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AS ALFAIAS E OS GESTOS NA LITURGIA - Paróquia de Matosinhos

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SERVIR O ALTAR DA EUCARISTIA<br />

FORMAÇÃO DE B<strong>AS</strong>E – ACÓLIT<strong>OS</strong><br />

(03) As Alfaias e os Gestos na Liturgia<br />

Alfaias = Designação dada a todos os objectos e vestes utilizados nas<br />

celebrações litúrgicas.<br />

1. <strong>AS</strong> ALFAI<strong>AS</strong> LITÚRGIC<strong>AS</strong><br />

A ALVA<br />

Do latim, alba (branca). É a veste que se consi<strong>de</strong>ra básica para todos os ministros na celebração<br />

litúrgica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os acólitos até ao presi<strong>de</strong>nte (cf. IGMR 336). Deriva das túnicas antigas,<br />

brancas, até aos pés, que se per<strong>de</strong>ram no uso civil, mas que se consi<strong>de</strong>rou que podiam utilizarse<br />

simbolicamente no culto, expressando com a veste diferente dos ministros, a diferença entre<br />

a vida profana e a celebração. Em todas as culturas religiosas, para o exercício do culto quer-se<br />

simbolizar a pureza dos ministros, e, em muitas <strong>de</strong>las, precisamente com a cor branca. O<br />

branco é sinal também <strong>de</strong> vitória e <strong>de</strong> ressurreição (cf. Ap 3,4-5). A alva utiliza-se com cíngulo à<br />

cintura, a não ser que fique por si mesma já bem ajustada ao corpo, e com o amito que tapa o<br />

pescoço, a não ser que já o faça a alva pela sua forma (cf. IGMR 119 e 336). Esta veste branca<br />

também tem um sentido baptismal. O segundo domingo da Páscoa, ou seja, na oitava da<br />

Ressurreição, costumava-se <strong>de</strong>por a «alva», a veste branca que os neófitos tinham recebido no<br />

seu Baptismo, na Vigília Pascal, como símbolo do seu renascimento em Cristo. Por isso, esse<br />

domingo se chamou «Dominica post albas», e mais tar<strong>de</strong> «Dominica in albis», enten<strong>de</strong>-se «in<br />

albis pepositis», <strong>de</strong>postas já as vestes brancas, enquanto que, no sábado anterior, era sábado<br />

«in albis <strong>de</strong>ponendis», das vestes «por <strong>de</strong>por».<br />

O CÍNGULO<br />

A palavra latina cingulum vem <strong>de</strong> cingere (cingir). O cíngulo ou cingidor é um complemento<br />

necessário para certas vestes, como a túnica ou alva, para as cingir melhor à cintura e facilitar<br />

os movimentos. Às vezes, tem forma <strong>de</strong> cordão e outras <strong>de</strong> cinta, mais ou menos larga. Os<br />

orientais usam a zona (cinta, faixa), mais adornada e colorida. Actualmente, os ministros põem<br />

o cíngulo quando usam túnica ou alva, a não ser que os feitios e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>stas se ajustem ao<br />

corpo e não sejam afectadas quanto à estética e funcionalida<strong>de</strong> (cf. IGMR 119.336).<br />

A C<strong>AS</strong>ULA<br />

Em latim, casulla significa «casa pequena» ou tenda. Diz-se da veste paramental com que o<br />

sacerdote se reveste por cima da alva e da estola, à maneira <strong>de</strong> capa ou manto amplo, aberta<br />

dos lados e com uma abertura para a cabeça. Ao longo da história, teve várias formas nobres e<br />

amplas, inspiradas no manto romano chamado paenula (planeta). Numa evolução não muito<br />

feliz chegou-se a formas mais <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes, como a «casula <strong>de</strong> viola», que todos conhecemos, e<br />

1


contra a qual já protestava São Carlos Borromeo. A casula é a veste que caracteriza quem<br />

presi<strong>de</strong> à Eucaristia (cf. IGMR 337). Um dos gestos complementares da or<strong>de</strong>nação do<br />

presbítero é a veste da casula. Os outros concelebrantes, em princípio, são convidados também<br />

a revestir-se <strong>de</strong> casula, mas permite-se que, por motivos impon<strong>de</strong>ráveis e razoáveis, possam<br />

vestir só a alva e estola (cf. IGMR 209).<br />

A ESTOLA<br />

É uma tira <strong>de</strong> pano, com cerca <strong>de</strong> quinze a vinte e cinco centímetros <strong>de</strong> largura, branca ou <strong>de</strong><br />

cores, que pen<strong>de</strong> do pescoço. A palavra vem do grego, stolé. No uso latino antigo, empregavase<br />

às vezes para <strong>de</strong>signar vestes significativas ou simbólicas: assim fala-se <strong>de</strong> que os baptizados<br />

vão vestidos <strong>de</strong> estolas brancas (stolis albis candidi), ou que os mártires vão vestidos com a<br />

estola da glória imortal. A estola é comum a todos os ministros or<strong>de</strong>nados. Com a diferença <strong>de</strong><br />

que os sacerdotes a colocam à volta do pescoço, caindo as suas pontas em paralelo sobre os<br />

dois ombros, sobre a túnica e <strong>de</strong>baixo da casula, e os diáconos usam-na cruzada, «em<br />

bandoleira», do ombro esquerdo para a direita. É, portanto, um distintivo dos ministros e,<br />

simultaneamente, um adorno que ressalta a função sagrada que realizam. Usa-se a estola<br />

também para distribuir a comunhão ou quando se ocupa a ca<strong>de</strong>ira penitencial. Na or<strong>de</strong>nação<br />

do diácono um dos gestos complementares é o da imposição da estola.<br />

A DALMÁTICA<br />

Em Roma, nos séculos II-III, chamava-se dalmática a uma túnica branca exterior, com mangas<br />

largas e adornada <strong>de</strong> vários modos, por exemplo, com duas franjas verticais <strong>de</strong> púrpura. A sua<br />

origem, à qual se <strong>de</strong>ve o nome, é a região da Dalmácia (Croácia), on<strong>de</strong> era usada, tendo sido<br />

adoptada pelos senadores e outras pessoas distintas <strong>de</strong> Roma, tendo passado, <strong>de</strong>pois, ao uso<br />

cristão. Nas catacumbas vêem-se várias figuras <strong>de</strong> «orantes» revestidos <strong>de</strong> dalmática. A partir<br />

do século IV, tornou-se característica dos bispos e, mais tar<strong>de</strong>, também dos diáconos, que<br />

assim aparecem representados em mosaicos. Na or<strong>de</strong>nação dos diáconos, a imposição das<br />

dalmática é um dos gestos complementares do sacramento. É vestida sobre a túnica e a estola,<br />

sobretudo nas celebrações mais festivas. Também os bispos po<strong>de</strong>m usá-la, por baixo da casula.<br />

