br />

sangue do povo, para manobrar, quando<br />

e <strong>de</strong>cencia, a quem é inviolável e sagrado<br />

lhes seja necessário, contra a Nação e con- Mas não fica por aqui a insania da ca-<br />

como qualquer pontífice, e exerce as altíssimara.<br />

em mostrar a sua franqueza, pois que<br />

tra o Povo.<br />

mas funcçóes <strong>de</strong> chefe supremo da Nação.<br />

será superior a 400ÍÍ&000 réis, a importancia<br />

Elles promovem, e acceleram a ruina da que a commissão municipal vae gastar na<br />

Estas frequentes noticias, informações e<br />

alegres commentarios, que as folhas palacia-<br />

agricultura, do commercio e das outras in- compra <strong>de</strong> camarotes para otferecer aos venas<br />

e os reporters lá da casa, quasi diariadustrias<br />

nacionaes, reduzem a navegação a readores, que vão assistir a diversos espectámente<br />

nos impingem, recordam-nos sempre<br />

um simulacro irrisorio, representado por culos públicos.<br />

o que Duarte Nunes <strong>de</strong> Leão refere do bravo<br />

E o governo que <strong>de</strong>via conter taes <strong>de</strong>s-<br />

algumas velhas e carunchosas barcaças; e<br />

e bravio senhor rei Affonso iv.<br />

regramentos da camara, assiste silencioso e<br />

cortam em retalhos o vasto e opulento pa-<br />

E' do theor seguinte :<br />

impassível a esta esbanjadora loucura.<br />

trimónio colonial, para o darem ou antes<br />

«E nos começos do seu reinado, como<br />

A razão do silencio é bem explicada. —<br />

elle (el-rei D. Affonso iv) era muito inclinado<br />

clan<strong>de</strong>stinamente ven<strong>de</strong>rem aos ávidos e Não se pô<strong>de</strong> fallar em corda em casa <strong>de</strong> en-<br />

á caça e a monte, e o cargo <strong>de</strong> gover-<br />

ambiciosos estrangeiros, que ha muito sofforcado . «<br />

nar tão trabalhoso, <strong>de</strong>scuidasse algum tanto<br />

•<br />

fregamente o cobiçam, e juraram impolgar.<br />

do governo e <strong>de</strong> ouvir as partes, <strong>de</strong> que<br />

Elles promovem, <strong>de</strong>senvolvem, e espa- Os srs. bispos também têm jantar. E havia alguns queixumes. Pelo que, indo el-<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que vae rei <strong>de</strong> Lisboa ao termo <strong>de</strong> Cintra á caça,<br />

lham não só nos campos, mas nas prin-<br />

servir a rica baixella <strong>de</strong> D. João V.<br />

on<strong>de</strong> esteve perto d'um mez, a tempo que<br />

cipaes cida<strong>de</strong>s a atmosphera narcorlisanle<br />

E' uma amabilida<strong>de</strong> do sr. D. Carlos que se tratava em conselho negocios <strong>de</strong> importan-<br />

do obscurantismo, as influencias brulaes n'estas coisas não olha a <strong>de</strong>spezas. Que o cia, sobre o regimento do reino, vendo os do<br />

e embecilisadoras da ignorancia; por ul- digam os seus ministros.<br />

conselho quão mal se havia traqueiles cometimo<br />

empregam os maiores esforços para Os convivas serão os prelados estrangeiços por uma levianda<strong>de</strong>, quando veiu e tor-<br />

envolver o Povo no sujo lençol do fanatismo,<br />

ros que assistirem ao congresso catholico e nou ao conselho, <strong>de</strong>pois que elle fallou o que<br />

a officialida<strong>de</strong> dos navios <strong>de</strong> guerra que a passára na caça, um dos conselheiros, por<br />

e amortalhar a liberda<strong>de</strong> na <strong>de</strong>leteria e fú- Inglaterra e a Hespanha enviaram a Lisboa, accordo <strong>de</strong> todos, lhe disse: Senhor, <strong>de</strong>veis<br />

nebre roupeta do jesuíta, arremeçando-a, como seus representantes officiaes nas festas <strong>de</strong> emendar a or<strong>de</strong>m que levaes, e lembrar-<br />

se possivel lhes fosse, para o cemilerio da i do Centenario <strong>de</strong> Santo Antonio.<br />

vos que nos sois dados por rei para nos<br />

Historia, lançando a no inferno do absolu- Tanta opulência, tanta abastança, ha <strong>de</strong> reger<strong>de</strong>s, e por isso vos damos nossos tritismo<br />

e no purgatorio da reacção.<br />

crear odios, alimentar invejas, nutrir vinganbutos e mantemos <strong>de</strong> vosso reino por passa<br />

ças, a quem não tem um pão, e vê <strong>de</strong>scnpto tempo, sendo certo que Deus não vos ha <strong>de</strong><br />

E' isto o que elles têm feito, e promel- | nos jornaes a profusão <strong>de</strong> iguarias, <strong>de</strong>sses pedir conta dos porcos ou veados que não<br />

tem fazer I<br />

; banquetes, servidas em pratos <strong>de</strong> ouro ! Esta matastes, senão das partes que não ouvistes,<br />

