Brasília, outubro 2004. Queridos irmãos - Seminário Missionário ...
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SEMINÁRIO MISSIONÁRIO ARQUIDIOCESANO<br />
"REDEMPTORIS MATER"<br />
BRASÍLIA<br />
FONE: 3671165; 3671582 - FAX: -3674759<br />
<strong>Brasília</strong>, <strong>outubro</strong> <strong>2004.</strong><br />
<strong>Queridos</strong> <strong>irmãos</strong>:<br />
A Paz de Cristo, que nos ama e nos perdoa, inunde os vossos corações e os sele com a<br />
esperança da vida eterna.<br />
Levamos mais de dois meses sem entrar em contato convosco, embora tenhamos recebido<br />
tantas mensagens de ânimo e de comunhão, que nos fazem estar sempre perto uns dos outros.<br />
Começamos o mês de agosto com a despedida do Pe. Irineu da Paróquia de Paranoá. Foi<br />
uma festa enorme de carinho e de respeito pelo proeminente pároco que se despedia e pela<br />
chegada do novo pároco , Pe. Alessander, e seus colaboradores: Pe. José Angel e Pe. Chacón.<br />
Todos os presbíteros unimos-nos no dia 3 para celebrar nosso padroeiro, o Santo Cura<br />
d’Ars, presididos por Dom Ávila, o Sr. Arcebispo Castrense.<br />
No dia 5, pude concelebrar com o Pe. Cristiano, da minha comunidade de <strong>Brasília</strong>,<br />
ordenado presbítero em Londres, a serviço da Nova Evangelização. Nesse mesmo dia,<br />
despedimos-nos de Edna, irmã itinerante, que esteve ajudando o <strong>Seminário</strong> durante algumas<br />
semanas. Deus lhe pague.<br />
No dia 9, tivemos a visita para a Eucaristia e o jantar do primeiro ano de Filosofia do<br />
<strong>Seminário</strong> N. Sra. de Fátima, acompanhados por seu formador, Pe. Álvaro. Foi um momento de<br />
alegria mútua e de mútuo conhecimento que nos ajudará no posterior ministério de trabalho<br />
pastoral conjunto na Diocese.<br />
No dia 15, encerrou-se a Semana da Família em <strong>Brasília</strong>, com uma solene eucaristia<br />
presidida pelo Sr. Arcebispo Dom João Braz, no ginásio Nilson Nelson. No dia seguinte,<br />
visitaram-nos alguns integrantes do Serra Clube, uma instituição dedicada a rezar e ajudar os<br />
<strong>Seminário</strong>s. Compartilhamos Missa e mesa. Foi estupendo.<br />
No dia 20, recebemos, no <strong>Seminário</strong>, a terceira comunidade da Catedral N. Sra. do<br />
Desterro, de Jundiaí, as primeiras comunidades da Capela Santa Cruz, de Cajamar, e da Paróquia<br />
Imaculada Conceição, de Mogi-Guaçu, na sua etapa do Pai-Nosso. É sempre uma grande alegria<br />
acolher os <strong>irmãos</strong> e estreitar os laços de união com a missão desta casa.<br />
Nesses mesmos dias, visitaram-nos 80 confirmandos de Sobradinho, 100 participantes da<br />
Legião de Maria e 30 jovens da Catequese de Perseverança, de Taguatinga Norte.<br />
Depois o Senhor concedeu-nos viver uma das experiências mais bonitas de nossa vida.<br />
Fomos convocados por Kiko e Carmen a uma convivência com todos os presbíteros ordenados<br />
nos <strong>Seminário</strong>s Redemptoris Mater da Europa, na Domus Galilaeae, sobre o monte das Bem-<br />
Aventuranças. Pe. Javier e Pe. Toni assistiram a ela, por direito próprio, pois foram formados em<br />
Madrid, e o Pe. Paulo e eu, como Vice-reitor e Reitor, respectivamente, deste <strong>Seminário</strong>. Depois<br />
de uns dias de preparação, presididos por Dom Rilko, Presidente do Pontifício Conselho para os<br />
Leigos, fomos enviados a mais de 40 países de Europa, desde Islândia até Rússia. Fomos<br />
enviados às paróquias católicas e, pela primeira vez, também às sinagogas e às mesquitas. Não se<br />
tratava de falar do Caminho, senão de levar a Paz de Cristo, o anúncio do Reino, a chamada a<br />
conversão, a esperança da possibilidade da santidade proclamada no Sermão da Montanha. Não
se ia à procura de sucesso, mas para aceitar com amor a rejeição, tal como Cristo fez conosco.<br />
Pe. Paulo foi enviado à Itália; Pe. Toni, à Espanha; Pe. Javier, à Inglaterra; e eu, à Alemanha.<br />
Foram dias impressionantes. Pudemos ver, mais uma vez, a Cristo caminhar conosco.<br />
