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a bricolage como processo de criação na música ... - Demac; UFU.

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A BRICOLAGE COMO PROCESSO DE CRIAÇÃO NA MÚSICA POPULAR<br />

1<br />

Giordano Godoy Pagotti<br />

Resumo: Bricolage é um termo complexo aplicado <strong>na</strong>s mais variadas áreas, da<br />

sociologia da religião ao estudo da evolução, passando pelo <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>criação</strong><br />

artística. Clau<strong>de</strong> Levi Strauss e Jacques Derrida o <strong>de</strong>finem <strong>como</strong> um trabalho ou objeto<br />

<strong>de</strong>senvolvido sem planejamento pré-concebido, se afastando conseqüentemente dos<br />

<strong>processo</strong>s e normas comuns às técnicas tradicio<strong>na</strong>is. Tem <strong>como</strong> característica marcante<br />

a utilização <strong>de</strong> quaisquer materiais que se tenha à mão e que sejam interessantes ao<br />

criador, materiais estes já existentes no ambiente e com funções <strong>de</strong>finidas para além da<br />

obra do bricoleur.<br />

A presente pesquisa teve <strong>como</strong> objetivo observar <strong>como</strong> esse conceito adquire<br />

relevância <strong>na</strong> <strong>criação</strong> musical a partir do século XX, mais especificamente <strong>na</strong> <strong>música</strong><br />

popular, e propor formas <strong>de</strong> compreensão do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong> tanto <strong>como</strong><br />

ferramenta <strong>de</strong> <strong>criação</strong> quanto <strong>de</strong> análise musicais. Foi realizada através da coleta <strong>de</strong><br />

exemplos nos quais pô<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong>, a análise <strong>de</strong>stes em<br />

relação a esse <strong>processo</strong>, e a organização do material pesquisado em grupos que<br />

<strong>de</strong>monstram similarida<strong>de</strong>s quanto ao uso do mesmo. As análises abordaram aspectos<br />

técnico-musicais (seqüências harmônicas, trechos melódicos, combi<strong>na</strong>ções tímbricas,<br />

<strong>de</strong>ntre outros), se atendo àqueles relevantes à temática da pesquisa.<br />

Preten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compreensão da <strong>bricolage</strong><br />

enquanto <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>criação</strong>, para além <strong>de</strong> uma sistematização <strong>de</strong> seu uso – algo que<br />

iria contra o próprio conceito aqui discutido.<br />

O termo francês <strong>bricolage</strong>, em sua <strong>de</strong>finição mais simples, se refere a um<br />

trabalho manual, feito com o aproveitamento <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> objetos e materiais<br />

disponíveis. Clau<strong>de</strong> Levi Strauss (2003) e Jacques Derrida (1971), ao se apropriarem do<br />

termo, <strong>de</strong>finiram por bricoleur (aquele que cria <strong>bricolage</strong>s) o indivíduo que realiza um<br />

trabalho ou <strong>de</strong>senvolve um objeto <strong>de</strong> forma que não há planejamento pré-concebido, se<br />

afastando conseqüentemente dos <strong>processo</strong>s e normas comuns às técnicas tradicio<strong>na</strong>is. O<br />

trabalho ou objeto em questão tem <strong>como</strong> característica marcante a utilização <strong>de</strong><br />

quaisquer materiais que se tenha à mão e que sejam interessantes ao criador, materiais<br />

estes já existentes no ambiente e com funções <strong>de</strong>finidas para além da obra do bricoleur.<br />

Posteriormente o termo expan<strong>de</strong> seu significado, sendo aplicado <strong>na</strong>s mais<br />

variadas áreas, da sociologia da religião ao estudo da evolução, passando pelo <strong>processo</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>criação</strong> artística. Sturken e Cartwright (2001) o <strong>de</strong>finem então <strong>como</strong> um modo <strong>de</strong><br />

adaptação no qual coisas são postas em utilizações para as quais elas não foram<br />

intencio<strong>na</strong>das e em formas que as <strong>de</strong>slocam <strong>de</strong> seu contexto normal ou esperado.


