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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION CURSO ... - Procempa

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<strong>INTERNATIONAL</strong> <strong>BIOCENTRIC</strong> <strong>FOUNDATION</strong><br />

<strong>CURSO</strong> DE FORMAÇÃO DOCENTE EM BIODANZA<br />

ROSAURA BERNI e ARTUR ALMEIDA<br />

CRESCENDO JUNTOS<br />

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO<br />

FACILITADOR DE BIODANZA<br />

Porto Alegre<br />

2005


O encontro humano é um ato de sensibilização<br />

das funções expressivas e de comunicação,<br />

que põe em ação os circuitos de vínculo em feed-back.<br />

Rolando Toro


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO ............................................................................................................3<br />

1 O QUE É A BIODANZA............................................................................................6<br />

1.1 O Princípio Biocêntrico.......................................................................................7<br />

1.2 O Inconsciente Vital............................................................................................8<br />

1.3 Música, Movimento e Dança ..............................................................................9<br />

1.4 A Vivência ........................................................................................................10<br />

1.5 O grupo de Biodanza........................................................................................11<br />

2 FORMAÇÃO DO FACILITADOR EM BIODANZA ..................................................14<br />

3 FORMAÇÃO DO GRUPO NA CIA DE ARTES E RELATOS DOS PARTICIPANTES .24<br />

3.1 A Cia de Arte....................................................................................................24<br />

3.2 A Formação do Grupo......................................................................................25<br />

3.3 Relato de Integrantes do Grupo .......................................................................30<br />

4 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO FACILITADOR .................45<br />

CONCLUSÃO............................................................................................................52<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................54<br />

ANEXOS ...................................................................................................................55


INTRODUÇÃO<br />

Estamos vivendo uma época em que o individualismo, a solidão e a<br />

competição com o respectivo stress da chamada “vida moderna” atingiram níveis<br />

considerados insuportáveis, de certo modo, transformando-nos numa sociedade de<br />

neuróticos não anônimos, mas filhos, pais, vizinhos, amigos, colegas, onde a troca<br />

diária passa por estes filtros e a intolerância, a violência, fazem cada vez mais parte<br />

do dia a dia das grandes e médias cidades do mundo.<br />

Nesta realidade torna-se cada vez mais imprescindível atividades<br />

integradoras como a Biodanza, onde propomos um reaprendizado de convivência<br />

em grupo, uma redescoberta de nossa essência e respeito como seres humanos,<br />

como contraponto a este cotidiano de miséria e carência, no qual estamos inseridos.<br />

Esta monografia é requisito para a conclusão do curso em formação docente<br />

no sistema Biodanza, pela Escola de Formação de Facilitadores Rolando<br />

Toro/Pelotas, filiada à Biocentric Fundation. Nosso objetivo é descrever o processo<br />

de estruturação de um grupo semanal no centro de Porto Alegre (Cia de Arte),


essaltando a importância do estágio na formação do facilitador e estimular aos<br />

futuros facilitadores que repitam esta experiência. O grupo iniciou em outubro de<br />

2001 sendo o período desta análise até Março de 2003.<br />

Para realização desta monografia utilizamos como metodologia o relato de<br />

experiências dos participantes através de um questionário com as seguintes<br />

questões: 1. Onde vivo?, 2. Com quem vivo? e 3. O que faço? Estas três questões<br />

foram avaliadas em relação a situação vivida antes e depois de praticar Biodanza.<br />

Também fizemos nosso relato pessoal sobre as transformações trazidas no<br />

processo de facilitar o grupo e relatos de colegas que também passaram pelo<br />

processo de estágio em suas formações. Para estes (assim como para nós) foi<br />

colocada a questão a respeito da importância do estágio na formação do facilitador.<br />

Pela natureza da formação/prática da Biodanza, somos diretamente afetados<br />

em cada encontro realizado devido à postura horizontal que se mantém na relação<br />

entre facilitador e integrantes do grupo.<br />

No capítulo inicial deste trabalho fizemos a revisão bibliográfica enfocando: a)<br />

o Princípio Biocêntrico, b) o Inconsciente Vital, c) Música, Movimento e Dança, d) a<br />

Vivência e) as três questões existenciais e f) o grupo de Biodanza. No segundo,<br />

enfatizamos os principais aspectos referentes à formação do facilitador em biodanza.<br />

O capítulo três é dedicado a explicitar como se deu a formação do grupo de<br />

Biodanza na Cia de Arte, bem como, os relatos dos participantes. No derradeiro<br />

capítulo que antecede à conclusão é enfatizada a importância do estágio na<br />

formação do facilitador.<br />

4


Os anexos desta monografia, são constituídos dos relatos na íntegra, dos<br />

integrantes do grupo e dos colegas de formação. Também apresentamos o<br />

programa para a formação de facilitadores, através das escolas de formação da<br />

Internacional Biocentric Foundation.<br />

5


1 O QUE É A BIODANZA<br />

Através da Biodanza, um sistema que lida com as paralisias perceptivas e<br />

corporais que nos distanciam de nós mesmos, através da integração afetiva,<br />

renovação orgânica e reaprendizagem das funções originais da vida, baseada em<br />

vivências induzidas pela dança, o canto e situações de encontro em grupo é que<br />

propomos um novo caminho. Este passa por uma renovação orgânica, que<br />

entendemos passar pela ação sobre a auto-regulação orgânica, que é induzida<br />

principalmente pelos estados de alterações de consciência, produzidas pelos<br />

exercícios, vinculados com a música, que têm a capacidade de ativar os processos<br />

de reparação celular e regulação global das funções biológicas, diminuindo os<br />

fatores de desorganização e stress. É com o objetivo da reintegração destas funções<br />

que a biodanza é definida por Rolando Toro como sendo:<br />

A Biodanza é um sistema de integração humana, de renovação<br />

orgânica, de reeducação afetiva e de reaprendizagem das funções originais<br />

da vida. A sua metodologia consiste em induzir vivências integradoras por<br />

meio da música, do canto, do movimento e de situações de encontro em<br />

grupo (2002, p. 33).<br />

Favorecer a retomada do auto cuidado e as possibilidades de negociações<br />

internas são, portanto, dois objetivos importantes de nosso trabalho. Uma ação de<br />

cuidado consigo mesmo, dirigida especificamente ao território das pressões internas,<br />

possibilita a retomada de funções "sufocadas", tais como o pensar, o agir a partir de<br />

si o alívio dos estados confusionais, a vitalidade corporal, etc. Ao mesmo tempo,<br />

tornam-se mais claros os desacordos internos, também abafados devido ao alto<br />

nível de pressão. Pois de nada adianta favorecer mudanças de estado, se não<br />

pudermos, simultaneamente, acessar a maneira pela qual perpetuamos as guerras<br />

internas. Essas difíceis batalhas pessoais estão enraizadas, gravadas em


movimentos que fazemos com o corpo e a percepção, e são capazes de alterar as<br />

bases de nosso metabolismo energético. São movimentos viciados, repetitivos,<br />

automáticos, sempre acionados quando não dispomos de recursos internos mais<br />

eficazes e personalizados.<br />

O "estar pressionado" entrava vários níveis do funcionamento psíquico,<br />

corporal e existencial e estende-se, também, ao território social, invadindo as<br />

relações quotidianas. Nas casas, nas ruas, nas instituições sentimos, com maior ou<br />

menor freqüência ou intensidade, os efeitos da vida sob pressão. Pois "qualidade de<br />

vida", signifique isso o que significar para cada um, não é um luxo ou uma questão<br />

menor. É uma necessidade vital. A ponto de nos perguntarmos se a reformulação da<br />

ecologia planetária, tão necessária e agora na pauta do dia, não está diretamente<br />

ligada à reciclagem da "ecologia pessoal". Afinal, não há desequilíbrio apenas na<br />

natureza externa, há um forte desequilíbrio, também, na "natureza humana". Há<br />

"desumanização" ou, em outras palavras, os efeitos da perda do humano em cada<br />

um de nós.<br />

1.1 O PRINCÍPIO BIOCÊNTRICO<br />

A compreensão do que vem a ser a, de forma mais profunda a biodanza,<br />

passa pelo conceito de princípio biocêntrico, noção que é central na obra de Toro e,<br />

a partir da qual se estrutura todo o seu pensamento.<br />

Para este autor:<br />

O princípio biocêntrico estabelece um modo de sentir e de pensar<br />

que toma como referência existencial a vivência. Ele surge, assim, de uma<br />

7


proposta anterior à cultura e se nutre das informações que temos sobre os<br />

seres vivos. Tal proposta pode parecer surpreendente, já que somos<br />

habituados ao uso da lógica dedutiva: isto é, somos avessos a tirar<br />

conclusões pré-estabelecidas de certos fatos. O método usado aqui, ao<br />

invés, não é preestabelecido: ele parte do fato inquestionável da existência<br />

da vida “aqui e agora” para interrogar-se sobre a origem do cosmo. Minha<br />

abordagem da consciência parte da vivência de estar vivo e da certeza que<br />

esta vivência fornece como dado inicial.<br />

O princípio biocêntrico coloca seu interesse em um universo<br />

compreendido como um sistema vivo. O reino da vida abrange muito mais<br />

do que os vegetais, os animais e o homem. Tudo o que existe, dos<br />

neutrinos aos quasar, da pedra ao pensamento mais sutil, faz parte deste<br />

sistema vivo prodigioso. Segundo o princípio biocêntrico, o universo existe<br />

porque existe vida, e não o contrário (TORO, 2002, p. 51).<br />

Segundo o autor, o princípio biocêntrico, além de ser um princípio universal<br />

que determina e estrutura a vida saudável, é também, o ponto de partida para as<br />

novas percepções da realidade e da ciência.<br />

1.2 O INCONSCIENTE VITAL<br />

Outro conceito crucial na arquitetura teórica da biodanza é o inconsciente<br />

vital. Buscando superar o inconsciente freudiano, que tem no indivíduo seu ponto de<br />

inflexão e, também, o inconsciente coletivo postulado por Jung, Toro identifica na<br />

vida uma origem para muitas de nossas estruturas psicológicas. Para tanto define<br />

inconsciente vital da seguinte forma:<br />

O inconsciente vital se expressa pelo humor endógeno (euforia e<br />

depressão), pelo bem-estar cenestésico, pelo estado geral de saúde, pelas<br />

reações de imunossupressão frente às perdas, pelas reações alérgicas e<br />

pela capacidade de cicatrização dos tecidos. As vias de acesso ao<br />

inconsciente vital são: a alimentação; as brincadeiras, o bom-humor e as<br />

risadas; as carícias e o erotismo; a ligação com a natureza; os banhos de<br />

mar; os banhos de lama, as massagens; as vivências da Biodanza em geral<br />

e, particularmente, as de regressão mediante o transe na água, induzido no<br />

ambiente da Biodanza aquática (TORO,2002, p. 57).<br />

8


É a este nível inconsciente que Toro entende ser possível acessar com as<br />

práticas da biodanza calcadas na música, no movimento e na dança, como veremos<br />

a seguir.<br />

1.3 MÚSICA, MOVIMENTO E DANÇA<br />

A música na biodanza, aliada aos exercícios específicos, propõe a vivência, o<br />

acesso ao sistema límbico-hipotalâmico, isto é, aos princípios originais da vida,<br />

remetendo o participante a reconexão com seus potenciais de auto-regulação de<br />

saúde, de respeito e reconhecimento de seu próprio ritmo, onde ele(a) passa a agir<br />

e interagir com o meio de maneira mais serena e centrada. A pessoa redescobre-se<br />

em meio a esta confusão de sentimentos, amadurecendo emocionalmente, agindo<br />

com mais segurança e, em conseqüência sendo criativo e pró-ativo e não somente<br />

reativo às situações que o circundam.<br />

Um exercício básico da biodanza é o caminhar. A postura corporal reflete<br />

como a pessoa se posiciona dentro de sua vida. Neste reaprendizado, de, pouco a<br />

pouco, levantar a cabeça soltar os ombros, integrar os três eixos físicos corporais:<br />

cabeça, tronco e membros, faz toda uma diferença na maneira de como se passa a<br />

perceber o entorno e/ou, se a passa a ser percebido. No entanto é a através da<br />

dança, o supremo movimento, que o ser humano pode experimentar uma religação<br />

como algo maior que o compreende.<br />

Toro define a dança como sendo:<br />

A dança, assim como o canto e o grito, é uma das condições inatas<br />

do ser humano. O primeiro conhecimento do mundo, anterior à palavra, é<br />

9


10<br />

aquele que chega a cada um de nós por meio do movimento. Num sentido<br />

original, a dança surge das profundezas do ser humano: é movimento de<br />

vida, de intimidade; é impulso de união à espécie.<br />

É, portanto um modo de ser no mundo que representa uma via<br />

privilegiada de acesso à nossa identidade original, e, também, a expressão<br />

da unidade orgânica do homem com o universo (TORO, 2002, p. 13).<br />

Pesquisas demonstram, que a comunicação corporal responde pela maior<br />

parte das mensagens que enviamos em nossa comunicação interpessoal. A postura<br />

corporal, apesar de não ser percebida conscientemente na maioria dos encontros e<br />

convivência quotidianos, respondem inconscientemente a esta forma comunicação.<br />

A biodança vem integrar a fala, o pensamento com a expressão corporal, permitindo<br />

que a pessoa perceba a sua individualidade, ou seja, no sentido de ser único em sua<br />

manifestação e como pertencente ao grupo do qual faz parte nos diferentes<br />

momentos do seu quotidiano.<br />

1.4 A VIVÊNCIA<br />

Vivência, segundo a Biodanza, são efêmeros momentos de presença no “aqui<br />

e agora”, com sensações cenestésicas envolvendo todo o organismo.<br />

A vivência é o objetivo do exercício da Biodanza, junto com a música e a<br />

consigna do facilitador, que são os estímulos para que ela ocorra.<br />

A intensidade da integração do sujeito ao momento presente, vai depender do<br />

momento do indivíduo e destes estímulos, podendo produzir uma integração tão<br />

profunda com determinados aspectos do ser em todos os níveis – cognitivo,<br />

emocional e visceral.Quando isto acontece temos a “cura” do sujeito, dada sua


integração naquele aspecto que não está mais dissociado, não provocando mais<br />

angústias ou somatizações, pois aquele aspecto passa a ser parte integrante do<br />

indivíduo em questão.<br />

E muito difícil falar da vivência, porque é uma sensação de presente absoluto<br />

onde tudo é e está no seu lugar e, quando nos afastamos do momento para refleti-<br />

la, já é outro momento vivido e o (momento) refletido passou a ser experiência.<br />

Segundo a teoria de Rolando Toro, a vivência independe da consciência, pois<br />

ela vem antes, ela já está. É um sentido ligado diretamente aos instintos e a esta<br />

percepção de estar vivo, e a consciência pode dar-se imediatamente ou depois; nós<br />

primeiro “vivemos” para depois “saber” que vivemos.<br />

1.5 O GRUPO DE BIODANZA<br />

11<br />

A Vivência surge no instante em que se está vivendo. Como a água<br />

de uma nascente as vivencias surgem com espontaneidade e frescura.<br />

Possuem a qualidade do originário e tem uma forçai de realidade que<br />

compromete todo o corpo.As vivencias não estão sob o controle da<br />

consciência.Podem ser “evocadas” mas não dirigidas pela vontade.de<br />

alguma maneira, estão fora do tempo, da memória, da aprendizagem e do<br />

condicionamento (GÓIS, 2002, p. 73).<br />

“Toda instituição começa no outro. A família ou qualquer grupo humano é<br />

matriz biológica e instituição social de base, assim como a linguagem” (GÓIS,1997,<br />

p.24).<br />

“Uma identidade necessita de outra identidade, da presença de membros da<br />

mesma espécie e, não somente um, mas muitos mais, um grupo ou coletividade.


