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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 3ª parte

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A LEITURA DA LITERATURA MEDIANDO OS PROCESSOS INICIAIS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA...<br />

criança vai dan<strong>do</strong> signifi ca<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> da linguagem. Nesse<br />

movimento de escrita, o aluno vai aprenden<strong>do</strong> a grafar as letras<br />

de seu nome e a comparar as letras com os nomes de outros<br />

amigos da sala de aula.<br />

“É nesse contexto que a escrita <strong>do</strong> nome vai se<br />

transforman<strong>do</strong>: de rabiscos, traça<strong>do</strong>s indiferencia<strong>do</strong>s sobre o<br />

papel, passa, aos poucos, a ganhar corpo, forma, linearidade e<br />

ordem, num percurso que chega a levar entre <strong>do</strong>is e três anos”.<br />

(BOSCO, 2005, p.42).<br />

A escrita <strong>do</strong> adulto também passa cotidia<strong>na</strong>mente a interferir<br />

<strong>na</strong> escrita da criança. Estu<strong>do</strong>s feitos por Bosco (2005, p. 42),<br />

revelam que “assim como os traça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> desenho entretecemse<br />

com os da letra e reciprocamente, as letras <strong>do</strong> nome revelam<br />

outras letras, pela relação de semelhança e dessemelhança que<br />

se estabelece entre elas”.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o foco está no movimento gráfi co que as<br />

crianças fazem relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>, numa mesma representação,<br />

letras, desenhos e números. Elas também tentam fazer as letras<br />

<strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que um adulto faz quan<strong>do</strong> está com pressa,<br />

e nessas tentativas as letras parecem ser desenhadas, vão se<br />

transforman<strong>do</strong> com as características da letra <strong>do</strong> adulto.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, as mudanças <strong>na</strong> escrita infantil pré-escolar,<br />

ainda sem relação de fonetização com a oralidade,<br />

podem ser explicadas como efeito de um funcio<strong>na</strong>mento<br />

que se faz no plano gráfi co <strong>do</strong>s textos. E lembran<strong>do</strong><br />

que a escola pode vir a ser a única possibilidade de a<br />

criança se relacio<strong>na</strong>r, de maneira mais ampla e direta,<br />

com a diversidade textual, os trabalhos realiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong><br />

Educação Infantil devem considerar essa relação da<br />

escrita que se faz no plano gráfi co <strong>do</strong> texto, para além<br />

de focalizá-la como um sistema cujos elementos vão<br />

estabelecer relações de fonetização com a oralidade.<br />

(BOSCO, 2005, p. 46).<br />

Ao ir para a escola, a criança passa a ter como seu principal<br />

interlocutor o professor/professora e é nessa interação que a<br />

criança passa a ter o contato com os textos orais e escritos. A<br />

criança já é um sujeito falante mesmo que sua linguagem oral<br />

ainda esteja fragmentada, isto é, a fala letrada <strong>do</strong> adulto já tem<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

relação com a fala inicial da criança e essa também pode ser<br />

notada <strong>na</strong> relação com a escrita, pelos traça<strong>do</strong>s indiferencia<strong>do</strong>s<br />

que a criança começa a produzir em suas primeiras tentativas<br />

de desenhar o ‘mun<strong>do</strong>’.<br />

Vigotski (1998) e Luria (2001), ao a<strong>na</strong>lisar a pré-história<br />

da linguagem escrita <strong>na</strong> criança, já si<strong>na</strong>lizavam o gesto, o jogo<br />

e o desenho como formas que antecedem a aprendizagem da<br />

futura escrita.<br />

Na Educação Infantil, a criança está a to<strong>do</strong> o momento<br />

produzin<strong>do</strong> marcas sobre as relações que vai estabelecen<strong>do</strong> com<br />

os conhecimentos que aprende. [...] “o desenho <strong>na</strong> pré-escola<br />

tem uma presença constante. É visto como a possibilidade<br />

de expressão, como incentivo à criatividade”. (FONTANA E<br />

CRUZ, 1997, p. 144).<br />

Ao relacio<strong>na</strong>r o conteú<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong> no dia a dia da sala de<br />

aula, com o momento <strong>do</strong> desenho pode-se perceber relação com<br />

os textos orais e escritos pelos quais as crianças vivenciaram<br />

anteriormente (sejam por histórias contadas pela professora,<br />

seus heróis preferi<strong>do</strong>s), elementos que são desenvolvi<strong>do</strong>s com o<br />

grafi smo, em que as crianças se expressam através da produção<br />

gráfi ca, com seus rabiscos e garatujas.<br />

A linguagem escrita é o centro das preocupações escolares,<br />

da qual é alvo de ações pedagógicas sistematizadas já <strong>na</strong><br />

Educação Infantil. Um <strong>do</strong>s papéis da Educação Infantil é o<br />

de “propiciar um espaço para vivenciar a linguagem em suas<br />

várias possibilidades, consideran<strong>do</strong>-se a criança como um<br />

sujeito envolvi<strong>do</strong> <strong>na</strong> história e <strong>na</strong> sociedade”. (BOSCO, 2005,<br />

p. 9).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, o desenho é uma dessas possibilidades de<br />

linguagem que trabalha a coorde<strong>na</strong>ção motora, a capacidade<br />

de atenção e concentração, o entendimento e a interpretação<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o conhecimento sobre cores, formas etc. É uma das<br />

formas iniciais de escrita. Para Vigotski (1998, p. 146),<br />

[...] os primeiros desenhos surgem como resulta<strong>do</strong><br />

de gestos manuais (gestos de mãos adequadamente<br />

equipadas com o lápis) e o gesto, como vimos, constitui<br />

a primeira representação <strong>do</strong> signifi ca<strong>do</strong>. É somente<br />

mais tarde que, independentemente, a representação<br />

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