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A FELICIDADE EM ARISTÓTELES Aristóteles nasceu no ano 384 ...

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Ética e Deontologia da Comunicação 2008 / 2009<br />

Discente: Ricardo Alexandre Cipria<strong>no</strong> Coscurão ‐ Nº 137<br />

Educação e Comunicação Multimédia ‐ Diur<strong>no</strong><br />

A <strong>FELICIDADE</strong> <strong>EM</strong> <strong>ARISTÓTELES</strong><br />

<strong>Aristóteles</strong> <strong>nasceu</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>384</strong> a.C., em Estagiros. Filho de Nicómaco e Faístias,<br />

foi educado por um tutor (Próxe<strong>no</strong> d´Atarneia) por ter perdido os pais muito cedo.<br />

Com 17 a<strong>no</strong>s de idade mudou‐se para Atenas, onde durante vinte a<strong>no</strong>s recebeu os<br />

ensinamentos de Platão, até à morte deste. A relação entre ambos foi próxima,<br />

embora <strong>Aristóteles</strong> discordasse de Platão em alguns aspectos. Temas como o bem, a<br />

coragem, a felicidade, a justiça, as virtudes, fazem parte da obra de <strong>Aristóteles</strong>, da qual<br />

se destacam títulos como: Ética a Eudemo, Ética a Nicómaco e Magna Moralia. O<br />

filósofo viria a falecer com 62 a<strong>no</strong>s de idade, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 322 a.C., em Cálcia.<br />

<strong>Aristóteles</strong> encara a felicidade como o maior bem do homem (1), abordando<br />

este conceito não como um estado, uma emoção passageira, mas sim como uma<br />

actividade baseada <strong>no</strong> bem e nas virtudes, assumindo‐se como algo relacionado com a<br />

alma e a plenitude da vida humana. Considerando que o autor distinguiu dois tipos de<br />

actividades: valiosas em si mesmas e valiosas para outros fins, enquadramos a<br />

felicidade <strong>no</strong> primeiro tipo, uma vez que se trata de uma actividade que se promove a<br />

si mesma e onde a auto‐suficiência é uma das principais características. A felicidade<br />

não existe em função de outros fins, justifica a sua existência em si própria.<br />

Tal como não deve ser resumida ao prazer (endaimonia), a felicidade não deve<br />

ser encarada como sinónimo de diversão. Embora esta última seja importante (quando<br />

praticada de forma controlada) para o ser huma<strong>no</strong>, pode desencadear da<strong>no</strong>s em vez<br />

de benefícios. Divertimento não significa, portanto, o mesmo que felicidade, pois esta<br />

envolve acções sérias, numa expressão da virtude.<br />

<strong>Aristóteles</strong> aponta ainda o estudo teórico como a actividade mais propícia a<br />

uma maior felicidade. O estudo, em relação com a virtude da compreensão, é elevado<br />

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a algo que para além de huma<strong>no</strong> tem também um quê de divi<strong>no</strong>. O sábio possui algo<br />

acima do nível huma<strong>no</strong> comum. Também segundo esta perspectiva, quem estuda fá‐lo<br />

pelo prazer de o fazer e o estudo ocorre paralelamente com momentos de lazer,<br />

contribuindo igualmente para uma aproximação à felicidade. O estudo e a<br />

compreensão demarcam‐se ainda das restantes actividades e virtudes, na medida em<br />

que são os que me<strong>no</strong>s necessitam de bens exteriores. Este facto não invalida, porém,<br />

que estes bens façam parte da felicidade do ser huma<strong>no</strong>, uma vez que o estudo não<br />

atende à totalidade das necessidades de uma pessoa. A ideia que <strong>Aristóteles</strong> procura<br />

transmitir é que a felicidade e a virtude não estão dependentes de excessos de<br />

recursos exteriores.<br />

No que toca à aquisição da felicidade, <strong>Aristóteles</strong> afirma que a mesma pode ser<br />

facilitada pela aprendizagem, rejeitando, à partida, que a felicidade seja uma bênção<br />

divina. Não obstante, existem outros aspectos condicionantes que também têm a sua<br />

influência. A sorte é um deles, sendo que a ausência da mesma pode impedir que se<br />

alcance a felicidade.<br />

Ao olharmos a realidade dos <strong>no</strong>ssos dias, pode ser difícil enquadrar a<br />

perspectiva de <strong>Aristóteles</strong> quanto à felicidade. Ramiro Marques (2) apresenta um<br />

exemplo que contraria o que <strong>Aristóteles</strong> defende: Pelos parâmetros de <strong>Aristóteles</strong>, a<br />

vida de Nietzsche é o paradigma da vida feliz, na medida em que ele dedicou a sua vida<br />

à criação intelectual, produzindo uma obra filosófica que constituiu um marco na<br />

história das ideias. Mas, se olharmos para os acontecimentos da vida de Nietzsche, não<br />

podemos afirmar que tenha sido uma vida feliz, na medida em que ele foi atormentado<br />

pela doença e passou os últimos dez a<strong>no</strong>s de vida em estado de completa loucura.<br />

Concluímos assim que, segundo <strong>Aristóteles</strong>, a felicidade é algo relacionado com<br />

a plenitude interior humana. Uma actividade auto‐suficiente baseada <strong>no</strong> bem e nas<br />

virtudes, que ultrapassa os limites de um estado emocional fugaz e não pode ser<br />

confundida com prazer ou diversão. Para este mesmo filósofo a felicidade está<br />

directamente relacionada com a actividade intelectual continuada e a aprendizagem<br />

pode ajudar na sua aquisição. Mas perdurará a perspectiva de <strong>Aristóteles</strong><br />

actualmente? É bastante difícil. Cada vez mais se assiste a um afastamento da mesma,<br />

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assumindo o conceito de felicidade outras co<strong>no</strong>tações que não as relacionadas com o<br />

estudo teórico e as virtudes de compreensão. Os bens exteriores que <strong>Aristóteles</strong><br />

colocava em segundo pla<strong>no</strong> parecem assumir cada vez mais protagonismo.<br />

WEBGRAFIA:<br />

http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/ética%20de<strong>Aristóteles</strong>.pdf<br />

http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/A%20<strong>FELICIDADE</strong>%20<strong>EM</strong>ARIST<br />

ÓTELES[1].pdf<br />

(1) Ramiro Marques, em: http://www.eses.pt.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/<br />

A%20<strong>FELICIDADE</strong>%20<strong>EM</strong><strong>ARISTÓTELES</strong>[1].pdf<br />

(2) http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/e_book_ensaios_aristotele<br />

s/Cap%2014%20O%20conceito%20de%20felicidade%20em%20Arist%C3%B3teles%20(<br />

parte%20dois).pdf<br />

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