A CAPA PLUVIAL<br />

A capa (do latim tardio, cappa, <strong>de</strong> capere [colher, conter]) é uma veste longa sem mangas, à<br />

semelhança <strong>de</strong> mantel ou manto, circular, aberto, que se usa sobretudo fora <strong>de</strong> casa. Os bispos<br />

po<strong>de</strong>m vestir a capa magna nas solenida<strong>de</strong>s, na sua diocese. Mas a capa mais empregada na<br />

liturgia é a capa pluvial (<strong>de</strong> chuva), que diversos ministros (presbíteros, clérigos, monges)<br />

vestem, com capuz ou sem ele, com um fecho na parte dianteira. Usam-no, sobretudo, nas<br />

procissões, <strong>de</strong>ntro ou fora da igreja, e noutras celebrações como no Ofício Divino, na bênção do<br />

Santíssimo ou na bênção dos sinos. A capa pluvial também é conhecida por capa <strong>de</strong> Asperges.<br />

O VÉU DE OMBR<strong>OS</strong> OU UMERAL<br />

O adjectivo «umeral» refere-se ao osso do braço, do ombro ao cotovelo, chamado humerus<br />

(úmero). O nome atribuído ao véu advém-lhe do seu uso, precisamente sobre os ombros do<br />

sacerdote que dá a bênção com o Santíssimo, ou o transporta em procissão. Costuma ser um<br />

véu <strong>de</strong> uns dois metros <strong>de</strong> comprimento e mais <strong>de</strong> meio metro <strong>de</strong> largura, apertado à frente<br />

por um alfinete, que cobre os ombros, e com cujas pontas o sacerdote, com o clássico gesto <strong>de</strong><br />

não tocar com as mãos algo que se consi<strong>de</strong>ra muito digno <strong>de</strong> reverência, como a Eucaristia,<br />

toma a custódia ou a píxi<strong>de</strong>. O Ritual do culto eucarístico prescreve-o para dar a bênção com o<br />

Santíssimo: «quando a exposição é feita com a custódia, o sacerdote e o diácono <strong>de</strong>vem pôr<br />

também a capa <strong>de</strong> asperges e o véu <strong>de</strong> ombros <strong>de</strong> cor branca; e se for com a píxi<strong>de</strong>, ponham o<br />

véu <strong>de</strong> ombros» (RCCE 92). Impõe-se, normalmente, o seu uso quando a Eucaristia é levada em<br />

procissão, em Quinta-Feira Santa, ou, na Sexta-Feira Santa, quando é trazida <strong>de</strong> volta ao altar,<br />

também na procissão do Corpo <strong>de</strong> Deus, e em dia <strong>de</strong> Dedicação <strong>de</strong> igreja e <strong>de</strong> altar.<br />

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O PÁLIO<br />

O pálio é uma insígnia que actualmente é colocada, à volta do pescoço, por todos os<br />

arcebispos, nas celebrações mais solenes. É uma tira <strong>de</strong> lã branca, com seis cruzes negras,<br />

imposta sobre os ombros, <strong>de</strong>ixando duas faixas pen<strong>de</strong>ntes sobre o peito e uma sobre as costas.<br />

No Império Romano, era um distintivo para aqueles que o imperador queria honrar; passou,<br />

<strong>de</strong>pois, a honrar o Papa e os bispos a quem este o conce<strong>de</strong>. Hoje, impõe-se aos arcebispos,<br />

como «sinal da autorida<strong>de</strong> metropolitana e símbolo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> e estímulo <strong>de</strong> fortaleza» (CB<br />

1154). No Oriente, há uma insígnia análoga, o omophorion, mais adornado, mas que é levado<br />

por todos os bispos. Além disso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há séculos, existe o costume <strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> Roma,<br />

enviar o pálio aos patriarcas e metropolitas orientais católicos. No Cerimonial dos Bispos, este<br />

rito <strong>de</strong> imposição do pálio, está <strong>de</strong>scrito como um dos gestos rituais da or<strong>de</strong>nação episcopal,<br />

que tem lugar após a entrega do anel e antes da imposição da mitra (cf. CB 1149-1155).<br />

Também se dá o nome <strong>de</strong> pálio ao baldaquino (dossel móvel) sustentado por seis varas, e que é<br />

usado nas procissões do Santíssimo Sacramento.<br />

O BALDAQUINO<br />

Chama-se baldaquino à peça <strong>de</strong> seda [ou outro tecido nobre] que forma como que um pálio,<br />

dossel ou pavilhão sobre o altar (ou sobre o trono ou sobre o leito). O seu nome provém da<br />

palavra Baldaco, antigo nome <strong>de</strong> Bagda<strong>de</strong> (Iraque), don<strong>de</strong> procedia o tecido <strong>de</strong> seda que se<br />

utilizava para o bordar. O baldaquino é uma peça <strong>de</strong> pano fixada e sustentada por colunas,<br />

sobreposta ao altar, ressaltando a sua importância e a sua centralida<strong>de</strong> no espaço da igreja.<br />

Quando esta cobertura é uma peça <strong>de</strong> arte, <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou <strong>de</strong> metal, chama-se cibório<br />

(tabernáculo), como é costume ver-se nas igrejas românicas e nas gran<strong>de</strong>s basílicas. O<br />

baldaquino, às vezes, é móvel, como o «pálio» utilizado nas procissões eucarísticas.<br />

