Estudo de Transdutores para Sistemas de ... - Artigo Científico
Estudo de Transdutores para Sistemas de ... - Artigo Científico
Estudo de Transdutores para Sistemas de ... - Artigo Científico
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
RESUMO<br />
<strong>Estudo</strong> <strong>de</strong> <strong>Transdutores</strong> <strong>para</strong> <strong>Sistemas</strong> <strong>de</strong> Excitação <strong>de</strong> Geradores<br />
Síncronos<br />
Erick Fernando Alves e Prof. Dr. Clóvis Gol<strong>de</strong>mberg<br />
O uso <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> processamento digital<br />
<strong>de</strong> sinais permite melhorias nos sistemas <strong>de</strong><br />
excitação <strong>de</strong> geradores síncronos. Este trabalho<br />
estuda, simula e com<strong>para</strong> os principais métodos<br />
(analógicos e digitais) utilizados <strong>para</strong> realizar<br />
medidas <strong>de</strong> tensão, corrente, potência ativa e reativa,<br />
e fator <strong>de</strong> potência. Todos estes sinais são<br />
necessários <strong>para</strong> o funcionamento dos sistemas <strong>de</strong><br />
excitação. Este estudo comprova que os transdutores<br />
baseados no processamento digital <strong>de</strong> sinais<br />
apresentam performance igual ou superior aos<br />
transdutores baseados em técnicas analógicas<br />
tradicionais.<br />
SUMMARY<br />
The use of digital signal processing<br />
techniques can improve the performance of<br />
synchronous generator excitation systems. This paper<br />
studies, simulates and compares the mainstream<br />
methods (analog or digital) used to measure voltage,<br />
current, active and reactive power, and power factor.<br />
All these signals are required to excitation systems.<br />
This study shows that transducers based on digital<br />
signal processing techniques have the same or better<br />
performance than the traditional analog transducers.<br />
INTRODUÇÃO<br />
As funções principais <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />
excitação são controlar e proteger o gerador, e seu<br />
cerne é o Regulador Automático <strong>de</strong> Tensão<br />
(Automatic Voltage Regulator ou AVR)<br />
Os sinais necessários <strong>para</strong> o funcionamento<br />
<strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> excitação são: a tensão nos terminais<br />
do gerador, a corrente <strong>de</strong> campo, as potências ativa e<br />
reativa e a freqüência.<br />
A tensão terminal e a corrente <strong>de</strong> campo são<br />
as realimentações principais do regulador, com as<br />
quais ele calcula a excitação do sistema e aplica<br />
limitadores <strong>para</strong> proteção do gerador. As potências<br />
ativa e reativa são usadas <strong>para</strong> a localização do ponto<br />
<strong>de</strong> operação do gerador e <strong>para</strong> mantê-lo <strong>de</strong>ntro da sua<br />
curva <strong>de</strong> capabilida<strong>de</strong>. Além disso, a potência reativa<br />
também é utilizada no controle do sistema, quando o<br />
AVR está operando no modo <strong>de</strong> controle por potência<br />
reativa (modo VAR). A freqüência é usada na<br />
<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> sobre fluxo no gerador e <strong>para</strong> manter a<br />
relação Volts / Hertz em níveis a<strong>de</strong>quados.<br />
Departamento <strong>de</strong> Energia e Automação Elétricas<br />
Escola Politécnica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
Assim, transdutores capazes <strong>de</strong> fornecer<br />
medidas precisas e com tempos <strong>de</strong> resposta a<strong>de</strong>quados<br />
das gran<strong>de</strong>zas elétricas acima <strong>de</strong>scritas são essenciais.<br />
A partir <strong>de</strong> 1990 os principais fornecedores<br />
<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> excitação passaram a comercializar<br />
sistemas <strong>de</strong> excitação microprocessados que realizam<br />