Esta é a razão principal porque a Biodanza é uma abordagem de grupo e não<br />

individual” (GÓIS,2002, p. 105).<br />

O grupo é fundamental, na medida em que o outro age como<br />

espelho.Subitamente nos vemos nos gestos de outra pessoa, reconhecemos nossa<br />

emoção no olhar de um companheiro(a), vibramos na mesma sintonia musical, nos<br />

sentimos pertencentes ao universo e a nos mesmos, através de um grupo disponível<br />

na caminhada natural de evolução no planeta.<br />

O conhecimento e a percepção se dão do individuo ao coletivo e vice-versa,<br />

pois ao mesmo tempo em que o grupo contém um indivíduo, este mesmo indivíduo<br />

contém todo o grupo.No grupo de Biodanza, aprende-se a viver a compaixão e a<br />

empatia, transitando do diferenciado para o indiferenciado, em uma sessão, por<br />

exemplo, pode-se dissolver quatro ou cinco pares de mãos em um exercício e,<br />

aquele instante estamos trocando cariciais com toda a humanidade.Pouco a pouco,<br />

se torna mais fácil para um integrante de um grupo, por exemplo, sentir-se<br />

pertencente ao meio em que vive e a humanidade, pois viveu aquela experiência em<br />

um ambiente construído para tal. O que ocorre é que quando estava vivenciando<br />

aquela situação, podemos dizer mais distante da forma cortical, pois está sendo<br />

induzido através da música, ambiente adequado, consigna do (a) facilitador (a),<br />

pode, dependendo do seu momento, já estar sendo possível mergulhar na emoção e<br />

conectar-se com o aqui e agora, deflagrando a vivência e imprimindo indelevelmente<br />

esta sensação ao seu sistema físico e psicológico, transformando primeiro hábitos e<br />

atitudes, chegando com a continuidade do processo a transformar comportamentos.<br />

12


Nada disto seria possível sem a ocorrência do grupo, pois a Biodanza<br />

trabalha com o foco no feed back de pronto ou conceito de espelho, onde se<br />

aprende também a ver-se através do outro.<br />

13


2 FORMAÇÃO DO FACILITADOR EM BIODANZA<br />

A seguir, apresentamos o processo de formação de facilitadores em Biodanza<br />

– Sistema Rolando Toro, através das Escolas de Formação ligadas à International<br />

Biocentric Foundation. O programa completo desta formação, encontra-se no Anexo<br />

C, desta Monografia.<br />

CRITÉRIOS DE ADMISSÃO PARA INGRESSAR NAS ESCOLAS DE<br />

FORMAÇÃO DE BIODANZA<br />

• Ser participante de um grupo regular cujo Professor seja Titular. Haver<br />

realizado um mínimo de 50 horas de vivência de Biodanza;<br />

• Apresentar por escrito as motivações pessoais para entrar na Escola de<br />

Formação Docente de Biodanza;<br />

• Grau de Escolaridade: 2º grau completo (ou aprendizado médio completo),<br />

salvo casos de exceção;<br />

• Não apresentar dissociações ostensivas, segundo os critérios de Biodanza;<br />

• Quando se iniciam as Maratonas de Metodologia, não podem entrar novos<br />

alunos; estes devem esperar o início de um novo Curso de Formação.<br />

PLANO DE ESTUDOS<br />

O ciclo de Formação em Biodanza tem uma duração mínima de três anos e<br />

consiste de vinte e sete Maratonas, distribuídas em um mínimo de oito e um máximo<br />

de dez Maratonas por ano; três Conferências sobre temas teóricos afins ao Sistema<br />

de Biodanza; Relatório Teórico referente ao tema de cada Maratona; Grupos de


Estudos; Condução de Grupos sob Supervisão no terceiro ano e depois da<br />

Metodologia III; Apresentação da Monografia de Titulação. Cada Maratona será<br />

acompanhada de uma apostila redigida pelo Professor Rolando Toro Araneda sobre<br />

o tema correspondente.<br />

Os alunos das Escolas de Formação devem freqüentar as Maratonas de sua<br />

própria Escola. Maratonas que tenham perdido, com justificações aceitáveis, devem<br />

ser recuperadas no seguinte curso de formação da mesma Escola. Há, também, a<br />

possibilidade de recuperar em outras Escolas um número máximo de duas<br />

Maratonas por ano.<br />

1. Estudos Teóricos:<br />

Conhecimento sobre a teoria de Biodanza e seus fundamentos, em relação às<br />

ciências da vida. Os conteúdos teóricos serão ministrados na ordem indicada no<br />

“Programa Único de Formação Docente em Biodanza”. A carga horária de cada<br />

Maratona é de um mínimo de doze horas e um máximo de quinze horas e devem ser<br />

ministradas por Professores Didatas.<br />

O aluno deve apresentar, em Maratonas seguintes, um breve relatório do<br />

tema teórico tratado na Maratona anterior. O objetivo é o de possibilitar ao aluno<br />

expressar corretamente os conceitos teóricos de Biodanza através de seu próprio<br />

discurso.<br />

15


2. Conferências sobre Temas Afins:<br />

As Conferências, em número de três, serão realizadas por especialistas na<br />

respectiva área. Os três temas serão escolhidos pelo Diretor, entre aqueles<br />

indicados no Programa Único de Formação Docente em Biodanza.<br />

A carga horária de cada Conferência será de três horas e a data para sua<br />

realização será determinada pela Direção de cada Escola.<br />

3. Aprofundamento Vivencial:<br />

Aprofundamento das vivências a nível individual e de grupo. Durante as<br />

Maratonas de formação deverá ser dada grande importância à relação entre as<br />

vivências e o tema teórico tratado.<br />

É muito importante que o aluno faça paralelamente um curso de Biodanza<br />

semanal para aprofundar as vivências ou um stage mensal nas cidades onde não<br />

haja Professor Titular de Biodanza. Esta é uma exigência obrigatória.<br />

Biodanza.<br />

4. Metodologia:<br />

Abordagem dos recursos metodológicos para a condução de Grupos de<br />

O Programa Único de Formação de Biodanza compreende 6 Maratonas de<br />

Metodologia. Em cada uma destas deve ser ensinado o tema específico tratado na<br />

respectiva apostila.<br />

16


Em cada uma das Maratonas de Metodologia deve ser dedicado um módulo à<br />

aprendizagem correta dos exercícios do Elenco Oficial de Exercícios, Consignas e<br />

Músicas de Biodanza. Cada exercício deve ser ensinado com seu nome correto, sua<br />

respectiva consigna e a(s) música(s) recomendada(s).<br />

Os exercícios e músicas específicas para as Extensões e Aplicações não<br />

devem ser introduzidos no Programa de Formação de Professores de Biodanza.<br />

Nas Maratonas de Metodologia III, IV e VI, além do módulo dedicado à<br />

aprendizagem dos exercícios, outro módulo deverá ser dedicado à estruturação e<br />

condução experimental de uma aula de Biodanza. Este trabalho deve ser realizado<br />

em pequenos grupos formados pela subdivisão do grupo de alunos presentes.<br />

O objetivo das Maratonas de Metodologia é que o aluno em formação saia<br />

profissionalmente capacitado para exercer sua tarefa.<br />

5. Aulas Supervisadas:<br />

Experiência prática de condução de um grupo semanal de Biodanza sob<br />

supervisão, com um mínimo de oito aulas supervisadas de duas horas de duração<br />

cada uma.<br />

A experiência prática deve ter duração mínima de dois meses, com quatro<br />

supervisões cada mês, e duração máxima de oito meses com uma supervisão<br />

mensal.<br />

17


Ao final da experiência prática, o Supervisor responsável deverá apresentar à<br />

Direção da Escola sua avaliação do aluno supervisado, através da ficha anexa, a<br />

qual contém os critérios de supervisão.<br />

As supervisões só podem ser realizadas por Professores Didatas. Durante a<br />

aula de supervisão o Supervisor deverá estar presente. Supervisões feitas fora de<br />

aula não devem ser consideradas válidas.<br />

Em um dos dias seguintes a cada supervisão, o Supervisor fará um<br />

comentário detalhado (feed-back) ao praticante sobre sua respectiva prática.<br />

Os honorários do Supervisor não estão compreendidos no custo das<br />

Maratonas da Escola de Formação. Devem ser pagos separadamente e ser<br />

estabelecidos em relação a cada hora de trabalho, incluindo o tempo dedicado ao<br />

comentário (feed-back).<br />

Se, depois de oito supervisões, o aluno não demonstra que está capacitado<br />

profissionalmente, a Escola está autorizada para exigir o número de supervisões que<br />

sejam necessárias.<br />

O período de supervisão só pode começar depois do aluno ter realizado a<br />

Maratona sobre o tema Metodologia III.<br />

O aluno supervisado pode cobrar, do grupo em que trabalha, honorários que<br />

lhe permitam pagar o local e o Professor Didata que fará a supervisão.<br />

18


A Escola deve ter o controle das supervisões aprovadas através da assinatura<br />

do supervisor.<br />

6. Ação Social:<br />

Os alunos praticantes podem realizar, optativamente, trabalhos de ação<br />

social, oferecendo sessões de Biodanza em populações marginalizadas, grupos de<br />

anciãos, instituições de proteção à infância, etc. Esta ação social formará parte<br />

importante do curriculum para optar mais tarde pela introdução de Biodanza em<br />

Instituições.<br />

As Escolas que desejam poderão organizar um programa de Ação Social de<br />

acordo com as possibilidades locais e, neste caso, deverão fazer um controle de<br />

qualidade das atividades, como também de sua continuidade nos diferentes grupos.<br />

Biodanza.<br />

7. Monografia:<br />

Elaboração de uma monografia sobre um aspecto teórico ou prático de<br />

A monografia será realizada sob a orientação de um Supervisor (Professor<br />

Didata). O orientador da monografia não tem que ser, necessariamente, o mesmo<br />

Didata que fez a supervisão.<br />

A monografia deve ser enviada à Direção da Escola e aos membros da mesa<br />

examinadora com um mínimo de trinta dias antes da data da Titulação, para que a<br />

Direção da Escola possa propor eventuais correções e sugestões.<br />

19


Se a Monografia apresenta erros conceituais graves, a Direção da Escola não<br />

autorizará sua apresentação à mesa examinadora. O aluno deverá refazê-la, sob<br />

estrito controle do supervisor e do Diretor da Escola e determinar, junto com a<br />

Escola, uma nova data de exame.<br />

8. Titulação:<br />

Consiste na apresentação da monografia frente a uma mesa examinadora,<br />

composta pelo Diretor da Escola e dois Didatas convidados. O Diretor da Escola<br />

será o Presidente da mesa examinadora e fará a coordenação da cerimônia de<br />

exame.<br />

O exame se realizará frente a uma mesa examinadora organizada pela<br />

Escola a que o aluno pertence, ou durante um evento de Biodanza. Este exame será<br />

aberto ao público.<br />

O tempo destinado à apresentação da Monografia será de um máximo de<br />

trinta minutos, e os trinta minutos seguintes serão usados para perguntas e<br />

comentários de parte dos integrantes da mesa.<br />

Devem ser considerados os seguintes aspectos para a avaliação:<br />

• Consistência teórica;<br />

• Coerência com o Princípio Biocêntrico;<br />

• Argumentação pertinente à teoria e prática de Biodanza;<br />

• Clareza na exposição;<br />

20


• Apresentação estética do trabalho e correta redação.<br />

Uma vez alcançado o consenso da comissão para a aprovação do aluno, o<br />

Presidente da mesa fará a proclamação, junto com os comentários concernentes ao<br />

exame.<br />

O prazo máximo para titular-se será de um ano, uma vez realizadas todas as<br />

Maratonas do Programa Único e a experiência prática de um mínimo de oito<br />

supervisões. Em caso de não cumprimento deste prazo, o aluno deverá submeter-<br />

se a uma avaliação da Escola, que examinará sua situação.<br />

Dependendo de quais sejam as razões expostas, o aluno deverá participar de<br />

Maratonas de Docência para atualizar-se.<br />

9. Diploma de Professor de Biodanza:<br />

Para conseguir o diploma de Professor de Biodanza, uma vez realizadas<br />

todas as etapas do Programa Único de Formação, o aluno deve inscrever-se na<br />

International Biocentric Foundation que lhe atribuirá o Número de Registro<br />

Profissional.<br />

O Professor Titular não poderá ministrar aulas sobre temas pertinentes a<br />

Especializações e Extensões de Biodanza sem haver realizado Cursos Especiais<br />

que o facultem para tanto.<br />

21


O Diploma de Professor de Biodanza dá direito a:<br />

• Usar o nome Biodanza® – Sistema Rolando Toro e seu logotipo, registrados<br />

em todo o mundo;<br />

• Exercer a profissão de Professor de Biodanza em qualquer parte do mundo;<br />

• Aplicar a Metodologia de Biodanza, ensinada em Escola sistematizada, em<br />

relação ao Princípio Biocêntrico e a seu Modelo Teórico;<br />

• Criar centros privados de Biodanza para realizar cursos semanais ou<br />

oficinas de Biodanza;<br />

• Ministrar cursos semanais e oficinas de Biodanza em instituições privadas<br />

ou públicas;<br />

• Fazer publicidade de seus cursos semanais e oficinas através de jornais,<br />

revistas ou outros meios de comunicação;<br />

• O Professor Titular gozará de um desconto de 50% nas Maratonas de<br />

Docência para facilitar sua atualização e seu contato com as Escolas.<br />

Atribuições exclusivas do Professor Rolando Toro Araneda:<br />

• A orientação metodológica;<br />

• Supervisão e fiscalização do funcionamento das Escolas de Formação de<br />

Professores de Biodanza;<br />

• Criação e fechamento de Escolas de Formação;<br />

• Nomeação e demissão de Diretores das Escolas de Formação;<br />

• Elaboração do Programa de Formação;<br />

22


• Concessão de Diplomas;<br />

• Realização Cursos de Especialização e Extensões de Biodanza;<br />

• Formação de Professores Didatas.<br />

23


3 FORMAÇÃO DO GRUPO NA CIA DE ARTES E RELATOS DOS<br />

PARTICIPANTES<br />

3.1 A CIA DE ARTE<br />

Em setembro de 1985, a Associação de pessoal da Caixa Econômica Federal<br />

(APCEF/RS), criou a Cia de Arte, um espaço cultural situado a rua dos Andradas,<br />

1780. O prédio, de propriedade da CEF, foi cedido em regime de comodato,<br />

abrigando também a sede administrativa da entidade ate 1993, quando foi<br />

transferida para o bairro Ipanema. A continuidade do trabalho cultural manteve-se,<br />

preservando o patrimônio e o trabalho artístico, com a permanência neste espaço do<br />

grupo teatral Caixa de Pandora, mantido pela APCEF.<br />

A partir daí, muitos profissionais de diversas áreas realizaram na Cia de Arte<br />

suas atividades, tornando-se o espaço referência junto a comunidade artística. A<br />

eles se somaram as Associações representativas das artes cênicas, atuando no<br />

espaço para as realizações de ações organizativas e culturais.<br />

Preocupados com a possibilidade de fechamento deste espaço, em virtude da<br />

intenção da Caixa Econômica Federal de vender o prédio, os artistas fizeram várias<br />

reivindicações pela sua continuidade, pautaram os plenários de esferas municipais,<br />

estaduais e federais.<br />

Movimentos para sua permanência foram realizados, na Cia de Arte, na rua,<br />

nos gabinetes e fóruns populares. Ate que em 2001, a Prefeitura Municipal adquire o<br />

prédio e junto com a Associação Gaúcha de Teatro de Bonecos (AGTB), Associação


Gaúcha de Dança (ASGADAN), Associação de Pessoal da Caixa Federal<br />

(APCEF/RS) e Sindicato dos Artistas e Técnicos em Diversão (SATED), assinaram<br />

um termo de compromisso para mantê-lo como um espaço cultural, criando o Centro<br />

Cultural Cia de Arte.<br />

Este espaço possui um teatro com capacidade para 108 lugares, um café,<br />

uma galeria para exposições e nove andares com salas amplas para ensaios,<br />

oficinas, desenvolvimento de pesquisas e atividades organizacionais das entidades<br />

que consolidaram este espaço cultural.<br />

3.2 A FORMAÇÃO DO GRUPO<br />

O trabalho que desenvolvemos tem como característica desde o principio<br />

fomentar a autonomia das pessoas.E claro que vem junto uma gama de situações e<br />

transformações que vão tornando isto possível, mas fundamentalmente as pessoas<br />

começam a descobrir que podem com elas mesmas. O ser humano é realmente<br />

uma riqueza de possibilidades e escolhas infindas e poder escolher o que melhor se<br />

encaixa no momento presente para cada um torna-se cada vez mais um desafio<br />

cotidiano, dadas as infinitas possibilidades que se nos apresentam a cada dia neste<br />

mundo globalizado, onde mesclam-se valores e culturas tão diversas, onde vamos<br />

incorporando modelos diferentes a cada momento, linguagens diferentes, o que de<br />

algum modo nos transforma ou nos descobre como um só povo habitante do<br />

planeta. Isto confunde uma sociedade que baseia seus fundamentos sócio-<br />

psicológicos na sua capacidade de fazer e absorver coisas e novidades externas e<br />

massificantes ao invés de redescobrir a essência como ser humano e solidário<br />

25


participante da rede planetária, no nosso entendimento o grande paradigma em<br />

desenvolvimento para nossa permanência como espécie, no planeta.<br />

Segundo a facilitadora Liliana Viotti não nascemos humanos, mas vamos nos<br />

tornando humanos na medida em que crescemos - Como estamos vivendo este<br />

aprendizado? De que maneira estamos nos colocando em nossos papeis de gênero,<br />

de pais, educadores e formadores de opinião, que tipo de humanização estamos<br />

conseguindo formar? Quando as pessoas descobrem que podem -ser- literalmente<br />

o que escolherem a perspectiva de toda uma vida esta redescoberta, a segurança e<br />

a consciência de estar vivo e de pertencimento é palpável; neste momento<br />

começamos a agir como agentes transformadores em nosso meio, não para decretar<br />

o que pode ser melhor para este(a) ou aquele(a) grupo ou pessoa, mas para facilitar<br />

o desabrochar das características que estes(as)consideram apropriadas a seu<br />

desenvolvimento.<br />

Nossas primeiras experiências facilitando grupos, ocorreram na Caixa<br />

Federal, a partir de Julho/01, na Agência Menino Deus, em POA, supervisionados<br />

pela diretora da Escola, Myrthes Gonzalez. Impulsionados pelos resultados obtidos<br />

de abertura perceptiva, união do grupo e com incentivo da diretora, nos lançamos no<br />

desafio de estruturarmos um grupo semanal de biodanza, como requisito dentro da<br />

formação em facilitadores, conforme descrito no capítulo 3 desta Monografia. Para<br />

isto, apresentamos um projeto para a Associação de pessoal da Caixa Econômica<br />

Federal (APCEF), através da sua diretoria de saúde. O objetivo deste projeto, era a<br />

cedência de espaço, por parte desta associação, situado no centro de Porto Alegre<br />

(Rua dos Andradas, 1780). Esta cedência, propiciou a estruturação de um estágio<br />

26


de cunho social, onde as pessoas doavam um kg de alimento não perecível, para<br />

participação em cada encontro.<br />

Também utilizamos um horário alternativo, dentro das opções então<br />

existentes, na cidade, que era às 18h30min. Com isso, visávamos que as pessoas<br />

saíssem diretamente de seu trabalho, para freqüentarem o grupo de biodanza.<br />