Quem anunciava o Reino era Cristo, quem dormia na rua era Cristo, quem passava fome e sede<br />
era Cristo, quem caminhava de paróquia em paróquia era Cristo. E víamos cumprida a profecia<br />
dos catequistas: “Se não tens cama, Cristo será a tua cama. Se não tens pão, Cristo será teu<br />
alimento”. E assim foi.<br />
Experimentamos também que tudo está escrito nos planos amorosos de Deus. Ele te leva,<br />
às vezes, ao limite da resistência humana e depois aparece com uns detalhes maravilhosos de<br />
carinho, expressão do seu Amor paterno, eu diria até maternal.<br />
O Senhor nos fez ver que esta não foi uma “experiência” para dez dias, mas que é a<br />
atitude normal daquele que é chamado a ser Apóstolo de Jesus Cristo. Enquanto nós morremos, o<br />
mundo recebe a vida. Carregar sobre si os pecados dos outros, oferecendo-os ao Pai, como<br />
Cristo, e transformando a rejeição em salvação.<br />
Pudemos contemplar uma Igreja na Europa desfalecida e, às vezes, inclusive, sem<br />
esperança. Porém sabemos que Cristo enviou os apóstolos dois a dois, sem alforje, sem cajado,<br />
sem sandálias, “às cidades onde ele pensava ir depois”. Por isso temos a confiança de que estas<br />
300 equipes de itinerantes e de Presbíteros ordenados nos <strong>Seminário</strong>s Redemptoris Mater da<br />
Europa (estavam na convivência mais de 500) abriram o caminho ao Senhor, e os frutos serão<br />
maravilhosos.<br />
Todos, como diz o Evangelho, voltamos contentes, purificados e as experiências foram<br />
profundas e ao mesmo tempo duma simplicidade parecida àquela das florzinhas de São<br />
Francisco.<br />
Depois dessa, tivemos a Convivência com os seminaristas. Abriram-se quatro novos<br />
seminários Redemptoris Mater: Dallas, Avignon, São José da Costa Rica e Madagascar. A gente<br />
não se acostuma nunca ao espetáculo da “Mercabá”. Mais de duzentos moços dos cinco<br />
continentes, entusiasmados por ir a “toda parte” com Cristo e participar em sua missão redentora.<br />
Não importa aonde fossem destinados, o envio era sempre acolhido com entusiasmo e alegria na<br />
fé.<br />
Já de volta, concelebramos na paróquia do Pe. Carlos, por ocasião da festa do padroeiro,<br />
Padre Pio, presididos por nosso Arcebispo.<br />
No mês de setembro, recebemos também as visitas das primeiras comunidades das<br />
Paróquias de São João Batista e São Francisco de Assis, de Curitiba; e da Paróquia de São João<br />
Batista, de Mogi das Cruzes, durante a etapa do Pai Nosso. Também visitou o <strong>Seminário</strong> a<br />
primeira comunidade da Paróquia Santa Mãe de Deus, de Santa Maria, e um grupo da catequese<br />
da Paróquia de Águas Claras.<br />
A eles e a todos os <strong>irmãos</strong> que nos ajudam, queremos manifestar nosso profundo<br />
agradecimento e carinho.<br />
Pedimos uma oração especial pela família Canhedo, que tanto ama este <strong>Seminário</strong>, nestes<br />
momentos de dificuldade para a empresa Vasp. Esperemos que o Senhor faça possível que tudo<br />
se resolva para maior glória d’Ele.<br />
Lamento que nosso espaço de comunicação seja tão pequeno, porque não se pode em tão<br />
poucas linhas expressar tudo o que o coração quereria dizer. Porém vosso amor e compreensão<br />
entenderão mais que tudo o que possamos expressar com palavras.<br />
Rezamos por todos e vos queremos a todos. Deus abençoe vossos lares e comunidades.<br />
Encomendamos-nos à vossa oração.<br />
Um forte abraço,<br />
Pe. Juan José Armendáriz Lerga<br />
Reitor
Experiência sobre a Peregrinação à <strong>Brasília</strong> 2004<br />
Meu nome é Thiêgo, tenho 15 anos, caminho na paróquia da Catedral (Nossa Senhora da<br />
Conceição - Sé) da diocese de Sobral - CE. Caminho a dois anos e já havia participado de uma<br />
peregrinação regional, aqui mesmo em Sobral, mas esta em <strong>Brasília</strong> superou tudo aquilo que eu<br />
pensava ser uma peregrinação.<br />
Minha peregrinação e a dos meus <strong>irmãos</strong> de comunidade começou assim que o Pe.<br />