uma gran<strong>de</strong> parte das funções <strong>de</strong> controle e proteção<br />
do gerador. Nestas configurações os sinais <strong>de</strong><br />
realimentação eram produzidos por transdutores<br />
analógicos, sendo convertidos <strong>para</strong> sinais digitais<br />
através <strong>de</strong> conversores analógico/digitais rápidos.<br />
O uso das técnicas <strong>de</strong> processamento digital<br />
<strong>de</strong> sinais <strong>para</strong> produzir diretamente os sinais <strong>de</strong><br />
realimentação, substituindo estes transdutores<br />
analógicos, permite:<br />
• Reduzir os erros causados por ruídos e variações<br />
bruscas e corrigir automaticamente offsets.<br />
• Aumentar a estabilida<strong>de</strong> em longo prazo dos<br />
transdutores uma vez que a variação dos<br />
parâmetros dos sistemas digitais é menor. Tal<br />
estabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> diminuir o custo total em função<br />
da menor necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção.<br />
• Padronizar os equipamentos utilizados na<br />
montagem, o que é vantajoso <strong>para</strong> propósitos <strong>de</strong><br />
engenharia, teste, comissionamento e manutenção.<br />
• Aumentar a flexibilida<strong>de</strong> do sistema, pois todas as<br />
características do transdutor po<strong>de</strong>m ser<br />
estabelecidas por software.<br />
Este trabalho apresenta mo<strong>de</strong>los matemáticos<br />
<strong>para</strong> quatro tipos <strong>de</strong> transdutores, dois analógicos e<br />
dois microprocessados. Os resultados <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los<br />
foram com<strong>para</strong>dos através <strong>de</strong> simulações<br />
computacionais, segundo critérios relevantes <strong>para</strong> o<br />
<strong>de</strong>sempenho ótimo do regulador <strong>de</strong> tensão.<br />
MÉTODOS ANALÓGICOS<br />
Uma das configurações amplamente<br />
utilizadas <strong>para</strong> se converter as tensões ou correntes<br />
trifásicas do sistema elétrico em um valor em corrente<br />
contínua é a ponte trifásica não-controlada <strong>de</strong> 2<br />
caminhos (retificador <strong>de</strong> 6 pulsos). A configuração <strong>de</strong><br />
um transdutor que utiliza tal filosofia po<strong>de</strong> ser vista na<br />
Figura 1.
Figura 1. Retificador <strong>de</strong> 6 pulsos (3F2C) com filtro<br />
A exceção <strong>de</strong> algumas não linearida<strong>de</strong>s, o<br />
retificador funciona como um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> máximos e<br />
mínimos. O valor mínimo entre as três tensões <strong>de</strong> fase<br />
está presente no terminal negativo, enquanto o valor<br />
máximo no terminal positivo. A saída é um sinal<br />
contínuo com amplitu<strong>de</strong> proporcional ao valor pico a<br />
pico das tensões <strong>de</strong> entrada. Entretanto, existe uma<br />
ondulação <strong>de</strong> 6 pulsos na saída, inerente ao<br />
funcionamento do retificador. Para minimizá-la, o<br />
sinal passa por um filtro RC na saída.<br />
Outra configuração, utilizada <strong>para</strong> diminuir o<br />
ripple na saída e o atraso do filtro capacitivo, é<br />
aumentar o número <strong>de</strong> pulsos da ponte retificadora.<br />
Isso se consegue criando um sistema hexafásico a<br />
partir dos sinais trifásicos disponíveis nos terminais<br />
dos TCs ou TPs. Tal arranjo requer algum tipo <strong>de</strong><br />
transformador intermediário especial, capaz <strong>de</strong><br />
“multiplicar” o número <strong>de</strong> fases disponíveis na entrada<br />
do retificador. A Figura 2 apresenta tal arranjo.<br />
Figura 2. Retificador <strong>de</strong> 12 pulsos (6F2C) com filtro<br />
Para medida da freqüência e <strong>de</strong>fasagem entre<br />
tensão e corrente, utilizou-se um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> passagem<br />
por zero. Os sinais <strong>de</strong> tensão e corrente são<br />
