Programa do Festival de Mafra. - Sapo

Sexta-Feira, 28 de Outubro, 21h30
DERRADEIRAS SONATAS DE SCHUBERT
Improviso D 899 nº 1, Sonatas D 959 & D 960
ANDREAS STAIER, pianoforte
(Instrumento Paul McNulty, segundo um modelo Conrad Graf, 1819)
O primeiro dos dois recitais de Staier é dedicado às duas últimas
sonatas de Schubert, as quais representam não só um momento
único na história da literatura para tecla de todos os tempos, como
confirmam o músico como um dos precursores fundamentais de
novas perspectivas da arte musical. Foram escritas em 1828, ano
da sua morte, um tempo de criatividade quase inconcebível, no
qual surgiram muitas das suas maiores obras-primas. Beethoven
morrera em 1827, facto a que não será alheio o recrudescimento do
trabalho de Schubert. Muitos têm levantado a hipótese segundo a
qual o vienense se terá sentido investido na qualidade de herdeiro
espiritual do alemão, seguindo embora o seu próprio caminho.
O concerto organizado por Schubert um ano após a morte de
Beethoven, cujo programa ele próprio compôs, parece confirmar
tal suposição. Seja como for, e conhecendo-se o modo como
ele viveu a ‘superioridade’ de Beethoven, a morte deste tê-lo-á
liberto das dúvidas sobre a sua aptidão de ombrear com o génio
beethoveniano. Se restasse qualquer hesitação sobre o lugar de
Schubert na história da música, as suas últimas sonatas bastariam
só por si para o erguer até ao vértice ocupado pelos maiores
compositores de sempre. Andreas Staier toca num instrumento
construído por Paul McNulty, segundo um Conrad Graf de 1819,
idêntico aos que Schubert conheceu, e que foi expressamente
trazido de Praga pelo seu construtor.