tratamento e avaliação por ultrasom de um tubo ... - Artigo Científico
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TRATAMENTO E AVALIAÇÃO POR ULTRASOM DE UM TUBO<br />
API 5L X70 UTILIZADO PARA TRANSPORTE DE GÁS NATURAL<br />
RESUMO<br />
Daniel Salgado Martorelli 1<br />
O conhecimento das tensões residuais oriundas dos vários processos <strong>de</strong> fabricação, a que os <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong><br />
trans<strong>por</strong>te <strong>de</strong> óleo e gás estão submetidos, é <strong>de</strong> s<strong>um</strong>a im<strong>por</strong>tância para o fornecimento <strong>de</strong> dados, no intuito <strong>de</strong><br />
alimentar as várias pesquisas hoje existentes, na área <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> das tensões provocadas pela<br />
movimentação do solo, que posteriormente vierem a se somar com as tensões residuais. A dificulda<strong>de</strong> em<br />
medir as tensões advindas dos vários processos é conhecidamente complexa, <strong>um</strong>a vez que para isto, seria<br />
necessária a paralisação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a fábrica inteira. Este artigo foi <strong>de</strong>senvolvido com o objetivo <strong>de</strong> analisar o<br />
com<strong>por</strong>tamento das tensões em <strong>um</strong> <strong>tubo</strong>, ao longo <strong>de</strong> sua circunferência e <strong>de</strong> seu comprimento, após a<br />
realização <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>tratamento</strong> térmico, que tem <strong>por</strong> objetivo aliviar as tensões residuais oriundas do processo<br />
<strong>de</strong> fabricação a que o <strong>tubo</strong> em questão foi submetido. Com este estudo, preten<strong>de</strong>-se trazer as etapas <strong>de</strong><br />
<strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> tensões que teriam <strong>de</strong> ser feitas em <strong>um</strong>a fábrica, para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> laboratório. Foram<br />
capturados sinais ultrasônicos para a <strong>avaliação</strong> das tensões residuais existentes em <strong>um</strong> <strong>tubo</strong> novo, antes e<br />
após a execução do <strong>tratamento</strong> térmico, <strong>por</strong> intermédio <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema informatizado, com o intuito <strong>de</strong> se<br />
avaliar as possíveis mudanças nas características do <strong>tubo</strong>. A partir dos resultados obtidos nos experimentos<br />
realizados, foram feitas avaliações a respeito do com<strong>por</strong>tamento <strong>de</strong>ste <strong>tubo</strong> após o <strong>tratamento</strong>.<br />
Palavras chaves: Ultrasom, Tensões Residuais <strong>de</strong> fabricação, Tubos, Tratamento Térmico, Alívio <strong>de</strong><br />
Tensões.<br />
1<br />
Físico,<br />
Fundação Técnico Educacional Souza Marques – Rj<br />
Técnico Em Mecanica,<br />
Instituto De Engenharia Nuclear<br />
Comissão Nacional De Energia Nuclear<br />
Email: daniel@ien.gov.br
1 INTRODUÇÃO<br />
Na área <strong>de</strong> Engenharia, os materiais que são empregados na indústria em geral, po<strong>de</strong>m muitas vezes<br />
alcançar condições <strong>de</strong> solicitação críticas. Estas condições estão ligadas às tensões internas <strong>de</strong>stes materiais<br />
adquiridas durante seu processo <strong>de</strong> fabricação, e po<strong>de</strong>m levar à falha catastrófica dos componentes estruturais<br />