convertidos através <strong>de</strong> retificadores e circuitos digitais<br />
<strong>para</strong> ondas quadradas, on<strong>de</strong> o semi-ciclo positivo<br />
representa o estado 1 e o negativo o estado 0. Por<br />
meio <strong>de</strong> um contador e uma porta ou-exclusivo, que<br />
possui como entrada as ondas quadradas <strong>de</strong> tensão e<br />
corrente, faz-se a medida <strong>de</strong> f e ϕ. O funcionamento<br />
está ilustrado na Figura 3.<br />
ϕ<br />
Figura 3. Medição do valor <strong>de</strong> f e ϕ<br />
f<br />
f<br />
Tensão<br />
Corrente<br />
XOR<br />
MÉTODOS MICROPROCESSADOS<br />
O primeiro método microprocessado <strong>para</strong> a<br />
medida das tensões e correntes é a transformada<br />
rápida <strong>de</strong> Fourier (Fast Fourier Transform ou FFT), a<br />
qual obtém a medida do módulo e fase dos fasores do<br />
sistema, eliminando-se automaticamente a influência<br />
<strong>de</strong> outras harmônicas.<br />
A FTT <strong>de</strong> um número N <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> um<br />
sinal x po<strong>de</strong> ser calculada por:<br />
N<br />
X k)<br />
= ∑ x(<br />
j=<br />
1<br />
on<strong>de</strong>:<br />
( j).<br />
ω<br />
k = número da harmônica<br />
( j−1)(<br />
k−1)<br />
N<br />
(1)<br />
Como a FFT fornece amplitu<strong>de</strong> e fase do<br />
sinal amostrado, <strong>para</strong> obter ϕ, basta subtrair a fase da<br />
corrente da fase da tensão.<br />
A segunda alternativa microprocessada<br />
baseia-se em realizar a Transformada <strong>de</strong> Park <strong>de</strong><br />
amostras do sinal <strong>de</strong> tensão ou corrente e obter a<br />
amplitu<strong>de</strong> e fase da componente <strong>de</strong> seqüência positiva.<br />
Para isso, realiza-se a seguinte transformação<br />
linear:<br />
⎡x<br />
⎢<br />
⎣x<br />
D<br />
Q<br />
ω =<br />
e<br />
N<br />
( j)<br />
⎤<br />
⎥ =<br />
( j)<br />
⎦<br />
( −2.<br />
π . i)<br />
N<br />
⎡<br />
⎢1<br />
2<br />
⋅ ⎢<br />
3 ⎢0<br />
⎢⎣<br />
1<br />
−<br />
2<br />
3<br />
2<br />
1 ⎤<br />
− ⎡x<br />
2 ⎥<br />
⋅<br />
⎢<br />
⎥ ⎢<br />
x<br />
3<br />
− ⎥<br />
⎥<br />
⎢<br />
2 ⎦ ⎣x<br />
( j)<br />
⎤<br />
( j)<br />
⎥<br />
⎥<br />
( j)<br />
⎥⎦<br />
(2)<br />
on<strong>de</strong>:<br />
xA(j), xB(j), xC(j): amostras dos sinais <strong>de</strong> fase.<br />
xD(j),xQ(j): amostras dos sinais <strong>de</strong> eixo direto e<br />
quadratura.<br />
Em seguida, obtendo o módulo da<br />
componente <strong>de</strong> seqüência positiva e sua fase:<br />
x1 Q<br />
( j)<br />
=<br />
2<br />
xD<br />
( j)<br />
+ x ( j)<br />
− ⎛ x ( t)<br />
1 Q ⎞<br />
x ( ) = tan ⎜<br />
⎟<br />
1 t<br />
⎝ xD<br />
( t)<br />
⎠<br />
(3)<br />
(4)<br />
Para obter ϕ, basta subtrair a fase da corrente<br />
da fase da tensão.<br />
Para medir a freqüência, assume-se que o<br />
sinal <strong>de</strong> eixo direto no domínio do tempo po<strong>de</strong> ser<br />
escrito como:<br />
( t)<br />
= 2.<br />
X . sin( ω . t + φ)<br />
xD D<br />
2<br />
A<br />
B<br />
C<br />
(5)
Calculando a segunda <strong>de</strong>rivada da equação<br />
(4) e combinando as equações, obtemos:<br />
''<br />
( )<br />
( )<br />
( ) ⎟ ⎛ x ⎞ D t<br />
ω<br />
t = ⎜ −<br />
⎝ xD<br />
t ⎠<br />
Convém <strong>de</strong>ixar claro que nas simulações as<br />
equações (5) e 0 são usadas discretizadas fazendo t =<br />
k.∆t. Além disso, não foi consi<strong>de</strong>rada a influência da<br />
<strong>de</strong>fasagem entre amostras em ambos métodos, ou seja,<br />
todas as amostras necessárias são obtidas<br />
simultaneamente.<br />
COMPARATIVO DAS SOLUÇÕES<br />
A seguir são exibidos os principais resultados<br />
das simulações realizadas. Todos os valores se<br />
encontram em pu, com exceção dos valores <strong>de</strong> fase<br />
que estão em graus. Via <strong>de</strong> regra as tensões e correntes<br />
<strong>de</strong> entrada são senoidais com freqüência <strong>de</strong> 60 Hz e<br />
amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 pu com a corrente <strong>de</strong>fasada da tensão<br />
em +10°, salvo menção contrária.<br />
Nas soluções analógicas, o filtro adotado tem<br />
τ = 500 rd/s e nas microprocessadas existem 16<br />
amostras por ciclo e um filtro antes da aquisição das<br />
amostras com τ = 30000 rd/s. Os atrasos provocados<br />
pelos TCs e TPs não foram consi<strong>de</strong>rados por serem<br />
inerentes ao sistema e incidirem em qualquer método<br />
adotado.<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se a freqüência do sistema<br />
conhecida e que as amostras dos sinais <strong>de</strong> entrada são<br />
tomadas simultaneamente. Isso implica que na<br />
aplicação da FFT ocorre um janelamento i<strong>de</strong>al dos<br />
sinais <strong>de</strong> entrada e apenas o erro <strong>de</strong> recobrimento<br />
inci<strong>de</strong> sobre as medidas. E que na aplicação da<br />
Transformada <strong>de</strong> Park ocorrem apenas erros <strong>de</strong><br />
assimetria.<br />
Regime permanente<br />
Nas figuras 4, 5, 6 e 7 a seguir são<br />
apresentados os resultados em regime permanente, ou<br />
seja, passado o período transitório <strong>de</strong> partida do<br />
sistema, a resposta que cada transdutor <strong>de</strong>ve<br />
apresentar i<strong>de</strong>almente. Os resultados dos transdutores<br />
<strong>de</strong> corrente são omitidos por serem idênticos aos dos<br />
transdutores <strong>de</strong> tensão.<br />
Na Figura 4, é possível observar que em<br />
regime permanente as soluções microprocessadas <strong>para</strong><br />
medir tensão são superiores às analógicas. Enquanto<br />
os retificadores 3F2C e 6F2C apresentam incerteza <strong>de</strong><br />
±1,2% e ±0,15% respectivamente, os métodos com<br />
Fourier e Park têm incerteza <strong>de</strong>sprezível.<br />
Naturalmente a situação i<strong>de</strong>al em regime<br />
permanente não ocorre na prática, mas mostra que os<br />
métodos microprocessados não têm incertezas<br />
inerentes ao processo. Os resultados mais próximos da<br />
realida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão ser vistos no próximo item.<br />
2<br />
Figura 4. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> tensão em regime permanente<br />
Figura 5. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem em regime<br />
A Figura 5 mostra que o <strong>de</strong>sempenho dos<br />
métodos analógicos e microprocessados <strong>para</strong> medida<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem é semelhante em regime permanente.<br />
Figura 6. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> potência ativa em regime
Figura 7. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> potência reativa em regime<br />
As potências ativa e reativa, como esperado,<br />
são reflexos das variações dos outros transdutores.<br />
Verifica-se também que a oscilação do<br />
retificador 3F2C é bem maior que dos <strong>de</strong>mais, o que<br />
faz com que a qualida<strong>de</strong> da sua resposta seja inferior.<br />
Por esse motivo, o mesmo estará sendo excluído dos<br />
próximos resultados <strong>para</strong> que se possa ter um <strong>de</strong>talhe<br />
maior das outras soluções.<br />
Sinal com ruído <strong>de</strong> 5%<br />
Outro resultado interessante é a resposta dos<br />
transdutores quando se soma um ruído <strong>de</strong> 0,05 pu <strong>de</strong><br />
amplitu<strong>de</strong> ao sinal medido, o que impõe uma condição<br />
mais próxima a <strong>de</strong> operação no campo. Nos resultados<br />
das figuras 8, 9, 10 e 11, utiliza-se um gerador <strong>de</strong><br />
números aleatórios com média nula como fonte <strong>de</strong><br />
ruído. A variância do sinal aleatório é diferente <strong>para</strong><br />
cada uma das fases<br />
Figura 8. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> tensão com ruído<br />
