A PSICOLOGIA NO CTI – ADULTO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ...
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necessidades. Mas o (re)nascimento exige que a pessoa-bebê respire por si mesma e que,<br />
nas vias do desejo, (re)viva. (MOURA, 1999)<br />
Quando uma pessoa é internada num <strong>CTI</strong>, com freqüência podemos pensar no estado<br />
de desamparo vivenciado pelas pessoas quando esta não dispunha no recursos para efetuar<br />
a ação específica que aliviaria a tensão provocada pelo estado de necessidade. Nesses<br />
casos, o paciente se torna impotente, incapaz muitas vezes de efetuar uma ação específica<br />
para o alívio da tensão interna advinda da dor, sede, fome, impossibilidade de andar,<br />
movimentar-se na cama, falar e até mesmo respirar. Ele, incluindo o paciente em coma,<br />
estará à mercê de um outro que poderá ou não atender sua demanda, ou seja, é este outro<br />
quem preservará os procedimentos necessários à vida do paciente (dieta, oxigênio,<br />
medicação, posição, exames...).<br />
“O sujeito sofre, mas o fato de falar ao analista faz com<br />
que ele tome uma distância em relação ao seu sofrimento.<br />
Essa função do analista, de escutar, por si só pode ser<br />
terapêutica proporcionando uma certa contenção,<br />
evidenciando que a pessoa não está sozinha na sua dor.<br />
Não se trata apenas de escutar, mas sobretudo de levar<br />
quem fala a se escutar. À medida que o paciente fala, ele<br />
também se ouve, podendo assim surgir o novo,<br />
acarretando modificações. Com o paciente em coma, a<br />
situação se inverterá, pois nós falaremos por ele, tentando<br />
nomear e aliviar sua dor, permitindo que ele se sinta<br />
acolhido e compreendido.” (MOURA, 1999: p. 45)<br />
O doente internado torna-se um paciente, sem trocadilhos, uma pessoa resignada aos<br />
cuidados médicos, que deve esperar serenamente a melhora de sua doença. Esse paciente<br />
desnudado por uma instituição total, perde sua identidade, torna-se vulnerável, submisso e<br />
dependente. Compete ao paciente, se estiver consciente, calar-se. O bom paciente na UTI<br />
permanece sedado, quase morto, mesmo que esteja buscando a vida.<br />
Muitos dos que sobrevivem à experiência de internação sobreviveram por haver<br />
algo mais além de aparelhos e tecnologia. Talvez desejo de continuarem vivos. Por outro<br />
lado, há também que se pensar na opção que alguns pacientes fazem pela morte. Não vêem