Nosso primeiro encontro, ocorreu em 29/10/01, composto basicamente por<br />

colegas da Escola e dos grupos regulares que freqüentávamos, contando com<br />

apenas 1 componente que não conhecia a biodanza.<br />

No encontro seguinte, esta pessoa retornou, o que para nós foi uma<br />

celebração. Nos encontros seguintes, tivemos ainda o apoio dos colegas mas já com<br />

maior numero de pessoas que não conheciam a biodanza. E assim, fomos<br />

estruturando o grupo regular, sem interrupções, mesmo durante o verão de 2002,<br />

sempre com número de pessoas suficiente para realizarmos o encontro e com a<br />

presença mais constante de alguns integrantes, inclusive o primeiro, formando o<br />

núcleo inicial d o grupo.<br />

Ao trabalharmos pela doação de alimentos em um espaço central na cidade,<br />

tivemos a oportunidade de apresentar a Biodanza a pessoas que não teriam<br />

condições financeiras de freqüentarem os grupos regulares. A partir do momento<br />

que estruturou-se o núcleo inicial do grupo, foi desafiante manter a proposta atraente<br />

para estes integrantes e que ao mesmo tempo permitisse, a qualquer momento, a<br />

entrada e acolhimento de novos integrantes.<br />

27


Tanto a teoria, quanto os exercícios básicos, eram transmitidos, com<br />

diferentes abordagens, visando este objetivo. Neste período, foi fundamental a<br />

supervisão e apoio incondicionais da parte de Myrthes Gonzalez, que recebia os<br />

relatórios, visitava o grupo e estava sempre disponível para esclarecimento de<br />

eventuais dúvidas que surgissem no decorrer do trabalho. O fato de termos iniciado<br />

o grupo durante a formação, nos possibilitou a interrelação teórico-prática, que foi<br />

feita como proposta de estágio supervisionado em biodanza, sempre explicitado<br />

para os integrantes do grupo. Esta transparência criou uma cumplicidade entre os<br />

integrantes e facilitadores, tanto que percebíamos a satisfação de cada um, por<br />

auxiliarem nosso processo de aprendizagem. Inicialmente a parte verbal, era<br />

fundamentalmente teórica, visto que os integrante não tinham intimidade para<br />

relatos mais pessoais.<br />

Também era esta parte que predominava, uma vez que trabalhávamos<br />

poucos exercícios, até pela falta de experiência dos facilitadores.Com o passar do<br />

tempo, o vínculo e a confiança entre os integrantes foram fortalecidos, passando a<br />

uma maior integração com reflexos tanto na intimidade verbal, quanto na parte<br />

vivencial, inclusive com aumento no numero de exercícios propostos. A entrada de<br />

dois participantes que possuíam experiência de biodanza, em marco de 2002,<br />

qualificou e fortaleceu o grupo, permitindo o aprofundamento da proposta.<br />

Etapas do estágio desenvolvido:<br />

Out/01 a mar/02- encontros caracterizaram-se pela rotatividade dos<br />

participantes; depois disto percebemos que estávamos com a estrutura básica do<br />

grupo formada, tendo que direcionar a proposta para a profissionalização, ou seja,<br />

28


sair do caráter de trabalho social para o de grupo semanal, com pagamento de<br />

mensalidade. Esta transição foi feita, respeitando-se o ritmo do grupo, já que os<br />

facilitadores possuíam habilitação para uma proposta remunerada, por já haverem<br />

cursado todas as maratonas exigidas para este fim.<br />

Este respeito ao ritmo do grupo foi fundamental para o sucesso de nossa<br />

transição. Fomos sinalizando ao grupo esta nova fase e conduzindo o processo para<br />

a realização do primeiro curso de iniciação, que foi nosso ritual de passagem. Este<br />

curso de biodanza para iniciantes, ocorreu em julho/02, sendo o grupo preparado<br />

previamente para esta atividade. Este preparo ocorreu tanto de forma teórica,<br />

quanto vivencial. Para isto, trabalhamos fortemente o tema abertura para o novo e o<br />

respeito a diferença.<br />

Progressivamente, fomos incentivando os integrantes a participarem desta<br />

atividade, e convidarem pessoas que desejassem conhecer a biodanza. Esta<br />

estratégia mostrou-se acertada, pela grande participação dos integrantes do até<br />

então estágio social e também pela presença de novas pessoas. Esta iniciação<br />

marcou uma nova etapa do grupo, que passou da contribuição de alimentos para o<br />

pagamento de mensalidade. Somente 2 pessoas desistiram da atividade, pelo<br />

motivo de não terem condições financeiras para tanto, porque foi oferecido para<br />

todos a possibilidade continuar participando, sendo aceita a negociação, como<br />

fazemos até hoje.<br />

29


GRUPO<br />

DESCRIÇÃO<br />

Participaram do grupo a partir do seu início, 34 integrantes, sendo que destes<br />

14 pelo período de 01 a 04 encontros, 02 participaram de 08 encontros e 03 de<br />

cerca de 20 encontros.<br />

Participaram regularmente do grupo, 15 integrantes, sendo que 3 integrantes<br />

ingressaram na Escola de Formação de Facilitadores.<br />

Deste grupo, 05 participaram por cerca de um ano, 04 por 02 anos, 02 por 3<br />

anos e quatro integrantes permanecem no grupo, desde sua formação.<br />

3.3 RELATO DE INTEGRANTES DO GRUPO<br />

• Integrante: 37 anos, sexo feminino, 2 anos de Biodanza.<br />

Breve Biografia<br />

“Eu sou nutricionista, trabalho na prefeitura de Cachoeirinha, trabalho há 3<br />

anos,faço além do meu trabalho de nutricionista, trabalho como diretora da casa de<br />

convivência em um trabalho com os idosos”.<br />

Antes da Biodanza<br />

“Eu moro num apartamento, sozinha, um lugar que eu sonhei bastante e<br />

30


consegui adquirir.Gosto muito deste lugar. É bem agradável para morar, para<br />

receber meus amigos”.<br />

Depois da Biodanza<br />

“Eu diria que pela primeira vez, estou bem, nestes 10 anos que trabalho nesta<br />

profissão. É o melhor momento em termos de satisfação, talvez não no aspecto<br />

financeiro, mas de satisfação é o melhor momento.<br />

Agora, estou retornando ao trabalho, no mesmo local, não mais trabalhando<br />

com idosos, somente como nutricionista, e adaptando-me a este meu<br />

momento.Gosto do local, gosto do que faço.Faço uma atividade que me dá muito<br />

prazer.<br />

Hoje eu moro no mesmo bairro, mesmo condomínio, diferente apartamento.<br />

Mudei para um desde dezembro, desde que meu nenê nasceu, pela necessidade de<br />

ter um pouco mais de espaço, mas ainda assim, continua sendo uma casa para<br />

receber os amigos, estou transformando num cantinho que eu gosto muito, para<br />

mim, para minha família e para receber meus amigos.<br />

Hoje eu moro com meu companheiro, com minha filha Helena, todos na<br />

mesma casa, a gente está muito feliz, a gente esta construindo, agora não é mais o<br />

meu cantinho é o nosso”.<br />

31


Contribuições da Biodanza para a trajetória<br />

“Eu sempre coloco que a Biodanza para mim foi um instrumento muito forte,<br />

muito útil, juntamente com outras coisas que vinham acontecendo na minha vida,<br />

sem duvida nenhuma uma grande mudança.Eu vinha já numa caminhada e num<br />

determinado momento algumas coisas foram acontecendo e a Biodanza teve uma<br />

importância muito grande.<br />

Eu diria que especialmente na questão da comunicação com as<br />

pessoas.Poder me comunicar melhor com as pessoas, eu acho que esta foi a maior<br />

mudança.Eu já era uma pessoa um pouco comunicativa, mas ainda tinha muita<br />

coisa trancada, eu acredito que com a Biodanza me ajudou a soltar bastante e me<br />

comunicar melhor”.<br />

satisfatório.<br />

• Integrante: 39 anos, sexo masculino, 3 anos de Biodanza.<br />

Breve Biografia<br />

“Trabalho na Fundação Banrisul, setor de assistência médica, para mim<br />

Morava com meus pais, numa casa, local excelente, bom de morar”.<br />

Depois da Biodanza<br />

“O trabalho permanece o mesmo, mas começou a me incomodar.O<br />

ambiente...e comecei a procurar outras alternativas, não moro mais com meus pais,<br />

moro com uma pessoa excelente, em outro local, também excelente.<br />

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Fiz vestibular para artes visuais, uma coisa que eu queria muito, que me abriu<br />

bastante também, pratico exercícios, antes não praticava. A biodanza me abriu o<br />

mundo, coisas que eu não conhecia e hoje estou conhecendo, estou percebendo, a<br />

própria faculdade está me dando outra visão Não tenho como explicar, mas a<br />

Biodanza me ajudou a ver a vida de outra forma”.<br />

Contribuições da Biodanza para a trajetória<br />

“Percepção. Vamos falar de percepção, que eu gosto de falar muito, comer<br />

um alimento e saber o que esta comendo, sentir o sabor, andar na rua, perceber<br />

uma árvore, um dia lindo de sol, céu, começa a perceber mais o que antes a rotina,<br />

o trabalho não deixavam a gente perceber.Hoje eu consigo apreciar as coisas de<br />

uma forma melhor. Além da percepção. O abrir para as pessoas, antes eu era uma<br />

pessoa fechada, ninguém se aproximava de mim .Hoje eu tenho amigos que eu não<br />

sei quantos, de tantos amigos que eu tenho, antes eu não tinha amigos, pelo fato de<br />

se abrir para o mundo para as pessoas, as pessoas descobrirem quem tu és, eu<br />

acredito que isto mexeu muito comigo<br />

E difícil de explicar, mas é bom de sentir o que aconteceu.Eu melhorei neste<br />

tempo todo.Logo quero retomar”!<br />

• Integrante: 52 anos, sexo feminino, 3 anos de Biodanza<br />

Breve Biografia<br />

“A minha vida antes de começar a biodança era muito difícil, muito<br />

complicada,eu não me encontrava em nada eu fazia mil coisas e não fazia nada.Eu<br />

queria viajar, depois viajando, já queria voltar para casa. Totalmente perdida, sem<br />

33


dar limite para nada nem para ninguém, nem para mim mesma, travada e muito<br />

vitima dos outros, vítima dos amigos, da família dos namorados.Aí eu passava<br />

dando voltas, não me encontrava em nada. Se estava num apartamento já queria<br />

mudar, fazia 50 mudanças. Fiz mudanças enormes na minha vida, perdi muito<br />

fazendo mudanças sem saber o que queria”.<br />

Antes da Biodanza<br />

“Nunca gostava de onde morava. Morei 20 anos em Sta Maria, odiava Sta<br />

Maria, me separei, morei 4 anos na Argentina. Bem, da Argentina eu gostava, mas<br />

estava sempre no Brasil, todos os meses eu dava uma desculpa para vir ao Brasil<br />

Depois vim morar em Porto Alegre, mas detestava Porto Alegre achava Poá uma<br />

porcaria, não gostava, o apartamento que eu morava também não gostava, e isso ai.<br />

Eu sempre morei sozinha, desde que me separei, mas odiava morar sozinha,<br />

detestava e era isso. E era horrível minha relação com meus filhos, só me<br />

queixando, de que não me davam atenção...”<br />

Depois da Biodanza<br />

“Eu comecei a fazer Biodanca depois de 3 anos que estava em POA,<br />

continuei morando neste apartamento, me sinto muito bem, o apartamento eu acho<br />

maravilhoso.<br />

Fiz uma reforma enorme, mudei móveis, mudei tudo, me sinto muito bem.<br />

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Eu continuo morando sozinha, gosto. Não posso dizer que amo morar<br />

sozinha, mas me sinto muito bem, convivo ótimo, ótimo comigo, me sinto muito bem,<br />

não tenho problema comigo,não dependo dos outros para me sentir feliz”.<br />

Contribuições da Biodanza para a trajetória<br />

“Antes não prestava atenção em nada, estava sempre querendo me mudar.<br />

Depois mudou tudo, a vista, minha maneira de ser dentro de casa, tudo<br />

simplesmente diferente, de outro ângulo, completamente diferente.<br />

Eu me sinto muito bem, eu saio, eu consegui dar um rumo p minha vida,<br />

passei a trabalhar com meu filho... o que eu faço para eles... meu relacionamento<br />

com eles mudou completamente...vejo que eles estão a mesma coisa, sempre foram<br />

a mesma coisa, eu e que estou mudando bastante..Eu consegui conviver comigo<br />

muito bem. Estive sozinha dentro de casa praticamente 45 dias, consegui passar os<br />

dias tranqüila sem depressão, sem nada disso, muito bem.<br />

Tive que conviver comigo.Há muito tempo eu tinha um problema bastante<br />

grave de joanetes, um tumorzinho nos pés, não me animava a tirar, não tinha<br />

coragem... criei coragem, fiz cirurgia nos dois pés,fiquei sozinha em casa. Tive<br />

coragem de ficar sozinha me dei conta de que eu posso realmente conviver comigo”.<br />

• Integrante: 24 anos, sexo masculino, 4 anos de Biodanza<br />

Breve Biografia<br />

“A partir dos meus dezessete anos em diante, foi quando eu comecei a ter a<br />

minha opinião, ver o que eu queria mesmo, que foi quando eu saí de casa, quando<br />

35


comecei a morar sozinho. A partir daí eu sempre tive uma vontade muito grande de<br />

contribuir com a minha parte, vamos dizer assim, para a humanidade, que é o<br />

mundo, mas não sabia como. Eu queria tanto isto que a primeira coisa que eu fiz foi<br />

sair de casa, porque eu achei que primeiro eu teria que mudar a minha vida para<br />

depois querer mudar alguma coisa nos outros. Então eu comecei a morar com um<br />

amigo com dezessete anos, eu não conhecia a biodança ainda, a partir daí as coisas<br />

começaram a mudar, digamos que eu dei um pontapé inicial. Também eu lia muitos<br />

livros de auto-ajuda, falava algo sobre isso. Daí, morando sozinho, eu e este amigo,<br />

a gente começou..., a gente conheceu muitas coisas antes”.<br />

Antes da Biodanza<br />

“Eu tive que batalhar muito atrás dos meus ideais, atrás das minhas coisas.<br />

Passei muita dificuldade que eu não precisava passar até, se eu não quisesse. Até<br />

por ter saído de casa, tudo. Apesar da minha família não ser tão estruturada, mas<br />

com certeza eles me davam um acolhimento. Eu cheguei antes da biodança,<br />

cheguei no kardecismo, que foi algo também que me, digamos, tirou muitas dúvidas<br />

que eu tinha, existenciais. Porque eu era muito revoltado na época que eu era<br />

adolescente, tinha muitas coisas que eu não concordava, que eu queria mudar e não<br />

conseguia, ao mesmo tempo era tudo muito novo para mim. E aí, aos vinte eu<br />

cheguei à biodança. Que foi onde eu conheci a biodança, no caso, com a tua turma.<br />

Mas foi quase que por acaso, eu não acredito em acaso. Foi quando eu apareci lá<br />

na Companhia de Arte e tinha um cartaz na parede”.<br />

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Depois da Biodanza / Contribuições da Biodanza para a trajetória<br />

“Hoje consegui trabalhar num emprego que eu acho que está de acordo<br />

comigo, que eu sinto prazer em trabalhar. Eu tinha também muitos empregos que eu<br />

trabalhava por necessidade, não que eu gostava. A biodança mudou muita coisa na<br />

minha vida, no sentido de caráter existencial mesmo, os propósitos. Eu acho que é<br />

uma ferramenta muito eficaz assim no sentido de conseguir chegar até as pessoas,<br />

passar alguma coisa, e que realmente faz efeito. Hoje em dia eu estou fazendo a<br />

escola. Pretendo terminar ela, não sei, acho que faltam uns dois anos ainda, mais ou<br />

menos. E pretendo realmente ser um facilitador de biodança, coisa que eu nunca<br />

imaginava antes de conhecer a biodança. Hoje em dia faço trabalho social, que foi<br />

uma coisa que me direcionou também, que eu tinha muita dificuldade de saber como<br />

eu ia ajudar as pessoas, como eu ia conseguir fazer isso. Trabalho social é uma<br />

coisa que eu pretendo fazer para o resto da minha vida, mesmo que eu tenha<br />

trabalho com a biodança remunerado, trabalho social é uma coisa que eu quero<br />

manter sempre. É algo que faz eu me sentir mais humano também, faz eu me sentir<br />

gente. Quero ser um grande facilitador de biodança, realmente isso eu quero ser, e<br />

vou batalhar, estou batalhando para isso. E quero realmente rodar o mundo, isso eu<br />

tenho certeza que eu vou fazer, não sei quando, mas vou fazer isso, rodar o mundo<br />

propagando a biodança e também passando a minha visão pessoal, assim e quero<br />

seguir assim, esse caminho mais alternativo”.<br />

• Integrante: 62 anos, sexo feminino, 4 anos de Biodanza<br />

Breve Biografia<br />

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Antes da Biodanza<br />

“Vivi com a mãe por 10 anos, ela teve esclerose, eu vivia só em função dela e<br />

trabalhava na associação dos servidores municipais, mas eu não tinha como pensar<br />

em mim, era só nos outros. Eu vivia com a Rosaura em São Jerônimo, depois<br />

viemos para Porto Alegre e aí que ela me convidou para fazer Biodanza”.<br />

Depois da Biodanza / Contribuições da Biodanza para a trajetória<br />

“A partir daí eu tenho tempo de olhar para mim também, foi muito importante<br />

o apoio do grupo, aprender a ouvir os outros, quando vem as tempestades, aprende<br />

a lidar com as coisas, sem violência, com o apoio do grupo e dos facilitadores a<br />

gente se sente cada vez melhor. Hoje eu sou muito feliz, depois que eu comecei a<br />

fazer biodanza a diferença é enorme, de olhar os horizontes que eu não olhava, hoje<br />

eu caminho na rua de cabeça erguida, hoje eu vejo as coisas, vendo as arvores o<br />

que não olhava. Agradeço a biodanza esta esta minha transformação, esta<br />

felicidade que eu aprendi a sentir. As pessoas percebem a minha transformação,<br />

muita gente pergunta o que aconteceu, que eu me transformei, renovei depois que<br />

comecei a fazer biodanza”.<br />

Apresentamos a seguir, relatos pessoais dos estagiários:<br />

RELATO PESSOAL – Artur Almeida:<br />

“Esta proposta de estágio com caráter social na Cia de Arte, foi muito<br />

enriquecedora e fundamental em minha formação como facilitador de Biodanza. O<br />

próprio espaço em que buscamos concretizar esta proposta, tem muito significado<br />

para mim. Nele, freqüentei o primeiro curso de teatro que realizei, em 1990 e a partir<br />

38


do ano seguinte, passei a integrar o grupo teatral Caixa de Pandora, que realizava<br />

na Cia de Arte, seus ensaios e apresentações. Quando a sede administrativa da<br />

APCEF foi transferida para Ipanema, somente este grupo continuou a utilizar o<br />

prédio. Tínhamos a chave do prédio e fomos responsáveis pela continuidade de sua<br />

utilização como pólo cultural, por mantermos nossas atividades e começarmos a<br />

ceder o espaço para ensaios e atividades de outros grupos da cidade. Assim, ao<br />

procurarmos espaço para nosso estágio, a Cia de Arte já era uma referência, já<br />

tínhamos um relacionamento com a diretoria da APCEF.<br />

Iniciamos a facilitar grupos, como estágio na formação, incentivado e<br />

supervisionados por Myrthes Gonzalez, diretora da Escola Rolando Toro/Pelotas. A<br />

possibilidade de atuar em dupla, com Rosaura Berni, foi muito enriquecedora, pela<br />

possibilidade de um outro olhar e sobre a ótica feminina, para a construção da<br />

proposta. O companheirismo, amizade e complementaridade de nossa atuação em<br />

dupla, é muito significativa para mim. A partir da insegurança inicial,<br />

progressivamente fomos adquirindo confiança e aprendendo na prática a operação<br />

do aparelho de som, formas de consignas e a percepção do grupo e do momento de<br />

cada integrante.<br />

Neste período, cada questionamento dos participantes, trouxe profundas<br />

reflexões e também a possibilidade de perceber diferentes modos de agir sobre<br />

determinada situação. Durante o estágio, o grupo foi importante para o período de<br />

perdas vivenciado, com o falecimento do meu pai, em 2002 e meu irmão, em 2003.<br />

