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Criação neológica no universo feminino - Cielli

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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />

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Introdução<br />

CRIAÇÃO NEOLÓGICA NO UNIVERSO FEMININO<br />

Fernanda Callefi (G-PIC/UEM)<br />

Ana Cristina Jaeger Hintze (UEM)<br />

Este artigo tem como proposta analisar a formação de neologismos, ou seja, palavras<br />

<strong>no</strong>vas, pois quando são analisados, recorre-se à morfologia, visto que se torna<br />

necessário entender seus processos de formação e depreender seus elementos<br />

formadores. Além disso, a criação de <strong>no</strong>vas palavras atende às necessidades sociais,<br />

culturais e psicológicas do falante. Por isso, será apresentada uma breve definição de<br />

neologismo, em que se define o critério de formação de uma <strong>no</strong>va palavra com seus<br />

respectivos sentidos. Nessa perspectiva, examinam-se diferentes contextos como:<br />

revistas, blogs, revistas eletrônicas, programas de tv, filmes, entre outros. Para finalizar,<br />

serão analisados os diversos neologismos encontrados com intuito de observar suas<br />

semelhanças e diferença, a produtividade para a expressividade da língua com seus<br />

respectivos comportamentos linguísticos.<br />

Inicialmente, para entendermos a que se refere neologismo, ressaltaremos o ponto de<br />

vista do linguísta Aro<strong>no</strong>ff (56) que afirma: “Todos os processos regulares de formação<br />

de palavras são baseados na palavra. Uma <strong>no</strong>va palavra é formada pela aplicação de<br />

uma regra a uma palavra já existente”.<br />

1. O léxico<br />

Léxico é o conjunto das unidades significativas de uma dada língua, num<br />

determinado momento da sua história. Alguns linguistas relacionam o par<br />

léxico/vocabulário com as oposições preconizadas por Saussure entre langue/parole. As<br />

unidades virtuais do léxico, que constituem sistemas abertos (ou inventários ilimitados)


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são atualizadas <strong>no</strong> discurso. Nesse contexto, léxico opõe-se à gramática, dado que o<br />

léxico é um sistema aberto e a gramática um sistema fechado.<br />

Na gramática gerativa, o léxico tem um lugar de destaque, pois abrange a<br />

componente que contém todas as propriedades estruturais dos itens lexicais, isto é, a<br />

especificação morfofo<strong>no</strong>lógica, os traços sintáticos, categoriais e contextuais. Diz-se<br />

unidade lexicalizada a entidade constituída por várias palavras gráficas que sofreu um<br />

processo progressivo de fixação: bater as botas (morrer), por exemplo.<br />

2. Marcas do desenvolvimento social <strong>no</strong> léxico<br />

Para Benveniste (1989), a língua e a sociedade mantêm entre si uma relação<br />

semiótica de interpretante (língua) e interpretado (sociedade), em que esta é contida por<br />

aquela. O nível linguístico em que a relação língua/sociedade é mais explícita, ou<br />

evidente, é o léxico. Como, porém, ressalta o autor, não é possível examinar o léxico<br />

fora de sua enunciação, ou seja, a língua tem de ser analisada em relação à sua realidade<br />

social.<br />

No léxico é que se rotulam as mudanças encadeadoras dos caminhos e dos<br />

descaminhos da humanidade, além de comporem o cenário de revelação tanto da<br />

realidade quanto dos fatos culturais que permeiam a sua historia. O léxico é marcado<br />

pela mobilidade, isto é, as palavras e as expressões com elas construídas surgem,<br />

desaparecem, perdem ou ganham significações.<br />

A necessidade de comunicar-se obriga os usuários da língua a se lançarem <strong>no</strong> uso de<br />

unidades lexicais para enunciarem seus pensamentos por meio de entidades vocabulares<br />

que, nem sempre, estiveram ou estão disponíveis para o seu uso impondo-se, desta<br />

forma, a urgência de criá-las ou evocá-las <strong>no</strong> fragor do ato expressivo. O falante é<br />

instado a ampliar o seu inventário vernacular para dar conta do seu entor<strong>no</strong> e do seu<br />

estar-<strong>no</strong>-mundo, sob a pena de ser exilado dos jogos de conveniência que contém, na<br />

palavra, o seu penhor e a sua fonte de produção.