Guerra comentou-a. Nós começamos a trabalhar cedo para poder ir, pois Deus sabia que nenhum<br />
de nós teria condições de ir com suas próprias forças. Começamos a fazer barraquinhas de<br />
sorvete, picolés, lanches etc. Com tudo isso, começou o cansaço a tomar conta de nosso espírito<br />
de peregrinos. Daí já apareceu o juízo de alguns, pois enquanto uns estavam dando a vida para<br />
conseguir o dinheiro, outros não estavam se esforçando nem um pouco. E a data ia se<br />
aproximando, e nosso saldo só dava para enviar a metade dos jovens que pretendiam ir. E<br />
quando faltava apenas uma semana para a peregrinação, nós ganhamos dois mil reais de um<br />
político. A alegria de saber que todos iriam nos contagiou e tomou conta do nosso coração.<br />
Por nós só ficarmos sabendo, uma semana antes, que iriam todos à peregrinação, tudo<br />
teve que ser feito às pressas, como os Hebreus na noite da libertação. Nós estávamos correndo<br />
contra o tempo, tentando conseguir roupas de frio, malas de viagem, documentos etc. Orientados<br />
por nossos catequistas, nós conseguimos tudo aquilo de que precisávamos. Mas nós tínhamos<br />
que sair às pressas, sendo guiados por nossos catequistas, como o povo Hebreu, que, guiado por<br />
Moisés para a terra prometida, saiu às pressas da terra da escravidão, rumo à terra prometida.<br />
A minha diocese foi representada por vinte e um jovens. Saímos de Sobral às doze horas<br />
do dia 21 de julho. Passamos por Fortaleza, Boa Viagem, Iguatú, pegando os <strong>irmãos</strong> para<br />
completar o ônibus,e seguimos rumo a <strong>Brasília</strong>.<br />
Como tudo aconteceu meio que “atropelado”, tivemos que fazer a penitencial no ônibus<br />
mesmo. Daí, como nós estávamos atrasados, só fomos parar pela primeira vez na manhã do dia<br />
seguinte (quinta, 22/7). Nossa próxima parada era em algum restaurante para o almoço, já nas<br />
terras da Bahia. Paramos, almoçamos e novamente seguimos viagem.<br />
O interessante é que nós estávamos sempre rezando o Saltério no ônibus. Ao acordar e<br />
após o almoço. Isso me ajudava a entrar profundamente em oração, proporcionava-me a graça de<br />
ter um diálogo íntimo com o Senhor. Eu percebia que Ele queria me dizer algo por meio dessa<br />
peregrinação. Na sexta-feira, mais ou menos à uma hora da manhã, houve um imprevisto com o<br />
nosso grupo. Graças a uma lasanha que comemos no almoço na Bahia, uma moça e eu passamos<br />
mal e fomos obrigados a ficar uma hora parados em um hospital tomando soro. Nós não<br />
sabíamos quais eram os planos de Deus naquele acontecimento, pois graças a esse atraso,<br />
tivemos a graça de participar de uma eucaristia belíssima em Bom Jesus da Lapa - BA, uma<br />
cidade belíssima. A catedral é uma igreja dentro de uma gruta, um local fantástico, onde pude<br />
entrar em oração com a ajuda da natureza, do clima frio e calmo, do silêncio. Foi uma<br />
experiência íntima com o Senhor, esplêndida, que nunca, ou pouquíssimas vezes na minha vida,<br />
pude presenciar. Parecida com essa, somente a Páscoa deste ano e já em <strong>Brasília</strong>.<br />
Cheguei lá às sete da noite de sexta-feira (23/7). Logo fomos excepcionalmente bem<br />
recebidos e acolhidos. Fiquei na casa de um casal: Gasperazo e Socorro, e seus dois filhos. Eles<br />
são da comunidade doze da paróquia Imaculada Conceição de Sobradinho - DF.<br />
Já no sábado pela manhã (24/7), fui visitar o <strong>Seminário</strong> <strong>Missionário</strong> Arquidiocesano<br />
Redemptoris Mater de <strong>Brasília</strong>. Logo na recepção, fomos recebidos por padres e seminaristas.<br />
Pe. Juanjo disse que não fomos a <strong>Brasília</strong> a passeio, mas sim para ter um diálogo íntimo com<br />
Jesus Cristo. Lá, nós conhecemos o <strong>Seminário</strong> por dentro, outro local fantástico, onde novamente<br />
Deus passou forte na minha vida. É um local calmo, que parece mais um “pedaço do céu”, onde,<br />
