8. Controle Metrológico e Estatístico (Análise de Incertezas)
8. Controle Metrológico e Estatístico (Análise de Incertezas)
8. Controle Metrológico e Estatístico (Análise de Incertezas)
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
<strong>8.</strong>1 Introdução<br />
• O trabalho <strong>de</strong> medição não termina com a obtenção das indicações.<br />
• A partir das indicações é que se inicia o trabalho do metrologista.<br />
• A partir das indicações <strong>de</strong>ve-se chegar à informação <strong>de</strong>sejada<br />
Mensurando ⇒ Gran<strong>de</strong>za a ser medida ⇒ RESULTADO DA MEDIÇÃO (RM)<br />
RM = RB ± U<br />
[ unida<strong>de</strong>]<br />
(<strong>8.</strong>1)<br />
- 187 -<br />
RB: Resultado Base ⇒ Correspon<strong>de</strong> ao valor central da faixa on<strong>de</strong> situa-se o valor<br />
verda<strong>de</strong>iro.<br />
U: Incerteza da Medição: ⇒ Exprime a faixa <strong>de</strong> dúvida ainda presente no resultado.<br />
Esta dúvida é provocada pelos erros existentes no sistema <strong>de</strong> medição(SM) e/ou<br />
variações do mensurando.<br />
O RM expressa o que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar com segurança sobre o valor do<br />
mensurando, a parti r da aplicação do SM.<br />
<strong>8.</strong>2 Erro <strong>de</strong> Medição<br />
O erro da medição (E) po<strong>de</strong> ser calculado pela expressão:<br />
E = I −VV<br />
I: Valor Indicado; VV: Valor Verda<strong>de</strong>iro;<br />
O Valor Verda<strong>de</strong>iro geralmente é <strong>de</strong>sconhecido. O erro torna-se<br />
E = I −VVC<br />
(<strong>8.</strong>2)<br />
(<strong>8.</strong>3)<br />
VVC: Valor verda<strong>de</strong>iro convencional ⇒ Valor conhecido com erros inferiores a 1/10 do<br />
erro <strong>de</strong> medição esperado. Os diversos padrões existentes constituem-se nos VVC's.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Assim, é impossível elimina r completamente o erro <strong>de</strong> medição ⇒ po<strong>de</strong>-se<br />
- 188 -<br />
Para se eliminar o erro <strong>de</strong> medição seria necessário empregar um SM perfeito sobre o<br />
mensurando, sendo este perfeitamente <strong>de</strong>finido e estável.<br />
Prática ⇒ Não se consegue SM perfeito; O mensurando po<strong>de</strong> apresentar variações;<br />
<strong>de</strong>limitar o erro <strong>de</strong> medição!<br />
É possível obter informações confiáveis da medição, mesmo sabendo-se que<br />
erros estão envolvidos no processo. Para tanto <strong>de</strong>ve-se conhecer a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>za e a natureza dos erros envolvidos.<br />
<strong>8.</strong>3 Tipos <strong>de</strong> Erros<br />
O erro total <strong>de</strong> medição (E) po<strong>de</strong> ser expresso pela equação E = Es + Ea + Eg, on<strong>de</strong><br />
Es = erro sistemático; Ea = Erro aleatório e Eg = Erro grosseiro.<br />
O erro grosseiro é provocado pelo uso ina<strong>de</strong>quado ou pelo mau funcionamento do<br />
SM. Seu valor é imprevisível mas é facilmente <strong>de</strong>tectável. Seu valor será<br />
<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado neste curso.<br />
O erro sistemático é a parcela <strong>de</strong> erro sempre presente nas medições efetuadas em<br />
condições idênticas <strong>de</strong> operação. Exemplo: O ponteiro torto <strong>de</strong> um relógio.<br />
Em um instrumento <strong>de</strong> medição, o Erro sistemático é chamado <strong>de</strong> Tendência (Td).<br />
Exemplo: Uma balança tem Td = 29 g. Valor Indicado pela balança: 1254 g; Valor<br />
real: 1225 g (1254-29).<br />
O Es po<strong>de</strong> variar ao longo da Faixa <strong>de</strong> Medição <strong>de</strong> um instrumento. Assim, para<br />
cada valor do mensurando po<strong>de</strong> haver erros sistemáticos distintos. A forma <strong>de</strong><br />
variação do Es ao longo da Faixa <strong>de</strong> Medição <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada SM.<br />
O erro aleatório é a parcela <strong>de</strong> erro sempre presente nas medições que ocorrem <strong>de</strong><br />
forma completamente imprevisível. Se se repetir uma medição várias vezes, po<strong>de</strong>-se<br />
obter vários valores distintos em torno da média.<br />