ocasionando perdas financeiras e <strong>de</strong> vidas, além <strong>de</strong> causarem sérios danos ao meio ambiente, como o<br />
acontecido com a plataforma <strong>de</strong> petróleo da British Petrole<strong>um</strong>.<br />
O trans<strong>por</strong>te <strong>de</strong> gás natural e <strong>de</strong> petróleo via malha dutoviaria, a cada dia que passa é mais utilizado,<br />
pois além <strong>de</strong> sua versatilida<strong>de</strong> operacional ele permite reduzir os custos, o que onera os preços finais. Além<br />
disto, diminui o tráfego <strong>de</strong> caminhões e trens, utilizados para este trans<strong>por</strong>te, a<strong>um</strong>entando a segurança e<br />
consequentemente, oferecendo maior proteção ao meio ambiente e em consequência disto, à população. No<br />
entanto, <strong>tubo</strong>s instalados em terrenos instáveis, cujas movimentações lentas do solo não são percebidas<br />
visualmente, po<strong>de</strong>ndo estar sujeitos à ocorrência <strong>de</strong> danos e, no caso extremo, ao rompimento <strong>de</strong>stes <strong>tubo</strong>s, o<br />
que causaria <strong>de</strong>sastres incomensuráveis.<br />
A ação do solo sobre o <strong>tubo</strong> é muito complexa. Desta forma, para garantir a integrida<strong>de</strong> da malha<br />
dutoviaria, a monitoração das tensões geradas pelo movimento do solo sobre o <strong>tubo</strong> é <strong>de</strong> s<strong>um</strong>a im<strong>por</strong>tância.<br />
Embora existam diversas técnicas <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> tensões instaladas em componentes estruturais ou<br />
equipamentos, tais como a técnica do furo, a neutrongrafia e a difração <strong>de</strong> raios-x, suas limitações tem<br />
<strong>de</strong>spertado o interesse crescente da comunida<strong>de</strong> científica, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outros métodos mais<br />
eficazes, e que forneçam informações técnicas capazes <strong>de</strong> impedir que aconteçam aci<strong>de</strong>ntes.<br />
O ultra-som é <strong>um</strong> <strong>de</strong>sses métodos. Ele po<strong>de</strong> ser empregado para a análise <strong>de</strong> tensões e o fenômeno<br />
mais utilizado nessa aplicação é o da variação na velocida<strong>de</strong> da onda ultra-sônica que ocorre quando esta se<br />
propaga através <strong>de</strong> <strong>um</strong> material que se encontra submetido à tensão. A este fenômeno dá-se o nome <strong>de</strong><br />
anisotropia acústica.<br />
Os processos <strong>de</strong> fabricação normalmente geram tensões internas nos materiais, o que muitas vezes<br />
torna necessária a realização <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> térmico <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> tensões (TTAT) em estruturas e<br />
componentes. Esses TTAT, feitos sob critérios rígidos e com severo controle, <strong>por</strong>ém, nem sempre têm seus<br />
resultados avaliados, seja <strong>por</strong> motivos técnicos ou financeiros (LAMY et al., 2002; BITTENCOURT et al.,<br />
2000).<br />
Em vista disto, o objetivo <strong>de</strong>ste artigo será o <strong>de</strong> usar a técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> tensões <strong>por</strong> ultra-som, na<br />
verificação dos efeitos <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>tratamento</strong> térmico visando o alívio das tensões provenientes do processo <strong>de</strong><br />
fabricação, a ser feito em <strong>um</strong> <strong>tubo</strong> utilizado pela Petrobrás para trans<strong>por</strong>te <strong>de</strong> gás, fabricado pela Apolo<br />
