Programa do Festival de Mafra. - Sapo
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Domingo, 23 <strong>de</strong> Outubro, 16h00<br />
UNE FÊTE GALANTE<br />
Música Francesa <strong>do</strong> Tempo da Regência<br />
LUDOVICE ENSEMBLE<br />
Orlanda Velez ISIDRO, soprano<br />
Joana AMORIM, traverso<br />
Sofia DINIZ, viola da gamba<br />
Fernan<strong>do</strong> Miguel JALÔTO, cravo<br />
“La vague <strong>de</strong>vient tendre, et le tout près, lointain” (Proust)<br />
Musicalmente, a Regência trouxe uma mudança <strong>de</strong> gosto e estilo.<br />
Os novos ventos <strong>de</strong> Itália varreram o mun<strong>do</strong> da música <strong>de</strong> câmara,<br />
vocal e instrumental, embora o universo conserva<strong>do</strong>r da ópera não<br />
lhe tenha si<strong>do</strong> indiferente. Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVII, cresceu a<br />
rivalida<strong>de</strong> entre os estilos italiano e francês. Segun<strong>do</strong> teóricos da<br />
época, o primeiro era teatral, espontâneo, imprevisível, apaixona<strong>do</strong>,<br />
virtuosístico, teatral: “la vivacité italienne”. O segun<strong>do</strong> era refina<strong>do</strong>,<br />
terno, rebusca<strong>do</strong> mas austero, subtil embora previsível: “la <strong>do</strong>uceur<br />
française”. Tinham porém o mesmo i<strong>de</strong>al: a Natureza <strong>de</strong>via ser a<br />
inspiração e mo<strong>de</strong>lo da Arte. No início <strong>do</strong> novo século os <strong>do</strong>is<br />
estilos tinham os seus í<strong>do</strong>los: pela França, um italiano emigra<strong>do</strong>,<br />
sobre-inten<strong>de</strong>nte da música da corte <strong>do</strong> Rei-Sol: Lully. Faleci<strong>do</strong><br />
em 1687, foi estima<strong>do</strong> e imita<strong>do</strong> até à Revolução Francesa; pela<br />
Itália e no rumo <strong>de</strong> M-A Charpentier, rival <strong>de</strong> Lully, campeavam<br />
Couperin, Leclair, Campra, Hottetterre e Montéclair, entre outros.<br />
Foram estes, hoje consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os gran<strong>de</strong>s representantes da escola<br />
francesa que, na ânsia <strong>de</strong> repudiar a tutela <strong>de</strong> Lully, assumiram a<br />
sedução pela música italiana. Este concerto ilustra o crepuscular<br />
encanto <strong>de</strong> uma “Fête Galante” et sa <strong>do</strong>uceur française.