Foi formado um núcleo afetivo, muito nutridor para os integrantes e para nós, que<br />

39


facilitávamos o processo.Passamos a nos reunir em festas, viagens, sendo muito<br />

gratificante esta convivência.<br />

Fiquei orgulhoso em termos três integrantes do grupo ingressando na Escola<br />

de formação de facilitadores. Este foi um sinal de que estávamos no caminho certo,<br />

que conseguimos despertar o interesse e desejo para que buscassem aprofundar na<br />

proposta da Biodanza! Hoje, após 2 anos da finalização da Escola, sinto que<br />

estamos constantemente resignificando, que o aprendizado é contínuo, nunca<br />

estamos "prontos", mas que esta vivência do grupo na Cia de arte, é uma bagagem<br />

importante, um acúmulo de experiências que são os pilares desta construção feita<br />

no dia-a-dia. Quando iniciamos, montávamos 6, 8 propostas de encontros, para<br />

supervisão. Mas percebemos que ao aplicar, no segundo encontro, a resposta do<br />

grupo nos levava a estruturas totalmente diferentes do que tínhamos planejado.<br />

Assim, passamos a montar de encontro a encontro, percebendo o momento e<br />

movimento do grupo. Estas reuniões para montagem da estrutura de trabalho,<br />

sempre foram muito ricas, em discussões e estudo. No início, despendíamos muito<br />

tempo nesta estrutura e também para escolha das músicas. Com o passar do tempo,<br />

foi ficando mais ágil o processo, por nos conhecermos melhor, conhecimento do<br />

grupo e maior tempo na formação, onde cada maratona nos trazia novos<br />

conhecimentos, mostrando caminhos para seguir. Na supervisão, apresentávamos<br />

as estruturas dos encontros, com as músicas propostas e discutíamos sobre<br />

determinados exercícios ou situações que se apresentavam no grupo. Em nossa<br />

forma de trabalhar, começamos intercalando entre nós dois as consignas dos<br />

exercícios, mas percebemos que isto provocava uma quebra, tanto para nós, quanto<br />

40


para o grupo. Assim, passamos a dividir cada encontro ao meio, sendo que cada um<br />

facilitava em seqüência. Desta forma, percebemos que entrávamos mais em sintonia<br />

com o grupo, percebendo melhor cada momento. Procuramos sempre revezar,<br />

quem começa ou termina a cada encontro. Desta forma, sempre estamos<br />

trabalhando nos dois pólos, ativação e regressão.<br />

A montagem dos encontros, segue sendo em parceria, com encontros aos<br />

finais de semana para este fim. Lembro da insegurança de facilitar pela primeira vez<br />

sozinho no grupo. A Rosaura foi viajar a serviço, ficando fora cerca de um mês. No<br />

primeiro encontro, convidei alguns amigos da formação, para me sentir mais seguro.<br />

Esta presença foi importante para me sentir acolhido ou como reforço em caso de<br />

problemas com o aparelho de som ou outro tipo de ocorrência. Com o passar do<br />

tempo, já não existe esta insegurança, alternamos períodos de férias, viagens, com<br />

tranqüilidade.<br />

Quando iniciamos, foi muito importante a participação e apoio dos colegas de<br />

formação, através do incentivo e das visitas ao grupo, pois a presença de quem<br />

conhece a Biodanza, proporciona outra dinâmica a um grupo de iniciantes.<br />

Esta experiência foi e está sendo muito rica, desafiadora e trazendo grande<br />

crescimento pessoal e profissional”.<br />

RELATO PESSOAL – Rosaura Berni:<br />

“O Significado do estágio no grupo regular foi uma experiência extremamente<br />

rica, no sentido em que podia estar aprendendo com o aval do grupo, que sempre foi<br />

41


informado que era um período de estágio supervisionado pela diretora da escola<br />

Myrthes Gonzalez e que eu ainda não tinha a formação completa como profissional,<br />

e, mesmo assim houve uma entrega e aproveitamento de um grupo de pessoas que<br />

vivenciou nossa proposta, pois sempre trabalhei em dupla com um colega de escola,<br />

Artur Almeida, que hoje além de colega de profissão é um amigo caríssimo e<br />

continuamos numa proposta de trabalho de dupla, o que é muito enriquecedor e<br />

permite, a meu ver, um crescimento no aprendizado, pois temos sempre duas visões<br />

e percepções diferentes.<br />

Penso que o grupo em si já propicia um crescimento e transformação muito<br />

grande, mas trabalhar como facilitador, com a responsabilidade de estar cuidando de<br />

um grupo, isto se multiplica, então, vejo que aprender a ouvir, aprender a estudar de<br />

uma maneira holística, aprender a transcender tabus e julgamentos, a colocar-se de<br />

modo mais coerente possível, isto o processo de facilitação me trouxe.<br />

Por exemplo, eu fumava ainda durante o inicio de minha formação.Quando eu<br />

falava no grupo em qualidade de vida, percepção e depois que acabava a aula,<br />

quando entrava no carro a primeira coisa que fazia era acender um cigarro, aquilo<br />

começou a me incomodar, porque literalmente eu estava dizendo uma coisa e<br />

fazendo outra.Eram as cortinas se afastando e eu não tinha mais controle sobre<br />

elas, eu não podia mais fazer de conta que não estava vendo.E, assim, foi com<br />

tantas outras atitudes, que a meu ver, eu tive ganhos através das transformações,<br />

pelo aumento de percepção.<br />

42


Eu falava no grupo sobre transparência, por exemplo, que era muito<br />

importante limpar qualquer situação com a própria pessoa, que por acaso viéssemos<br />

a ter algum conflito, e que este conflito dizia respeito a nós diretamente e somente<br />

àquelas pessoas que ‘enganchavam’ na situação; e depois me pilhava ‘fofocando’<br />

com outra pessoa sobre algo que me havia tocado especialmente e que eu não tinha<br />

coragem de resolver com a pessoa que dizia respeito.<br />

Acredito que um maior sentido de compaixão comigo e com os outros, de<br />

acreditar que através do auto-conhecimento é possível a transformação sim, de que<br />

‘pau que nasce torto não morre torto’ não senhor(a). Posso hoje testemunhar com a<br />

minha vida e com tantas pessoas que dançaram comigo e o Artur, com colegas de<br />

Escola. O estágio possibilitou esta entrada progressiva num universo muito delicado<br />

que e a entrega de outras pessoas a um trabalho de vivência e transformação e<br />

mudanças de atitudes muitas vezes radicais na vida de quem o faz, e a<br />

responsabilidade de estar facilitando este processo foi muito impactante no sentido<br />

de que eu estou sempre questionando e buscando estar o mais próxima possível,<br />

dentro da minha percepção do que eu facilito , do que eu transmito como integrante<br />

também deste sistema, até porque sabemos que o sistema Biodanza é<br />

essencialmente vivencial comprometendo todo o organismo no processo de<br />

aprendizagem, e se não évivenciado pelo facilitador, acaba se transformando<br />

apenas em mais uma técnica dentre as tantas existentes.<br />

Refletir sobre este período, sobre as inseguranças, os medos, as dificuldades,<br />

os erros do começo, os acertos, a confiança na intuição, o apoio dos amigos, a<br />

criação da Escola (fui aluna da primeira turma da Escola de Facilitadores Rolando<br />

43


Toro de Pelotas), das aulas discutidas exaustivamente se dariam certo ou não, me<br />

trazem uma certeza: que esta possibilidade de estágio, formando um grupo, é<br />

essencial para a progressividade deste aprendizado. É uma grande<br />

responsabilidade, dar um retorno as pessoas que nos procuram, dentro do que<br />

aprendemos e que continuamos a aprender, porque como qualquer profissão ou<br />

disciplina necessitamos de constante abertura e aprendizado, até porque é<br />

fundamentada no auto-conhecimento de ser humano”.<br />

44


4 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO FACILITADOR<br />

Nossa experiência como estagiários em Biodanza e o relato de colegas que<br />

também passaram por este processo, é de que o estágio é fundamental no processo<br />

de formação do facilitador.<br />

É somente através desta experiência, que temos a dimensão real do processo<br />

de facilitar um grupo.<br />

ação.<br />

Neste momento, é que o referencial teórico efetivamente se concretiza em<br />

A ansiedade, sensação de estar tateando, buscando referências no<br />

referencial teórico, junto à supervisão e facilitadores mais experientes e mesmo a<br />

troca entre os colegas é muito rica, um período de efervescência, crescimento muito<br />

grande.<br />

Foi um período muito rico, no sentido que era um mundo novo que se abria.<br />

O que significava para nós trabalhar com biodanza?<br />

Como cuidar de um grupo que expressava fundamentalmente suas emoções?<br />

Certo, tínhamos a técnica, o modelo teórico e um curso quase completo, mas<br />

o desafio continuava muito grande, porque a o mesmo tempo em que propunhamos


ao grupo uma entrega e uma confiança, nós também estávamos juntos no processo,<br />

experimentando esta emoções, principalmente a dúvida – Será que vai funcionar?<br />

Vivemos um período intenso de transformações, como apresentado em<br />

nossos relatos e dos integrantes. Estas descobertas, somente foram possíveis,<br />

porque nos lançamos neste desafio, tendo o acolhimento e resposta do grupo.<br />

Para que o período de estágio fosse avaliado pelos colegas de formação,<br />

propomos a seguinte questão: Qual o significado/ importância de participar em<br />

atividades de estágio, com grupos de Biodanza para a tua formação como<br />

facilitador?<br />

Segue abaixo um recorte das respostas obtidas, estando o relato completo<br />

nos anexos desta monografia.<br />

Jorge Roberto dos Santos:<br />

“O estágio pra mim foi importante e ainda está sendo, porque ainda não<br />

apresentei a monografia. Com o estágio, no início comecei com aulas<br />

supervisionadas e com o tempo fui criando autonomia de começar a montar as aulas<br />

e de fazer a sessão. É um aprendizado, uma bagagem que a gente vai adquirindo,<br />

um conhecimento. E tem uma característica que comecei a trabalhar com ação<br />

social, trabalhei com as crianças do CEDEL. Ainda continuo e também com os<br />

portadores de necessidades especiais e agora com um grupo de adultos. Então,<br />

este estagio na ação social com as crianças e com os portadores me deu muita<br />

experiência. Depois que agente passa por lá, a gente tem mais segurança de<br />

46


trabalhar com os adultos, entre aspas normais, é mais tranquilo, então estes três<br />

grupos estão me dando um aprendizado tremendo”.<br />

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio, com<br />

grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?<br />

Lilian Rocha:<br />

“Acredito, com certeza, que o estágio propicia o contato com a realidade, até<br />

então meramente teórica da metodologia da sessão de Biodanza; uma coisa bem<br />

clara é por mais que tenhamos vivência como alunos, nunca será a mesma coisa,<br />

quando estamos no papel de facilitador, aquele que é capaz de desencadear um<br />

processo vivencial, através de sua postura, da escolha correta da curva da aula, da<br />

músicas escolhidas, da consigna clara e afetiva. É no estágio que aprendemos o<br />

significado da palavra grupo, pois é ai que começamos a vivenciar o diferente, pois<br />

as mais diferentes pessoas nos procuram para iniciar um processo vivencial, e só ai<br />

percebemos o quanto é importante o outro como espelho.<br />

É no estágio que começamos a perceber a importância da coerência<br />

existencial, pois o grupo percebe as nossas intenções e questionamentos, e nesta<br />

hora a veracidade de nossas ações são fundamentais. Manter um grupo não é fácil,<br />

são muitos interesses que se apresentam; não basta ser um facilitador carismático,<br />

os tema s escolhidos tem que permear as necessidades do grupo e não do<br />

facilitador, o grupo tem que se oxigenar e se modificar, se não cristaliza e passa a<br />

não ser um processo transformador. Sem falar em todo investimento que se<br />

aprende, durante o estágio, a fazer com publicidade: e-mail, folder, cartazes, aulas<br />

47


abertas, cursos de iniciação, cursos de aprofundamento, cursos de radicalização de<br />

vivências”.<br />

Rejane Peixoto:<br />

“Bem, esta experiência que tive e ainda estou tendo está sendo fundamental<br />

para minha formação como facilitadora de Biodanza. Depois que comecei a pensar<br />

como facilitar uma aula, que exercícios deveria escolher, quais as músicas e qual a<br />

consigna, adaptar para público alvo, muita coisa mudou. Eu sinto que dei um salto,<br />

um avanço significativo. Com a prática é que o entendimento da parte teórica faz<br />

muito mais sentido. A minha tão falada, por mim mesmo, percepção, ficou muito<br />

mais aguçada, comecei perceber coisas que antes ainda não tinha percebido. Acho<br />

que todo aluno de formação deveria fazer um estágio antes de receber o certificado<br />

de Facilitador de Biodanza. Acho que isso daria mais segurança tanto para o<br />

facilitador como para os primeiros facilitados após o término da formação. Assim o<br />

facilitador sairia mais apto para formar seu grupo”.<br />

Cleonara Bedin:<br />

“A importância do estágio de ação social em biodanza para minha formação<br />

como facilitadora foi a relação da percepção de crescimento do vínculo de afeto<br />

entre eu, meus parceiros de trabalho e os alunos. Meu estágio em ação social foi<br />

realizado em 2003 com crianças de 7 a 10 anos em situação de risco social, ou seja,<br />

crianças em situação de abandono familiar, violência e trabalho infantil. Vivenciei um<br />

estranhamento com a minha realidade por um lado quando aconteciam situações de<br />

violência dentro da classe e uma identificação com as situações de abandono. O<br />

meu aprendizado se deu e continua acontecendo, pois continuo hoje em 2005<br />

48


trabalhando no mesmo projeto, na vivência permanente da aceitação, do respeito e<br />

do não julgamento dos alunos e de mim mesma. Esta construção do momento<br />

presente é que facilita o desenvolvimento dos potenciais de crescimento individuais,<br />

meus e dos alunos. A relação do facilitador acontece no vínculo de afeto, que é<br />

progressivo, sem controle, permanente e construído na relação mútua”.<br />

SOBRE ESTÁGIOS – fases da vida, fases do aprender!<br />

Rute Rodrigues:<br />

“Meu estágio como facilitadora de Biodanza aconteceu na creche que meu<br />

filho freqüenta e perdura até hoje, com a turminha do jardim. Da sementinha nasceu<br />

uma árvore linda, as crianças aguardam o dia da Biodanza como um momento<br />

especial. Costumo dizer que tenho hoje um grupo avançado de Biodanza infantil,<br />

pois há três anos que estamos juntos. Minha proposta foi acolhida com muita<br />

abertura e amorosidade. E então me vi ali com doze crianças entre 3 anos e meio e<br />

5 anos. Era o caos, eu não sabia como fazer e eles não sabiam o quê fazer.<br />

Cheguei cheia de boas intenções, aula preparada, músicas escolhidas, só esqueci<br />

de um pequeno detalhe, criança não pára o movimento para ouvir e depois seguir<br />

fazendo a sugestão da consigna como um adulto. Tive que me remexer, ir buscar<br />

soluções, porque propunha uma coisa e nem dava tempo de terminar de dizer<br />

estavam pulando, conversando, um batendo no outro, gritando: ‘Tia, fulaninho me<br />

empurrou!’ e choro daqui e dali. Tinha dias que eu saia com total sensação de<br />

frustração. Sabia que tinha que fazer diferente, sabia que tinha que descobrir que a<br />

técnica da Biodanza não podia ser mais importante que a própria condição infantil de<br />

liberdade e espontaneidade. Mas tinha também, momentos belíssimos, quando as<br />

49


crianças expressavam suas questões com a delicadeza e entrega que não<br />

encontramos facilmente no mundo adulto.<br />

Fui saindo do mundo da teoria e despencando no mundo da prática,<br />

descobrindo uma outra biodanza que não aquela que eu dancei e que aprendi a<br />

compor. Conhecendo de mim e de quem eu sou diante da falta de controle, do caos,<br />

diante do diferente, diante da minha criança que queria brincar mas obedecia a mãe<br />

para ser aprovada!!! Aprendi que aula de criança tem conversa, tem interrupção e<br />

que isto não impede que a criança vivencie intensamente. Aprendi que o objetivo<br />

não é o re-aprendizado das funções orgânicas mas a manutenção das mesmas. Que<br />

o afetivo-motor na criança está surgindo assim como ela compõe seus movimentos<br />

para calçar ou amarrar seus calçados. Aprendi que a linguagem infantil não tem<br />

função de fuga cortical, mas está integradíssima com suas sensações e emoções.<br />

Fui vivenciando que muitas vezes as crianças não batem porque são más,<br />

mas porque ainda não conseguem se colocar no lugar do outro que sente dor; que a<br />

defesa é o melhor ataque; que era só uma lutinha, como no desenho animado que<br />

algum adulto desestruturado resolveu dizer que era desenho infantil e apregoa BUM,<br />

CRAFT, POW, como coisas comuns, naturalizadas e nós do mundo<br />

subdesenvolvido compramos como suprassumo do país desenvolvido. Puro lixo.<br />

Fui percebendo que se não entendesse na prática o egocentrismo,<br />

confundindo com egoísmo, aí sim contribuiria para criar egoístas. O perigo é a visão,<br />

o julgamento e o rótulo de adultos impedir que a criança, no percorrer do<br />

desenvolvimento, transponha esta condição e isto não vai acontecer se recebe a<br />