Tubulars, processo ERW. Desta forma, se o objetivo for alcançado, as tensões que posteriormente vierem a<br />
ser produzidas <strong>de</strong>vido ao lançamento do <strong>tubo</strong> ou provenientes do movimento do solo, po<strong>de</strong>rão ser<br />
conhecidas, para que providências venham a ser tomadas no intuito <strong>de</strong> reduzir as chances <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes que<br />
acarretariam em sérios danos ao meio ambiente.<br />
2 MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Neste trabalho a configuração experimental dos transdutores é a do pulso-eco, para obtenção <strong>de</strong><br />
variações <strong>de</strong> tempo ao longo da espessura, <strong>um</strong> único transdutor é usado como emissor/receptor e o sinal<br />
adquirido correspon<strong>de</strong> a <strong>um</strong>a sucessão <strong>de</strong> ecos provenientes da face oposta a que o transdutor está acoplado.<br />
O tempo <strong>de</strong> percurso da onda é o tempo medido entre dois ecos consecutivos.<br />
Inicialmente foi montado <strong>um</strong> sistema composto <strong>de</strong> <strong>um</strong> aparelho <strong>de</strong> ultra-som convencional marca<br />
Panametrics, mo<strong>de</strong>lo EPOCH 4, que funciona como <strong>um</strong> gerador <strong>de</strong> pulsos. Os pulsos gerados passam <strong>por</strong> <strong>um</strong><br />
filtro <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> que divi<strong>de</strong> o sinal emitindo-o em parte a <strong>um</strong>a voltagem menor, aproximadamente 8V, para<br />
<strong>um</strong> osciloscópio digital analógico Tektronics, mo<strong>de</strong>lo TDS3032B e em parte a <strong>um</strong>a voltagem mais elevada,<br />
entre 250 a 300 volts, para excitar o único transdutor (emissor/receptor) que é fixado ao corpo-<strong>de</strong>-prova. O<br />
sinal ultra-sônico é transmitido ao material e seu eco retorna ao osciloscópio. Assim são observados no<br />
osciloscópio os sinais do pulso <strong>de</strong> excitação do cristal piezoeléctrico e <strong>de</strong> seu eco.<br />
2
Figura 1. Sistema ultra-sônico montado para medida <strong>de</strong> tensão<br />
Como as variações <strong>de</strong> tempo ocorridas no percurso da onda ultra-sônica, <strong>por</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> tensões,<br />
são extremamente baixas, em geral na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> nanosegundo, é necessário trabalhar com a base <strong>de</strong> tempo do<br />
osciloscópio n<strong>um</strong>a magnitu<strong>de</strong> que permita a leitura <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta resolução.<br />
Ao sistema eletrônico montado também foi conectado <strong>um</strong> microcomputador HP para receber o sinal<br />
ultra-sônico do osciloscópio e permitir seu processamento. Desta forma as medidas <strong>de</strong> tempo po<strong>de</strong>m ser<br />
tomadas com <strong>um</strong>a precisão muito gran<strong>de</strong> ao contrário do que ocorre quando são feitas visualmente<br />
diretamente da tela do osciloscópio.<br />
Com o sistema montado com esta configuração, figuras 1 e 2, se consegue a visualização no<br />
computador <strong>de</strong> qualquer eco ou tantos quantos sejam <strong>de</strong>sejados. A partir <strong>de</strong>sta configuração é possível medir<br />
a velocida<strong>de</strong> da onda ultra-sônica, que necessita o conhecimento do tempo entre dois ecos. O transdutor<br />