<strong>OS</strong> V<strong>AS</strong><strong>OS</strong> SAGRAD<strong>OS</strong><br />

Chamam-se «vasos sagrados» aos diversos recipientes utilizados na celebração litúrgica: cálice,<br />

patena, cibório, píxi<strong>de</strong>, ostensório, custódia, galhetas, âmbulas… Alguns <strong>de</strong>les são<br />

particularmente importantes como o cálice e a patena «que servem para oferecer, consagrar e<br />

comungar o Pão e o vinho» (IGMR 327). O Missal (cf. IGMR 327-334) dá as normas oportunas<br />

para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes vasos sagrados. «Devem <strong>de</strong> ser fabricados <strong>de</strong> metal nobre […].<br />

Também po<strong>de</strong>m ser fabricados com outros materiais sólidos e que sejam, segundo o modo <strong>de</strong><br />

sentir <strong>de</strong> cada região, mais nobres […]. Dê-se preferência aos materiais que não se quebram<br />

nem <strong>de</strong>teriorem facilmente.» «Quanto aos cálices e outros vasos, <strong>de</strong>stinados a receber o<br />

Sangue do Senhor, a copa <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> material que não absorva os líquidos.» Os vasos sagrados<br />

<strong>de</strong> metal, caso este seja oxidável, <strong>de</strong>vem ser dourados por <strong>de</strong>ntro. Relativamente à reforma,<br />

continua válido o critério conciliar: «A Igreja procurou com especial solicitu<strong>de</strong> que as alfaias<br />

sagradas servissem com dignida<strong>de</strong> e beleza para o esplendor do culto [em latim, culti <strong>de</strong>cori (ao<br />

<strong>de</strong>coro do culto)], aceitando, quer na matéria, quer na forma, quer na ornamentação, as<br />

modificações que o progresso da técnica introduziu com o <strong>de</strong>correr do tempo» (SC 122). O juízo<br />

sobre a idoneida<strong>de</strong> dos diversos materiais e formas para o uso litúrgico é da competência da<br />

Conferência Episcopal, próxima da sensibilida<strong>de</strong> cultural das várias comunida<strong>de</strong>s» (cf. IGMR<br />

326 e 329). O Cerimonial das Bênçãos oferece fórmulas para a «Bênção dos objectos e vestes<br />

que se usam nas celebrações litúrgicas» (1068-1073; in EDREL 1938-1943), sobretudo para o<br />

cálice e a patena, <strong>de</strong> uso exclusivo para a Eucaristia.<br />

O CÁLICE<br />

A palavra latina calix (em grego, poterion) <strong>de</strong>signa um vaso em forma <strong>de</strong> taça para beber. Podia<br />

ser <strong>de</strong> diversos materiais: <strong>de</strong> metal dourado, <strong>de</strong> vidro ou <strong>de</strong> cerâmica. Beber do cálice teve,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antiguida<strong>de</strong>, além da acepção comum, um sentido simbólico: o cálice da dor ou da<br />

amargura (cf. Mt 20,22; 26,39), o cálice da ira (cf. Is 51,17; Ap 16,19), o cálice da bênção (cf. Sl<br />

3


15[16],5). A primeira geração <strong>de</strong> cristãos, logo a partir da Última Ceia, sempre expressou um<br />

gran<strong>de</strong> apreço pelo cálice utilizado para comungar com o Sangue <strong>de</strong> Cristo. Basta recordar o<br />

argumento <strong>de</strong> Paulo: não se po<strong>de</strong> «beber do cálice do Senhor», na celebração da Eucaristia, e<br />

também «do cálice dos <strong>de</strong>mónios», nos banquetes cúlticos pagãos (cf. 1Cor 10,21). Paulo<br />

chama-lhe o «cálice <strong>de</strong> bênção» (1Cor 10,16), relacionando-o seguramente com a terceira taça<br />

<strong>de</strong> vinho que o pai <strong>de</strong> família abençoa, na ceia pascal judaica. Não é <strong>de</strong> estranhar, portanto,<br />

que o cálice eucarístico seja o vaso sagrado por excelência, e que, ao restaurar-se a<br />

participação <strong>de</strong> todos no Sangue do Senhor, se <strong>de</strong>screva esse gesto com a expressão <strong>de</strong> «cálice<br />

para os leigos». Exige-se que os materiais usados no seu fabrico sejam sólidos, que sejam<br />

nobres, segundo o entendimento <strong>de</strong> cada região, materiais que não absorvam os líquidos e, <strong>de</strong><br />

preferência, com a parte interior revestida a ouro, a não ser que já seja <strong>de</strong> material inoxidável,<br />

resistente à aci<strong>de</strong>z do vinho (cf. IGMR 327-330). A sua bênção – que indica a sua <strong>de</strong>dicação<br />

exclusiva à celebração eucarística – realiza-se, preferencialmente, <strong>de</strong>ntro da Missa (cf. IGMR<br />

333). O Cerimonial das Bênçãos oferece os textos para esta bênção (nn. 1068ss). Na celebração<br />

da Missa, o cálice é levado para o altar, ao ofertório. Na Comunhão, participa-se, bebendo<br />

directamente do cálice ou por intinção (introdução da partícula no vinho) do Pão. Depois da<br />

comunhão, o cálice é purificado, no altar ou, se possível, na credência (cf. IGMR 163.183.279).<br />

Na instituição <strong>de</strong> acólitos e na or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> bispos e presbíteros, um dos gestos simbólicos que<br />

melhor exprimem o ministério é o da entrega do cálice com vinho e água.<br />

A PATE<strong>NA</strong><br />

É uma pequena ban<strong>de</strong>ja ou um pratinho pouco profundo, ligeiramente côncavo, normalmente<br />

dourado, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>posita o pão consagrado na Eucaristia. Nos primeiros séculos era mais<br />

profundo e amplo, por causa do número <strong>de</strong> comungantes e qualida<strong>de</strong> do pão, que não era tão<br />

estilizado. «O cálice e a patena, que servem para oferecer, consagrar e comungar o pão e o<br />

vinho como se <strong>de</strong>stinam, exclusivamente e <strong>de</strong> maneira estável, à celebração da Eucaristia,<br />

tornam-se “vasos sagrados”» (Ritual da Dedicação da Igreja e do Altar, VII,1 [Rito da Bênção do<br />