50


tarja sobre sua identidade de que ela é assim e ponto, ao invés de considerarmos<br />

que está assim, em aprendizagem.<br />

Para minha surpresa, hoje conseguimos realizar aulas inteirinhas, sem gritos<br />

ou grandes paradas, todos curtem e se divertem, tudo muito parecido com uma aula<br />

de adulto. O vínculo comigo é grande com todos os alunos e fui percebendo que<br />

minha impaciência quando colocava limites tinha a ver com aquela visão idealizada<br />

das crianças e que hoje já não preciso me esgoelar, mas conversar firme entender o<br />

que acontece e seguirmos dançando. Quando alguém não consegue se expressar<br />

de outra forma que não seja chute e socos, combinamos um tempo da Biodanza,<br />

não como punição, mas explicando que ele não consegue, neste momento, fazer de<br />

outra forma e que assim atrapalha toda a aula e eles aceitam e o que acontece é<br />

que retornam sedentos ao grupo, mas cada vez menos isto acontece.<br />

Então, descer até a altura da criança e entender o que se passa, olhar de<br />

onde ela olha, voltar a ser criança e sair do lugar de juiz, do mantenedor do status<br />

quo que diz que sempre o adulto tem razão e que nossas regras são as melhores e<br />

devem ser sempre seguidas, tem sido um dos maiores aprendizados, ou até cura<br />

pessoal do estágio que virou trabalho, nada sério, do ponto de vista de abarcar<br />

prazer, diversão, abertura e expansão, muito saudável, do meu mundo adulto”.<br />

51


CONCLUSÃO<br />

Com este trabalho, esperamos contribuir para o processo de formação e<br />

fundamentar a importância do estágio dos alunos nas escolas de formação de<br />

facilitadores em Biodanza. Segundo nossa experiência, o estágio mais prolongado<br />

nos possibilitou uma maior maturação e segurança na aplicação do sistema.O relato<br />

dos colegas entrevistados também ratifica esta posição, pois entendemos que é um<br />

momento de intenso aprendizado, de mergulho profundo em interações com<br />

diferentes personalidades e visões de mundo, numa abordagem onde o convívio<br />

com as diferenças e a prática de uma convivência pacífica e integradora dos<br />

contrários, dentro de um processo dialógico (MORIN, 2002), é um dos pilares do<br />

sistema Biodanza. Pelos motivos apontados, sugerimos que o estágio na formação<br />

do facilitador tenha sua carga horária aumentada, passando dos atuais 2 meses<br />

para um período entre 6 a 12 meses de duração, dependendo do processo de cada<br />

aluno.<br />

Ressaltamos também, que apesar do caráter de estágio da formação de<br />

facilitadores em Biodanza, os relatos dos integrantes do grupo e dos colegas de


formação, demonstrou a potência do Sistema, as transformações e benefícios que<br />

este proporcionou aos integrantes do grupo de pessoas experienciaram à técnica.<br />

De acordo com o apresentado nesta monografia, sugerimos também que seja<br />

utilizada a rede do terceiro setor que se estrutura neste momento no mundo,<br />

trazendo para a sociedade organizada um novo conceito, chamado<br />

“responsabilidade social”, onde uma técnica como a Biodanza vem ao encontro<br />

destas grandes necessidades de olhar e vivência solidária que estes espaços estão<br />

solicitando e nos quais ainda temos tão pouca efetividade.<br />

53


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CAMPBELL, Dom G. O Efeito Mozart: explorando o poder da música para curar o<br />

corpo, fortalecer a mente, e liberar a criatividade. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.<br />

CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas. São Paulo: Cultrix, 2002.<br />

GÓIS, Cezar Wagner de Lima. Biodanza. Porto Alegre, 1997.<br />

_____ . Vivência e Identidade: uma visão biocêntrica. Porto Alegre: 2002.<br />

MELO NETO, Francisco de Paula de. Empreendedorismo Social: a transição para<br />

a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.<br />

ROGER. Carl R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.<br />

TORO, Rolando. Biodanza. São Paulo: Olavobrás, 2002.<br />

_____ . Apostilas de Formação de Facilitadores de Biodanza. Santiago (Chile),<br />

2001.


ANEXOS


ANEXO A<br />

QUESTIONÁRIO PARA OS INTEGRANTES DO GRUPO<br />

Integrante: 52 anos, sexo feminino, 3 anos de Biodanza<br />

O que tu fazias antes de começar biodanza?<br />

A minha vida antes de começar a biodança era muito difícil, muito<br />

complicada,eu não me encontrava em nada eu fazia mil coisas e não fazia nada.eu<br />

queria viajar, depois viajando, já queria voltar apara casa.totalmente perdida, sem<br />

dar limite para nada nem para ninguém, nem para mim mesma. travada e muito<br />

vítima dos outros, vítima dos amigos, da família dos namorados.Ai eu passava<br />

dando voltas, não me encontrava em nada. Se estava num apartamento já queria<br />

mudar fazia 50 mudanças. Fiz mudanças enormes na minha vida, perdi muito<br />

fazendo mudanças sem saber o que queria.<br />

Onde tu moravas,antes de começar a biodanza, tu gostavas?<br />

Não, de maneira nenhuma nunca gostava de onde morava. Morei 20 anos em<br />

Sta Maria,odiava sta Maria. Me separei, morei 4 anos na Argentina.Bem da<br />

Argentina eu gostava, mas estava sempre no Brasil, todos os meses eu dava uma<br />

desculpa para vir ao Brasil Depois vim morar em Porto Alegre, mas detestava Porto<br />

Alegre achava uma porcaria, não gostava, o apartamento que eu morava também<br />

não gostava, é isso aí.


ti?<br />

Com quem tu moravas, antes de vir fazer Biodanza? Como era isto para<br />

Eu sempre morei sozinha, desde que me separei, mas odiava morar sozinha,<br />

detestava e era isso. E era horrível minha relação com meus filhos, só me<br />

queixando, não me davam atenção...<br />

Depois que tu começas a fazer Biodanza, onde tu moras?<br />

Eu comecei a fazer Biodança depois de 3 anos que estava em POA, continuei<br />

morando neste apartamento, me sinto muito muito bem, o ap eu acho<br />

maravilhoso.Continua tudo do mesmo jeito. Fiz uma reforma enorme no<br />

apartamento, mudei moveis, mudei tudo, me sinto muito bem.<br />

Antes quando eu estava elogiando a vista aqui , tu disseste que ama a<br />

vista, e antes, tu não notavas?<br />

Não prestava atenção em nada, estava sempre querendo me mudar. Depois<br />

mudou tudo, a vista, minha maneira de ser dentro de casa, tudo simplesmente<br />

diferente, de outro ângulo completamente diferente.<br />

Depois que tu começaste a fazer Biodanza, com quem tu moras?<br />

Eu continuo morando sozinha, gosto. Não posso dizer que amo morar<br />

sozinha, mas me sinto muito bem, convivo ótimo comigo, me sinto muito bem, não<br />

tenho problema comigo. Não dependo dos outros para me sentir feliz..<br />

57


O que tu fazes depois que começas a fazer biodanza?<br />

Eu me sinto muito bem, eu saio, eu consegui dar um rumo para a minha vida,<br />

passei a trabalhar com meu filho... o que eu faço para eles... meu relacionamento<br />

com eles mudou completamente...vejo que eles estão a mesma coisa, sempre foram<br />

a mesma coisa, eu e que estou mudando bastante..Eu consegui conviver comigo<br />

muito bem. Estive sozinha dentro de casa praticamente 45 dias, consegui passar os<br />

dias tranqüila, sem depressão, sem nada disso, muito bem.<br />

Tive que conviver comigo.Há muito tempo eu tinha um problema bastante<br />

grave de joanetes, um tumorzinho nos pés, não me animava a tirar, não tinha<br />

coragem... criei coragem, fiz cirurgia nos dois pés,fiquei sozinha em casa. Tive<br />

coragem de ficar sozinha me dei conta conta de que eu posso realmente conviver<br />

comigo. Foi um período que eu achei muito legal.<br />

* * *<br />

Integrante: 62 anos, sexo feminino, 4 anos de Biodanza<br />

Eu vivo em Conoas e POA! Canoas com os filhos e aqui com a Rosaura. Eu<br />

me encontrei foi na Biodanza. Antes eu não tinha visão de mundo. Eu vivia só para a<br />

família. Vivi com a mãe por 10 anos, ela teve esclerose, eu vivia só em função dela e<br />

trabalhava na associação dos servidores municipais, mas eu não tinha como pensar<br />

em mim, era só nos outros. Eu vivia com a a Rosaura em São Jerônimo, depois<br />

viemos para Porto Alegre e aí que ela me convidou para fazer Biodanza. A partir daí<br />

eu tenho tempo de olhar para mim também, foi muito importante o apoio do grupo,<br />

aprender a ouvir os outros, quando vem as tempestades, aprende a lidar com as<br />

coisas, sem violência, com o apoio do grupo e dos facilitadores a gente se sente<br />

58


cada vez melhor. Hoje eu sou muito feliz, depois que eu comecei a fazer biodanza a<br />

diferença é enorme, de olhar os horizontes que eu não olhava, hoje eu caminho na<br />

rua de cabeça erguida, hoje eu vejo as coisas, vendo as arvores o que não olhava.<br />

Agradeço a biodanza esta minha transformação, esta felicidade que eu aprendi a<br />

sentir, felicidade é uma coisa, estar feliz, vivendo é outra bem diferente. A gente<br />

pode dizer eu estou feliz, mas viver aqueles momentos de felicidade, muitas vezes a<br />

gente se encontra numa festinha, ri e tudo mas é uma coisa de mais prazer, aquela<br />

felicidade, aqueles momento que a gente vive ali, mais presente, primeiro eu não<br />

sentia isto e agora eu sinto. As pessoas percebem a minha transformação, muita<br />

gente pergunta o que aconteceu, que eu me transformei, renovei depois que<br />

comecei a fazer biodanza. A Biodanza é a dança da vida para mim, a gente<br />

descobre muitas coisas e naquelas aulas que a gente vai aprofundando a gente vai<br />

durante a semana, a gente vai sentindo uma transformação, a partir das aulas que a<br />

gente teve.<br />

* * *<br />

Integrante: 24 anos, sexo masculino, 4 anos de Biodanza<br />

Como era a tua vida antes de conhecer a biodanza, assim no sentido do<br />

onde quero viver, com quem quero viver e o que quero fazer.<br />

Bem eu vou partir dos meus dezessete anos em diante, quando eu esta mais.<br />

Que foi quando eu comecei a ter a minha opinião, ver o que eu queria mesmo, que<br />

foi quando eu saí de casa, quando comecei a morar sozinho. A partir daí eu sempre<br />

tive uma vontade muito grande de contribuir com a minha parte, vamos dizer assim,<br />

para a humanidade, que é o mundo, mas não sabia como. Eu queria tanto isto que a<br />

primeira coisa que eu fiz foi sair de casa, porque eu achei que primeiro eu teria que<br />

59


mudar a minha vida para depois querer mudar alguma coisa nos outros. Então eu<br />

comecei a morar, eu e o Anderson, com dezessete anos eu não conhecia a<br />

biodança ainda, a partir daí as coisas começaram a mudar, digamos que eu dei um<br />

pontapé inicial. Também eu lia muitos livros de auto-ajuda, falava algo sobre isso.<br />

Daí, morando sozinho, eu e um amigo, a gente começou..., a gente conheceu muitas<br />

coisas antes. Eu cheguei antes da biodança, cheguei no kardecismo, que foi algo<br />

também que me, digamos, tirou muitas dúvidas que eu tinha existenciais. Porque eu<br />

era muito revoltado na época que eu era adolescente, tinha muitas coisas que eu<br />

não concordava, que eu queria mudar e não conseguia, ao mesmo tempo era tudo<br />

muito novo para mim. E aí, aos vinte eu cheguei à biodança. Que foi onde eu<br />

conheci a biodança, no caso, com a tua turma. Mas foi quase que por acaso, eu não<br />

acredito em acaso. Foi quando eu apareci lá na Companhia de Arte e tinha um<br />

cartaz na parede. Onde eu queria viver? Eu sempre quis muito, assim, viver em<br />

grandes comunidades, sempre estar, digamos, sempre quis estar, digamos<br />

transitando entre pessoas, conhecendo novas pessoas, novas culturas e outras<br />

coisas assim. Isto onde eu que queria viver. Com quem eu queria viver? Com<br />

pessoas que também partilhassem o meu pensamento, a minha opinião...E qual<br />

seria a outra?<br />

O que queria fazer?<br />

O que eu queria fazer era algo nesse sentido, em caráter humanitário, vamos<br />

dizer assim, algo que eu conseguisse contribuir de alguma forma para o mundo, nem<br />

que seja com um pingo d’água, que nem o beija flor. E a biodança se encaixa muito<br />

bem nisso. Eu conheci a biodança, eu vi que tinha esse caráter assim, que poderia<br />

atingir muitas pessoas através da biodança. Foi aí que depois de um tempo eu<br />

60


esolvi entrar na escola por causa disto. Eu quero me tornar facilitador justamente<br />

por isso, por que eu quero se possível rodar o mundo espalhando a biodança e<br />

conhecendo pessoas... Digamos, tentando contribuir com um pouco da minha parte.<br />

E digamos que a biodança mudou muita coisa na minha vida, no sentido de caráter<br />

existencial mesmo, os propósitos... Porque eu me lembro que no começo era uma<br />

coisa um pouco adolescente, aquela coisa de..., nós chegamos até a montar uma<br />

banda dce rock, eu e um amigo, porque a gente chegou a conclusão que através de<br />

uma banda, se a gente conseguisse fazer algum tipo de sucesso, poderia passar<br />

uma mensagem através das letras das músicas. Que eu sempre gostei muito de<br />

Legião Urbana, e me inspirei muito nas letras do Renato Russo até para me<br />

ambientar na minha adolescência. Tá, isso foi até uma coisa mais adolescente, e<br />

tudo, e passou. Daí depois o espiritismo, que é uma coisa que até hoje eu sigo. E<br />

por último a biodança, que também eu achei que fosse..., eu achei, não, eu acho<br />

que é uma ferramenta muito eficaz assim no sentido de conseguir chegar até as<br />

pessoas, passar alguma coisa, e que realmente faz efeito. E me espelhei em vocês<br />

também que, desde o começo vocês comentavam lá como era o caráter do trabalho<br />

de vocês, vocês estavam fazendo estágio na escola, aquela coisa toda... O que fez<br />

eu também assim tomar essa decisão e entrar na escola, uns tempos depois, foi<br />

aquele encontro em São Lourenço, em 2002. Foi o primeiro congresso de biodança<br />

que eu fui, eu tinha uns oito meses de biodança. E ali eu vi realmente o que era a<br />

biodança, como é que funcionava, os facilitadores, toda aquela, digamos, união de<br />

pessoas, ..., por um fim em comum. E hoje em dia eu estou fazendo a escola.<br />

Pretendo terminar ela, não sei, acho que faltam uns dois anos ainda, mais ou<br />

menos. E pretendo realmente ser um facilitador de biodança, coisa que eu nunca<br />

imaginava antes de conhecer a biodança. Foi uma coisa que realmente... Hoje em<br />

61


dia faço trabalho social, que foi uma coisa que me direcionou também, que eu tinha<br />

muita dificuldade de saber como eu ia ajudar as pessoas, como eu ia conseguir fazer<br />

isso. E até mesmo porque eu também passei muitas dificuldades... na minha<br />

adolescência..., na minha infância não, mas na minha adolescência, a família já se<br />

desestruturou, aquela coisa toda. Hoje em dia meus pais são falecidos. Bem dizer eu<br />

não tenho família, tenho só uma irmã, que a gente é meio distante um do outro.<br />

Então digamos que eu, mais ou menos, eu sempre tive aquilo comigo, de seguir meu<br />

caminho, minha proposta, mesmo que fosse só ou acompanhado. E estou seguindo<br />

até hoje. Hoje consegui trabalhar num emprego que eu acho que está de acordo<br />

comigo, que eu sinto prazer em trabalhar. Eu tinha também muitos empregos que eu<br />

trabalhava por necessidade, não que eu gostava. E pretendo dai para frente crescer<br />

mais em questão profissional. A biodança é uma coisa assim que eu não sei te dizer<br />

se eu vou viver de biodança. É uma coisa que é meio incógnita, mas que eu vou<br />

trabalhar com biodança, isso é certo. E até também, de certa forma, eu não gostaria<br />

de depender totalmente da biodança para viver, para, digamos, tirar meu caráter<br />

financeiro. Pretendo continuar com um trabalho paralelo assim, até para não ter<br />

esse... porque eu quero fazer essa social. O meu forte é esse, eu quero muito. Acho<br />

que até agora eu vou começar a trabalhar com transplantados.<br />

E para te falar a verdade, eu, se eu pudesse, é que realmente..., eu tenho que<br />

trabalhar para me sustentar, mas se eu pudesse, eu estaria acho que inserido em<br />

todos os trabalhos assim. Porque eu me interesso, todos os trabalhos que aparecem<br />

assim eu tenho vontade de fazer parte, mas não tenho tempo. Porque realmente<br />

hoje em dia eu ando muito apertado de tempo... É reunião para cá, é trabalho para<br />

lá. E à medida que as pessoas vão sabendo também, tem um amigo meu que<br />

também conheceu uma creche em Canoas (que a esposa dele trabalha na ULBRA),<br />

62


e é uma creche da prefeitura que abriga só crianças, não é que nem o CEDEL.<br />

Abriga crianças e as mães. Só crianças vítimas de violência, e até violência sexual.<br />

E daí esse meu amigo também queria fazer alguma coisa e ele resolveu..., eles<br />

estão precisando de coisas básicas, pintar a creche, por exemplo. Daí ele combinou<br />

comigo e nós vamos pintar a creche. Ele vai comprar as tintas e depois a gente vai<br />

pintar essa creche. Eu estou esperando ele voltar de viagem para a gente combinar.<br />

Daí eu não sei ... Pergunta mais que daí eu vou...<br />

Não... Acho que é isso, acho que é bem o quanto a biodança te transformou,<br />

te trouxe essa possibilidade de transformação, acho que o nosso ponto é esse.<br />