usado foi <strong>de</strong> ondas transversais com incidência normal com frequência <strong>de</strong> 2,25Mhz.<br />
Figura 2. Diagrama do sistema ultra-sônico montado para medida <strong>de</strong> tensão<br />
A técnica aqui aplicada (BITTENCOURT et al, 2000).prevê a utilização <strong>de</strong> ondas cisalhantes <strong>de</strong><br />
incidência normal e a anisotropia acústica (birrefringência) é calculada em função <strong>de</strong> diferentes medidas <strong>de</strong><br />
tempo obtido em <strong>um</strong> mesmo ponto, após o percurso da onda cisalhante que foi propagada em duas direções<br />
<strong>de</strong> polarização ortogonais, conforme visto na figura 3.<br />
Figura 3 - Posicionamento dos Transdutores: a) Transversal e b) Longitudinal ao sentido da laminação<br />
Para tal, foi empregado para a aquisição dos sinais <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>corrido <strong>um</strong> transdutor <strong>de</strong> freqüência<br />
igual a 2,25 MHz e diâmetro <strong>de</strong> 12,7 mm.<br />
Para se avaliar o estado <strong>de</strong> tensões existentes no <strong>tubo</strong> como recebido, foram traçados 05 (cinco)<br />
regiões ao longo do perímetro do <strong>tubo</strong>, conforme indicado no <strong>de</strong>senho esquemático visto na Figura 4.<br />
3
Figura 4 - I<strong>de</strong>ntificação e posicionamento das regiões <strong>de</strong> medida no <strong>tubo</strong> em relação ao cordão <strong>de</strong> solda.<br />
As regiões <strong>de</strong> medida foram separadas com comprimento <strong>de</strong> 500 mm e largura <strong>de</strong> 45 mm. Em cada<br />
região foram feitas 05 (cinco) marcações para indicar os locais <strong>de</strong> acoplamento do transdutor para a aquisição<br />
da medida do tempo <strong>de</strong> percurso da onda ultra-sônica, em duas direções ortogonais. A Figura 5 mostra estas<br />
marcações e os espaçamentos entre elas.<br />
Figura 5 - Dimensões das regiões, locais <strong>de</strong> acoplamento do transdutor e espaçamento entre eles.<br />
O sinal obtido na configuração pulso eco, é aquisitado <strong>por</strong> computador, através do programa<br />
Wavestar da Tektronik que acoplado a <strong>um</strong> osciloscópio, captura a onda ultrasônica, sendo a mesma<br />
posteriormente processada pelo programa chronos, que se utiliza da equação da Birrefringência, para retornar<br />
o resultado, chamado <strong>de</strong> “B”.<br />
Figura 6. Software <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados Wavestar e Osciloscópio TDS3032B da Tektronik<br />
Foram então feitas as medidas em cada ponto marcado, sendo que 5 medidas na direção longitudinal<br />
e 5 medidas na direção transversal, alternadamente. Totalizando 10 medidas em cada ponto, 50 medidas em<br />
cada tira e 250 medidas nas 5 tiras marcadas em torno do <strong>tubo</strong>, antes do <strong>tratamento</strong> térmico.<br />
Figura 7. Posicionamentos do Transdutor no <strong>tubo</strong><br />
O Tratamento Térmico foi realizado em <strong>um</strong> forno marca Combustol, elevando-se gradualmente a<br />
temperatura, na taxa <strong>de</strong> 150 o C/Hora, chegando-se a temperatura <strong>de</strong> 690 o C em aproximadamente 4 horas,<br />
tendo sido <strong>de</strong>ixado nesta temperatura <strong>por</strong> mais 2 horas (CHIAVERINI, 1986).<br />
4
Figura 8. Forno Combustol<br />
O <strong>tubo</strong> foi <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong>ntro do forno <strong>de</strong>pois do mesmo ter sido <strong>de</strong>sligado para o resfriamento, que<br />