Cálice e da Patena], in EDREL 1711). Por isso, recebem uma bênção especial, que se costuma<br />

fazer <strong>de</strong>ntro da Missa. Os textos <strong>de</strong>sta bênção estão contidos no Cerimonial das Bênçãos (nn.<br />

97-99). A melhor bênção para a patena é que contenha o Corpo <strong>de</strong> Cristo pela primeira vez. Por<br />

isso, na oração se pe<strong>de</strong> a Deus que: «o Corpo e o Sangue do vosso Filho, que neles são<br />

oferecidos e comungados, tornem santos estes vasos» (Cerimonial das Bênçãos 102). Na<br />

or<strong>de</strong>nação dos presbíteros, um dos gestos complementares é a entrega da patena com pão<br />

<strong>de</strong>stinado à Eucaristia, como sinal do mistério que lhe competirá realizar. A patena costumava<br />

ser coberta por uma pala <strong>de</strong> tecido engomado, <strong>de</strong> forma circular.<br />

A PÍXIDE<br />

Ou cibório significa «caixa». Vem do grego, pyxis (caixa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> buxo). Nos livros<br />

litúrgicos, é mais ou menos sinónimo <strong>de</strong> patena, o vaso sagrado coberto com uma tampa, para<br />

conservar o Sagrada Reserva (Pão eucarístico). Também se chama «píxi<strong>de</strong>» (ou teca) à caixinha<br />

mais pequena, com tampa, que se utiliza para levar a comunhão aos doentes.<br />

<strong>AS</strong> GALHET<strong>AS</strong><br />

Chama-se galhetas a duas jarritas que se utilizam, na Missa, para a água e para o vinho. Com a<br />

introdução da possibilida<strong>de</strong> da comunhão dos fiéis, sob as duas espécies (cf. IGMR 281-283), a<br />

galheta tradicional do vinho, tornou-se <strong>de</strong>masiado pequena, pelo que, nesses casos, se<br />

substitui por um recipiente um pouco maior.<br />

O SANGUÍNIO (OU SANGUINHO)<br />

Pequeno pano <strong>de</strong> linho (com três dobras) que se sobrepõe ao cálice e que se usa para a<br />

purificação dos vasos sagrados, <strong>de</strong>pois da celebração. Também se lhe dá o nome <strong>de</strong><br />

«purificatório».<br />

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O CORPORAL<br />

O corporal é um pano <strong>de</strong> forma quadrada que, antes do ofertório, se coloca sobre o altar para<br />

nele <strong>de</strong>positar o pão e o vinho da Eucaristia. O nome vem-lhe do Corpo do Senhor, que, na<br />

celebração da Eucaristia, vai repousar sobre este pano, assim como, na adoração do Santíssimo,<br />

se se faz sobre o altar. Também se po<strong>de</strong> colocar sobre uma mesinha, quando se leva a<br />

comunhão aos doentes.<br />

O TURÍBULO<br />

Ao incenso chama-se, em latim, thus, thuris ou tus, turis. Daí vem a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> «turíbulo»<br />

dada ao incensário, e a <strong>de</strong> «turiferário» dada ao ministro encarregado <strong>de</strong> o transportar. Mais<br />

vulgarmente, é usado nas solenida<strong>de</strong>s, nas procissões <strong>de</strong> entrada na Missa, para incensar o<br />

Evangelho, os ministros da celebração e a assembleia, ou na procissão com o Santíssimo<br />

Sacramento.<br />

A <strong>NA</strong>VETA<br />

Chama-se «naveta», ou seja, «navezinha» (do latim, navicula), ao pequeno recipiente que<br />

contém o incenso, e que tem precisamente forma <strong>de</strong> nave(=barco) pequena.<br />

A CALDEIRINHA<br />

Vaso, ordinariamente metálico, para a água benta usada nos ritos <strong>de</strong> aspersão do povo, <strong>de</strong><br />

edifícios ou <strong>de</strong> objectos, com auxílio do hissope.<br />

O HISSOPE<br />

Planta medicinal, utilizada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antiguida<strong>de</strong>, para as aspersões cultuais. Por exemplo, na<br />

saída do Egipto, manda-se às famílias judaicas: «tomai um ramo <strong>de</strong> hissope, mergulhai-o no<br />

sangue recolhido numa bacia e aspergi com esse sangue a padieira e os dois umbrais da porta»<br />

(Ex 12,22). Sobretudo, usava-se para as purificações rituais. Basta recordar o versículo do<br />

Miserere: «Aspergi-me com o hissope e ficarei puro» (Sl 50,9). Também se aplica este nome ao<br />

utensílio metálico que se emprega para as aspersões com água benta, com uma bola <strong>de</strong><br />

buracos que retém e asperge a água. Hoje, também é costume usar-se um ramo vegetal <strong>de</strong><br />

hissope ou <strong>de</strong> outra planta parecida, como o buxo ou o alecrim, para as aspersões da Noite<br />

Pascal ou dos domingos.<br />

A CUSTÓDIA OU <strong>OS</strong>TENSÓRIO<br />

Como indica o seu nome, a custódia é algo que serve <strong>de</strong> guarda, protecção e <strong>de</strong>fesa do que se<br />

consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> valor. Na Liturgia, <strong>de</strong>signa um vaso sagrado, o ostensório, em que se expõe o<br />

Santíssimo à adoração dos fiéis, quer se faça na igreja, quer se leve em procissão. As custódias<br />

surgiram, sobretudo, a partir do século XIII, quando se <strong>de</strong>senvolveu o culto da Eucaristia, à volta<br />

da festa do Corpus Christi (Corpo <strong>de</strong> Deus). Apresentavam, por vezes, a forma <strong>de</strong> pequeno<br />

templo, on<strong>de</strong>, nas procissões, se levava o Senhor Eucarístico. Conservam-se algumas custódias<br />