Objetos que valorizamos <strong>como</strong> sendo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da forma po<strong>de</strong>m ser usados com<br />

o propósito <strong>de</strong> chocar e criar novos significados.<br />

Nesse contexto, <strong>bricolage</strong> foi inicialmente utilizado <strong>na</strong> sociologia da religião por<br />

Thomas Luckmann (1967), si<strong>na</strong>lizando a individualização religiosa: as pessoas<br />

“escolhem” em que acreditar, selecio<strong>na</strong>ndo as suas práticas religiosas e opções éticas<br />

favoritas. Esse fenômeno já foi <strong>de</strong>finido <strong>como</strong> “religião à la carte”, porque o indivíduo<br />

ignora o conjunto <strong>de</strong> aspectos referentes a uma crença específica, e em sua procura<br />

mescla elementos <strong>de</strong> diferentes práticas religiosas.<br />

Po<strong>de</strong>r-se-ia então interpretar <strong>bricolage</strong> <strong>como</strong> a <strong>criação</strong> <strong>de</strong> um objeto através da<br />

junção <strong>de</strong> outros objetos pré-existentes, que já têm funções específicas. Na <strong>música</strong>, o<br />

termo é novo, e <strong>de</strong> significado amplo, por ser uma adaptação das <strong>de</strong>finições já<br />

explicadas.<br />

O presente trabalho objetiva pesquisar <strong>como</strong> esse conceito adquire relevância <strong>na</strong><br />

<strong>criação</strong> musical a partir do século XX, mais especificamente <strong>na</strong> <strong>música</strong> popular, e<br />

propor formas <strong>de</strong> compreensão do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong> tanto <strong>como</strong> ferramenta <strong>de</strong><br />

<strong>criação</strong> quanto análise musicais. Nesse sentido serão abordadas quatro possibilida<strong>de</strong>s:<br />

1 o - Uso <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong> <strong>na</strong> <strong>criação</strong> <strong>de</strong> uma obra, com o propósito referencial. O material<br />

“bricolado” é adaptado para fazer sentido no novo contexto. A obra recém-criada e o<br />

material pré-existente nela utilizado têm similarida<strong>de</strong>s, que po<strong>de</strong>m estar <strong>na</strong> sonorida<strong>de</strong>,<br />

no conceito, <strong>na</strong> temática, ou em qualquer outro aspecto que o bricoleur consi<strong>de</strong>rar<br />

relevante. O uso da <strong>bricolage</strong> tem o propósito <strong>de</strong> enfatizar essas similarida<strong>de</strong>s.<br />

Ex: Pelo Telefone, <strong>de</strong> Donga e Mauro <strong>de</strong> Almeida, gravada em 1916 por Bahiano;<br />

Pela Internet, <strong>de</strong> Gilberto Gil, lançada em 1997 em CD single promocio<strong>na</strong>l, em<br />

seguida através da internet e posteriormente no disco Quanta Gente Veio Ver.<br />

Início da canção <strong>de</strong> Donga (transposto para Dó maior):<br />

2


Seção “B” da canção <strong>de</strong> Gilberto Gil (transposto para Dó maior):<br />

Vê-se claramente – a começar pelo título – que a inspiração <strong>de</strong> Gil ao compor<br />

“Pela Internet” veio do samba “Pelo Telefone”, lançado em 1916 e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância histórica por ser consi<strong>de</strong>rado (em meio a controvérsias) o primeiro samba<br />

gravado. Ambas começam com trechos quase idênticos (“O chefe da folia” e “O Chefe<br />

da polícia”), e Gil continua a letra <strong>de</strong> sua canção com referências a inovações<br />

tecnológicas (celular, ví<strong>de</strong>o poker), algo também presente em “Pelo Telefone” (no caso,<br />

o próprio aparelho referido no título).<br />

É interessante notar que, graças à enorme popularida<strong>de</strong> da primeira gravação <strong>de</strong><br />