É, é bem assim, realmente desenvolveram-se vários potenciais, vários<br />

potenciais que eu sabia, que sempre eu tive uma coisa comigo também. Que eu<br />

sempre fui atrás, sempre achei que eu era merecedor e sou, e que eu era capaz<br />

também. Só faltavam os meios, né. Isso aí eu não sei, eu tinha comigo. Eu sou meio<br />

convencido nesse sentido.E realmente a biodança foi o que me proporcionou muitos<br />

meios para isso, desenvolver meus potenciais nesse sentido. Trabalho social é uma<br />

coisa que eu pretendo fazer para o resto da minha vida, mesmo que eu tenha<br />

trabalho com a biodança remunerado, trabalho social é uma coisa que eu quero<br />

manter sempre. E algo que faz eu me sentir mais humano também, faz eu me sentir<br />

vivo.<br />

Quero te agradecer e parabenizar por essa tua visão assim! E<br />

atualmente, nos dias de hoje, as três perguntas existenciais, onde quero viver,<br />

com quero viver e o que quero fazer.<br />

Hoje onde eu quero viver, digamos que, onde tiver pessoas que compartilhem<br />

dessa minha idéia, que eu devo fazer, estender a mão para o próximo. Poder viver<br />

63


num mundo menos egoísta, menos mecânico, vamos dizer assim. Pessoas que...<br />

Quero viver com quem quer ir atrás do seu sonho mesmo, quer ser uma pessoa<br />

íntegra consigo, não ser distanciada, fazer alguma coisa, mas no fundo não é aquilo.<br />

Com quem eu quero viver? Quero viver com pessoas da biodança, mas não só da<br />

biodança, mas pessoas que tem esse caráter, que tem essa visão mais ampla, mais<br />

comunitária, mais de igualdade, mais de irmandade, fraternidade. E o que eu quero<br />

ser? Um grande facilitador de biodança, realmente isso eu quero ser, e vou batalhar,<br />

estou batalhando para isso. E quero realmente rodar o mundo, isso eu tenho certeza<br />

que eu vou fazer, não sei quando, mas vou fazer isso, rodar o mundo propagando a<br />

biodança e também passando a minha visão pessoal, assim, e quero seguir assim<br />

esse caminho mais alternativo. Não quero ser um grande empresário, não quero ser<br />

um grande nada, assim. Quero ser um grande humanitário, um grande, digamos...<br />

Até no filme do Che Guevara eu vi uma frase, não vou dizer, isso aí é um auto-<br />

convencimento meu, mas tipo assim, um colega dele numa entrevista estava<br />

dizendo que, o Che Guevara, ele era médico, né, mas ele não era médico de<br />

pessoas ele era médico de almas, era uma pessoa que arriscava o próprio pêlo,<br />

vamos dizer assim, pelos outros. Claro que hoje em dia os tempos são outros, né.<br />

Muita coisa mudou...Para ser sincero eu me baseio muito na história do Che<br />

Guevara, foi uma coisa que assim, desde criança eu lia os livros dele. Eu considero<br />

ele um grande humanitário. Digamos, eu considero ele até um biodanceiro, assim,<br />

sem saber, porque ele era uma pessoa que ele rodou a América Latina, até teve<br />

aquele filme, Os Diários da Motocicleta, e dali em diante ele mudou a vida dele,<br />

porque ele viu assim... O que mais sacudiu ele foi a injustiça, a desigualdade, o<br />

quanto as pessoas são reduzidas a nada. Isso aí é uma coisa que me incomoda<br />

muito também, de certa forma assim.Eu não consigo ficar, digamos, em paz assim<br />

64


de ver, pessoas assim vivendo tão mal, pessoas pela rua. Eu sei que isso aí é um<br />

problema do sistema, e tudo. Mas eu acho que se cada um se conscientizasse e<br />

fizesse sua parte um dia isso sanaria, pelo menos um pouco, não digo totalmente,<br />

né. Mas a princípio, a nível de conscientização, é aí que eu acho que entra a<br />

biodança. Porque não adianta tu querer dar o peixe, eu acho que tem que ensinar a<br />

pescar. Foi assim que eu aprendi também, de certa forma, agradeço, na época até<br />

não gostava tanto. Eu tive que batalhar muito para..., atrás dos meus ideais, atrás<br />

das minhas coisas. Passei muita dificuldade que eu não precisava passar até se eu<br />

não quisesse. Até por ter saído de casa, tudo. Apesar da minha família não ser tão<br />

estruturada, mas com certeza eles me davam um acolhimento. Mas eu joguei tudo<br />

para o alto, mesmo sem saber o que ia dar, e fui atrás, e estou aí até hoje. E é assim<br />

que eu realmente sigo a minha vida. Eu não quero saber se eu vou me dar mal ou<br />

me dar bem. E eu não me arrependo do que eu faço, me arrependo de não fazer.<br />

Sinceramente eu não tenho medo mesmo de realmente arriscar muita coisa para ver<br />

se realmente meu sonho vai dar certo, se não vai dar, se... Eu acho que é por aí, né,<br />

Artur. Eu acho que tu tens que desejar profundo e ir atrás. E aí tem um pouco do<br />

destino, tem um pouco de muita coisa. Mas pelo menos eu fico tranqüilo que a<br />

minha parte eu estou fazendo.<br />

65


ANEXO B<br />

QUESTÃO FORMULADA AOS FACILITADORES<br />

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio,<br />

com grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?<br />

Lilian Rocha:<br />

Acredito, com certeza, que o estágio propicia o contato com a realidade, até<br />

então meramente teórica da metodologia da sessão de Biodanza; uma coisa bem<br />

clara é por mais que tenhamos vivência como alunos, nunca será a mesma coisa,<br />

quando estamos no papel de facilitador, aquele que é capaz de desencadear um<br />

processo vivencial, através de sua postura, da escolha correta da curva da aula, da<br />

músicas escolhidas, da consigna clara e afetiva. É no estágio que aprendemos o<br />

significado da palavra grupo, pois é ai que começamos a vivenciar o diferente, pois<br />

as mais diferentes pessoas nos procuram para iniciar um processo vivencial, e só ai<br />

percebemos o quanto é importante o outro como espelho. Neste caminho tive<br />

oportunidade de facilitar diferentes grupos: 3ª idade, crianças, adolescentes, adultos,<br />

profissionais de instituição; e cada um com as suas características proporcionaram-<br />

me desafios que certamente me fizeram crescer e amadurecer como profissional. O<br />

estágio faz com que tenhamos a necessidade do estudo constante, da aprimoração<br />

da técnica, da troca insessante com outros colegas que estão na mesma fase; assim<br />

como a busca de auxílio com profissionais mais habilitados. É nesta fase que ainda<br />

podemos cometer alguns erros básicos e fazem parte do nosso processo de<br />

crescimento, admitindo, corrigindo e seguindo adiante. É no estágio que começamos<br />

a perceber a importância da coerência existencial, pois o grupo percebe as nossas<br />

intenções e questionamentos, e nesta hora a veracidade de nossas ações são


fundamentais. Manter um grupo não é fácil, são muitos interesses que se<br />

apresentam; não basta ser um facilitador carismático, os tema s escolhidos tem que<br />

permear as necessidades do grupo e não do facilitador, o grupo tem que se oxigenar<br />

e se modificar, se não cristaliza e passa a não ser um processo transformador. Sem<br />

falar em todo investimento que se aprende, durante o estágio, a fazer com<br />

publicidade: e-mail, foulder, cartazes, aulas abertas, cursos de iniciação, cursos de<br />

aprofundamento, cursos de radicalização de vivências. Tive oportunidade de fazer<br />

estágio em ação social e em empresas privadas, as demandas de trabalho se<br />

equiparam: preparação e realização das aulas, manutenção do grupo. O que<br />

realmente diferencia e que na empresa privada a publicidade tem que ser muito<br />

intensa, já na ação social temos que ter cuidado para não cair na comodidade, pois<br />

sabemos que aquele grupo é certo e que podemos efetuar um trabalho a longo<br />

prazo, já que são sempre as mesmas pessoas; o que em um grupo inicial em uma<br />

empresa privada nem sempre acontece. Sendo assim para mim foi extremamente<br />

válido ter facilitado Biodanza em grupos de Ação Social, pois durante um longo<br />

prazo eu pude trabalhar grupos, onde pude verificar mudanças estruturais de vida:<br />

3ª idade, pré-adolescentes, adultos, profissionais de instiutuição, o que foi de grande<br />

valia para mim como facilitadora.<br />

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio,<br />

com grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?<br />

Rejane Peixoto:<br />

A minha participação em trabalhos de Ação Social começou com a Escola<br />

Aberta que não teve uma continuidade, mas foi a minha primeira experiência<br />

facilitando uma aula, foi junto contigo, fui como estagiária, lembra? Depois surgiu a<br />

67


oportunidade de convidar (18/05/2004) pessoas do grupo Conviver (da 3ª idade) do<br />

Posto de Saúde do IAPI, dica da Nilza, para iniciarmos um grupo de Biodanza.<br />

Assim surgiu o grupo que facilito desde 20/05/2004. Em 2004 também participei<br />

facilitando junto com a Nilza, as mulheres do Projeto Pró-Maria e várias aulas como<br />

participante do grupo também. Facilitei também as crianças desse mesmo projeto.<br />

Estou inscrita também para participar do Projeto de Planejamento Familiar contigo,<br />

que a reunião será dia 17/06/2005, que irei trabalhar com adultos e será uma nova<br />

experiência.<br />

Bem, essa experiência que tive e ainda estou tendo está sendo fundamental<br />

para minha formação como facilitadora de Biodanza. Depois que comecei a pensar<br />

como facilitar uma aula, que exercícios deveria escolher, quais as músicas e qual a<br />

consigna, adaptar para público alvo, muita coisa mudou. Eu sinto que dei um salto,<br />

um avanço significativo. Com a prática é que o entendimento da parte teórica faz<br />

muito mais sentido. A minha tão falada, por mim mesmo, percepção, ficou muito<br />

mais aguçada, comecei perceber coisas que antes ainda não tinha percebido. Acho<br />

que todo aluno de formação deveria fazer um estágio antes de receber o certificado<br />

de Facilitador de Biodanza. Acho que isso daria mais segurança tanto para o<br />

facilitador como para os primeiros facilitados após o término da formação. Assim o<br />

facilitador sairia mais apto para formar seu grupo.<br />

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio,<br />

com grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?<br />

SOBRE ESTÁGIOS – fases da vida, fases do aprender!<br />

Rute Rodrigues:<br />

68


Um amigo meu sempre me dizia: “Na vida passamos por fases, agora estou<br />

nesta, depois acaba e vem outra fase, tudo é fase!”. E na caminhada de<br />

aprendizagem, de algo tão envolvente e desafiante como se tornar uma facilitadora<br />

de Biodanza, tive a fase de estágio. Que ilusão que isto acabou, estou sempre<br />

diante do novo quando se trata da relação com o ser humano, com a vida, sua<br />

dinâmica e seus desafios.<br />

Meu estágio como facilitadora de Biodanza aconteceu na creche que meu<br />

filho freqüenta e perdura até hoje, com a turminha do jardim. Da sementinha nasceu<br />

uma árvore linda, as crianças aguardam o dia da Biodanza como um momento<br />

especial. Costumo dizer que tenho hoje um grupo avançado de Biodanza infantil,<br />

pois há três anos que estamos juntos. Minha proposta foi acolhida com muita<br />

abertura e amorosidade. E então me vi ali com doze crianças entre 3 anos e meio e<br />

5 anos. Era o caos, eu não sabia como fazer e eles não sabiam o quê fazer.<br />

Cheguei cheia de boas intenções, aula preparada, músicas escolhidas, só esqueci<br />

de um pequeno detalhe, criança não pára para o movimento para ouvir e depois<br />

seguir fazendo a sugestão da consigna como um adulto. Tive que me remexer, ir<br />

buscar soluções, porque propunha uma coisa e nem dava tempo de terminar de<br />

dizer estavam pulando, conversando, um batendo no outro, gritando: ”Tia, fulaninho<br />

me empurrou!” e choro daqui e dali. Tinha dias que eu saia com total sensação de<br />

frustração. Sabia que tinha que fazer diferente, sabia que tinha que descobrir que a<br />

técnica da Biodanza não podia ser mais importante que a própria condição infantil de<br />

liberdade e espontaneidade. Mas tinha também, momentos belíssimos, quando as<br />

crianças expressavam suas questões com a delicadeza e entrega que não<br />

encontramos facilmente no mundo adulto.<br />

69


Eu ouvia um convite cada vez maior de me tornar mais criança. Toda vez que<br />

punha limites com muita impaciência, percebia uma rachadura dentro de mim: mas a<br />

biodanza não trabalha amorosidade? Como você dá estes gritos? E minha proposta<br />

não era amorosidade e este caos de gritos e bagunça? E os alunos terríveis, os<br />

impulsivos, que na melhor das intenções sempre machucam o coleguinha e se<br />

machucam? Tira para fora? Exclui? E diante daqueles que possuem liderança mas<br />

resolvem comandar a aula? O que fazer? Reprimir? Os mesmos também são<br />

mestres em boicotar e levar dois ou três amiguinhos com eles... sentam num canto<br />

de bico e não há o que os faça voltar a se integrar. Então, houveram fases em que<br />

três ou quatro crianças estavam dançando e as outras correndo, se batendo,<br />

brincando com um jogo (no início fazíamos a aula numa sala cheia de jogos e<br />

brinquedos, para meu desespero).<br />

Com toda a dispersão da aula, pensava que mais parecia momento bagunça,<br />

que momento integração. Achava que eles não queriam dançar. Perguntava para a<br />

diretora como eles ficavam depois da aula e sempre me garantiam que todos<br />

ficavam muito bem e vinham correndo me abraçar a cada início de encontro. Passei<br />

um tempo – uma fase – duvidando que aquela uma hora pudesse trazer algum<br />

benefício ao grupo. Mas temia que o efeito que eu desejava não se realizasse - que<br />

eles se tratassem com carinho, amor e respeito, dentro do meu modelo destas<br />

expressões. Milhões de questionamentos vinham me mostrar a minha exigência em<br />

fazer direitinho, em ter uma aula com começo, meio e fim. O que ainda não percebia<br />

é que todos as aulas com este grupo tinha tudo isto e muito mais.<br />

Veio uma fase de angústia: eu tinha vontade de parar, era o dia de maior<br />

prazer e de grandes dificuldades: o dia da Biodanza com as crianças. Prazer em<br />

conviver em sentir a troca amorosa espontânea, em ouvir comentários bárbaros das<br />

70


crianças, ver aqueles rostinhos cálidos na hora do ninho, receber todos os abraços<br />

juntos até cair no chão... como deixar isto? Eu, uma psicóloga, com formação em<br />

Ludoterapia, em grupos, em Biodanza e ainda assim vivenciando tamanha<br />

frustração? O que não queria mais lidar era com a minha avaliação de<br />

incompetência.<br />

Minha exigência que julga e massacra, também me fez ser tenaz e aprofundar<br />

estratégias para fazer a aula legal para mim e para as crianças. Fui conversando<br />

sobre regras, propus outras atividades para estarmos juntos como contar histórias<br />

inventando sons, colagens, desenhos, cartazes. Inventei histórias para a aula e fui<br />

buscando o mundo de fantasias. Um dia preparei uma aula de circo e me vesti com<br />

uma calça larga e lilás, uma blusa coloridíssima e uma aluna quando me viu,<br />

perguntou: “Esta calça é de palhaço?”. Outra vez pedi que eles dissessem o que<br />

iríamos fazer na aula e montaram toda a seqüência com os exercícios que mais<br />

gostavam. Na Páscoa propus uma aula em que o coelhinho mandou uma carta para<br />

eles sobre o significado do ovo e da sua busca em resgatar este significado e eles<br />

tinham que cumprir várias etapas – os exercícios – para ajudar o coelhinho, tudo<br />

com muito mistério e quando o coelhinho perguntava se eles tinham entendido o que<br />

havia dentro do ovo, uma menina, rapidamente disse: AMOR!<br />

Acho que quando ouvi minha criança que gritava: “Rute, te solta, dá risada,<br />

não leva tudo tão pesado, não entra no desespero, pára de querer que eles sejam<br />

adultos!!!” as coisas começaram a mudar de figura.<br />

Percebi que o mundo deles é muito diferente do de adulto e que a Biodanza<br />

não podia reproduzir as mesmas demandas sociais de abandono e de seqüestro da<br />

criança do seu mundo, mas sim de reforçar, qualificar e incentivar que estas crianças<br />

continuem integradas com este mundo quando alcançarem a idade adulta. Não<br />

71


como fuga diante dos desafios da vida, mas como um repositório de leveza,<br />

vitalidade, conexão com nossa essência. Percebi que eu tinha uma visão da infância<br />

como as figuras de propaganda de sabonete infantil: todas doces e queridas.<br />

Confundia inocência, com ingenuidade. Criança bate, chuta, agride, grita, diz o que<br />

pensa de ti:<br />

grupo.<br />

E agora chega, todo mundo nesta roda e deu! – meu primeiro grito com o<br />

Você é assim braba com teu filho também? – perguntou uma menina com<br />

olhos arregalados. Como não desmontar?<br />

Outra mais genial da mesma garota:<br />

Porque só você pode falar? – nas tentativas de dar aula de Biodanza para<br />

adulto para crianças, levei a regra do evitar falar durante a aula, quem foi ingênua fui<br />

eu!!!<br />

Fui saindo do mundo da teoria e despencando no mundo da prática,<br />

descobrindo uma outra biodanza que não aquela que eu dancei e que aprendi a<br />

compor. Conhecendo de mim e de quem eu sou diante da falta de controle, do caos,<br />

diante do diferente, diante da minha criança que queria brincar mas obedecia a mãe<br />

para ser aprovada!!! Aprendi que aula de criança tem conversa, tem interrupção e<br />

que isto não impede que a criança vivencie intensamente. Aprendi que o objetivo<br />

não é o re-aprendizado das funções orgânicas mas a manutenção das mesmas. Que<br />

o afetivo-motor na criança está surgindo assim como ela compõe seus movimentos<br />

para calçar ou amarrar seus calçados. Aprendi que a linguagem infantil não tem<br />

função de fuga cortical, mas está integradíssima com suas sensações e emoções.<br />

Fui vivenciando que muitas vezes as crianças não batem porque são más,<br />

mas porque ainda não conseguem se colocar no lugar do outro que sente dor; que a<br />

72


defesa é o melhor ataque; que era só uma lutinha, como no desenho animado que<br />

algum adulto desestruturado resolveu dizer que era desenho infantil e apregoa BUM,<br />