<strong>de</strong>ste género, e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor, verda<strong>de</strong>iros prodígios da ourivesaria religiosa. Depois, fizeramse<br />

outras mais simples, <strong>de</strong> forma circular, <strong>de</strong>ntro das quais se expõe o Santíssimo em outro<br />

recipiente mais pequeno, que se chama «viril», com um vidro que protege e, ao mesmo tempo,<br />

permite ver. A exposição po<strong>de</strong> fazer-se na custódia ou também numa píxi<strong>de</strong> ou no vaso sagrado<br />

que se utiliza para a Missa. Sempre com materiais dignos, que signifiquem expressivamente o<br />

apreço e a veneração que o Senhor presente na Eucaristia merece por parte da comunida<strong>de</strong>. A<br />

custódia <strong>de</strong>ve ser benzida: no Cerimonial das Bênçãos oferecem-se os textos a<strong>de</strong>quados<br />

(1070.1077.1078 ou 1080-1083). Costuma dar-se o nome <strong>de</strong> «custódio» ao eclesiástico que tem<br />

a seu cargo a guarda <strong>de</strong> um lugar sagrado ou as relíquias <strong>de</strong> um santo. No Santo Sepulcro, os<br />

custódios, representantes da Igreja católica romana, são os Franciscanos.<br />

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2. <strong>OS</strong> PRINCIPAIS LIVR<strong>OS</strong> LITÚRGIC<strong>OS</strong><br />

O MISSAL<br />

Em sentido genérico, é o livro oficial, segundo o qual a Igreja celebra a sua Eucaristia. Tem uma<br />

primeira parte com as orações que se dirigem a Deus, normalmente chamado Missal ou livro do<br />

altar, e uma segunda com as leituras bíblicas ao longo <strong>de</strong> todo o ano, o Leccionário. Quando a<br />

comunida<strong>de</strong>, a partir dos séculos V e VI, sentiu necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar, em livros litúrgicos,<br />

tanto as orações como as leituras e cânticos para a sua celebração, os livros para a Eucaristia<br />

receberam diversos nomes, segundo as famílias litúrgicas: chamou-se Sacramentário ao livro<br />

dos textos eucológicos ou orações (por exemplo, o Sacramentário Veronense, Sacramentário<br />

Gregoriano, Sacramentário Gelasiano e muitos outros das igrejas particulares), enquanto que<br />

os Leccionários estavam editados à parte. Aos Sacramentários também se lhes chamou Missale:<br />

o Missal Ambrosiano, o Missal Gótico, etc. Na liturgia hispânica, chamava-se Liber<br />

Sacramentorum ou também Missale, enquanto que, ao Leccionário, se lhe chamava Liber<br />

Commicus. Mais tar<strong>de</strong>, unificou-se o livro das orações com o das leituras, formando-se os<br />

«Missais plenários», sobretudo a partir do Missal da Cúria Romana, dos séculos XII e XIII. Era o<br />

tipo <strong>de</strong> livro que nós conhecíamos antes da última reforma. O Missal continha tudo: as orações,<br />

os cânticos e as leituras. Como consequência da revisão recomendada pelo Concílio <strong>de</strong> Trento,<br />

em 1570, publicou-se o Missal que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, se chamou «Missal <strong>de</strong> S. Pio V» 13.<br />

Exactamente quatro séculos mais tar<strong>de</strong>, em 1970, e como fruto da revisão <strong>de</strong>terminada pelo<br />

Concílio Vaticano II, publicou-se a primeira edição típica do «Missal <strong>de</strong> Paulo VI» ou «do<br />

Vaticano II», que <strong>de</strong>u lugar às diversas traduções oficiais aprovadas para as Igrejas locais, em<br />

mais <strong>de</strong> 350 línguas. Paulo VI promulgou o Missal com a Constituição Apostólica Missale<br />

Romanum, em 1969 (cf. EDREL 258-268), e apresentava-o «como um instrumento valioso para<br />

testemunhar e confirmar entre todos a mútua unida<strong>de</strong>. Por variadas que sejam as línguas, uma<br />

só e mesma oração, mais fragrante que o incenso, subirá ao Pai dos Céus, pelo nosso Sumo<br />

Pontífice Jesus Cristo, no Espírito Santo» (EDREL 267). Entrou em vigor no primeiro domingo do<br />

Advento <strong>de</strong> 1969. O novo Missal tem a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma longa introdução, chamada<br />

Institutio generalis Missalis Romani, com 341 números (cf. EDREL 269-624), com um Proémio<br />

<strong>de</strong> Paulo VI 14. Embora, em rigor, o Leccionário e o Livro <strong>de</strong> Cânticos (Graduale simplex)<br />

também pertençam ao Missal Romano, costuma-se chamar Missal, sobretudo, ao livro do altar,<br />

que contém as orações da celebração. Nas edições mais manuseáveis, para os fiéis, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

utilida<strong>de</strong> para preparar e prolongar a audição da Palavra e a sintonia com as orações da<br />

celebração, o Missal costuma conter também as leituras, pelo que, <strong>de</strong>vido à sua extensão, se<br />

costuma dividir em Missal Dominical e Missal Ferial.<br />

O LECCIONÁRIO<br />

Chama-se leccionário ao livro que contém um sistema organizado <strong>de</strong> leituras bíblicas para uso<br />

nas celebrações litúrgicas, embora também se aplique este nome à parte das leituras patrísticas<br />

do ofício <strong>de</strong> Leitura. A princípio, a comunida<strong>de</strong> cristã lia directamente da Bíblia, com ampla<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> selecção, «enquanto o tempo o permite», como dizia São Justino, pelo ano 150.<br />

Mas <strong>de</strong>pressa se viu a conveniência <strong>de</strong> uma selecção <strong>de</strong> leituras para os diversos tempos e<br />

festas. Segundo o modo <strong>de</strong> indicar as várias perícopas ou unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura bíblica, este livro<br />

foi-se chamando «capitulare», que assinalava as primeiras e as últimas palavras <strong>de</strong> cada<br />

passagem, ou, então, «comes» ou «liber comitis» – na liturgia hispânica «liber commicus» (<strong>de</strong><br />

