Marcos Portugal - Caravelas - Núcleo de Estudos da História da ...

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PORTUGAL, Marcos António António Jorge Marques Abril 2012 (opera buffa, 5/01/1810). 67 Depois de ter estado afastado durante a temporada de 1807-8, quando António José do Rego era o maestro residente, Marcos Portugal não manteve uma ligação com carácter permanente ao Teatro de S. Carlos na altura em que Lisboa esteve sob o domínio dos franceses. 68 O que se sabe é que, correspondendo a encomenda de um general francês, 69 adaptou o seu Demofoonte (inicialmente estreado em Milão em 1794 com libreto de Metastasio, que nesta ocasião foi modificado por Caravita) para ser levado à cena a 15 de Agosto, dia do aniversário de Napoleão Bonaparte, e numa altura em que Francesco Antonio Lodi tinha sido obrigado a administrar o teatro por Junot. Para a composição desta ópera recebeu 480$000 reis. 70 As circunstâncias deste episódio serão de difícil avaliação, mas o facto de Marcos Portugal ter aparentemente colaborado com os franceses tem sido utilizado pelos seus detractores para o acusar de jacobino e simpatizante do invasor francês. 71 67 Cf. David CRANMER, Op. cit., pp. 284-290; Manoel d’Almeida CARVALHAES, Op. cit., passim; António Jorge MARQUES, Op. cit., pp. 95-106; Francisco da Fonseca BENEVIDES, Op. cit., vol. I, p. 95-104. 68 O seu nome está ausente das folhas de salários para o período 18 de Julho a 19 de Agosto de 1808, e do Livro Caixa de 1808. V. P-Ltc, ER 5419, Docs. 5, 7, 13, 15 e 18; [Livro Caixa do Real Theatro de S. Carlos, 1808], P-Ltc, ER 5416. 69 «Esta opera foi encommendada a Marcos por um general francez, que morava na rua Formosa (de cujo nome não me lembro) e por ella recebeu (diziam) bom numero de moedas. A copia para o theatro – a copia a vozes e instrumentos, foi-me paga por a empresa. [...]» Nota escrita por Joaquim Casimiro da Silva e incluída no autógrafo de Demofoonte, por ocasião da sua oferta ao Conde de Farrobo. Guimarães supõe que o general foi Junot, mas Vieira inclina-se para a hipótese de ter sido um seu subalterno. Cf. José Ribeiro GUIMARÃES, «Marcos Antonio Portugal. (Estudo biographico)» Jornal do Commercio, 22 de Fevereiro de 1870, nota 9; Ernesto VIEIRA, Op. cit., vol. II, p. 205-6. 70 Nota de pagamento a MP: «Lisboa 19 d’Agosto de 1808 / P[agamento].a Marcos Antonio Portugal, pela composiçaõ da Opera Demofonte [sic]. / R. s 480$000». V. P-Ltc, ER 5419, Doc. 18. 71 Ernesto Vieira é dos autores que mais asperamente critica a conduta de MP, não só relativamente às suas supostas traições para com o Príncipe Regente, D. João, mas também quanto à sua suposta conduta de libertino, tendo o conhecido e picaresco episódio com a cantora Rosa Fiorini sido registado a 14 de Março de 1804, numa nota de ocorrência da autoria do Intendente Pina Manique. Cf. Ernesto VIEIRA, Op. cit., vol. II, p. 203-8; Intendência Geral da Polícia, P-Lant, Livro de Secretarias nº 7, f. 262. www.caravelas.com.pt 18

RIO DE JANEIRO: 1811-1830 Chegada ao Rio de Janeiro Dicionário Biográfico Caravelas Núcleo de Estudos da Historia da Música Luso-Brasileira De acordo com uma lista existente no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, e contrariando alguns manuais de história, apenas dois músicos acompanharam a Família Real a 29 de Novembro de 1807. 72 A constituição e organização da Capela Real no Rio de Janeiro, que nos primeiros tempos contou com os músicos locais e com o Mestre de Capela José Maurício Nunes Garcia, 73 recebeu a atenção pessoal do Príncipe Regente. Este facto está claramente expresso na documentação referente ao Real Bolsinho existente na Torre do Tombo, onde está transcrita a correspondência mantida pelo Tesoureiro do Particular, João Diogo de Barros Leitão e Carvalhosa, mais tarde Visconde de Santarém, o homem da confiança do Príncipe Regente em Lisboa. 74 A partir de Setembro de 1809 e continuando em ritmo regular até finais de 1812, vários músicos foram por «ordem expressa de S. A. R.» mandados viajar para o Rio de Janeiro. Entre estes figuram os castrados Giuseppe Gori, Antonio Cicconi e Giuseppe Capranica, os dois tenores António Pedro Gonçalves e Giovanni Mazziotti, e o fagotista Nicolau Heredia. 75 O nome de Marcos aparece pela primeira vez integrado numa extensa lista datada de 3 de Agosto de 1810. 76 A 7 de Janeiro do ano seguinte é convocado individualmente com carácter de urgência: 72 O organista e seminarista de Vila Viçosa, José do Rosário Nunes, e o professor de cantochão, o Padre Francisco de Paula Pereira. V. BR-Ran, Casa Real e Imperial, Cx. 625, Pc. 3, Doc. 2 – 1; André CARDOSO, A Música na Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Música, 2005, pp. 55-56. A numeração das caixas da Casa Real e Imperial no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (BR-Ran) foi entretanto mudada. Eis a correspondência com a numeração antiga: Cx. 612 = Cx. 1, Cx. 613 = Cx. 2, Cx. 616 = Cx. 4, e Cx. 625 = Cx. 12. 73 Nomeado a 26 de Novembro de 1808. V. Cleofe Person de MATTOS, José Maurício [...] Biografia, pp. 68- 70, 232 (nota 94). 74 [5º. Livro que serve de Registo de Cartas, pertencentes á Thezouraria do Particular.], P-Lant, ACR, Lº. 2979. 75 Ibid., f. 45r et seq.. 76 «[...] pessôas que saõ mandadas hir para aquella Côrte [do Rio de Janeiro] [...] Marcos Portugal, Mulher 1 Cunhada 1 Criado, 4». Ibid., f. 57r, 57v. www.caravelas.com.pt 19