A fig. <strong>8.</strong>1 mostra uma comparação entre os erros aleatórios e sistemáticos:<br />
Fig. <strong>8.</strong>1a: Ea ⇒ gran<strong>de</strong>; Es ⇒ pequeno. Fig. <strong>8.</strong>1b: Ea ⇒ gran<strong>de</strong>; Es ⇒ gran<strong>de</strong>.<br />
Fig. <strong>8.</strong>1c: Ea⇒ pequeno; Es ⇒ gran<strong>de</strong>. Fig. <strong>8.</strong>1d: Ea ⇒ pequeno; Es ⇒ pequeno.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
(a) (b)<br />
(c)<br />
(d)<br />
Fig. <strong>8.</strong>1: Comparação entre Erros aleatórios e sistemáticos<br />
<strong>8.</strong>3.1 Determinação dos Erros <strong>de</strong> Medição<br />
ERRO SISTEMÁTICO<br />
- 189 -<br />
O Es (ou a Td) po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado e <strong>de</strong>ve ser corrigido ⇒ A correção C po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>terminada pela Equação<br />
C = -Td<br />
Se se <strong>de</strong>sprezar o Eg, o erro total fica: E=Es+Ea.<br />
(<strong>8.</strong>4)<br />
Para um número infinito <strong>de</strong> medidas a influência do erro aleatório sobre a média das<br />
medidas torna-se <strong>de</strong>sprezível ⇒ O Ea possui distribuição normal com média zero. O<br />
Erro aleatório po<strong>de</strong> ser positivo ou negativo (Maior ou menor que a média). À medida<br />
que o número (n) <strong>de</strong> medidas realizadas cresce, a influência do Ea no Resultado da<br />
Medição <strong>de</strong>cresce. Assim para n → ∞<br />
Es = MI -VVC<br />
on<strong>de</strong> MI é a média das infinitas indicações do SM.<br />
(<strong>8.</strong>5)<br />
Prática: Não se realiza infinitas medições e sim um número restritos (n
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Tendência ( Td ) do Instrumento <strong>de</strong> Medição.<br />
- 190 -<br />
Nestas condições com n finito ⇒ O Erro Sistemático passa a se chamar<br />
Td = MI -VVC<br />
(<strong>8.</strong>6)<br />
A tendência <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Medição po<strong>de</strong> variar ao longo <strong>de</strong> sua faixa <strong>de</strong><br />
medição.<br />
ERRO ALEATÓRIO<br />
O erro aleatório distribui-se em torno do valor médio das indicações. O valor individual<br />
do erro aleatório (Eai) da i-ésima indicação (Ii) po<strong>de</strong> ser expresso pela Equação<br />
= I<br />
Eai i<br />
- MI<br />
(<strong>8.</strong>7)<br />
O valor <strong>de</strong> Eai varia <strong>de</strong> indicação para indicação <strong>de</strong> maneira imprevisível. Este valor<br />
instantâneo do Ea tem pouco significado prático, já que é variável e imprevisível.<br />
A caracterização do Ea é feito através <strong>de</strong> procedimentos estatísticos, utilizando-se um<br />
número finito <strong>de</strong> medidas. Po<strong>de</strong>-se calcular o <strong>de</strong>svio padrão experimental <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> medidas realizadas em um mesmo mensurando, sob as<br />
mesmas condições.<br />
O erro aleatório po<strong>de</strong> ser quantit ativamente <strong>de</strong>terminado através da repetitivida<strong>de</strong><br />
( Re ) . A repetitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um instrumento <strong>de</strong> medição é uma faixa<br />
simétrica <strong>de</strong> valores <strong>de</strong>ntro da qual, com uma probabilida<strong>de</strong> estatística<br />
<strong>de</strong>finida, se situa o erro aleatório.<br />
Re = ±<br />
ts<br />
(<strong>8.</strong>8)<br />
Re: Faixa <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong>ntro da qual se situa o erro aleatório (Em Engenharia<br />
trabalha-se com probabilida<strong>de</strong> P=95%);<br />
t: Coeficiente t-Stu<strong>de</strong>nt ⇒ t = f(n, P) (Tab <strong>8.</strong>5 – Pág. 204)<br />
On<strong>de</strong>: n = nº <strong>de</strong> medidas;<br />
P = probablida<strong>de</strong>.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
s: Desvio padrão experimental da amostra <strong>de</strong> n medidas.<br />
Exemplo 1: Determinação da Tendência e Repetitivida<strong>de</strong>.<br />
- 191 -<br />
Uma massa padrão <strong>de</strong> 800,0000 ± 0,0001g foi aplicada em uma balança. A Tab. <strong>8.</strong>1<br />
mostra os resultados obtidos na coluna Valor Indicado I:<br />
Tab. <strong>8.</strong>1: Valores do Exemplo 1<br />