<strong>de</strong>ve ser lento e gradual até a temperatura ambiente. Após o resfriamento, retirou-se então o <strong>tubo</strong> para que<br />
fossem efetuadas as medidas pós <strong>tratamento</strong> térmico.<br />
Figura 9. Retirada do <strong>tubo</strong><br />
O <strong>tubo</strong> foi submetido a <strong>um</strong>a nova varredura, utilizando o <strong>ultrasom</strong>, para a medida do tempo <strong>de</strong><br />
percurso da onda nos mesmos pontos. Foram aquisitadas em cada ponto, alternadamente, cinco ondas com<br />
direção <strong>de</strong> polarização longitudinal ao comprimento do <strong>tubo</strong> e cinco ondas com direção <strong>de</strong> polarização<br />
transversal ao comprimento do <strong>tubo</strong>.<br />
3 RESULTADOS<br />
A diferença do tempo <strong>de</strong> percurso da onda ultra-sônica entre as duas direções ortogonais, nas regiões<br />
do <strong>tubo</strong>, é mostrada na tabela 1.<br />
Cp<br />
Todas as regiões<br />
Ponto Tempos<br />
t longitudinal (µs) t transversal (µs)<br />
Birrefringência<br />
(B0)<br />
Birrefringência<br />
(B0)médio<br />
1 6.4518E-06 6.6020E-06 -2.3012E-02<br />
2 6.4482E-06 6.5974E-06 -2.2874E-02<br />
1 3 6.4464E-06 6.5940E-06 -2.2637E-02 -2.2171E-02<br />
4 6.4560E-06 6.5984E-06 -2.1816E-02<br />
5 6.4652E-06 6.5992E-06 -2.0514E-02<br />
1 6.3766E-06 6.5180E-06 -2.1932E-02<br />
2 6.3834E-06 6.5240E-06 -2.1786E-02<br />
2 3 6.3890E-06 6.5220E-06 -2.0603E-02 -2.0577E-02<br />
4 6.3850E-06 6.5176E-06 -2.0554E-02<br />
5 6.3938E-06 6.5100E-06 -1.8010E-02<br />
1 6.3498E-06 6.4752E-06 -1.9556E-02<br />
2 6.3452E-06 6.4788E-06 -2.0836E-02<br />
3 3 6.3528E-06 6.4848E-06 -2.0565E-02 -1.9779E-02<br />
4 6.3528E-06 6.4778E-06 -1.9485E-02<br />
5 6.3560E-06 6.4744E-06 -1.8456E-02<br />
1 6.3540E-06 6.4880E-06 -2.0869E-02<br />
2 6.3478E-06 6.4902E-06 -2.2184E-02<br />
4 3 6.3544E-06 6.4874E-06 -2.0714E-02 -2.0567E-02<br />
4 6.3556E-06 6.4808E-06 -1.9507E-02<br />
5 6.3580E-06 6.4836E-06 -1.9561E-02<br />
1 6.3948E-06 6.5624E-06 -2.5870E-02<br />
2 6.3864E-06 6.5572E-06 -2.6391E-02<br />
5 3 6.3896E-06 6.5516E-06 -2.5036E-02 -2.4992E-02<br />
4 6.3880E-06 6.5468E-06 -2.4554E-02<br />
5 6.3910E-06 6.5404E-06 -2.3107E-02<br />
Tabela 1 – Medidas dos tempos no <strong>tubo</strong> sem TTAT<br />
No gráfico 1, abaixo, po<strong>de</strong>-se observar a alteração na diferença do tempo <strong>de</strong> percurso da onda nos<br />
pontos <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong>scritos anteriormente. Essa diferença no tempo entre os pontos está associada à<br />
anisotropia acústica do material originada principalmente pela textura e/ou tensões residuais <strong>de</strong>vido ao<br />
5
processo <strong>de</strong> fabricação. Vemos também que a variação do ∆T ao longo das regiões do <strong>tubo</strong>, indica <strong>um</strong>a<br />
distribuição heterogênea <strong>de</strong> tensão no material, resultado da complexida<strong>de</strong> da distribuição <strong>de</strong> tensões.<br />
BIRREFRINGÊNCIA MÉDIA<br />
-1.8000E-02<br />
0 1 2 3 4 5 6<br />
-1.9000E-02<br />
-2.0000E-02<br />
-2.1000E-02<br />
-2.2000E-02<br />
-2.3000E-02<br />
-2.4000E-02<br />
-2.5000E-02<br />
-2.6000E-02<br />
Gráfico 1 – Curva da Birrefringência média do <strong>tubo</strong> sem TTAT<br />
O mesmo procedimento <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> sinais foi realizado para obtenção dos resultados <strong>de</strong>pois da<br />
realização do <strong>tratamento</strong> térmico, com os resultados <strong>de</strong>scritos abaixo.<br />