CRAFT, POW, como coisas comuns, naturalizadas e nós do mundo<br />

subdesenvolvido compramos como suprassumo do país desenvolvido. Puro lixo.<br />

Fui percebendo que se não entendesse na prática o egocentrismo,<br />

confundindo com egoísmo, aí sim contribuiria para criar egoístas. O perigo é a visão,<br />

o julgamento e o rótulo de adultos impedir que a criança, no percorrer do<br />

desenvolvimento, transponha esta condição e isto não vai acontecer se recebe a<br />

tarja sobre sua identidade de que ela é assim e ponto, ao invés de considerarmos<br />

que está assim, em aprendizagem.<br />

Para minha surpresa, hoje conseguimos realizar aulas inteirinhas, sem gritos<br />

ou grandes paradas, todos curtem e se divertem, tudo muito parecido com uma aula<br />

de adulto. O vínculo comigo é grande com todos os alunos e fui percebendo que<br />

minha impaciência quando colocava limites tinha a ver com aquela visão idealizada<br />

das crianças e que hoje já não preciso me esgoelar, mas conversar firme entender o<br />

que acontece e seguirmos dançando. Quando alguém não consegue se expressar<br />

de outra forma que não seja chute e socos, combinamos um tempo da Biodanza,<br />

não como punição, mas explicando que ele não consegue, neste momento, fazer de<br />

outra forma e que assim atrapalha toda a aula e eles aceitam e o que acontece é<br />

que retornam sedentos ao grupo, mas cada vez menos isto acontece.<br />

Então, descer até a altura da criança e entender o que se passa, olhar de<br />

onde ela olha, voltar a ser criança e sair do lugar de juiz, do mantenedor do status<br />

quo que diz que sempre o adulto tem razão e que nossas regras são as melhores e<br />

devem ser sempre seguidas, tem sido um dos maiores aprendizados, ou até cura<br />

73


pessoal do estágio que virou trabalho, nada sério, do ponto de vista de abarcar<br />

prazer, diversão, abertura e expansão, muito saudável, do meu mundo adulto.<br />

Jorge Roberto dos Santos:<br />

“O estágio pra mim foi importante e ainda está sendo, porque ainda não<br />

apresentei a monografia. Com o estágio, no início comecei com aulas<br />

supervisionadas e com o tempo fui criando autonomia de começar a montar as aulas<br />

e de fazer a sessão. É um aprendizado, uma bagagem que a gente vai adquirindo,<br />

um conhecimento. E tem uma característica que comecei a trabalhar com ação<br />

social, trabalhei com as crianças do CEDEL. Ainda continuo e também com os<br />

portadores de necessidades especiais e agora com um grupo de adultos. Então,<br />

este estagio na ação social com as crianças e com os portadores me deu muita<br />

experiência. Depois que agente passa por lá, a gente tem mais segurança de<br />

trabalhar com os adultos, entre aspas normais, é mais tranquilo, então estes três<br />

grupos estão me dando um aprendizado tremendo.<br />

Cleonara Bedin:<br />

A importância do estágio de ação social em biodanza para minha formação<br />

como facilitadora foi a relação da percepção de crescimento do vínculo de afeto<br />

entre eu, meus parceiros de trabalho e os alunos. Meu estágio em ação social foi<br />

realizado em 2003 com crianças de 7 a 10 anos em situação de risco social, ou seja,<br />

crianças em situação de abandono familiar, violência e trabalho infantil. Vivenciei um<br />

estranhamento com a minha realidade por um lado quando aconteciam situações de<br />

violência dentro da classe e uma identificação com as situações de abandono. O<br />

meu aprendizado se deu e continua acontecendo, pois continuo hoje em 2005<br />

trabalhando no mesmo projeto, na vivência permanente da aceitação, do respeito e<br />

74


do não julgamento dos alunos e de mim mesma. Esta construção do momento<br />

presente é que facilita o desenvolvimento dos potenciais de crescimento individuais,<br />

meus e dos alunos. A relação do facilitador acontece no vínculo de afeto, que é<br />

progressivo, sem controle, permanente e construído na relação mútua.<br />

75


ANEXO C<br />

PROGRAMA ÚNICO DE FORMAÇÃO<br />

DOCENTE EM BIODANZA<br />

SISTEMA ROLANDO TORO


PROGRAMA ÚNICO DE FORMAÇÃO DE PROFESSOR DE BIODANZA<br />

1 Definição e Modelo Teórico de Biodanza<br />

Capítulo I: Definição de Biodanza<br />

• Definição de Biodanza<br />

• Conceitos Estruturais de Biodanza<br />

• Biodanza: Psicoterapia e Educação<br />

• Estudo Diferencial entre Biodanza e outros Sistemas Terapêuticos<br />

• Biodanza no Contexto das Terapias<br />

• Bibliografia<br />

Capítulo II: Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Conceito de “Modelo” em Ciências<br />

• Evolução dos Modelos Teóricos<br />

• Origem do Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Evolução do Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Protovivências<br />

• Linhas de Vivências<br />

• Ecofatores<br />

• Estrutura do Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Expressão Genética<br />

• Cofatores<br />

• Regressão no Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Regresso à Origem<br />

• Nomenclatura do Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Esquema: Ecologia Humana; Integração às Linhas de Vivência