n Valor Indicado I (g) Erro Total E (g) Td (g) Ea (g)<br />
1 814 14 15 -1<br />
2 815 15 15 0<br />
3 818 18 15 +3<br />
4 815 15 15 0<br />
5 813 13 15 -2<br />
6 816 16 15 +1<br />
7 817 17 15 +2<br />
8 814 14 15 -1<br />
9 815 15 15 0<br />
10 816 16 15 +1<br />
11 812 12 15 -3<br />
12 815 15 15 0<br />
Média 815 15 15 0<br />
Solução: VVC = 800 g ⇒ Correspon<strong>de</strong> ao padrão aplicado na balança.<br />
• Para a primeira indicação tem-se: I = 814 g;<br />
• Pela Eq. (<strong>8.</strong>3) po<strong>de</strong>-se calcular o erro total para I=814 g ⇒ E = 814 - 800 = +14 g;<br />
Ao medir-se uma única vez não é possível i<strong>de</strong>ntificar as parcelas sistemáticas e<br />
aleatórias. As medições subsequentes mostram variações aleatórias. Calculou-se a
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
média dos valores indicados, obtendo-se o valor <strong>de</strong> 815 g.<br />
• Pela Eq. (<strong>8.</strong>6) po<strong>de</strong>-se calcular a tendência ⇒ Td = 815 - 800 = +15 g;<br />
- 192 -<br />
• Após os cálculos dos erros totais para cada indicação e da Td da balança, o Eai po<strong>de</strong><br />
ser calculado para cada indicação através da Eq. (<strong>8.</strong>7). Este cálculo não é necessário.<br />
Ele foi realizado aqui para fins didáticos!<br />
• O <strong>de</strong>svio padrão (s) po<strong>de</strong> ser calculado pela equação<br />
s =<br />
n<br />
∑<br />
i=<br />
1<br />
( x - x)<br />
n<br />
- 1<br />
2<br />
Obteve-se um valor do <strong>de</strong>svio padrão s = 1,651 g.<br />
(<strong>8.</strong>9)<br />
• O coeficiente <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt t é <strong>de</strong>terminado com o auxílio da Tabela <strong>8.</strong>5 (pág. 204).<br />
Da Tab. <strong>8.</strong>5 com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enquadramento P=95% e com 12 medidas,<br />
portanto 11 graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> (n-1=11) tem-se ⇒ t = 2,20;<br />
Para <strong>de</strong>terminação do coeficiente <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt <strong>de</strong>ve- se consi<strong>de</strong>rar o número <strong>de</strong> graus<br />
<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> que é igual a n-1!<br />
• A repetitivida<strong>de</strong> Re é obtida através da Eq. (<strong>8.</strong>8) ⇒ Re = ±2,20.1,65 = ±3,6 g<br />
Significado: Existe 95% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> do erro aleatório se enquadrar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
uma faixa simétrica <strong>de</strong> ±3,6 g, centrada em torno do valor médio 815 g.<br />
• O resultado da Medição po<strong>de</strong> ser expresso assim:<br />
ou seja<br />
Re<br />
RM = MI - Td ± (<strong>8.</strong>10)<br />
n<br />
3,6<br />
RM = 815 - 15 ± = 800 ± 1 g<br />
12<br />
O Resultado <strong>de</strong> uma medição <strong>de</strong>ve ser expresso conforme indicado pela Eq. (<strong>8.</strong>10)<br />
ou através da seguinte Equação, já que a correção C = -Td
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Re<br />
RM = MI + C ± (<strong>8.</strong>11)<br />
n<br />
Curvas <strong>de</strong> Erros <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Medição<br />
- 193 -<br />
A <strong>de</strong>terminação da tendência e da repetitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>ve ser<br />
realizada ao longo <strong>de</strong> toda sua faixa <strong>de</strong> medição.<br />
A curva <strong>de</strong> erros <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> medição é a representação gráfica da Td e da<br />
Re ao longo da faixa <strong>de</strong> medição do sistema <strong>de</strong> medição.<br />
O procedimento do exemplo 1 <strong>de</strong>ve ser repetido para outros valores <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong><br />
medição da balança, cujos valores verda<strong>de</strong>iros convencionais sejam conhecidos<br />
(Massas Padrão). Deve-se selecionar um número limitado <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong><br />
medição.<br />
Exemplo 2: Determinação da curva <strong>de</strong> erros <strong>de</strong> uma balança.<br />
• Para cada valor medido <strong>de</strong>ve-se repetir o procedimento do exemplo 1. Assim,<br />