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O léxico só pode ser adequadamente interpretado quanto analisado a partir do<br />

contexto em que foi enunciado, isto é, a partir de sua enunciação, da relação produto<br />

(enunciado) / processo (enunciação).<br />

A língua é um processo de evolução interrupto, que se realiza através da interação<br />

verbal social dos locutores, ou seja, não é possível procurar o sentido fora da interação,<br />

conforme Bahktin (1988).<br />

3. A evolução interrupta da língua – Neologia e Neologismos<br />

A evolução da língua está inteiramente ligada à necessidade de expressão do falante.<br />

Isso significa dizer que se o falante cognitivamente cria uma sensação, ele terá de<br />

<strong>no</strong>meá-la, ou utilizando um referente já existente na língua ou criando um <strong>no</strong>vo léxico<br />

para representá-la. Cada <strong>no</strong>vo item criado, utilizado e institucionalizado dá suporte para<br />

a evolução do acervo daquela língua. Isso mostra que o acervo lexical de todas as<br />

línguas vivas se re<strong>no</strong>va. Enquanto algumas palavras deixam de ser utilizadas e tornamse<br />

arcaicas, uma grande quantidade de unidades léxicas é criada pelos falantes de uma<br />

comunidade linguística. Ao processo de criação lexical dá-se o <strong>no</strong>me de neologia. O<br />

elemento resultante, a <strong>no</strong>va palavra, é de<strong>no</strong>minado neologismo.<br />

O estudo da língua portuguesa <strong>no</strong>s revela que o léxico português tem ampliado seu<br />

acervo por meio de mecanismos oriundos do latim, por meio da derivação e a<br />

composição. Além disso, há o processo de empréstimo proveniente de contatos íntimos<br />

entre a comunidade de fala portuguesa e outros povos.<br />

Ao criar um neologismo o emissor tem, muitas vezes, plena consciência de que está<br />

i<strong>no</strong>vando, gerando <strong>no</strong>vas unidades léxicas, pelos processos de formação vernaculares ou<br />

pelo emprego de estrangeirismo. Essa sensação de neologia traduz-se graficamente por<br />

processos visuais como aspas, maiúsculas e itálico, que visam a realçar o resultado da<br />

criatividade lexical. É através dos meios de comunicação de massa e de obras literárias<br />

que os neologismos recém-criados têm oportunidade de serem conhecidos e,<br />

eventualmente, serem difundidos. Porém, ser conhecido pelo falante é diferente de<br />

pertencer ao acervo lexical de uma língua. Nesse caso, o que ocorre é que a comunidade<br />

linguística, pelo uso do elemento neológico ou pela sua não-difusão, decide sobre a


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integração dessa <strong>no</strong>va formação ao idioma. O dicionário ainda representa a maior obra<br />

lexiográfica existente, não apenas <strong>no</strong> português, mas também em outros idiomas,<br />

portanto. A institucionalização significa que uma formação foi abonada e incluída <strong>no</strong><br />

dicionário.<br />

4. Alguns conceitos de neologismo<br />

Apresentam-se aqui algumas definições de neologismo <strong>no</strong>s dicionários e obras<br />

especializadas. De acordo com a obra ”Língua e linguagem em questão organizadora”<br />

(1997, p. 88).<br />

a) No Aurélio: (1997, p. 88)<br />

neo+logo+ismo + palavra, frase ou expressão <strong>no</strong>va, ou palavra antiga com sentido<br />

<strong>no</strong>vo.<br />

b) Em Mattoso Câmara Jr.: (1997, p. 88)<br />

Neologismos – i<strong>no</strong>vações lingüísticas que se formam numa língua dada. Pode tratarse<br />

de:<br />

a) vocábulos <strong>no</strong>vos (neologismos vocabulares)<br />

b) <strong>no</strong>vos tipos de construção frasal (neologismos sintáticos).<br />

c) Em Dubois et alii: (1997, p. 88)<br />

Neologia é o processo de formação de <strong>no</strong>vas unidades léxicas (palavras <strong>no</strong>vas e<br />