Numa situação mais realista, nota-se que o<br />
transdutor <strong>de</strong> tensão 6F2C comporta-se bem e tem boa<br />
imunida<strong>de</strong> a ruídos. Todavia, Fourier e Park exibem<br />
um pequeno offset <strong>de</strong>vido a erros <strong>de</strong> rebatimento e<br />
assimetria, respectivamente. Apesar <strong>de</strong> filtros <strong>de</strong><br />
entrada estarem presentes, eles não conseguem<br />
eliminar todo o ruído, pois não po<strong>de</strong>m causar atrasos<br />
maiores que o tempo <strong>de</strong> amostragem<br />
(aproximadamente 1 ms).<br />
Figura 9. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem com ruído<br />
Figura 10. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> potência ativa com ruído<br />
Figura 11. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> potência reativa com ruído
No transdutor <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem (Figura 9),<br />
observa-se que todos os métodos são sensíveis ao<br />
ruído, sendo que Park, Fourier e o <strong>de</strong>tector <strong>de</strong><br />
passagem por zero apresentam uma incerteza <strong>de</strong><br />
0,12%, 0,33% e 0,45%, respectivamente. Tal fato se<br />
reflete na potência ativa e reativa (Figura 10 e Figura<br />
11) e gera uma ondulação no nível médio das mesmas.<br />
Degrau <strong>de</strong> 5%<br />
Por último, é analisada a resposta dos<br />
transdutores a um <strong>de</strong>grau <strong>de</strong> 5% na corrente <strong>de</strong><br />
entrada. Tal situação po<strong>de</strong> ser encarada como a<br />
representação da entrada <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> consumidor na<br />
re<strong>de</strong> elétrica. Obviamente, a velocida<strong>de</strong> da resposta do<br />
transdutor a um evento como esse é <strong>de</strong> extrema<br />
importância e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminante no <strong>de</strong>sempenho<br />
do regulador <strong>de</strong> tensão.<br />
Figura 12. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> corrente com <strong>de</strong>grau<br />
É notável o <strong>de</strong>sempenho do transdutor por<br />
Park nesta situação, já que sua resposta se estabiliza<br />
em apenas 1 ciclo <strong>de</strong> amostragem. O transdutor por<br />
Fourier, como previsto, <strong>de</strong>mora 1 ciclo da re<strong>de</strong> <strong>para</strong><br />
estabilizar o sinal e atualizar suas 16 amostras com os<br />
novos valores. Enquanto o 6F2C tem seu <strong>de</strong>sempenho<br />
limitado pelo filtro RC.<br />
Figura 13. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem com <strong>de</strong>grau<br />
Figura 14. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> potência ativa com <strong>de</strong>grau<br />
Figura 15. <strong>Transdutores</strong> <strong>de</strong> potência reativa com <strong>de</strong>grau<br />
O afundamento <strong>de</strong>flagrado na <strong>de</strong>fasagem<br />
medida pelo 6F2C (vi<strong>de</strong> Figura 13) é conseqüência<br />
direta da atuação do filtro RC em sua saída e atrapalha<br />
o <strong>de</strong>sempenho dos transdutores <strong>de</strong> potência.<br />
Já as medições <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem por Park e<br />
Fourier não se alteram, o que faz com que o<br />
<strong>de</strong>sempenho dos transdutores <strong>de</strong> potência por tais<br />
métodos seja semelhante aos <strong>de</strong> tensão e corrente.<br />
CONCLUSÕES<br />
As simulações mostram que o uso <strong>de</strong><br />
processamento digital <strong>de</strong> sinais é possível e <strong>de</strong>sejável<br />
em reguladores <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> excitação. Os<br />
três casos básicos apresentados (regime permanente,<br />
sinal com ruído <strong>de</strong> 5% e <strong>de</strong>grau <strong>de</strong> 5%) mostram que a<br />
performance dos transdutores que utilizam métodos<br />
microprocessados é no geral igual ou superior a <strong>de</strong><br />