RIO DE JANEIRO: 1811-1830<br />

Chega<strong>da</strong> ao Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Dicionário Biográfico <strong>Caravelas</strong><br />

<strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>da</strong> Historia <strong>da</strong> Música Luso-Brasileira<br />

De acordo com uma lista existente no Arquivo Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e<br />

contrariando alguns manuais <strong>de</strong> história, apenas dois músicos acompanharam a Família<br />

Real a 29 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1807. 72 A constituição e organização <strong>da</strong> Capela Real no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, que nos primeiros tempos contou com os músicos locais e com o Mestre <strong>de</strong> Capela<br />

José Maurício Nunes Garcia, 73 recebeu a atenção pessoal do Príncipe Regente. Este facto<br />

está claramente expresso na documentação referente ao Real Bolsinho existente na Torre do<br />

Tombo, on<strong>de</strong> está transcrita a correspondência manti<strong>da</strong> pelo Tesoureiro do Particular, João<br />

Diogo <strong>de</strong> Barros Leitão e Carvalhosa, mais tar<strong>de</strong> Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santarém, o homem <strong>da</strong><br />

confiança do Príncipe Regente em Lisboa. 74 A partir <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1809 e continuando<br />

em ritmo regular até finais <strong>de</strong> 1812, vários músicos foram por «or<strong>de</strong>m expressa <strong>de</strong> S. A.<br />

R.» man<strong>da</strong>dos viajar para o Rio <strong>de</strong> Janeiro. Entre estes figuram os castrados Giuseppe Gori,<br />

Antonio Cicconi e Giuseppe Capranica, os dois tenores António Pedro Gonçalves e<br />

Giovanni Mazziotti, e o fagotista Nicolau Heredia. 75<br />

O nome <strong>de</strong> <strong>Marcos</strong> aparece pela primeira vez integrado numa extensa lista <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

3 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1810. 76 A 7 <strong>de</strong> Janeiro do ano seguinte é convocado individualmente com<br />

carácter <strong>de</strong> urgência:<br />

72 O organista e seminarista <strong>de</strong> Vila Viçosa, José do Rosário Nunes, e o professor <strong>de</strong> cantochão, o Padre<br />

Francisco <strong>de</strong> Paula Pereira. V. BR-Ran, Casa Real e Imperial, Cx. 625, Pc. 3, Doc. 2 – 1; André CARDOSO, A<br />

Música na Capela Real e Imperial do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Música, 2005,<br />

pp. 55-56.<br />

A numeração <strong>da</strong>s caixas <strong>da</strong> Casa Real e Imperial no Arquivo Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro (BR-Ran) foi<br />

entretanto mu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Eis a correspondência com a numeração antiga: Cx. 612 = Cx. 1, Cx. 613 = Cx. 2, Cx. 616<br />

= Cx. 4, e Cx. 625 = Cx. 12.<br />

73 Nomeado a 26 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1808. V. Cleofe Person <strong>de</strong> MATTOS, José Maurício [...] Biografia, pp. 68-<br />

70, 232 (nota 94).<br />

74 [5º. Livro que serve <strong>de</strong> Registo <strong>de</strong> Cartas, pertencentes á Thezouraria do Particular.], P-Lant, ACR, Lº.<br />

2979.<br />

75 Ibid., f. 45r et seq..<br />

76 «[...] pessôas que saõ man<strong>da</strong><strong>da</strong>s hir para aquella Côrte [do Rio <strong>de</strong> Janeiro] [...] <strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong>, Mulher 1<br />

Cunha<strong>da</strong> 1 Criado, 4». Ibid., f. 57r, 57v.<br />

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