01.06.2013 Views

OS TEMPOS DO SUJEITO DO INCONSCIENTE - Campo Psicanalítico

OS TEMPOS DO SUJEITO DO INCONSCIENTE - Campo Psicanalítico

OS TEMPOS DO SUJEITO DO INCONSCIENTE - Campo Psicanalítico

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

_____________________________________________________▪ O tempo e estruturas clínicas<br />

Tempo para fazer-se homem<br />

freqüência com que o sintoma<br />

Ada fobia vem se apresentando<br />

na clínica, em especial, aquela<br />

fobia capaz de produzir uma<br />

descontinuidade na vida do<br />

sujeito, como o afastamento<br />

da vida escolar e social de<br />

jovens rapazes, tem me levado<br />

a refletir a respeito desse fato clínico, sem,<br />

no entanto perder de vista a singularidade<br />

dos casos concernidos ao mesmo fenômeno.<br />

O título escolhido – Tornar-se<br />

homem – advém das primeiras reflexões<br />

sobre as observações clínicas referidas.<br />

Alguns sujeitos parecem precisar de mais<br />

tempo que outros, mergulhando num longo<br />

tempo para compreender, acompanhado do<br />

isolamento no ambiente familiar evitando<br />

assim o contato com espaços públicos, e<br />

conseqüentemente todos os riscos ali<br />

implicados.<br />

Tempo para que? Para poder<br />

responder aos apelos fálicos, como a posição<br />

em relação a diferença sexual, à assunção de<br />

seu próprio sexo, e sobretudo em relação ao<br />

desejo que apontará para a possibilidade de<br />

gozar do corpo de um parceiro? Para<br />

assumir a responsabilidade pelas próprias<br />

escolhas? Para encontrar um lugar na<br />

estrutura significante, através do trabalho de<br />

identificação? Enfim, tempo para fazer-se<br />

homem, já que os casos que me inspiram a<br />

essa elaboração referem-se a sujeitos que se<br />

encontram na passagem de meninos para<br />

homens?<br />

Centrarei minha reflexão a luz de três<br />

casos clínicos que como observado acima<br />

possuem alguns pontos em comum. Caso A<br />

– Menino, 13 anos. A angústia é<br />

desencadeada a partir da ausência da mãe<br />

determinada por uma cirurgia de<br />

ANAIS <strong>DO</strong> V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCL<br />

Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do <strong>Campo</strong> Lacaniano<br />

05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)<br />

232<br />

Ida Freitas<br />

hemorróidas. Desde então passa a recusar-se<br />

a ir a escola, e isso dura aproximadamente 2<br />

anos e meio. Os sintomas eram múltiplos<br />

caracterizando um quadro de medo e<br />

angústia com seus efeitos sobre o corpo, que<br />

passa a funcionar como um termômetro para<br />

os passos e pensamentos do sujeito. A isolase<br />

em casa relacionando-se apenas<br />

virtualmente com seus semelhantes, vivendo<br />

um mundo paralelo através de seu jogo<br />

preferido em um Chat da Internet. Vem a<br />

análise estabelecendo sem dificuldades um<br />

laço transferencial positivo e produtor de<br />

saber, mas que exige tempo, a temporalidade<br />

própria da associação livre, segundo Soler<br />

(Um tempo a mais – Heteridade 3<br />

p.103) que é a dos enunciados, que colocam<br />

os ditos em série. Apesar do inconformismo<br />

familiar, do freqüente questionamento dos<br />

amigos e de seu próprio tédio A esteve,<br />

exceto por poucas tentativas de retorno a<br />

escola, impassível na sua decisão de não ir a<br />

escola. A análise que teve como fio condutor<br />

a pergunta: o que é um pai? Que se desloca<br />

para: o que é ser um homem? E que encontra<br />

a resposta identificatória, que lança o sujeito<br />

no futuro de seu desejo: Quero ser um<br />

homem bom como meu pai. Se conseguir ser<br />

para alguém o que meu pai, apesar de sua<br />

ignorância, foi para mim, ficarei satisfeito.<br />

Caso B – Menino, 16 anos, desmaia<br />

no Shopping, apresentando a partir daí o<br />

medo de desmaiar em lugares públicos,<br />

encerrando-o em casa na companhia de seu<br />

computador. Inicia a análise e interrompe os<br />

estudos por 3 anos. Sua análise traz uma<br />

lembrança infantil, viu sua mãe traindo seu<br />

pai e silenciou sobre isso. Outra lembrança<br />

importante: quando seu avô morreu pensou:<br />

eu serei o próximo. O desmaio surge como<br />

metáfora da morte, que o coloca ao abrigo de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!