<strong>no</strong>vas combinações). Chama-se neologismos toda palavra de criação recente ou<br />

emprestada há pouco de outra língua, ou toda acepção <strong>no</strong>va de uma palavra mais<br />

antiga.<br />

d) Em Zélio dos Santos Jota: (1997, p. 89)


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Neologismo é a palavra ou construção de criação recente; formado <strong>no</strong>rmalmente<br />

com elementos da própria língua, não raro é produto de empréstimo<br />

(estrangeirismo). Ex: turnê (de turné)<br />

e) Em Rodrigues Lapa: (1997, p. 89)<br />

Neologismos são <strong>no</strong>vos meios de expressão, inventados por quem fala e escreve um<br />

idioma.<br />

5. Tipos de formação de palavras<br />

Para a análise das palavras selecionadas utilizamos tipos específicos de formação de<br />

palavras . São eles:<br />

• Justaposição: Elementos de uma palavra composta que apenas se justapõe,<br />

conservando cada qual sua integridade de forma e acentuação (jogo-trei<strong>no</strong>, bateboca,<br />

tira-gosto);<br />

• Aglutinação: Quando ao combinar-se perdem alguns elementos mórficos<br />

(planalto, aguardente, pernilongo);<br />

• Truncação: Junção com fragmentação de bases na qual uma palavra carrega a<br />

outra (showmício = show + comício).<br />

• Redução: Consiste na subtração de algum morfe ou segmento terminal da<br />

palavra-base, ou ainda da abreviação de longos títulos;<br />

• Derivação regressiva: Verbos que se tornam substantivos abstratos (agito –<br />

agitar);<br />

• Abreviação: O sintagma é reduzido de modo a tornar-se mais eficaz <strong>no</strong> processo<br />

de comunicação;<br />

• Acronímia ou derivação de siglas: Formação de unidades lexicais que compõe<br />

um sintagma (PT – petista);<br />

• Reduplicação: Consiste na repetição da vogal ou consoante, acompanhada quase<br />

sempre de alternância vocálica, para formar uma palavra imitativa (vapt vupt,<br />

xixi).


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6. Pesquisas Neológicas<br />

Segue uma seleção de análise de neologismos encontrados na versão on-line ou<br />

mesmo impressa das revistas Capricho (publico alvo: adolescente) e Gloss (publico<br />

alvo: jovem), ambas da editora Abril.<br />

6.1. Neologismos semânticos<br />

Segundo Alves (1990) muitos neologismos são criados na língua portuguesa sem que<br />

se opere nenhuma mudança formal em unidades lexicais já existentes. Qualquer<br />

transformação semântica manifestada num item lexical ocasiona a criação de um <strong>no</strong>vo<br />

elemento que, nesse caso, trata-se do neologismo semântico. Por meio dos processos<br />

estilísticos da metáfora, da metonímia, da sinédoque..., vários significados podem ser<br />

atribuídos a uma base formal e transformam-na em <strong>no</strong>vos itens lexicais. É o caso do<br />

sintagma “trem da alegria” que apresenta peculiaridades interessantes. Difundido com o<br />

significado de “contratações de funcionários públicos de maneira irregular”, a<br />

freqüência de seu emprego tem causado a criação analógica de unidades sintagmáticas<br />

em que a base determinada é modificada com finalidade satírica.<br />

São exemplos de neologismo semânticos.<br />

1. Sanduba<br />

A formação dessa palavra ocorre por meio de aglutinação e de truncamento, sendo<br />

modificada pelo falante devido a fatores estilísticos de língua. Exerce função de<br />

substantivo e foi encontrada na propaganda da Hellman’s na revista Veja (1 de Julho<br />

de 2009).<br />

2. Click<br />

Verbo derivado da palavra “clic” que foi criada devido o barulho feito pelo mouse<br />

