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a noite do iguana: tennessee williams apropriado e recriado ... - Cielli

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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />

______________________________________________________________________________________________<br />

1999), Iser questiona o pensamento teórico clássico, o qual colocava o texto e seu autor<br />

no centro da análise literária e afirmava que o crítico teria mais condições de desvendar<br />

o “senti<strong>do</strong> oculto” <strong>do</strong> texto literário <strong>do</strong> que um leitor comum e que, por isso, seria<br />

trabalho <strong>do</strong> crítico revelar este senti<strong>do</strong> para os leitores. Iser acredita que não há um<br />

“senti<strong>do</strong> oculto”, pois, ao ser descoberto, o texto perderia a razão de existir e seria<br />

substituí<strong>do</strong> pela sua explicação, o que não ocorre. O que importa não é descobrir a<br />

intenção <strong>do</strong> autor, mas analisar o leitor, como afirma Iser:<br />

O senti<strong>do</strong> como efeito causa impacto, e tal impacto não é supera<strong>do</strong><br />

pela explicação, mas, ao contrário, a leva ao fracasso. O efeito<br />

depende da participação <strong>do</strong> leitor e sua leitura; contrariamente, a<br />

explicação relaciona o texto à realidade <strong>do</strong>s quadros de referência e,<br />

em conseqüência, nivela com o mun<strong>do</strong> o que surgiu através <strong>do</strong> texto<br />

ficcional. Ten<strong>do</strong> em vista a oposição entre efeito e explicação, tem<br />

dias conta<strong>do</strong>s a função <strong>do</strong> crítico como media<strong>do</strong>r <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> oculto<br />

<strong>do</strong>s textos ficcionais. (1996, v. 1, p. 34)<br />

Já que não há um “senti<strong>do</strong> oculto” a ser descoberto no texto literário, não pode haver<br />

uma única leitura correta, por mais capacita<strong>do</strong> que seja o leitor – mesmo que se trate <strong>do</strong><br />

próprio autor. A recepção de textos literários é o foco de Iser, pois eles possuem mais<br />

espaços vazios <strong>do</strong> que os textos não-literários, fazen<strong>do</strong> com que a distância entre texto e<br />

leitor seja ampliada e, ao mesmo tempo, as possibilidades de leituras diferentes também<br />

aumentem.<br />

Assim, quan<strong>do</strong> um cineasta escolhe um texto literário para ser adapta<strong>do</strong> para o<br />

cinema, deve estar consciente de que esse texto permite leituras plurais e que o filme<br />

não conseguirá abarcar toda esta pluralidade, seja porque trabalha com uma linguagem<br />

diferente, seja porque o cineasta – e mesmo o grupo de pessoas envolvidas no processo<br />

de adaptação – é um leitor empírico, que não conseguirá desvendar todas as<br />

possibilidades de leitura. Além disso, ainda que fosse possível considerar uma única<br />

leitura correta da obra, ao transferi-la para a linguagem cinematográfica, ela seria<br />

alterada para se encaixar às especificidades deste novo meio.<br />

Portanto, é a leitura <strong>do</strong> cineasta que servirá de ponto de partida para a recriação de<br />

uma narrativa literária no cinema. Já que o processo de adaptação parte de uma leitura<br />

<strong>do</strong> texto-fonte, é cabível analisá-la consideran<strong>do</strong> a teoria <strong>do</strong> efeito estético proposta por

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