“Pelo Telefone”, surgiram posteriormente versões com letras modificadas, <strong>de</strong>ntre elas<br />

uma que <strong>de</strong>monstra forte vínculo com “Pela Internet”. Nela o verso inicial é o seguinte:<br />

O chefe da polícia Pelo telefone Manda me avisar<br />

Que <strong>na</strong> Carioca Tem uma roleta Para se jogar<br />

Há também semelhanças entre as melodias dos dois trechos. As duas frases –<br />

cada uma com quatro compassos – que compõem o trecho <strong>de</strong> “Pela Internet” têm seus<br />

inícios praticamente idênticos às do trecho <strong>de</strong> “Pelo Telefone” (também duas frases <strong>de</strong><br />

quatro compassos cada), com alterações <strong>na</strong> canção <strong>de</strong> Gil somente em poucas<br />

adaptações rítmicas à letra. Há também peque<strong>na</strong>s variações nos fi<strong>na</strong>is <strong>de</strong> ambas as<br />

frases <strong>de</strong> “Pela Internet” em relação à canção <strong>de</strong> Donga, mas <strong>na</strong>da que atrapalhe a<br />

percepção das similarida<strong>de</strong>s entre os trechos.<br />

Em relação à harmonia, a presença da <strong>bricolage</strong> também se faz notar, já que<br />

funcio<strong>na</strong>lmente não há gran<strong>de</strong>s diferenças entre os materiais aqui a<strong>na</strong>lisados. A<br />

progressão funcio<strong>na</strong>l T_S_D_S_D_T forma o esqueleto harmônico <strong>de</strong> ambos os trechos,<br />

ainda os acor<strong>de</strong>s que a preenchem sejam em alguns casos diferentes. Nota-se uma única<br />

diferença no compasso 4 <strong>de</strong> “Pela Internet”, on<strong>de</strong> o acor<strong>de</strong> <strong>de</strong> função Domi<strong>na</strong>nte<br />

3


Primária G7 (presente em “Pelo Telefone” no mesmo compasso) é substituído pelo<br />

Domi<strong>na</strong>nte Secundário (V7/ii) A7. A sensação <strong>de</strong> “tensão” característica da função<br />

Domi<strong>na</strong>nte, entretanto, é mantida.<br />

2 o - Outro uso <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong> <strong>na</strong> <strong>criação</strong> <strong>de</strong> uma obra, também com propósito referencial,<br />

mas sem que exista a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação, pois não há a intenção <strong>de</strong> enfatizar as<br />

semelhanças entre a <strong>música</strong> recém-criada e os materiais pré-existentes. Estão à<br />

disposição quaisquer sons, <strong>de</strong> quaisquer fontes, da forma que o bricoleur quiser. Po<strong>de</strong><br />

ser comparado a uma “colcha <strong>de</strong> retalhos” sonora.<br />

Ex: Os Planetas, op. 32, 4 o movimento: “Júpiter, o portador da alegria”, <strong>de</strong> Gustav<br />

Holst (1874-1934);<br />

Invocation & Ritual Dance of the Young Pumpkin, <strong>de</strong> Frank Zappa, lançada no<br />

disco Absolutely Free, <strong>de</strong> 1967.<br />

Trecho retirado da obra <strong>de</strong> Holst e utilizado por Frank Zappa:<br />

3 o - Uso <strong>de</strong> material já existente <strong>como</strong> “fonte <strong>de</strong> <strong>criação</strong>” para uma nova obra. O<br />

material pré-existente é facilmente percebido, por vezes inclusive enfatizado pelo<br />

compositor bricoleur, com o propósito <strong>de</strong> explicitar a <strong>bricolage</strong>. Há aqui, entretanto, a<br />

questão da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clareza do material “origi<strong>na</strong>l” criado pelo bricoleur, e <strong>de</strong> até<br />

que ponto esse <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>criação</strong> com base <strong>na</strong> <strong>bricolage</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvido sem se<br />

caracterizar <strong>como</strong> plágio – assunto <strong>de</strong> ampla discussão, e que está além do propósito da<br />

presente pesquisa.<br />

Ex: Canon em Ré maior, <strong>de</strong> Johann Pachelbel (1686-1764);<br />

Juve<strong>na</strong>r, do conjunto brasileiro Kar<strong>na</strong>k, gravada no disco Estamos Adorando Tokio,<br />

