1 museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes AT
1 museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes AT
1 museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes AT
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ao fim <strong>de</strong> poucos anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva<br />
abstractizante e tendo sentido uma certa<br />
saturação, Maria Lucília Moita, sempre<br />
insatisfeita com o adquirido, reencontrou,<br />
no início da década <strong>de</strong> oitenta, a sua<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a dois níveis, na estabilização da<br />
sua própria «escrita pictural», <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> sucessivas experimentações, voltando<br />
a ocupar todo o espaço plástico do suporte,<br />
e no «regresso» aos seus «temas» <strong>de</strong><br />
sempre, em perfeita sintonia com o intenso<br />
lirismo que a Natureza sempre <strong>de</strong>spertou<br />
na sua apurada sensibilida<strong>de</strong>. Com efeito,<br />
ao sair do momento abstracto «orgânico»,<br />
Maria Lucília regressou a um novo tipo <strong>de</strong><br />
paisagismo, cada vez mais interior, apenas<br />
tornado possível por essa incontornável<br />
experiência <strong>de</strong> ascese formal que <strong>de</strong>finira<br />
o seu percurso imediatamente anterior.<br />
Noutro lugar <strong>de</strong>monstrámos que a pintura<br />
«<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro» que Maria Lucília Moita<br />
sempre realizou mas principalmente<br />
aquela que nos últimos vinte e poucos anos<br />
apresentou respon<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um modo faseado<br />
e na típica inquietu<strong>de</strong> do seu modo<br />
<strong>de</strong> «estar no mundo», a esse grandioso<br />
<strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato comum ao Oriente<br />
e ao Oci<strong>de</strong>nte: pintar a inesgotável riqueza<br />
da paisagem interior.<br />
A reinvenção da paisagem na última<br />
fase da obra <strong>de</strong> Maria Lucília Moita está,<br />
finalmente, representada pelas obras<br />
Barreiras do Covão <strong>de</strong> Feto, <strong>de</strong> 1984,<br />
Da minha serra, <strong>de</strong> 1986, Das Carreiras,<br />
<strong>de</strong> 1989 e por Margens do Tejo, <strong>de</strong> 1995.<br />
Em todos eles, Maria Lucília Moita<br />
coloca-nos perante uma paisagem interior<br />
que é feita da sua comunhão multifacetada<br />
com o Mundo, um mundo que a pintora<br />
insistia em querer ver e ler como um<br />
poema.<br />
Fernando António Baptista Pereira<br />
Pedras <strong>de</strong> S. Martinho do Porto<br />
1959<br />
45x58<br />
Pedra Castanha<br />
1969<br />
40x48<br />
116<br />
117 <strong>museu</strong> <strong>ibérico</strong> <strong>de</strong> <strong>arqueologia</strong> e <strong>arte</strong> <strong>de</strong> <strong>abrantes</strong><br />
Intimida<strong>de</strong> da Pedra<br />
1969<br />
40x48<br />
[em baixo]<br />
Pedras e água<br />
1970<br />
60x46