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Saiba mais - Esab

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sionais que atua na área nuclear tem uma<br />

média de idade muito elevada. Isso porque<br />

a formação de recursos humanos para<br />

o setor no Brasil ocorreu em dois períodos.<br />

Primeiramente, quando da criação<br />

dos institutos de pesquisa nuclear no Brasil<br />

– o Instituto de Pesquisas Energéticas e<br />

Nucleares (Ipen), em São Paulo; o Instituto<br />

de Energia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro;<br />

o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia<br />

Nuclear (CDTN), em Minas Gerais; e outros.<br />

A criação desses institutos e a própria<br />

criação do CNPq ocasionou um boom na<br />

preparação de especialistas na área nuclear<br />

nesse período, situado entre o final dos anos<br />

de 1960 e início dos anos de 1970. Naquela<br />

ocasião, o CNPq enviou vários profissionais<br />

– engenheiros, físicos e químicos – para que<br />

fizessem mestrado e doutorado tanto nos<br />

Estados Unidos como na Europa. Em seguida,<br />

houve um recesso, mas, depois, após<br />

a assinatura do acordo Brasil-Alemanha,<br />

em 1975, com a criação do Programa Pró-<br />

Nuclear e o Projeto Urânio, aí, sim, ocorreu<br />

o que poderíamos chamar de formação em<br />

massa de especialistas e técnicos na área<br />

nuclear, preparados para atuar nas usinas<br />

que seriam construídas com base no acordo<br />

Brasil-Alemanha. Estavam previstas oito<br />

usinas nucleares que, depois, ficaram reduzidas<br />

a Angra 2 e Angra 3. Nesse período,<br />

houve um esforço grande para a formação<br />

de especialistas. Esses profissionais que<br />

foram formados nos anos de 1960 e meados<br />

da década de 1970, e no Pró-Nuclear<br />

e no Projeto Urânio, hoje se encontram com<br />

a média de idade entre 50 e 54 anos, e<br />

outros já estão aposentados. No tempo em<br />

que não houve investimentos, corremos um<br />

risco muito grande de perder a capacidade<br />

adquirida nestes quarenta ou cinquenta<br />

anos do Programa Nuclear Brasileiro.<br />

E atualmente?<br />

Com a retomada da construção de<br />

Angra 3, com o planejamento de construção<br />

de quatro a oito novas usinas nucleares,<br />

o setor nuclear vive um momento<br />

muito bom, porque há uma aceleração<br />

das atividades. E também agora há um<br />

novo projeto, para a construção do Reator<br />

Multipropósito Brasileiro (RMB), para a produção<br />

de radioisótopos. No Brasil há, por<br />

ano, <strong>mais</strong> de 3 milhões de procedimentos<br />

com radioisótopos para uso em Medicina<br />

Nuclear, para tratar e diagnosticar o câncer.<br />

Mas somos dependentes da importação do<br />

molibdênio, um elemento que apresentou<br />

crise de oferta internacional no ano passado.<br />

A construção do RMB tornará o Brasil<br />

autossuficiente na produção desse radioisótopo,<br />

ou seja, resolverá nosso problema<br />

da Medicina Nuclear e deixaremos de ser<br />

dependentes da importação desse radioisótopo,<br />

além de constituirmos um polo de<br />

formação de especialistas nucleares.<br />

Em relação às usinas, uma questão sempre<br />

presente é a da segurança. O que o<br />

senhor tem a dizer sobre isso?<br />

Bem, hoje existem 436 reatores em<br />

operação no mundo, e há uma experiência<br />

muito grande em operar usinas nucleares,<br />

apesar de ser uma tecnologia recente.<br />

Nestes 50 anos, ocorreram no mundo<br />

apenas dois acidentes considerados graves:<br />

Chernobyl, na antiga União Soviética,<br />

e Three Miles Island, nos Estados Unidos.<br />

No caso norte-americano, não houve vítimas<br />

fatais; na verdade, perdeu-se a usina,<br />

mas o acidente foi controlado, pois ali se<br />

usava o reator conhecido como Pressurized<br />

Water Reactor (PWR), do mesmo tipo dos<br />

utilizados em Angra 1, 2 e 3. O reator de<br />

Chernobyl era diferente, não possuía os<br />

mesmos sistemas de segurança adotados<br />

no ocidente. Chernobyl não tinha o prédio<br />

de contenção, que é a edificação em que<br />

fica o reator e o sistema nuclear em si; com<br />

o prédio de contenção, se ocorrer qualquer<br />

acidente nesse sistema, a radiação ficará<br />

confinada. Praticamente todos os reatores<br />

do ocidente possuem esse prédio de contenção<br />

e também outras barreiras para conter<br />

a radiação em caso de falha desses sistemas<br />

de segurança das usinas nucleares.<br />

Chernobyl não tinha tais sistemas, por isso<br />

as consequências do acidente foram <strong>mais</strong><br />

graves. Então, em termos de segurança, o<br />

que podemos mostrar é que essas usinas<br />

do tipo PWR são seguras. Angra 1 já está<br />

em operação há 25 anos e Angra 2 também<br />

está operando, e essas usinas nunca<br />

apresentaram acidentes graves. Além disso,<br />

nenhuma das outras usinas implantadas e<br />

em operação apresentou problemas. Isso<br />

mostra à população o quanto essas usinas<br />

são seguras.<br />

OUTUBRO Nº 14 2010<br />

Entrevista<br />

Arquivo Eletrobras/Eletronuclear<br />

Usina Angra 1 está em<br />

operação há 25 anos<br />

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