Na tabela 2, po<strong>de</strong>-se observar a alteração na diferença do tempo <strong>de</strong> percurso da onda nos mesmos<br />
pontos <strong>de</strong> aquisição anterior <strong>de</strong>vido ao alívio das tensões geradas pelo processo <strong>de</strong> fabricação do <strong>tubo</strong>.<br />
Tabela 2 – Medidas dos tempos no <strong>tubo</strong> com TTAT<br />
O gráfico 2 mostra o efeito no tempo <strong>de</strong> percurso da onda, após o TTAT. Verifica-se que o estado <strong>de</strong><br />
tensões, tem aspecto <strong>um</strong> pouco diferente daquele mostrado no gráfico 1, o que evi<strong>de</strong>ncia a complexida<strong>de</strong> do<br />
estado <strong>de</strong> tensões gerado pelo processo <strong>de</strong> fabricação.<br />
BIRREFRINGÊNCIA MÉDIA<br />
REGIÃO (CP)<br />
Cp<br />
Todas as regiões<br />
Ponto Tempos<br />
t longitudinal (µs) t transversal (µs)<br />
Birrefringência<br />
(B0)<br />
Birrefringência<br />
(B0)médio<br />
1 6.4492E-06 6.5898E-06 -2.1566E-02<br />
2 6.4510E-06 6.5936E-06 -2.1863E-02<br />
1 3 6.4540E-06 6.5912E-06 -2.1035E-02 -2.0950E-02<br />
4 6.4626E-06 6.5982E-06 -2.0764E-02<br />
5 6.4720E-06 6.5996E-06 -1.9523E-02<br />
1 6.3700E-06 6.5054E-06 -2.1032E-02<br />
2 6.3790E-06 6.5084E-06 -2.0082E-02<br />
2 3 6.3806E-06 6.5054E-06 -1.9370E-02 -1.9407E-02<br />
4 6.3846E-06 6.5072E-06 -1.9020E-02<br />
5 6.3896E-06 6.5026E-06 -1.7530E-02<br />
1 6.3348E-06 6.4602E-06 -1.9601E-02<br />
2 6.3338E-06 6.4610E-06 -1.9883E-02<br />
3 3 6.3360E-06 6.4640E-06 -2.0000E-02 -1.9142E-02<br />
4 6.3436E-06 6.4628E-06 -1.8616E-02<br />
5 6.3488E-06 6.4616E-06 -1.7611E-02<br />
1 6.3460E-06 6.4754E-06 -2.0185E-02<br />
2 6.3450E-06 6.4730E-06 -1.9972E-02<br />
4 3 6.3506E-06 6.4708E-06 -1.8750E-02 -1.9009E-02<br />
4 6.3510E-06 6.4656E-06 -1.7883E-02<br />
5 6.3508E-06 6.4678E-06 -1.8255E-02<br />
1 6.3724E-06 6.5340E-06 -2.5042E-02<br />
2 6.3734E-06 6.5336E-06 -2.4824E-02<br />
5 3 6.3676E-06 6.5176E-06 -2.3283E-02 -2.3847E-02<br />
4 6.3816E-06 6.5378E-06 -2.4181E-02<br />
5 6.3754E-06 6.5166E-06 -2.1905E-02<br />
-1.8000E-02<br />
0 1 2 3 4 5 6<br />
-1.9000E-02<br />
-2.0000E-02<br />
-2.1000E-02<br />
-2.2000E-02<br />
-2.3000E-02<br />
-2.4000E-02<br />
-2.5000E-02<br />
-2.6000E-02<br />
REGIÃO<br />
Gráfico 2 – Curva da Birrefringência média do <strong>tubo</strong> com TTAT<br />
6
O gráfico 3 mostra a diferença no tempo <strong>de</strong> percurso da onda nas duas etapas <strong>de</strong> aquisição da onda.<br />
A curva vermelha se referem ao <strong>tubo</strong> antes do Tratamento Térmico e a curva azul representa os resultados<br />
obtidos após o TTAT.<br />
4 CONCLUSÕES<br />
BIRREFRINGÊNCIA MÉDIA<br />
-1.8000E-02<br />
0 1 2 3 4 5 6<br />
-1.9000E-02<br />
-2.0000E-02<br />
-2.1000E-02<br />
-2.2000E-02<br />
-2.3000E-02<br />
-2.4000E-02<br />
-2.5000E-02<br />
-2.6000E-02<br />
REGIÃO<br />
Gráfico 3 – Interposição das curvas<br />
Neste artigo foram analisadas a magnitu<strong>de</strong>, natureza e com<strong>por</strong>tamento das tensões residuais<br />
provenientes do processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>tubo</strong> utilizado no trans<strong>por</strong>te <strong>de</strong> gás natural. O estudo visou<br />
encontrar meios <strong>de</strong> quantificar as tensões residuais causadas <strong>por</strong> esforços <strong>de</strong> trabalho. Foi realizada <strong>um</strong>a<br />
pesquisa bibliográfica sobre tensões residuais incluindo: suas possíveis origens, seus efeitos sobre as<br />