• Esquema do Modelo Teórico de Biodanza<br />

• Descrição do Modelo Teórico de Biodanza (1998)<br />

2 Inconsciente Vital e Princípio Biocêntrico<br />

Capítulo I: O Inconsciente Vital<br />

• Conceito de Inconsciente Vital<br />

• Inconsciente Vital e Humor Endógeno<br />

• Mudanças de Humor e Variações de Estrógenos<br />

• Inconsciente Vital e Doença<br />

• Princípio Biocêntrico<br />

• A Teoria de Santiago<br />

• Esquema: Duas Vertentes Filosóficas no Conceito de Inconsciente Vital<br />

• O Pacto Prévio<br />

• A Música e o Humor Endógeno<br />

• A Pintura como Espelho do Humor<br />

• Holograma e Inconsciente Vital<br />

• Substâncias Enteógenas e Inconsciente Vital<br />

• Esquema: Fatores que Influem Negativamente sobre o Inconsciente Vital<br />

• Esquema: Fatores que Influem na Vitalidade do Inconsc. Vital”<br />

• O Desejo de Viver<br />

• Esquema: Manifestações do Inconsciente Vital<br />

• Filhos das Estrelas<br />

Capítulo II: O Princípio Biocêntrico<br />

• O Princípio Biocêntrico<br />

78


• Sacralidade da Vida<br />

• Reflexão sobre os Valores de Nossa Cultura<br />

• Quatro Vertentes Culturais<br />

• Esquemas Comparativos entre a Cultura Ocidental e uma Nova Civilização<br />

• Cultura Cindida e Cultura Biocêntrica<br />

• Desenho do Apocalipse<br />

• Conceitos Teóricos de Valor Heurístico<br />

3 A Vivência<br />

• Definição de Vivência<br />

• Prioridade da Vivência em Biodanza<br />

• Características das Vivências<br />

• Fisiologia das Vivências<br />

• Embriologia das Vivências<br />

• Protovivências<br />

• As Linhas de Vivência<br />

• Relação das Vivências com o Comportamento e a Experiência Vivida<br />

• Principais Exercícios de cada Linha de Vivência<br />

• Relações entre as Linhas de Vivência<br />

• Integração<br />

• O Gozo de Viver<br />

• Níveis De Integração<br />

• Características das Combinações<br />

• Epistemologia da Vivência<br />

79


• Relatos de Vivência<br />

4 Aspectos Biológicos de Biodanza<br />

• Princípios Universais do Ser Vivo<br />

• Filiação Biológica do Ser Vivo<br />

• Replicação<br />

• Auto-organização. Conceito de Autopoiese<br />

• Novas Idéias sobre Evolução<br />

• Invariância Reprodutiva<br />

• Seletividade. Relação com o Ambiente<br />

• Diferenciação<br />

• Memória<br />

• Auto-regulação<br />

• Características Especiais de alguns Processos Biológicos da Vida Humana<br />

• Existe Progresso Biológico?<br />

5 Aspectos Fisiológicos de Biodanza<br />

• Introdução: "O Corpo como Holograma".<br />

• O Sistema Integrador–Adaptativo–Límbico–Hipotalâmico<br />

• Sistemas de Integração<br />

• Sistema Nervoso Neurovegetativo<br />

• Ação do Sistema Nervoso Autônomo<br />

• O Sistema Imunológico<br />

• O Sistema Neuro–Endócrino–Imunitário<br />

80


• O Sistema Endócrino<br />

• Efeitos de Biodanza sobre o SN–SE–SI<br />

• Bibliografia<br />

6 Aspectos Psicológicos de Biodanza<br />

• Introdução<br />

• Antecedentes Psicológicos de Biodanza: Freud, Jung, Reich, Lacan,<br />

Bachelard, Fornari, Rogers, Hillman<br />

• Escala de Desenvolvimento do Instinto à Emoção<br />

• Teoria dos Instintos<br />

• Biodanza: o Resgate dos Instintos<br />

• Auto-avaliação segundo o Esquema dos Instintos<br />

• As Emoções: para uma Fenomenologia das Emoções<br />

• Origem Biológica e Desenvolvimento Primal das Emoções<br />

• O Córtex Cerebral e a Região Límbico-Hipotalâmica<br />

• Centros Neurológicos das Emoções<br />

• Experiências sobre Emoção e Expressão<br />

• Estudos Antropológicos<br />

• Neurofisiologia e Psicologia das Emoções<br />

• Psicologia das Emoções<br />

• Expressão das Emoções em Psicoterapia<br />

• Expressão de Emoções pelo Pranto<br />

• Sorriso Verdadeiro e Sorriso Falso<br />

• Respostas Psicossomáticas às Emoções<br />

81


• Emoção e Doenças Psicossomáticas<br />

• Considerações Antropológicas sobre Agressividade e Violência<br />

• Reflexões sobre Emoções e Ecologia<br />

• Bibliografia<br />

7 Antecedentes Míticos e Filosóficos de Biodanza<br />

• Introdução<br />

• Aplicação dos Mitos e Arquétipos no Sistema de Biodanza<br />

• Os Mitos de Morte e Ressurreição, Identificação do Homem com a Natureza<br />

• Antecedentes Filosóficos<br />

• Heráclito, Filósofo do Eterno Devir<br />

• O Pensamento de Heráclito e o Princípio Biocêntrico<br />

• Epílogo<br />

• Bibliografia<br />

8 Identidade e Integração<br />

• Introdução<br />

• Definição de Identidade<br />

• Diversas Concepções sobre Identidade<br />

• Vivência de Estar Vivo<br />

• Consciência de Si Mesmo<br />

• Esquema Dinâmico da Identidade<br />

• Auto-estima e Auto-imagem<br />

• Identidade Normal<br />

82


• Auto-avaliação da Identidade<br />

• Identidade Patológica<br />

• Identidade e Vínculo<br />

• Identidade Sexual e Papéis<br />

• Identidade e Amor<br />

• Identidade e Música<br />

• Identidade e Alteridade<br />

• Identidade e Diversidade<br />

• Identidade e Consciência Cósmica<br />

• Identidade e Biodanza<br />

• Biodanza, Expansão da Identidade<br />

• Integração<br />

• Psicopatologia da Dissociação<br />

9 Transe e Regressão<br />

• Conceito de Transe<br />

• Conceito de Regressão<br />

• Diferentes Tipos de Transe (Esquema)<br />

• Exercícios para Cinco Níveis de Transe em Biodanza<br />

• O Transe Poético<br />

• Indicações<br />

10 Contato e Carícias<br />

• Introdução<br />

83


• Conceito de “Contato”<br />

• A Carícia<br />

• Aproximação e Contato em “Feed-back”<br />

• Qualidade do Contato<br />

• Fenomenologia da Carícia<br />

• Reconhecimento Corporal e Acariciamento<br />

• Respostas de Inibição e Repressão<br />

• Sobre a Forma da Carícia<br />

• Fundamento das Terapias de Contato<br />

• Princípios de Encontro Corporal<br />

Anexos:<br />

a) Proposta de uma Oficina sobre a Arte da Carícia (Maite Bernardelle)<br />

b) Texto sobre a Carícia e seu Poder Integrador (Sandra Salmazo)<br />

11 Movimento Humano<br />

• Ciência e Movimento<br />

• Descrição do Modelo Sistêmico do Movimento<br />

• Categorias do Movimento<br />

• O Movimento Humano<br />

• O Sistema Nervoso Autônomo<br />

• Ritmos Orgânicos e Motricidade<br />

• Psicodiagnóstico de Cinesias<br />

• Movimento em Câmara Lenta<br />

• Marcha como Expressão Existencial<br />

84


• A Postura Corporal<br />

• O Essencial em Reabilitação<br />

• O Corpo é uma Expressão Existencial<br />

12 Vitalidade<br />

• Definição de Vitalidade<br />

• Conexão à Vida<br />

• Índices de Vitalidade<br />

• Pressão Arterial<br />

• Respiração<br />

• Auto-regulação da Temperatura<br />

• Resposta Imunológica<br />

• O Sistema Neuro-Endócrino-Imunitário<br />

• O Culto do Corpo<br />

• Para uma Visão Integral da Vitalidade<br />

• Bibliografia<br />

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios<br />

específicos da Linha de Vitalidade.<br />

13 Sexualidade<br />

• Definição de Sexualidade<br />

• A Vivência Sexual e o Inconsciente Vital<br />

• Evolução da Sexualidade Adulta através de Biodanza<br />

• O Desejo na Gênese do Prazer<br />

85


• O Corpo: Fonte de Prazer<br />

• Masturbação<br />

• Busca Persistente do Prazer do Movimento<br />

• Da Fonte Instintiva à Integração<br />

• Impulso Sexual e Identidade<br />

• Fetiche e Âmnios<br />

• Erotismo Indiferenciado e Diferenciado<br />

• Escolha do Par: Decisão ou Preferência<br />

• Amor Exclusivo e Amor ao Mundo<br />

• O Par Ecológico<br />

• Bases Fisiológicas<br />

• Hormônios e Neuromoduladores da Sexualidade<br />

• Mudanças Fisiológicas durante a Aproximação Sexual<br />

• Curvas do Orgasmo Masculino e Feminino<br />

• Fecundação<br />

• Aspectos Míticos e Antropológicos<br />

• Vagina e Falo como Expressões Cósmicas<br />

• Função Ritual da Orgia<br />

• A Revolução Sexual<br />

• Idealismo e Genitalização<br />

• Esquema sobre Valores Culturais Castradores<br />

• Esquema sobre a Repressão–Liberação<br />

• Transtornos da Sexualidade<br />

• Tabela sobre Transtornos da Sexualidade na Mulher<br />

86


• Tabela sobre Fatores Determinantes de Patologia Sexual<br />

• Tabela de Sintomas para o Diagnóstico da Sexualidade<br />

• Pautas para Conhecer a Qualidade da Identidade Sexual<br />

• Biodanza e Sexualidade<br />

• Efeitos de Biodanza sobre a Vivência Sexual<br />

• Exercícios da Linha de Sexualidade e seus Efeitos<br />

• Progressividade<br />

• Leituras Recomendadas<br />

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios<br />

específicos da Linha de Sexualidade.<br />

14 Criatividade<br />

• Definição de Criatividade<br />

• Esplendor Criativo<br />

• A Criatividade: uma Função Natural<br />

• Criatividade Existencial<br />

• Repressão da Criatividade<br />

• Aspectos Biológicos da Função Criativa<br />

• A Criatividade como Expressão de Superabundância<br />

• Biodanza e o Desenvolvimento da Função Criativa<br />

• Linha de Criatividade: Patologia e Prescrições<br />

• A Criatividade e o Modelo Teórico<br />

• A Dança da Criação<br />

• Expressão Artística<br />

87


• Arte e Princípio Biocêntrico<br />

• Ver e Amar<br />

• Grafismo Infantil<br />

• Biodanza, Desenho e Pintura<br />

• Biodanza e Poesia<br />

• Biodanza e Expressão em Argila<br />

• Expressão de Sensações Cenestésicas e Vivências pela Argila<br />

• Criatividade a partir da Vivência<br />

• Danças Criativas<br />

• Dança e Estilos de Pintura<br />

• Como Criar uma Canção<br />

• Nós Somos a Mensagem<br />

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios<br />

específicos da Linha de Criatividade.<br />

15 Afetividade<br />

• Definição de Afetividade (Mundo dos Sentimentos)<br />

• Para uma Fenomenologia da Afetividade<br />

• Renovação Biológica e Reprogressão<br />

• Aspectos Biológicos da Afetividade<br />

• Componentes Estruturais da Afetividade:<br />

• Identidade<br />

• Nível de Consciência<br />

• Nível de Comunicação<br />

88


• Ecofatores e Antecedentes Biográficos<br />

• A Afetividade é a Inteligência Biocósmica<br />

• Alexitimia: Emoções Confusas<br />

• Alexitimia e Biodanza<br />

• Patologia da Afetividade<br />

• A Auto-Opressão<br />

• Afetividade e Argumentos de Vida Patológicos<br />

• Afetividade e Auto-regulação<br />

• Percepção Estética do “Outro”<br />

• Importância do Abraço<br />

• Modelo de Encontro<br />

• Índices de Afetividade<br />

• Sofrimento e Felicidade<br />

• Do Sofrimento à Plenitude<br />

• Fundamentos de Ecologia Humana<br />

• A Amizade<br />

• A Ética, um Absoluto Humano<br />

• Bibliografia<br />

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios<br />

específicos da Linha de Afetividade.<br />

16 Transcendência<br />

• Conceito de Transcendência<br />

• Transe e Regressão<br />

89


• Indução de Transe em Biodanza<br />

• Estados de Consciência Suprema<br />

• Acesso ao Maravilhoso<br />

• Sacralidade da Vida<br />

• A Essência Divina<br />

• A Vivência Mística<br />

• Biodanza: Transformação do Indivíduo em Dança<br />

• Autocontrole Evolutivo<br />

• Dinâmica da Malignidade e da Bondade<br />

• Bibliografia<br />

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios<br />

específicos da Linha de Transcendência.<br />

17 Mecanismos de Ação de Biodanza<br />

• Prefácio<br />

• Expressão da Identidade<br />

• Exercícios de Ação Integradora<br />

• Ação de Biodanza sobre a Vitalidade e a Saúde<br />

• Ação de Biodanza sobre a Sexualidade<br />

• Ação de Biodanza sobre a Criatividade<br />

• Ação de Biodanza sobre a Afetividade<br />

• Ação de Biodanza sobre a Linha de Transcendência<br />

• Mecanismos Neurofisiológicos<br />

• Ação Terapêutica e Reabilitação Existencial<br />

90


• Mecanismos de Ação sobre Grupos Específicos<br />

• Diálogos Silenciosos induzidos pela Proximidade e o Contato<br />

• Ação sobre a Estrutura Sociocultural<br />

18 Educação Biocêntrica<br />

• Introdução<br />

Capítulo I: Educação Biocêntrica<br />

• Conceito de Educação Biocêntrica<br />

• Fins da Educação Biocêntrica<br />

• Estrutura Teórica da Educação Biocêntrica<br />

• Inteligência Afetiva<br />

• Educação Biocêntrica e Imagem do Homem<br />

• Aprender a Construir o Conhecimento<br />

• Necessidade Social<br />

• Enfoque Epistemológico da Educação Biocêntrica<br />

Capítulo II: Biodanza como Mediação<br />

• Biodanza como Mediação<br />

• Definição de Biodanza<br />

• O Princípio Biocêntrico<br />

• A Imagem Ampliada do Homem na Educação<br />

• O Corpo em Educação<br />

• A Criança em Movimento<br />

• Educação Biocêntrica e Expressão de Potenciais<br />

• Biodanza e Profilaxia<br />

91


Capítulo III: A Criança<br />

• Frederick Leboyer: Nascimento com Amor<br />

• O Contato Primal<br />

• Arnold Gessel: Embriologia da Conduta<br />

• A Deriva do Desenvolvimento Ontogenético<br />

• René Spitz: Doenças por Carência Afetiva<br />

• Rof Carballo: Integração Córtico-Diencefálica<br />

• Jean Piaget: A Identidade e a Construção do Mundo<br />

• Irenäus Eibl-Eibesfeldt: Etologia da Criança e da Família<br />

• O Instinto e a Educação Biocêntrica<br />

Capítulo IV: O Adolescente<br />

• Crise da Identidade<br />

• Características da Adolescência<br />

• Iniciação e Ritos de Passagem<br />

• Biodanza com Adolescentes em Situação de Risco<br />

Capítulo V: A Criatividade e a Educação Biocêntrica<br />

• A Criatividade das Crianças a partir da Vivência<br />

• Evolução do Desenho Infantil<br />

Capítulo VI: Reinventar a História<br />

• Reinventar a História<br />

• Educação, Cultura, Alienação<br />

• Cultura Cindida e Cultura Biocêntrica<br />

• Patologia Social, Teratologia Mental<br />

• Uma Civilização a Deriva<br />

92


Capítulo VII: Para uma Cultura da Vida<br />

• Sacralização da Vida<br />

• Conexão à Vida<br />

Capítulo VII: Conteúdo Programático da Educação Biocêntrica<br />

• Programa de Exercícios<br />

• Processo de Integração e Exercícios de Biodanza<br />

• Variações para Grupos mais Adiantados<br />

• Músicas Usadas em Biodanza com Crianças e Adolescentes<br />

• Documentação Fotográfica de Sessões de Biodanza<br />

• Bibliografia<br />

19 Aplicações e Extensões de Biodanza<br />

Advertência: Este tema tem por objetivo oferecer um panorama geral através<br />

de breves resumos sobre cada aplicação e extensão de Biodanza. Os exercícios e<br />

músicas específicos para Extensões e Aplicações de Biodanza não devem ser<br />

introduzidos no Programa do Curso de Formação de Professor de Biodanza, porque<br />

formam parte dos Programas Específicos dos cursos especiais de habilitação nas<br />

Aplicações e Extensões de Biodanza.<br />

Aplicações:<br />

• Biodanza para Crianças<br />

• Biodanza para Anciãos<br />

• Biodanza para Casais<br />

• Biodanza Familiar<br />

• Biodanza para Mulheres Grávidas<br />

93


• Biodanza em Empresas<br />

Aplicações Clínicas e Reabilitação Existencial:<br />

• Biodanza e Estresse<br />

• Biodanza para Doentes Psicossomáticos<br />

• Biodanza para Doentes Mentais<br />

• Biodanza para Doentes de Parkinson<br />

• Biodanza para Doentes de Alzheimer<br />

• Biodanza em Anorexia e Bulimia<br />

• Biodanza para Deficientes Sensoriais<br />

• Biodanza para Deficientes Motores<br />

• Biodanza em Transtornos Sexuais<br />

• Biodanza para Toxicômanos<br />

• Reabilitação Existencial<br />

Extensões:<br />

• Projeto Minotauro<br />

• O Árvore dos Desejos<br />

• Missão Argonauta<br />

• O Círculo dos Arquétipos<br />

• Pressentimento do Anjo<br />

• Dançar o I Ching<br />

• Retorno de Dionísio<br />

• Neoxamanismo<br />

• Biodanza, Identidade e os Quatro Elementos<br />

• Caminhos do Êxtase<br />

94


• Biodanza na Natureza<br />

• Biodanza Aquática<br />

• Biodanza e Argila<br />

• Biodanza e Massagem<br />

• O Jardim do Paraíso<br />

• Laboratório de Criatividade<br />

20 Biodanza: Ars Magna<br />

• Todos Somos Um<br />

• Arte da Vida<br />

• Atuar Sobre a Parte Sã<br />

• O Ato Íntimo de Curar<br />

• Para uma Visão Integral do Homem<br />

• Uma Terapia para "Doentes de Civilização"<br />

• Fenomenologia: Modos de Sentir-se Doente<br />

• Doenças Psicossomáticas<br />

• Mecanismo de Adaptação ao Estresse<br />

• O Sistema Imunitário e as Emoções<br />

• Biodanza e Doenças Psicossomáticas<br />

• Referências<br />

21 Metodologia I (Semântica Musical)<br />

• Modelo Teórico de Biodanza e Música<br />

• Para uma Semântica Musical<br />

95


• Música – Movimento – Vivência: uma Estrutura Unitária<br />

• Critérios de Seleção das Músicas para Biodanza<br />

• Exemplo Esquemático da Relação entre Emoção e Música<br />

• Exemplos de Exercícios e Músicas em Relação ao Processo de Integração<br />

e as Linhas de Vivência<br />

22 Metodologia II (A Sessão de Biodanza)<br />

• A Sessão de Biodanza:<br />

Significado Antropológico<br />

Objetivo<br />

Níveis<br />

Demonstrações Públicas e Aulas Abertas<br />

Duração<br />

Estrutura<br />

• Os Exercícios de Biodanza:<br />

Efeitos Fisiológicos<br />

Exercícios Básicos e Exercícios Específicos<br />

Classificação<br />

A Consigna<br />

A Música<br />

• Estruturação da Parte Vivencial:<br />

Exemplos de Exercícios de Integração, Comunicação Afetiva e<br />

Comunicação e onde colocá-los na Estrutura da Vivência<br />

Exemplos de Exercícios Específicos de Expressão dos Potenciais Genéticos<br />

A Passagem de um Exercício a Outro<br />

96


Ativação Final<br />

23 Metodologia III (A Sessão de Biodanza - Continuação)<br />

• Sessões de Iniciação<br />

• Exemplos de Estruturas de Vivências de Iniciação<br />

• Sessões de Aprofundamento e de Radicalização de Vivências<br />

• Intensidade da Vivência<br />

• Exemplos de Estruturas de Vivências de Aprofundamento e Radicalização<br />

nas Cinco Linhas<br />

• Dificuldades e Erros Metodológicos<br />

• Código para alcançar uma Lucidez Discriminativa que Permita Diferenciar o<br />

Sistema Biodanza de outras Propostas de Desenvolvimento Humano<br />

24 Metodologia IV (Curso Semanal e Maratona de Biodanza)<br />

• Curso Semanal de Biodanza<br />

Níveis<br />

Cursos de Iniciação<br />

Curso de Aprofundamento e Radicalização de Vivências<br />

Duração<br />

• Programa de um Curso Semanal de Biodanza<br />

Objetivos Globais<br />

Objetivos Específicos<br />

Explicações Teóricas<br />

Exemplos de Argumentos Teóricos para o Programa de um Curso Semanal<br />

de Biodanza<br />

97


Seqüência de Vivências<br />

• Programa de um Curso de Iniciação<br />

Parte Teórica<br />

Parte Vivencial<br />

Exemplos de Exercícios de Integração<br />

Exemplos de Exercícios de Comunicação Afetiva, Regressão e Transe que<br />

podem ser inseridos no Programa de um Curso de Iniciação<br />

• Programa de um Curso de Aprofundamento e Radicalização de Vivências<br />

Parte Teórica<br />

Parte Vivencial<br />

Exemplos de Exercícios Específicos de um Programa de Aprofundamento e<br />

Radicalização de Vivências<br />

• Maratona de Biodanza<br />

Níveis<br />

Duração<br />

Estrutura<br />

25 Metodologia V (O Grupo de Biodanza)<br />

• O Grupo de Biodanza: Matriz de Renascimento<br />

O Grupo de Biodanza<br />

Funções do Grupo de Biodanza<br />

• Integração do Grupo de Biodanza<br />

Primeiros Momentos<br />

Integração Orgânica de Base Afetiva<br />

Dinâmica do Grupo de Biodanza<br />

98


Atuar sobre a Parte Sã<br />

Sobre a Participação no Curso Semanal e a Superação dos Mecanismos de<br />

Defesa<br />

Função da Parte Teórica na Integração do Grupo<br />

Relato de Vivências<br />

Entrevista Individual<br />

• Participação do Professor de Biodanza nas Sessões que Dirige<br />

Atitude do Professor durante as Sessões que Dirige<br />

• Relação entre o Micro-Mundo Grupal e o Macro-Mundo Social<br />

• Aspectos Experimentais e Fenomenológicos de Biodanza<br />

26 Metodologia VI (Critérios de Avaliação do Processo Evolutivo em<br />

Biodanza)<br />

• Introdução<br />

• Ímpeto Vital<br />

• Postura<br />

• Ritmo<br />

• Leveza<br />

• Tônus Muscular<br />

• Fluidez<br />

• Equilíbrio<br />

• Oscilação<br />

• Eutonia<br />

• Capacidade de Contato<br />

99


• Expressividade<br />

• Feedback (Reciprocidade)<br />

• Sintonização<br />

• Iniciativa Recíproca<br />

• Sensibilidade do Movimento<br />

• Sensualidade<br />

• Capacidade de Regressão<br />

• Sinergismo<br />

• Controle Voluntário (Intencional)<br />

• Elasticidade<br />

• Extensão<br />

• Flexibilidade<br />

• Resistência<br />

100<br />

27 Metodologia VII (Aprofundamento da Aprendizagem do Elenco Oficial<br />

de Exercícios, Consignas e Músicas de Biodanza)<br />

PROGRAMA DE CONFERÊNCIAS<br />

O Programa Único de Formação em Biodanza inclui três Conferências. Cada<br />

Conferência terá a duração de três horas. Os temas podem ser escolhidos entre os<br />

que são detalhados a seguir:<br />

1 Estrutura e Evolução do Universo<br />

• Carl Sagan: "Cosmos".


• Paul Davies: "Il Cosmo Inteligente". Milano (Italia): Editora Arnaldo Montadori,<br />

1988.<br />

• Rolando Toro Araneda: "El Principio Biocéntrico". Editora da International<br />

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

• Ken Wilber (Org.) "O Paradigma Holográfico e outros paradoxos". São Paulo:<br />

Cultrix, 1994.<br />

2 Teorias sobre a Origem da Vida<br />

• Fritjof Capra: "A Teia da Vida". São Paulo: Cultrix, 1997.<br />

• Rupert Sheldrake: "Una nueva ciencia de la vida. La hipótesis de la causación<br />

formativa".<br />

• Rupert Sheldrake: "O Renascimento da Natureza”. São Paulo: Cultrix, 1993.<br />

• Rolando Toro e Cecilia Toro: "Morfogenesis biológica y Creatividad". Editora da<br />

International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

3 A Vida<br />

• Rolando Toro Araneda: "Características universales de los seres vivos.<br />

Autopoyesis y autonomía". Editora da International Biocentric Foundation, 1998 -<br />

Chile.<br />

• H. Maturana e F. Varela: "Autopoiesis e cognizione". Veneza (Italia): Editora<br />

Marzilio, 1985.<br />

• F. Varela: "Principles of Biological Autonomy". New York (EEUU): Editora<br />

Elsevier North Holland, 1979.<br />

101


• F. Varela: "Autonomie et Connaissance: Essai sur le vivant". Paris (France):<br />

Editora Seuil, 1987.<br />

• Henri Atlan: "Entre o cristal e a fumaça: ensaio sobre a organização do ser vivo".<br />

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.<br />

4 Do Caos à Ordem. Fractais<br />

• Ilya Prigogine: "¿Tan sólo una ilusión? Una exploración del caos al orden".<br />

Barcelona (España): Tusquets Eds. S.A, 1988.<br />

• E. Morin: "Introduzione al pensiero complesso. Gli strumenti per affrontare a sfida<br />

della complessita". Editora Sperling & Kupfer, 1993. Milano - Italia.<br />

• E. Morin: "O Método" (3 tomos). Editora Publicações Europa América, 1997 - São<br />

Paulo, Brasil.<br />

• David Bohm: "A Totalidade e a Ordem Implicada". São Paulo: Cultrix, 1998.<br />

• René Thom: "Parábolas y catástrofes". Barcelona (Es-paña): Tusquets Eds. S.A,<br />

1985.<br />

• Roger Lewin: "Complexidade: A vida no limite do caos". Rio de Janeiro (Brasil):<br />

Editora Rocco, 1994.<br />

5 Biodanza, uma Nova Epistemologia<br />

• Rolando Toro: "Inversión de la estrategia epistemológica". Editora da<br />

International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

• Eugenio Pintor: "Biodanza una nueva epistemología". Editora da International<br />

Biocentric Foundation, 1998 - Italia.<br />

102


• Foerster, Heinz von: "Nota para uma Epistemologia dos objetos vivos". A<br />

Unidade do Homem, vol. II. São Paulo, Brasil: Editora Cultrix, Universidade de São<br />

Paulo, 1978.<br />

• Francisco Varela: "Scienza Tecnologia della cognizione". Editora Hopeful<br />

Monster, 1987 - Firenze, Italia.<br />

6 Evolução da Imagem do Homem desde a Pré-história até Nossos Dias<br />

• Rolando Toro Araneda: "La imagen del hombre en la medicina y la antropología<br />

del siglo XX". Editora da International Biocentric Foundation, 1998, Chile.<br />

• Konrad Lorenz: "Evolución y modificación de la conducta". Editora Siglo XX, 1971<br />

- México.<br />

• Fritjof Capra e David Steindl-Rast: "Pertenecer al universo". Buenos Aires<br />

(Argentina): Editorial Planeta, 1993.<br />

• Irenäus Eibl-Eibesfeldt: "El hombre preprogramado". Editora Alianza, 1983 -<br />

Madrid, España.<br />

• António R. Damásio: "O erro de Descartes". São Paulo: Companhia das Letras,<br />

1996.<br />

• Irenäus Eibl-Eibesfeldt: "Etología Humana. Le basi biológiche e cultural del<br />

comportamento". Editora Bollati Boringhieri, 1993 - Torino, Italia.<br />

• Rolando Toro Araneda: "Determinismo y libertad humana según algunos<br />

pensadores contemporáneos: Teilhard de Chardin, Heidegger, Sartre, Cioran e<br />

Jaspers". Editora da International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

103


7 Temas de Psicologia Teórica para serem estudados<br />

• C. G. Jung: "Aplicação da teoria dos arquétipos em Biodanza".<br />

• Wilhem Reich: "Sexualidade e repressão".<br />

• Bion: "Categorias para compreender as linhas de psicopatologia".<br />

• C. G. Jung: "Símbolos e transformação". Petrópolis (RJ): Vozes, 1986.<br />

• Michel Maffesoli: "L'ombra di Dionisio. Una sociología de las pasiones". Editora<br />

Garzanti, 1990 - Italia.<br />

• James Hillman: "Saggio su pan". Editora Adelphi, Piccola Biblioteca, 1991 -<br />

Milano, Italia.<br />

8 Ética<br />

• James Hillman e Michael Ventura: "Cento anni di Psicoterapia e il mondo va<br />

sempre peggio". Editora Garzanti, 1993, Italia.<br />

• James Hillman: "Paranoia". Editora Vozes, 1993 - Petrópolis, Brasil.<br />

• Martin Buber: "Eu e Tu”. São Paulo: Editora Moraes, s.d.<br />

• Rolando Toro e Carlos García: "Vivência ética y conducta ética". Editora da<br />

International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

9 Reabilitação Existencial<br />

• Rolando Toro Araneda: "Rehabilitación Existencial". Editora da International<br />

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

• Carl Sagan: "El mundo y sus demonios". Editora Planeta, 1997 - Buenos Aires,<br />

Argentina.<br />

104


• Rolando Toro Araneda: "Clasificación de las terapias". Editora da International<br />

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

• Rolando Toro Araneda: "El retorno del Centauro Quirón". Editora da International<br />

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

10 Motivações para Viver<br />

• Rolando Toro e Carlos García: "Análisis existencial según las líneas de vivencia.<br />

La existencia e sus configuraciones corporales". Editora da International Biocentric<br />

Foundation, 1998 - Chile.<br />

• Rolando Toro Araneda: "Ontología del deseo". Editora da International Biocentric<br />

Foundation, 1998 - Chile.<br />

11 Linguagem e Expressão<br />

• Charles Darwin: "_Expression des emotions ches l'homme et les animaux".<br />

Editora Reimvald, 1987 - Paris, France.<br />

• Rolando Toro Araneda e Marcelo Mur: "Función del lenguaje verbal en<br />

Biodanza". Editora da International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

• Rolando Toro Araneda e Eliane Matuk: "El lenguaje musical. Evolución cualitativa<br />

de la música de Biodanza". Editora da International Biocentric Foundation, 1998,<br />

Chile.<br />

• Rolando Toro Araneda: “Los diálogos corporales". Editora da International<br />

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.<br />

105


12 Antropologia da Dança<br />

• Serge Lifar: Editora Nueva Colección Labor, 1968 - Barcelona, España.<br />

• Roger Garaudy: "Dançar a Vida". Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.<br />

• Rolando Toro: "Danza y Mito". Editora da International Biocentric Foundation,<br />

1998 - Chile.<br />

• Friedrich Nietzsche: "El nacimiento de la tragedia". Editora Alianza, 1997.<br />

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