8 Antes, porém, de apresentar sugestões para mudanças de comportamento, de estruturas, em nossa mãe e mestra, a Igreja, convém recordar as condições para reformas bemsucedidas, sugeridas pelo grande teólogo Yves Congar: 1. Primazia da caridade e da pastoral; 2. Manter-se em comunhão com o todo: nunca se deve perder o contato vivente com todo o corpo da Igreja; 3. Paciência e respeito para com prazos da Igreja; 4. Apostar na reforma como retorno aos princípios da Tradição, às fontes, à Bíblia, a Jesus. Isto posto, vão algumas sugestões: 1. Reforma inadiável: urgência de sermos santos, de abraçarmos com entusiasmo o desafio-convite de Jesus: “Sejam perfeitos, como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Necessidade de trabalharmos por sólida espiritualidade, por mística verdadeiramente contagiante. 2. Urgência de Igreja “com fome e sede de justiça”, com autêntico protagonismo dos leigos. 3. Igreja intensamente ministerial, com viva participação de leigos e leigas exercendo ministérios, serviços, em decorrência da exigência do batismo e da crisma. 4. A paróquia é convocada a ser rede de comunidades articuladas, abraçando o Plano de <strong>Pastoral</strong> de Conjunto da diocese. (Não podemos esperar reformas em outros níveis quando, nos campos de nossa competência, somos pouco criativos, omissos até.) 5. Toda comunidade deve ter a possibilidade de participar efetivamente da eucaristia. Para isso, ao lado de presbíteros celibatários, temos urgência de chamar homens casados, de comprovada vida cristã familiar, profunda vivência comunitária, competência profissional, para serem ordenados presbíteros. Milhares de comunidades estão privadas da santa missa dominical por falta de presbíteros. <strong>Vida</strong> <strong>Pastoral</strong> – janeiro-fevereiro 2012 – ano 53 – n. 282 6. Estudar e redefinir a missão, o papel, da Nunciatura Apostólica. Não podemos continuar com a sistemática presente na nomeação, na transferência de bispos. Não é possível, por exemplo, que dioceses fiquem por tanto tempo sem bispo diocesano. 7. Estudar com atenção, na prática de Jesus, o papel da mulher na Igreja. Nada de ficarmos amarrados a atitudes culturais, marcadas por intenso machismo, com o qual Jesus não compactuou em seu tempo. 8. A comunhão e a participação são realidades preciosas, devendo ser respeitadas em todos os níveis da Igreja. A comunhão com o papa é fundamental. A comunhão na Igreja toda é mandamento de Jesus. Contudo, precisamos respeitar os diversos níveis de decisão. Colocar tudo nos ombros da Cúria Romana é ceder a um centralismo que já não funciona. Confunde-se comunhão com centralização, com cerceamento das atribuições que devem ser de responsabilidade das conferências episcopais, das dioceses. 9. A Igreja nas metrópoles deve ter consideração especial. Uma diocese na metrópole não pode ser tratada pastoralmente, no governo episcopal, como pequena diocese do interior. 10. Estruturas e instrumentos de participação devem ser criados, valorizados. Conselhos de presbíteros, de leigos, de pastoral, de administração, entre outros, precisam funcionar com competência, liberdade de expressão. O instinto de autoafirmação, quando não posto a serviço da verdade buscada em comunidade, descamba em autoritarismos, criando burocratas, não pastores. 11. O jurídico deve estar a serviço da comunhão, não o contrário. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado” (Mc 2,27). Em amplas áreas, vivemos o império do jurídico, esquecidos, na prática, de que “devemos ter diante dos olhos a salvação das pessoas, que, na Igreja, deve ser sempre a lei suprema” (Cân 1.747). 12. Os teólogos são merecedores de apoio, incentivo real. Necessitamos de nova
linguagem para a transmissão da fé de modo apropriado. 13. Urgentes questões referentes a ética, matrimônio, sexualidade, natalidade, segundas núpcias e recepção da eucaristia precisam de tratamento pastoral, teológico, sociológico, psicológico, afetivo, congregando o parecer, as declarações, não somente de ministros ordenados, mas também de leigos(as) que amam a Igreja, são peritos e vivem imersos na dura e complexa realidade. Ele caminha conosco! É maravilhoso constatarmos que o Senhor Jesus, fiel à sua palavra, caminha com sua Igreja, está no meio de nós! Seu Espírito nos une, vivifica, santifica, renovando a face da terra! Confiantes, vamos avante, de esperança em esperança, na esperança sempre! <strong>Vida</strong> <strong>Pastoral</strong> – janeiro-fevereiro 2012 – ano 53 – n. 282 9
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