«comma», secção, inciso) –, em que constam as leituras íntegras. Segundo os conteúdos, mais<br />

tar<strong>de</strong>, diversificaram-se o Epistolário e o Evangeliário, quando se organizaram separadamente<br />

essas leituras. As diversas famílias litúrgicas do Oriente e do Oci<strong>de</strong>nte foram configurando, com<br />

critérios <strong>de</strong> selecção próprios, os seus leccionários. Foram quase sempre fiéis às três leituras: o<br />

profeta, o apóstolo e o Evangelho, para a Eucaristia. Alguns dos mais antigos e famosos são o<br />

Comes <strong>de</strong> Würzburg, o mais antigo no Oci<strong>de</strong>nte, e o Leccionário arménio <strong>de</strong> Jerusalém, no<br />

Oriente. Na reforma do Vaticano II, um dos elementos que mais riqueza trouxe à celebração<br />

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foram os novos Leccionários. Antes, tínhamos um «missal plenário», com leituras e orações<br />

juntas. Agora, o Missal Romano consta <strong>de</strong> dois livros: o Missal, que é o livro do altar ou das<br />

orações, e o Leccionário, o Ordo Leccionum Missæ (=OLM). Este último está dividido em vários<br />

volumes: o leccionário dominical, em três ciclos; o Ferial, em dois; o Santoral; o ritual para os<br />

sacramentos; o das missas diversas e votivas; seguindo assim a orientação do Concílio <strong>de</strong><br />

oferecer ao povo cristão uma selecção mais rica e variada da Palavra <strong>de</strong> Deus (cf. SC 51). A<br />

primeira edição latina do novo Leccionário apareceu em 1969. Em 1981, ao publicar-se a<br />

segunda, enriqueceu-se notoriamente a sua introdução. Há também um leccionário bíblico para<br />

o Ofício <strong>de</strong> Leitura da Liturgia das Horas, com a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, para além da série <strong>de</strong><br />

leituras que consta no livro oficial, se anunciava já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio, ainda que se tenha<br />

tardado muito a realizar oficialmente a i<strong>de</strong>ia, um leccionário bienal que permite ler toda a<br />

Bíblia, integralmente, em dois anos, excepto o Evangelho, reservado para a Missa (cf. IGLH 140-<br />

158). Para as Missas com crianças, o seu Directório (cf. DMC 43; EDREL 2802) sugere às<br />

conferências Episcopais que, se o enten<strong>de</strong>rem conveniente, confeccionem um Leccionário 10<br />

para estas missas. Para as quarenta e seis Missas votivas da Virgem Maria (1987) foram<br />

também feitos dois livros: o Missal com as orações e o Leccionário. O leccionário usado na<br />

celebração litúrgica <strong>de</strong>ve ser digno, <strong>de</strong>coroso, que manifeste, na sua própria aparência, o<br />

respeito que à comunida<strong>de</strong> cristã lhe merece o seu conteúdo: a Palavra que Deus nos dirige (cf.<br />

OLM 35-37; EDREL 837-839). Por isso, é ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> apreço: o que proclama o<br />

Evangelho beija o livro, que antes se po<strong>de</strong> levar em procissão, no início da Missa, e incensar,<br />

nos dias festivos, etc. O Leccionário proclamado, domingo após domingo, ou dia após dia, à<br />

comunida<strong>de</strong> cristã, é o melhor catecismo aberto, que continuamente alimenta e ajuda a<br />

aprofundar a fé (cf. OLM 61; EDREL 861).<br />

O EVANGELIÁRIO<br />

Chama-se Evangeliário ao livro que contém os quatro Evangelhos, distribuídos para a sua<br />

leitura na liturgia. «Como a proclamação do Evangelho é sempre o ponto culminante da Liturgia<br />

da Palavra, a tradição litúrgica, tanto no Oci<strong>de</strong>nte como no Oriente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre estabeleceu<br />

uma certa diferença entre os livros das leituras. Com efeito, o livro dos Evangelhos, elaborado<br />

com maior cuidado, era adornado e gozava <strong>de</strong> veneração superior à dos outros livros das<br />

leituras. É, pois, muito conveniente que, também no nosso tempo, pelo menos nas catedrais e<br />

nas paróquias e igrejas maiores e mais frequentadas, haja um Evangeliário, ornado com beleza,<br />

distinto <strong>de</strong> qualquer outro livro das leituras» (OLM 36). Na procissão <strong>de</strong> entrada, na Missa, o<br />

Evangeliário po<strong>de</strong> ser transportado, solenemente, por um diácono ou outro ministro, que o<br />

<strong>de</strong>ixa sobre o altar, fechado. O presi<strong>de</strong>nte da celebração, ao chegar ao altar, beija o altar e o<br />

Evangeliário, antes <strong>de</strong> se dirigir para o seu lugar presi<strong>de</strong>ncial; quando chegar a hora <strong>de</strong><br />

proclamar o Evangelho, leva--se para o ambão e ali se abre. São vários os momentos em que se<br />

torna particularmente expressiva a entrega do Evangeliário:<br />

• numa das etapas do processo catecumenal, juntamente com a entrega do Símbolo e do Pai-<br />

Nosso,<br />

• na or<strong>de</strong>nação dos diáconos e bispos: «com razão este livro é entregue ao diácono na sua<br />

or<strong>de</strong>nação e é imposto e sustentado sobre a cabeça do eleito na or<strong>de</strong>nação episcopal» (OLM<br />

36);<br />

• também se entrega ao novo pároco como um dos sinais do seu novo ministério;<br />

• e po<strong>de</strong>-se colocar, além disso, sobre o féretro, nas exéquias;<br />

• um momento muito solene é quando, nos Sínodos ou Concílios, se «entroniza» o<br />

Evangeliário, no começo <strong>de</strong> cada congregação geral, como se fazia no Vaticano II.<br />