estruturas, dando ênfase para a técnica <strong>de</strong> medida <strong>por</strong> <strong>ultrasom</strong>.<br />
Paralelas às pesquisas bibliográficas foram realizadas várias medições laboratoriais em espécimes <strong>de</strong><br />
<strong>um</strong> <strong>tubo</strong> API 5L X70, para <strong>de</strong>terminação das tensões residuais <strong>de</strong> fabricação. Nas medições foram usadas a<br />
técnica da birefringência. Os resultados encontrados foram analisados com base nos efeitos causados pelas<br />
etapas do processo ERW <strong>de</strong> fabricação na geração <strong>de</strong> tensões residuais. Nessas análises também foram<br />
consi<strong>de</strong>radas as informações obtidas nas pesquisas bibliográficas.<br />
A partir das curvas <strong>de</strong> tensões residuais obtidas nas medições no laboratório foram feitas<br />
comparações com as medidas realizadas <strong>por</strong> Priscila Goreti Magina em sua Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, nas<br />
mesmas regiões, em <strong>um</strong>a parte da chapa (início chapa 6628) que <strong>de</strong>u origem ao <strong>tubo</strong>, objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ste<br />
presente artigo. Na curva obtida <strong>por</strong> Magina (2009), <strong>de</strong>monstrada no gráfico 4, observa-se que existe <strong>um</strong>a<br />
clara semelhança (Gráfico 5) entre os dados obtidos na chapa, e no <strong>tubo</strong> após o <strong>tratamento</strong> realizado para este<br />
artigo, notando-se que houve realmente <strong>um</strong> alívio das tensões provenientes do processo <strong>de</strong> fabricação ERW<br />
ao qual o <strong>tubo</strong> foi submetido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua forma <strong>de</strong> chapa, originada a partir do <strong>de</strong>sbobinamento do aço em<br />
questão, até a sua forma final <strong>de</strong> <strong>tubo</strong>, <strong>de</strong>monstrando-se assim, a efetivida<strong>de</strong> do <strong>tratamento</strong> térmico realizado<br />
e sua im<strong>por</strong>tância para o efetivo estudo das tensões existentes em <strong>tubo</strong>s, pois se po<strong>de</strong>ria eliminar <strong>um</strong>a fase<br />
muito complexa <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> dados, que é a realização <strong>de</strong> medições em fábricas, trazendo-as para o<br />
laboratório.<br />
Gráfico 4 – Resultados obtidos <strong>por</strong> Magina (2009)<br />
Com Tratamento<br />
Térmico<br />
Sem Tratamento<br />
Térmico<br />
7
BIRREFRINGÊNCIA MÉDIA<br />
Gráfico 5 – Mudança <strong>de</strong> escala para efeito <strong>de</strong> comparação<br />
As tensões geradas pelo bobinamento e <strong>de</strong>sbobinamento <strong>de</strong>ste aço, não foram levadas em questão, pois<br />
para <strong>um</strong> estudo das tensões provocadas <strong>por</strong> tais processos, teria <strong>de</strong> se obter <strong>um</strong>a seção do aço, antes dos<br />
processos acima citados, para efetuarem-se as <strong>de</strong>vidas comparações.<br />
5 BIBLIOGRAFIA<br />
0.00E+00<br />
0 1 2 3 4 5<br />
-5.00E-03<br />
-1.00E-02<br />
-1.50E-02<br />
-2.00E-02<br />
-2.50E-02<br />
-3.00E-02<br />
Bittencourt, M. S. Q., Desenvolvimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> Sistema <strong>de</strong> Medida <strong>de</strong> Tempo Decorrido da Onda Ultrasônica<br />
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REGIÃO<br />
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