<strong>no</strong> momento de selecionar um link <strong>no</strong> computador. Portanto, clicar é o ato de apertar


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o mouse. Pode ser encontrada em diversos contextos, pois é uma palavra produtiva<br />

na língua. No caso, é utilizado por uma empresa de fotos, assim por meio do “click”<br />

é possível que seus ’’clientes’’ visualizem as foto. (www.clickdogato.com.br).<br />

3. Rola<br />

Essa palavra foi encontrada <strong>no</strong> refrão da música “Sinceramente” da banda Cachorro<br />

Grande, em que aparece: “gostei do jeito como rola com você”. Além desse<br />

contexto, o léxico “rola” aparece em outros vários se referindo ao mesmo<br />

significado: acontece. Esse é um exemplo clássico de neologismo semântico, <strong>no</strong><br />

qual um vocábulo já existente recebe um <strong>no</strong>vo significado.<br />

4- Total flex<br />

Turma total flex. Estudos recentes e ate estatísticas já reconhecem: bissexuais não<br />

são indecisos ou gays enrustidos. São pessoas que gostam de ambos os sexos. –<br />

Revista Gloss – 02/01/2010<br />

Palavra de origem inglesa que significa cabo total. No Brasil alem deste termo<br />

ser empregado para veículos que podem ser abastecidos tanto com álcool ou com<br />

gasolina, este termo também pode ser agregado as pessoas que se relacionam com<br />

ambos os sexos, pertence a classe dos adjetivos. (edição 28/2010).<br />

6.2. Neologismos Lexicais ou Formais<br />

Segundo Henriques (2007), o neologismo lexical ou formal é formado a partir de<br />

critérios variados, aceitando-se a invenção de uma palavra sem lógica linguística a não<br />

ser a junção de letras ou sons, o que correspondia aos “neologismos fo<strong>no</strong>lógicos” de<br />

acordo com Alves (1990). Pode-se afirmar que são palavras que possuem inspiração em<br />

outras, podendo algumas vezes gerar outros neologismos através das mesmas razões,<br />

produzindo uma <strong>no</strong>va formação com vínculos mais fo<strong>no</strong>lógicos do que semânticos.<br />

1. Vovozona


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Palavra que dá <strong>no</strong>me a um filme america<strong>no</strong> e que remete a idéia das avós que deixam os<br />

netos fazerem bagunças (zona). Vovó- é a redução de avó seguida pela duplicação de<br />

vó, juntada a base zona, formando uma palavra composta por justaposição. Essa palavra<br />

faz parte da classe dos substantivos. É também um neologismo semântico.<br />

2. Superfácil<br />

’’Esta solteira e detesta dormir sozinha? Me Pillow pode resolver seu problema.<br />

Confortável e macio ele vem com pijama de microfibra superfacil de lavar!’’<br />

A palavra Superfácil caracteriza algo extremamente fácil, ou seja, a junção das duas<br />

palavras enfatiza a mensagem. Essa palavra pertence à classe dos adjetivos é uma<br />

composta por justaposição e foi encontrada na Revista Gloss (edição 403/09)<br />

3. Nerdismo<br />

“Nerd” é uma palavra estrangeira emprestada para o português que funciona como<br />

de<strong>no</strong>minação de pessoas que estudam muito, têm um jeito próprio de se vestir e por isso<br />

acabam caracterizando um portótipo social, Nessa palavra, ele funciona como raz +<br />

sufixo –ismo que é um sufixo grego e caracteriza adjetivos. É ela palavra pertencente a<br />

classe dos adjetivos e foi formada através da derivação sufixal.<br />

4. Ficante<br />

“O Bru<strong>no</strong> está solteiro e quer uma menina que tenha estilo, se de bem com os amigos<br />

dele, que respeite seus gostos e seja muita amiga. Tem que ser companheira e muito<br />

mais que apenas uma ficante, namorada,,,” - Blog do jerri – 18/01/2010<br />

Derivada do verbo ficar ocorre o processo de derivação sufixal fica + -nte, tal sufixo<br />