E' esta a sua obra !<br />

t gente que aflronta tão cynicamente a misé- etc., dos negocios <strong>de</strong> vossa obrigação que não<br />

ria dum povo, que os sustenta n'essa orgia <strong>de</strong>spachastes, como agora fizestes, que estando<br />

I constante, on<strong>de</strong> correm rios <strong>de</strong> dinheiros para no meio <strong>de</strong> cousa tão importante a Republica,<br />

tudo quanto a ociosida<strong>de</strong> inventa, terá um dia <strong>de</strong>ixastes o conselho em que ereis tão neces-<br />

Situação financeira<br />

<strong>de</strong> dar estrictas contas dos seus actos. sário, e fostes á caça por tantos dias, e nós<br />

aqui ociosos esperando por vós. Levae ou-<br />

Não se nos esvae a esperança <strong>de</strong> que a<br />

E <strong>de</strong> arrepiar os mortos a <strong>de</strong>sastrada sitro<br />

caminho, e senão. El rei, que <strong>de</strong> sua con-<br />

turba-multa dos esfomeados — n'um dia <strong>de</strong><br />

tuação economica do paiz, que cada vez é<br />

dição era agastado e bravo, como tinha por<br />

gran<strong>de</strong> justiça — será o juiz supremo <strong>de</strong> réus<br />

mais arrastada ao enorme precipício, que o<br />

sobrenome, ouvindo palavra tão insolente<br />

<strong>de</strong> tantos crimes.<br />

governo lhe está preparando.<br />

respon<strong>de</strong>u mui indignado: Senão? Ao que<br />

Apresenta e bello quadro, que abaixo se<br />

— — * • • < *<br />

todos os do conselho respon<strong>de</strong>ram: Senão<br />

publica o nosso collega a Vanguarda, e diz<br />

que na semana finda em 5 do corrente, o go- A colligação liberal<br />

buscaremos rei que nos governe em justiça<br />

e não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> governar seus vassallos por<br />

verno ficou a <strong>de</strong>ver ao banco <strong>de</strong> Portugal a<br />

andar após as bestas feras. A isto respon-<br />

Não a julga furada o Dia, que acredita<br />

seguinte respeitável quantia :<br />

<strong>de</strong>u el-rei mais indignado: Os meus me hão<br />

ainda na firmeza dos progressistas, que não <strong>de</strong> dizer a mim Senão ? a mim Senão ? A vós<br />

Contracto das classes<br />

sabem a hora nem quando hão <strong>de</strong> ganhar o (disseram elles) todas as vezes que fizer<strong>de</strong>s<br />

inactivas<br />

6 809:551^640 po<strong>de</strong>r.<br />

o que não <strong>de</strong>veis. El-rei se saiu do conse-<br />

Contractos diversos. 15.208:567^366 Rala-os o fogo que <strong>de</strong>vorou o parlamento, lho mui irado e suspenso do que faria. Mas<br />

Conta corrente <strong>16</strong>.007:025^282 <strong>de</strong>ixando-os longe <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorarem o bolo esfa- cuidando <strong>de</strong>pois que lh'o diziam por seu sertiado<br />

da nação.<br />

viço, e porque lhe convinha, teve-os por bons<br />

Somtna 38.025:144$300<br />

Com cuidado<br />

servidores. D'esta maneira usavam os conselheiros<br />

d'aquelles tempos passados, livres<br />

da avareza, ambição e luxo dos tempos. Porque<br />

se contentavam com uma vida simples e<br />

santa sobrieda<strong>de</strong>. Pelo que como comiam,<br />

vestiam e edificavam com pouco, não tinham<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muito: não traziam com seus<br />

reis contínuos requerimentos, porque per<strong>de</strong>s*<br />

sem a liberda<strong>de</strong>, que é o fundamento e a<br />

alma dos conselhos.»<br />

O preclaro sachrista da egrejinha jaqueta,<br />

míope da vista e da alma — errou o alvo —<br />

querendo attingir a quem é extranho ao que<br />

se publica neste jornal.<br />

Não conhece ninguém. Des<strong>de</strong> que o empurraram,<br />

on<strong>de</strong> queria entrar pimponamente<br />

— para álém do concomitante bacharelato —<br />

traz bílis continuada.<br />

Quiz ver nesta redacção — como vê em<br />

outras — a sombra implacavel dos seus espectros—<br />

está a perceber? — e atirou umas<br />

piadas sibilinas, a querer ferir quem nunca<br />

lhe fez mal.<br />

Na redacção do Defensor do Povo não<br />

encontramos cabeça <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> sirva a<br />

carapuça.<br />

E' <strong>de</strong> maus fígados e <strong>de</strong> ruim baço.<br />

E com cuidado nos <strong>de</strong>spedimos.<br />

Ora passados tantos séculos, hoje os Portuguezes<br />

não querem que o rei os governe;<br />

querem que o rei os <strong>de</strong>ixe em paz e socego.<br />

De reis e <strong>de</strong> realeza está Portugal farto<br />

e cheio até aos olhos no continente, nas ilhas<br />

e no ultramar que por culpa da realeza soffrem<br />

e da realeza só têm recebido e unicamente<br />

esperam, damnos, humilhações e vergonhas,<br />

opprobrios e misérias, as quaes no reinado<br />

fanatissimo do sr. D. Carlos 1 têm attingido<br />

o ultimo extremo, um cumulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres.

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