não sei explicar como, eu parecia estar em casa. Foi uma experiência fantástica. Depois<br />
visitamos o Convento das Carmelitas (onde as nossas vocacionadas ficam em regime de
clausura), ao lado do seminário. Visitamos, ainda a Catedral de <strong>Brasília</strong>, onde nós tivemos a<br />
graça de ganhar a indulgência.<br />
À noite, tivemos uma eucaristia belíssima com as comunidades mais velhas de<br />
Sobradinho. Mais uma vez Deus passou na minha história fortemente. Conheci pessoas que estão<br />
no mesmo Caminho que eu, que pensam igual a mim e com o mesmo objetivo: a vida eterna.<br />
Na manhã seguinte (domingo, 25/7), reunimos-nos novamente com as comunidades de<br />
Sobradinho para rezar as laudes. Depois fomos direto à Ermida Dom Bosco (local do encontro).<br />
Um local belíssimo, uma reserva natural às margens do lago Paranoá, parecia até que Deus<br />
estava preparando aquilo especialmente para mim, pois, ao entrar naquele local, senti um grande<br />
impacto visual e espiritual. Fiquei paralisado com a beleza esplêndida, com aqueles vários<br />
ônibus enfileirados, cada um com alguma mensagem escrita, com os <strong>irmãos</strong> que iam chegando e<br />
fazendo rodas de danças, e eu ia passando por aquele corredor de ônibus, cantando e tocando,<br />
junto com o pessoal do Nordeste. Quando vimos a bandeira do Ceará, foi a nossa vez de parar e<br />
fazer uma roda de dança. Tínhamos que esperar duas horas, mas o tempo passou tão rápido que<br />
logo começaram os ensaios. Depois seguiu a celebração da palavra. Na homilia, fiquei muito<br />
emocionado, a ponto de chorar. Deu-me uma vontade enorme de sair correndo dali, com a<br />
pregação de Dom João e, principalmente, com a pregação do Pe. José, pois vi que eu era um<br />
“pamonha”. Ele dizia que o Caminho não precisava de fariseus hipócritas, e sim de jovens<br />
verdadeiramente convertidos, que saibam dizer não ao maligno. Vi que meu sofrimento é por<br />
causa do meu egoísmo, que no fundo quero tudo pra mim, casas para mim, móveis, mulheres, e<br />
que se danem os outros. Vi que sou um desgraçado, que na verdade não sirvo para nada, e que se<br />
sou chamado a estar na Igreja, ou se sou salmista, é porque sou um pecador, por isso, na verdade,<br />
não sirvo à Igreja, é a Igreja que me serve, dando-me força e sabedoria, para que eu seja<br />
verdadeiramente feliz.<br />
No final do encontro, o Pe. José Folqué fez o chamado vocacional. Antes fez uma breve<br />
monição. Dizia que eu não precisava ter medo, que a santidade é para todos, e não só para<br />
vocacionados. Foi o chamado mais forte que eu já presenciei na minha vida. Depois pediu um<br />
minuto de silêncio. Foi aí que me entreguei completamente ao Senhor. Naquela hora eu já tinha<br />
dito meu sim para mim mesmo. Logo ele disse:<br />
- Se tem aqui algum jovem que está disposto a dar a vida ao serviço do Senhor, para ser<br />
um presbítero, que se levante agora!<br />
E se levantaram mais de duzentos jovens contando comigo. Confesso que não foi tão<br />
difícil, pois eu já estava preparado, já era meu terceiro chamado vocacional. Mas esse, com<br />
certeza, foi o mais emocionante de todos. Enquanto Raúl cantava o canto “Eu venho reunir”,<br />
desmanchava-me em lágrimas. Depois muitos me deram os parabéns pelo fato ocorrido, graças a<br />
Deus. E eu agradeci pela força.<br />
Ao término, fomos ao ônibus novamente e pegamos a estrada rumo a Sobral. Logo<br />
começaram os testemunhos. Na hora, eu não consegui dizer nada, pois ainda estava em “estado<br />
de choque”. Mas deixo aqui meu testemunho arquivado.<br />
O Senhor realmente fez e faz maravilhas por meio desses encontros, pelo menos para<br />
mim, foi como uma “etapa”. Espero que meu testemunho possa ajudar um pouco mais as pessoas<br />
que tiveram a oportunidade de participar desse emocionante encontro, e, principalmente, dos que<br />
não tiveram.<br />
A paz de Cristo! De seu irmão na fé em Jesus Cristo e de comunidade...<br />
Thiêgo Aragão Costa<br />
Comunidade 1 da paróquia da Sé de Sobral – CE.