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Na Estrada do Bosque - Unifenas

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A taverna portuguesa, fa<strong>do</strong>s, toca<strong>do</strong>res de violões de sete<br />

cordas com paletó e gravata, cantoras com xale. O cal<strong>do</strong> com<br />

feijão parece comida brasileira. E o fa<strong>do</strong> português conta histórias<br />

tristes de amor e desencontros. Dona Alzira se entusiasma:<br />

“Aqui enten<strong>do</strong> o que falam”. Parecem-lhe estranhos<br />

os lugares santos: Jerusalém, tu que matas os profetas e apedrejas<br />

aqueles que te são envia<strong>do</strong>s. E Jerusalém não comove<br />

tanto Dona Alzira. Mas não lhe fez perder a fé: “Aqui tu<strong>do</strong> é<br />

muito escuro”. É a sentença com que Dona Alzira define<br />

Jerusalém. Não é admissível que um profeta morra fora de<br />

Jerusalém: a frase é de São Lucas. “Tu me criaste como sou,<br />

e teus desígnios são impenetráveis”. Sartre, neste romance,<br />

usan<strong>do</strong> a técnica de simultaneidade desenvolvida pelo escritor<br />

americano John <strong>do</strong>s Passos na sua trilogia. Agora imitada<br />

pobremente nestas Sombras. Tu<strong>do</strong> descrito com simultaneidade,<br />

fora <strong>do</strong> espaço e <strong>do</strong> tempo, desordena<strong>do</strong>, aparentemente<br />

sem lógica como queria com sua técnica John <strong>do</strong>s Passos.<br />

Não há dúvida, não há dúvida, será preciso repetir o<br />

“haikai” de Millor Fernandes: “A verdade, a verdade, é que<br />

sou um homem da minha idade”.<br />

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