<strong>de</strong> 2000.<br />

4


Seqüência harmônica do Canon <strong>de</strong> Pachelbel, com a linha do baixo escrita:<br />

Seqüências harmônicas da canção do Kar<strong>na</strong>k, com as linhas do baixo escritas:<br />

Introdução e parte “A”:<br />

Parte “B” e Refrão:<br />

A semelhança entre os trechos é clara, especialmente pelo fato da linha do baixo<br />

ser idêntica em todos eles durante os 2 compassos iniciais, e pela similarida<strong>de</strong><br />

harmônica. É importante frisar que a obra <strong>de</strong> Pachelbel é uma passacaglia – forma<br />

caracterizada por variações contínuas sobre uma linha <strong>de</strong> baixo e/ou estrutura<br />

harmônica constante – o que explicita a importância estrutural da linha do baixo e da<br />

sequência harmônica transcritas acima.<br />

Há ainda em Juve<strong>na</strong>r outros fatores que evi<strong>de</strong>nciam a presença <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong>,<br />

<strong>como</strong> o tímbrico (sons <strong>de</strong> cravo e cordas <strong>na</strong> execução do trecho transcrito, remetendo à<br />

sonorida<strong>de</strong> ‘barroca’), além do referente à estruturação dos acor<strong>de</strong>s e à condução <strong>de</strong><br />

vozes entre os mesmos.<br />

4 o - Uso <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> uma ou mais <strong>música</strong>s no arranjo <strong>de</strong> outra. Na <strong>música</strong> popular<br />

do século XX a figura do arranjador ganha ênfase e enorme importância. Tendo<br />

5


inicialmente a função <strong>de</strong> “adaptar” obras <strong>de</strong> gosto popular a diferentes formações<br />

instrumentais e <strong>de</strong> criar “roupagens” a<strong>de</strong>quadas a canções populares, o papel do<br />

arranjador com o tempo se amplia. Há casos em que ele atua quase <strong>como</strong> um “segundo<br />

compositor”, no sentido <strong>de</strong> criar algo particular e único a partir <strong>de</strong> uma obra já existente.<br />

Assim, não é <strong>de</strong> se espantar que este tenha sido um terreno fértil para o uso <strong>de</strong> <strong>bricolage</strong><br />

musical.<br />

Também nesse caso é bastante comum haver semelhanças entre o material<br />

“bricolado” e a <strong>música</strong> a ser arranjada. Ambos po<strong>de</strong>m ter, por exemplo, similarida<strong>de</strong>s<br />

sonoras (<strong>de</strong> harmonia, <strong>de</strong> melodia, etc), mesma temática (explicitadas <strong>na</strong>s letras <strong>de</strong><br />

canções, por exemplo), relação ‘contextual’ (representarem um mesmo período ou<br />

acontecimento histórico por exemplo), mesmo(s) compositor(es), <strong>de</strong>ntre várias<br />

possibilida<strong>de</strong>s.<br />

No exemplo transcrito abaixo há diversas semelhanças entre o “origi<strong>na</strong>l” (a<br />

canção Estrada do Sol) e o material bricolado ( presente em Chovendo <strong>na</strong> Roseira): As<br />

duas são composições <strong>de</strong> Tom Jobim, sendo Estrada do Sol uma parceria <strong>de</strong>ste com<br />