técnicas tradicionais., apresentando outros benefícios<br />
tais como a estabilida<strong>de</strong> em longo prazo e facilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> configuração.<br />
Todavia, a adoção <strong>de</strong> técnicas<br />
microprocessadas também <strong>de</strong>manda maior capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> processamento e cuidados adicionais na aquisição<br />
dos dados, havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos
especiais, como o uso <strong>de</strong> uma nova CPU ou DSP,<br />
filtragem a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> ruídos <strong>para</strong> diminuir a incerteza<br />
e evitar offsets, entre outros. Dessa maneira, um<br />
estudo <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhado se faz necessário <strong>para</strong><br />
implementação das mesmas em sistemas já<br />
consolidados. Mas fica claro que <strong>para</strong> novos<br />
<strong>de</strong>senvolvimentos sua utilização é uma vantagem.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Agra<strong>de</strong>cemos ao Departamento <strong>de</strong> Energia e<br />
Automação Elétricas da Escola Politécnica da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e seus professores pela<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver esse projeto e ao apoio<br />
prestado durante o <strong>de</strong>senvolvimento do mesmo.<br />
REFERÊNCIAS<br />
[1] ALAMMARI, R. A., EL-HAWARY, M.E e<br />
SOLIMAN, S.A. On The Application of αβ-<br />
Transformation for Power Systems Frequency<br />
Relaying. [S.l] : IEEE, 2001. Publicação 0-7803-<br />
7107-0/01.<br />
[2] DAI, Xianzhong, GRETSCH, Ralf e TANG,<br />
Tongyi. Quasi-Synchronous Sampling Algorithm<br />
and its Applications. [S.l.] : IEEE, p. 726-729,<br />
1993. Publicação 0-7803-1229-5/93.<br />
[3] GOLDEMBERG, Clovis e KAISER, Walter.<br />
Park transformation and non-synchronous<br />
sampling. (Relatório técnico).<br />
[4] ______. Generator voltage feedback from direct<br />
phase voltage measurements. (Relatório técnico).<br />
[5] KRAUSE, P.C., WASYNCZUK, O. e<br />
SUDHOFF, S.D. Analysis of Electric Machinery.<br />
[S.l] : IEEE Press, 1995.<br />
[6] MICHELETTI, Roberto. Phase Angle<br />
Measurement Between Two Sinusoidal Signals.<br />
IEEE Transactions on Instrumentation and<br />
Measurement, v. 40, n. 1, p. 40-42, fev 1991.<br />
[7] HARNEFORS, Lennart e MOSSBERG, Kare.<br />
Sampling of Quadrature-Phase Quantities. [S.l.]<br />
: IEEE, p. 1808-1811, 1995. Publicação 0-7803-<br />
2570-2/95.<br />
[8] NORTON, Harry N. Handbook of Transducers.<br />
New Jersey: Prentice-Hall, 1989.<br />
[9] ORSINI, Luiz <strong>de</strong> Queiroz, et al. Medidas <strong>de</strong><br />
Potência e Fator <strong>de</strong> Potência. São Paulo :<br />
EPUSP, 2001. (Apostila).<br />
[10] OPPENHEIM, A. V. e SCHAFER, R. W.<br />
Discrete-Time Signal Processing. New York :<br />
Prentice-Hall, 1989.<br />
BIOGRAFIAS<br />
Erick Fernando Alves, aluno<br />
<strong>de</strong> graduação do curso <strong>de</strong><br />
Engenharia <strong>de</strong> Energia e<br />
Automação Elétricas da<br />
Escola Politécnica da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo,<br />
formando em 2005. Foi aluno<br />
<strong>de</strong> iniciação científica da<br />
escola em 2003, estagiou na<br />
Eaton – Divisão Transmissões em 2004 e atualmente é<br />
estagiário da Voith Siemens Hydro Power Generation.<br />
Clóvis Gol<strong>de</strong>mberg, mestre e<br />
doutor em Engenharia pela<br />
Unicamp. Des<strong>de</strong> 1990, é<br />
professor na Escola<br />
Politécnica da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo. Especializado<br />
em Eletrônica Industrial na École Supérieure<br />
d'Electricité, Paris, França, na condição <strong>de</strong> bolsista do<br />
CNPq. Na iniciativa privada trabalhou na Villares e na<br />
Metal Leve. Prestou consultoria a empresas como<br />
Cegelec, Vigesa e SABESP.