O LIVRO DA ORAÇÃO UNIVERSAL<br />

A Oração Universal, na actual estrutura da Eucaristia romana, conclui a Liturgia da Palavra.<br />

Depois <strong>de</strong> Deus ter dirigido a sua Palavra ao povo cristão, e este a ter acolhido, a comunida<strong>de</strong><br />

presente ora para que a salvação que as leituras anunciaram se torne eficaz e se cumpra na<br />

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nossa geração, na Igreja e na humanida<strong>de</strong> inteira. Seguramente, foi sob a influência da liturgia<br />

judaica, que continha também orações <strong>de</strong> intercessão em forma litânica, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo,<br />

apareceram, na história da Eucaristia, alusões concretas a esta oração pela humanida<strong>de</strong>. Paulo,<br />

em 1Tm 2, recomendava que a comunida<strong>de</strong> orasse «por todos os homens, pelos reis e por<br />

todas as autorida<strong>de</strong>s». Justino, no ano 150, afirma: «fazemos as orações comuns por nós<br />

mesmos, pelo que foi iluminado (baptizado) e por todos os outros que há em todas as partes».<br />

Temos poucas notícias seguras sobre a forma como evoluiu esta oração, ao longo dos séculos.<br />

O nome <strong>de</strong> «Oração dos Fiéis» faz referência ao tempo em que se fazia a <strong>de</strong>spedida dos<br />

catecúmenos, neste momento da celebração, <strong>de</strong>pois da homilia, e ficavam só os «fiéis» para a<br />

Eucaristia, começando precisamente a sua acção com esta oração. Agora, chama-se «Oração<br />

Comum» ou «dos Fiéis», ou melhor, «Oração Universal» ou «Oração dos Fiéis» (IGMR 69). O<br />

Concílio recomendou que se restabelecesse esta oração, «para que, com a participação do<br />

povo, se façam preces pela santa Igreja, pelos que nos governam, por aqueles que estão<br />

abatidos por várias necessida<strong>de</strong>s, por todos os homens e pela salvação <strong>de</strong> todo o mundo». A<br />

comunida<strong>de</strong> cristã situa-se, pois, como mediadora entre Deus e o resto da humanida<strong>de</strong> e da<br />

Igreja, para interce<strong>de</strong>r por elas. O presi<strong>de</strong>nte, da sua ca<strong>de</strong>ira, convida a orar; outro ministro ou<br />

leitor enuncia as intenções; e a comunida<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>, sendo possível, cantando, uma<br />

invocação como «Ouvi-nos, Senhor». Esta resposta é a verda<strong>de</strong>ira «Oração dos Fiéis», a<br />

intervenção que a comunida<strong>de</strong> protagoniza, e que se dirige a Deus (enquanto as intenções são<br />

sugestões às comunida<strong>de</strong>). O Leccionário acrescenta outro matiz. Esta Oração Universal, por<br />

um lado, é fruto da audição da Palavra, e, por outro, preparação para a passagem à Eucaristia,<br />

«<strong>de</strong> modo que, completando em si mesmo os frutos da Palavra, possa entrar do modo mais<br />

a<strong>de</strong>quado na liturgia eucarística» (OLM 30; EDREL 832). Assim, a Oração Universal aparece<br />

como um nobre exercício do sacerdócio baptismal dos fiéis, que, <strong>de</strong> pé, se dirigem a Deus,<br />

mostrando ao mesmo tempo a sua sintonia com o que Ele lhes comunicou na Palavra e a sua<br />

solidarieda<strong>de</strong> com os seus irmãos, os homens, sobretudo os que sofrem.<br />

3. GEST<strong>OS</strong> E ATITUDES <strong>NA</strong> <strong>LITURGIA</strong><br />

O SI<strong>NA</strong>L DA CRUZ<br />

Na liturgia, o acólito faz gestos e toma atitu<strong>de</strong>s corporais. Vamos ver, nesta lição, quais são os<br />

seus gestos e atitu<strong>de</strong>s mais importantes.<br />

Quando os nossos pais nos levaram à igreja da nossa paróquia para sermos baptizados, o<br />

sacerdote e <strong>de</strong>pois os nossos pais e padrinhos, fizeram-nos o sinal da cruz na fronte. Porquê?<br />

Porque o sinal da cruz é o mais importante <strong>de</strong> todos os sinais cristãos. Ele recorda o mistério<br />

pascal <strong>de</strong> Cristo, que tem no centro a cruz on<strong>de</strong> Ele <strong>de</strong>u a sua vida por nós.<br />

Não admira, por isso, que todas as celebrações litúrgicas comecem pelo sinal da cruz e pelas<br />

palavras: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A seguir, ao longo das celebrações, o<br />

presi<strong>de</strong>nte faz, por vezes, o sinal da cruz sobre as pessoas e as coisas. E, por fim, todas as<br />

celebrações terminam também pelo sinal da cruz, em forma <strong>de</strong> bênção. Diz o sacerdote:<br />

Abençoe-vos Deus todo-po<strong>de</strong>roso, Pai, Filho, e Espírito Santo. E enquanto ele diz estas palavras,<br />

traça, com a mão direita, uma cruz sobre toda a assembleia, e cada um dos fiéis faz sobre si<br />

próprio o sinal da cruz.<br />

Não é só na liturgia que isto acontece. Ao <strong>de</strong>itar-se e ao levantar-se o cristão faz o sinal da cruz.<br />

Como o faz? Colocando a mão esquerda, se está livre, sobre o peito, traça sobre si mesmo uma<br />

cruz, com a mão direita aberta, da testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito, dizendo: Em<br />

nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.<br />

Quando se po<strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> água benta, começamos por molhar a ponta dos <strong>de</strong>dos da mão<br />

direita na água, e <strong>de</strong>pois benzemo-nos. A água benta recorda-nos a graça do santo baptismo.<br />

Nos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> futebol transmitidos pela televisão, com frequência vemos os jogadores, ao<br />

entrarem no campo, a fazer o sinal da cruz... mas muito mal feito. E não são só eles. Há cristãos<br />

que até na igreja fazem o mesmo. Não se po<strong>de</strong> chamar àquilo um sinal da cruz. Quando muito,<br />