Dolores Duran. Ambas tratam <strong>de</strong> temática semelhante, que fica clara ao compararmos<br />

os versos iniciais das canções:<br />

Olha, está chovendo <strong>na</strong> roseira<br />

que só da rosa mas não cheira<br />

a frescura das gotas úmidas<br />

(Chovendo <strong>na</strong> Roseira)<br />

É <strong>de</strong> manhã<br />

Vem o sol mas os pingos da chuva que ontem caiu<br />

ainda estão a brilhar<br />

ainda estão a dançar<br />

(Estrada do Sol)<br />

Tanto Chovendo <strong>na</strong> Roseira quanto Estrada do Sol são em estrutura rítmica<br />

ternária (ou criam essa sensação através <strong>de</strong> recursos rítmico-melódicos), remetendo à<br />

valsa ou à “valsa jazz”, algo incomum <strong>na</strong> obra <strong>de</strong> Jobim. Harmonicamente também há<br />

semelhanças, <strong>como</strong> o fato <strong>de</strong> ambas as composições começarem com um certo “caráter<br />

modal”, gerado pelo uso <strong>de</strong> cadências não resolvidas. No caso <strong>de</strong> Estrada do Sol a<br />

sequência harmônica II_V7 <strong>na</strong> to<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dó maior se repete por vários compassos<br />

6


sem ser resolvida, resultando numa sonorida<strong>de</strong> que remete ao Ré dórico. Já em<br />

Chovendo <strong>na</strong> Roseira a sensação modal se dá pelo uso da sequência A6_A7sus4(9),<br />

sendo que este segundo acor<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser interpretado também <strong>como</strong> um G/A, criando-se<br />

a progressão A6_G/A, que remete a Lá mixolídio.<br />

Outra semelhança harmônica, aproveitada por Nelson Faria nesse arranjo é o<br />

fato da seção “B” <strong>de</strong> Chovendo <strong>na</strong> Roseira ser estruturada em progressões II_V_I,<br />

sendo assim similar à estrutura harmônica da seção inicial <strong>de</strong> Estrada do Sol citada<br />

acima.<br />

Ex: Chovendo <strong>na</strong> Roseira, <strong>de</strong> Tom Jobim.<br />

Estrada do Sol, <strong>de</strong> Tom Jobim e Dolores Duran; arranjo <strong>de</strong> Nelson Faria, gravado<br />

no disco “Carol Saboya e Nelson Faria interpretam as canções <strong>de</strong> Tom Jobim”, lançado<br />

em 1999 pela Lumiar Discos.<br />

Arranjo <strong>de</strong> Nelson Faria:<br />

7


Concluindo, <strong>de</strong>ve-se explicitar a importância da presente linha <strong>de</strong> estudo por<br />

mostrar as integrações culturais existentes <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> contemporânea, mais<br />

especificamente em relação à <strong>música</strong>, e permitir, através da compreensão <strong>de</strong>stes<br />

aspectos, o estímulo a novas integrações.<br />

O entendimento da <strong>bricolage</strong> ainda amplia as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e<br />

estudo dos <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> produção e <strong>criação</strong> musical, cuja relevância <strong>na</strong> produção atual é<br />

imensa. Há hoje forte exposição a um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> influências, inclusive<br />

pelo acesso a informações musicais em imensa quantida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong>. Além disso, a<br />

tecnologia do mundo contemporâneo oferece possibilida<strong>de</strong>s antes inimagináveis,<br />

levando a novas propostas <strong>de</strong> <strong>criação</strong> musical, e mesmo à reformulação <strong>de</strong> conceitos<br />

<strong>como</strong> ‘proprieda<strong>de</strong> intelectual’ e ‘direito autoral’.<br />

O estudo da <strong>bricolage</strong> permite a <strong>de</strong>sconstrução, para que sejam compreendidas<br />

as gêneses criativas incluídas em sua formação, propondo assim tentativas <strong>de</strong><br />

compreensão <strong>de</strong>sses novos conceitos.<br />

Bibliografia<br />

LEVI-STRAUSS, Clau<strong>de</strong>. Antropologia estrutural. 6.ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Tempo<br />

Brasileiro, 2003.<br />

DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 1971.<br />

STURKEN, Marita, CARTWRIGHT, Lisa. Practices of looking: an introduction to<br />

visual culture. Inglaterra: Oxford University Press, 2001.<br />

LUCKMANN, Thomas. The invisible religion: the problem of religion in mo<strong>de</strong>rn<br />

society. Inglaterra: Macmillan Publishing Company, 1967.<br />

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