traz a idéia de agente. Neste contexto, e a pessoa com a qual o garoto quer passar alguns<br />

momentos. Pertence a classe dos substantivos.<br />

5. Chocólatra


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Palavra referente aquele que gosta muito de comer chocolate. Foi encontrada na<br />

internet, <strong>no</strong> site da marca Nestlé. É um adjetivo formado através da derivação sufixal<br />

pois:<br />

Choco – prefixo – chocolate<br />

Latra – Sufixo que remete a vício, vem do grego “latra”= adorador.<br />

6. Coisada<br />

Palavra derivada do substantivo coisa, mas que continua sendo um substantivo. Foi<br />

encontrada na internet, <strong>no</strong> blog “trashelp” <strong>no</strong> seguinte contexto: “minha maquiagem está<br />

coisada”.<br />

7. Customizados – blog estilosas da capricho – 28/01/2010<br />

Camisetas bem largas, algumas ate masculinas, com alguns detalhes customizados para<br />

ficar com jeito de menina.<br />

Palavra formada por truncação (junção de fragmentos de bases, na qual uma palavra<br />

carrega a outra) custo + minimizados . E um termo utilizado para custos reduzidos .<br />

Pertence a classe dos adjetivos.<br />

8. Maxine<br />

Maxine: era tudo mentira?<br />

Palavra encontrada na revista Capricho (edição 1068/09) que remete à junção dos<br />

<strong>no</strong>mes do casal famoso por participar do Big Brother Brasil: Maximilia<strong>no</strong> e Francine.<br />

Pertence a classe dos substantivos e é formada através de composição por aglutinação<br />

ou truncamento.<br />

6.3. Neologismos formados por estrangeirismos<br />

Segundo Alves (1990), itens lexicais de diferentes idiomas são empregados na língua<br />

brasileira e essa utilização é de<strong>no</strong>minada estrangeirismo. O estrangeirismo é facilmente<br />

encontrado em vocabulários técnicos - esportes, eco<strong>no</strong>mia e informática – como


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também em outros tipos de linguagens especiais: publicidade e colunismo social. No<br />

caso da linguagem publicitária de jornais e revistas, estrangeirismos são frequentemente<br />

citados em propagandas referentes a produtos importados: aparelhos de som, dvd, etc. A<br />

integração do estrangeirismo depende também da incorporação ortográfica da unidade<br />

lexical estrangeira ao sistema português. Para isso não existe uma regra, e muitos<br />

empréstimos já foram assimilados, como abajur e xampu<br />

1. Blog<br />

Passo por alguns blogs de moda todos os dias – blog estilisas da Capricho –<br />

11/02/20010<br />

Neologismo criado para dar <strong>no</strong>me a um pseudo-diário existente <strong>no</strong> mundo virtual. É<br />

composto através do empréstimo da língua estrangeira.<br />

2. Clean<br />

Mas lembre: para um olho colorido ou destacado, boca clean. – Revista Capricho –<br />

03/01/2010<br />

Clean pode ser traduzido como puro ou claro, trata-se de uma palavra de origem<br />

americana. No contexto, clean esta funcionando como claro, assim sendo, pode-se dizer<br />

que pertence à classe dos adjetivos. (edição 1087/2010).<br />

3. Blogueira<br />

As blogueiras da Capricho. – blog de moda da Capricho – 14/01/2010<br />

Palavra formada por derivação sufixal do substantivo blog, cujo sufixo –eira remete a<br />

idéia de causa produtora.<br />

4. Test drive<br />

“Nos últimos meses, tem feito um test drive a capital paulista”- Revista Gloss-<br />

02/01/2010


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Palavra de origem inglesa que pode ser traduzida como teste de passeio. Pode-se<br />

observar <strong>no</strong> contexto que o termo esta funcionando como uma experiência. Pertence à<br />

classe dos substantivos. (edição 28/2010).<br />

5. Photoshopar<br />

É um estrangeirismo derivado do <strong>no</strong>me inglês para programa de edição de fotografias.<br />

