Prova de Português 1, Português 2 e Inglês - Colégio Santa Clara
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49. LXXVIII (Camões, 1525?-1580)<br />
Leda serenida<strong>de</strong> <strong>de</strong>leitosa,<br />
Que representa em terra um paraíso;<br />
Entre rubis e perlas doce riso;<br />
Debaixo <strong>de</strong> ouro e neve cor-<strong>de</strong>-rosa;<br />
Presença mo<strong>de</strong>rada e graciosa,<br />
On<strong>de</strong> ensinando estão <strong>de</strong>spejo e siso<br />
Que se po<strong>de</strong> por arte e por aviso,<br />
Como por natureza, ser fermosa;<br />
Fala <strong>de</strong> quem a morte e a vida pen<strong>de</strong>,<br />
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;<br />
Repouso nela alegre e comedido:<br />
Estas as armas são com que me ren<strong>de</strong><br />
E me cativa Amor; mas não que possa<br />
Despojar-me da glória <strong>de</strong> rendido.<br />
CAMÕES, L. Obra completa. Rio <strong>de</strong> janeiro: Nova Aguilar,<br />
2008.<br />
A pintura e o poema, embora sendo produtos <strong>de</strong> duas<br />
linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo<br />
contexto social e cultural <strong>de</strong> produção pelo fato <strong>de</strong> ambos<br />
a) apresentarem um retrato realista, evi<strong>de</strong>nciado pelo unicórnio<br />
presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.<br />
b) valorizarem o excesso <strong>de</strong> enfeites na apresentação pessoa e<br />
na variação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s da mulher, evi<strong>de</strong>nciadas pelos<br />
adjetivos do poema.<br />
c) apresentarem um retrato i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> mulher marcado pela<br />
sobrieda<strong>de</strong> e o equilíbrio, evi<strong>de</strong>nciados pela postura,<br />
expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no<br />
poema.<br />
d) <strong>de</strong>sprezarem o conceito medieval da i<strong>de</strong>alização da mulher<br />
como base da produção artística, evi<strong>de</strong>nciado pelos<br />
adjetivos usados no poema.<br />
e) apresentarem um retrato i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> mulher marcado pela<br />
emotivida<strong>de</strong> e o conflito interior, evi<strong>de</strong>nciados pela<br />
expressão da moça e pelos adjetivos do poema.<br />
50.<br />
Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas<br />
as manhãs, uma xícara <strong>de</strong> café bem grosso, à moda da Ritinha,<br />
e 1 tragava dois <strong>de</strong>dos <strong>de</strong> parati 2 “pra cortar a friagem”.<br />
Uma 3 transformação, lenta e profunda, operava-se<br />
nele, dia a dia, hora a hora, 4 reviscerando-lhe o corpo e<br />
5 6<br />
alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo <strong>de</strong><br />
crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se<br />
contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do<br />
Brasil 7 patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores<br />
que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos <strong>de</strong><br />
ambição, para i<strong>de</strong>alizar felicida<strong>de</strong>s novas, picantes e violentas;<br />
8 tornava-se liberal, imprevi<strong>de</strong>nte e franco, mais amigo <strong>de</strong><br />
gastar que <strong>de</strong> guardar; adquiria <strong>de</strong>sejos, tomava gosto aos<br />
prazeres, e volvia-se preguiçoso, 9 resignando-se, vencido, às<br />
imposições do sol e do calor, muralha <strong>de</strong> fogo com que o<br />
espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou<br />
a pátria contra os conquistadores aventureiros.<br />
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos<br />
os seus hábitos singelos <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ão português: e Jerônimo<br />
abrasileirou-se. (...)<br />
E o curioso é que, quanto mais ia ele caindo nos usos<br />
e costumes brasileiros, tanto mais os seus sentidos se<br />
apuravam, 10 posto que em <strong>de</strong>trimento das suas forças físicas.<br />
Tinha agora o ouvido menos grosseiro para a música,<br />
compreendia até as intenções ,poéticas dos sertanejos, quando<br />
cantam à viola os seus amores infelizes; seus olhos, dantes só<br />
voltados para a esperança <strong>de</strong> tornar à terra, agora, como os<br />
olhos <strong>de</strong> um marujo, que se habituaram aos largos horizontes<br />
<strong>de</strong> céu e mar, já se não revoltavam com a turbulenta luz,<br />
selvagem e alegre, do Brasil, e abriam-se amplamente <strong>de</strong>fronte<br />
11 dos maravilhosos <strong>de</strong>spenha<strong>de</strong>iros ilimitados e das<br />
cordilheiras sem fim, don<strong>de</strong>, <strong>de</strong> espaço a espaço, surge um<br />
monarca gigante, que o sol veste <strong>de</strong> ouro e ricas pedrarias<br />
refulgentes e as nuvens toucam <strong>de</strong> alvos turbantes <strong>de</strong> cambraia,<br />
num luxo oriental <strong>de</strong> arábicos príncipes voluptuosos.<br />
Aluísio Azevedo, O cortiço.<br />
Um traço cultural que <strong>de</strong>corre da presença da escravidão no<br />
Brasil e que está implícito nas consi<strong>de</strong>rações do narrador do<br />
excerto é a<br />
a) <strong>de</strong>svalorização da mestiçagem brasileira.<br />
b) promoção da música a emblema da nação.<br />
c) <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração do valor do trabalho.<br />
d) crença na existência <strong>de</strong> um caráter nacional brasileiro.<br />
e) tendência ao antilusitanismo.<br />
51. Observe e compare as duas imagens:<br />
Os quadros tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois<br />
momentos distintos da história da arte. O confronto entre as<br />
imagens revela um traço fundamental da pintura mo<strong>de</strong>rna, que<br />
se caracteriza pela<br />
a) tentativa <strong>de</strong> compor o espaço pictórico com base nas figuras<br />
naturais.<br />
b) busca em fundar a representação na evidência dos objetos.<br />
c) continuida<strong>de</strong> da preocupação com a niti<strong>de</strong>z das figuras<br />
representadas.<br />
d) secularização dos temas e dos objetos figurados com base na<br />
assimilação <strong>de</strong> técnicas do Oriente.<br />
e) ruptura com o princípio <strong>de</strong> imitação característico das artes<br />
visuais no Oci<strong>de</strong>nte.