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será a sua caricatura. Quando te benzeres, não faças assim. O Senhor que por ti morreu na cruz<br />

merece mais do que isso. Benze-te sempre <strong>de</strong>vagar e com muita dignida<strong>de</strong>, pensando em Jesus,<br />

teu Salvador e Mestre.<br />

O N<strong>OS</strong>SO CORPO E O ESPAÇO<br />

Quando estamos <strong>de</strong> pé, o espaço tem para nós seis partes: acima <strong>de</strong> nós, abaixo <strong>de</strong> nós, à<br />

nossa frente, à nossa retaguarda, à nossa direita e à nossa esquerda. Para chegar ao que está<br />

acima <strong>de</strong> nós elevamo-nos nos pés e levantamos os braços; apanhamos o que está abaixo <strong>de</strong><br />

nós abaixando-nos; alcançamos o que está à nossa frente avançando; recuamos quando<br />

queremos ir buscar o que ficou lá atrás; sempre que precisamos <strong>de</strong> ir para a direita ou para a<br />

esquerda, para aí nos voltamos antes <strong>de</strong> começarmos a andar nessa direcção. Fazemos cada<br />

um dos nossos movimentos exteriores com os nossos pés e as nossas mãos.<br />

Estará tudo dito? Não haverá mais espaço nenhum a explorar? Há sim. Po<strong>de</strong>mos falar também<br />

do espaço que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós, aquele que constitui o nosso mundo interior. Para<br />

entrarmos nesse universo não usamos os pés nem as mãos, mas o nosso espírito. Entramos<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós recolhendo-nos, ou andamos por fora <strong>de</strong> nós quando nos dispersamos.<br />

ESTAR DE PÉ<br />

Na missa, os fiéis estão <strong>de</strong> pé: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do cântico <strong>de</strong> entrada, ou enquanto o sacerdote se<br />

encaminha para o altar, até à oração colecta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que<br />

prece<strong>de</strong> o Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão <strong>de</strong> fé e a<br />

oração universal; e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o invitatório Orate fratres antes da oração sobre as oblatas até ao fim<br />

da missa, excepto nos momentos adiante indicados.<br />

CAMINHAR<br />

Na liturgia, para fazer a maior parte das acções, caminha-se. Assim acontece na procissão <strong>de</strong><br />

entrada, quando o leitor vai ler ao ambão, quando o acólito se levanta para levar os dons ao<br />

altar, durante a procissão da Comunhão, ao sair da igreja, <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>spedida. Em todos esses<br />

momentos, e ainda noutros, se caminha na liturgia.<br />

Não é fácil caminhar bem e com dignida<strong>de</strong> durante a missa. Muitos fazem-no <strong>de</strong> maneira<br />

<strong>de</strong>sagradável e distraída; outros com <strong>de</strong>masiada pressa ou <strong>de</strong>vagar <strong>de</strong>mais.<br />

O acólito <strong>de</strong>ve ser ensinado a caminhar bem. Eu diria até que a primeira coisa que ele <strong>de</strong>ve<br />

apren<strong>de</strong>r é a caminhar na presença <strong>de</strong> Deus e em direcção a Deus. Quando caminha na<br />

procissão <strong>de</strong> entrada, quando vai buscar o missal e o leva ao presi<strong>de</strong>nte, quando acompanha a<br />

procissão do Evangelho, quando caminha para levar os dons ao altar, quando caminha ao lado<br />

do presi<strong>de</strong>nte segurando a ban<strong>de</strong>ja na comunhão...<br />

ESTAR SENTADO OU DE JOELH<strong>OS</strong><br />

Ouve-se melhor alguém que fala, quando se está sentado. Por isso nos sentamos durante as<br />

leituras que prece<strong>de</strong>m o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e a<br />

preparação dos dons; e, conforme as circunstâncias, durante o silêncio sagrado <strong>de</strong>pois da<br />

Comunhão.<br />

Estamos <strong>de</strong> joelhos durante a consagração, excepto se as razões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a estreiteza do lugar,<br />

o gran<strong>de</strong> número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Mas se alguém<br />

não pu<strong>de</strong>r ajoelhar-se nesse momento tão importante, <strong>de</strong>ve fazer uma profunda inclinação <strong>de</strong><br />

todo o corpo, à elevação da hóstia e do cálice.<br />

GENUFLEXÃO<br />

A genuflexão consiste em dobrar o joelho direito até ao solo, por respeito, e a voltar a erguerse<br />

em seguida. O corpo <strong>de</strong>ve manter-se direito. O acólito <strong>de</strong>ve genuflectir sempre que passe<br />

diante do Santíssimo Sacramento, a não ser que vá em procissão ou leve nas mãos algum<br />

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objecto. É o que acontece quando leva o turíbulo, a cruz ou as velas na procissão <strong>de</strong> entrada ou<br />

na procissão do Evangeliário.<br />

Fora da celebração da missa, genuflecte-se sempre diante do Santíssimo Sacramento quer<br />

exposto na custódia, quer no sacrário.<br />

Todos genuflectem à Cruz, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a adoração solene, em Sexta-feira Santa, até à Vigília Pascal, e<br />

a assembleia genuflecte às palavras «E encarnou...», nas solenida<strong>de</strong>s da Anunciação e do Natal<br />

do Senhor; nos restantes tempos e festas faz, apenas, uma inclinação.<br />

UNIFORMIDADE D<strong>OS</strong> GEST<strong>OS</strong> E ATITUDES<br />

Para se conseguir a uniformida<strong>de</strong> nos gestos e atitu<strong>de</strong>s numa mesma celebração, é preciso que<br />

os fiéis obe<strong>de</strong>çam às indicações que, no <strong>de</strong>curso da celebração, lhes forem dadas pelo diácono,<br />

pelo ministro leigo ou pelo sacerdote, <strong>de</strong> acordo com o que está estabelecido nos livros<br />

litúrgicos.<br />

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