Photoshopar, portanto, é o ato de utilizar esse recurso, ou seja, um verbo. Foi<br />

encontrado devido ao uso recorrente dos indivíduos que fazem uso desse programa, o<br />

photoshop.<br />

6.4. Neologismos formados por siglas e abreviaturas<br />

Os neologismos formados pelo processo de siglas ou abreviaturas ocorrem de<br />

maneira simples e óbvia, segundo Alves (1999) o sintagma é reduzido de modo a<br />

tornar-se mais eficaz <strong>no</strong> processo de comunicação.<br />

1. SMA<br />

Essa sigla foi encontrada na revista Capricho (1068/09) e é sigla das palavras Super<br />

Melhor Amiga. Foi formada através da acronímia, que pode ser definida como formação<br />

de unidades lexicais através da combinação das letras iniciais das palavras que compõe<br />

um sintagma.<br />

2. Mercosul<br />

Essa sigla coincide com a aglutinação de partes me<strong>no</strong>res de vocábulos, nesse caso,<br />

mercado + sul. Sabemos que Mercosul é conhecido como o Mercado Comum do Sul da<br />

América.<br />

Conclusão


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O principal ponto de análise observado durante o desenvolvimento desse artigo foi a<br />

constituição viva da língua, possibilitando a compreensão de que os neologismos<br />

existem exatamente porque a língua é, segundo Saussure, um elemento que se torna<br />

vivo a partir do ato da fala. O falante possui um acervo de possibilidades que estão á sua<br />

disposição. Está claro que não há limites para a língua em uso, que um vocábulo pode<br />

dar <strong>no</strong>me a um elemento, mas também pode significar outro, como ficou exemplificado<br />

com os neologismos semânticos.<br />

Esse artigo buscou ilustrar a formação de <strong>no</strong>vas palavras, explicar e exemplificar os<br />

tipos de formação de palavras e também propor uma discussão a respeito das definições<br />

de neologismos por meio da fundamentação teórica. O principal ponto de reflexão é a<br />

afirmação de que o estudo da neologia lexical de uma língua permite-<strong>no</strong>s analisar a<br />

evolução da sociedade que dela se utiliza, pois as transformações sociais e culturais<br />

refletem-se nitidamente <strong>no</strong> acervo léxico da comunidade. Por isso, o estudo sistemático<br />

da neologia <strong>no</strong> português brasileiro é, sob a perspectiva linguística, a análise dos<br />

processos de formação de <strong>no</strong>vas palavras; do ponto de vista extralingüístico, constitui o<br />

estudo da evolução da sociedade brasileira.<br />

Após a análise e o levantamento do corpus estudado, observa-se que as criações<br />

extrínsecas dão testemunho e decorrem da condição de importador de tec<strong>no</strong>logia e de<br />

modismo conferida ao idioma-destinatário das designações estrangeiras., como é o caso<br />

de algumas palavras que permearam o ambiente virtual, a culinária de diversos países, a<br />

mídia, e que hoje estão dicionarizadas como: deletar, mouse, pad, upgrade, pizza,<br />

yakisoba, yam kipour, chip, entre outros. É o caso do <strong>universo</strong> virtual, em que os termos<br />

de origem inglesa foram incorporados total ou parcialmente á língua portuguesa. Essas<br />

palavras estão presentes em sites ou mesmo <strong>no</strong>s impressos destinados ao publico<br />

femini<strong>no</strong>, principalmente aos jovens. As composições dos neologismos mais frequentes<br />

ocorrem por derivação, composição por justaposição e truncamento o que é perceptível<br />

na maioria dos casos. Por fim, a classe de palavra que predomina para a formação dos<br />

neologismos é a dos substantivos, por ser a classe de referência.<br />

Referências


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VAN DIJK, T.A. Ideología y discurso. Barcelona: Ariel, 2003.<br />

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- Capricho. Edição 1068/2009 e 1087/2010. Editora Abril;<br />

- Gloss. Edição 403/2009 28/2010. Editora Abril.

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