calculou-se os valores da Td e da Re para cada ponto. A Tab. <strong>8.</strong>2 mostra os<br />
resultados obtidos. Observe que o valor correspon<strong>de</strong>nte ao ponto 5 é aquele obtido<br />
no exemplo 1.<br />
• A Fig. <strong>8.</strong>2 mostra a curva <strong>de</strong> erros obtida. Os valores das massas padrão são<br />
representados nos eixos das abcissas. No eixo das or<strong>de</strong>nadas são representados os<br />
erros <strong>de</strong> medição. O ponto central correspo<strong>de</strong> à Tendência. Em torno da Td traçam-<br />
se os limites correspon<strong>de</strong>ntes à repetitivida<strong>de</strong> Re, ou seja; Td + Re e Td - Re.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Erros (g)<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
-5<br />
-10<br />
-15<br />
-20<br />
-25<br />
Td<br />
Emáx<br />
0 400 800 1200 1600<br />
Re<br />
Indicação (g)<br />
Re<br />
Fig. <strong>8.</strong>2: Curvas <strong>de</strong> erro - Exemplo 2<br />
Tab. <strong>8.</strong>2: Valores do Exemplo 2<br />
Ponto VVC (g) MI (g) Td (g) Re (g)<br />
1 0,0 0,0 0,0 ±1,0<br />
2 200,0 211,0 11,0 ±3,1<br />
3 400,0 415,0 15,0 ±2,8<br />
4 600,0 618,0 18,0 ±3,0<br />
5 800,0 815,0 15,0 ±3,6<br />
6 1000,0 1009,0 9,0 ±3,0<br />
7 1200,0 1202,0 2,0 ±1,9<br />
8 1400,0 1395,0 -5,0 ±2,9<br />
9 1600,0 1591,0 -9,0 ±3,2<br />
- 194 -
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Erro Máximo (EMAX)<br />
- 195 -<br />
Em catálogos técnicos é especificado o erro máximo do sistema <strong>de</strong> medição. Este erro<br />
correspon<strong>de</strong> aos limites máximos <strong>de</strong> erros presente neste SM, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ele seja<br />
utilizado conforme as especificações.<br />
O erro máximo ( EMAX ) <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Medição é <strong>de</strong>finido como uma faixa <strong>de</strong><br />
valores centrado em torno do zero, que com uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida, engloba<br />
todos os erros que po<strong>de</strong>m esta r presentes nas indicações <strong>de</strong>ste sistema <strong>de</strong> medição.<br />
O erro máximo ( EMAX ) engloba os erros sistemáticos e aleatórios em toda a faixa <strong>de</strong><br />
medição.<br />
A curva <strong>de</strong> erros do sistema <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>ve estar situados entre os limites +EMAX<br />
e -EMAX ⇒ Veja Fig. <strong>8.</strong>2 do Exemplo 2. O EMAX = ±21 g.<br />
Exercícios Propostos:<br />
1. O diâmetro <strong>de</strong> um fio foi medido com um paquímetro, obtendo-se os seguintes<br />
resultados (mm): 1,47; 1,43; 1,40; 1,44; 1,44; 1,48; 1,42; 1,45; 1,46; 1,43.<br />
Determine: MI, o erro aleatório para cada indicação, o <strong>de</strong>svio padrão e a repetitivida<strong>de</strong><br />
Re para confiabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 95%.<br />
2. Consi<strong>de</strong>re que o fio da questão anterior foi medido com um paquímetro <strong>de</strong><br />
excelente qualida<strong>de</strong> obtendo-se: 1,4977 ± 0,0005 mm. Determine a tendência Td do<br />
paquímetro da questão anterior.<br />
3. Procure exemplificar cinco fatores que po<strong>de</strong>m introduzir erros em sistemas <strong>de</strong><br />
medição.<br />
4. Aplicou-se um paquímetro em um bloco padrão <strong>de</strong> 100,0000 ± 0,0002 mm<br />
obtendo-se as seguintes medidas (mm): 100,05; 99,85; 100,10; 100,00; 100,00;<br />
99,90; 100,15; 100,00; 99,95; 99,95; 100,10; 100,05; 99,90; 100,00; 99,95; 100,05.<br />
Determine: A Média das Indicações; a Tendência do paquímetro, A repetitivida<strong>de</strong> do<br />
paquímetro. Expresse corretamente o RM. Faça uma curva <strong>de</strong> distribuição normal com<br />
os valores medidos indicando a tendência e a repetitivida<strong>de</strong>.<br />
5. Preten<strong>de</strong>-se levantar os dados acerca do comportamento metrológico <strong>de</strong> um<br />
dinamômetro. Um conjunto <strong>de</strong> 10 massas padrão foi usado para gerar forças<br />
conhecidas que foram aplicadas sobre o dinamômetro, abrangendo toda sua faixa <strong>de</strong><br />
medição que é <strong>de</strong> 100 N. A Tab. <strong>8.</strong>3 mostra os resultados obtidos.<br />
Pe<strong>de</strong>-se: Represente graficamente a curva <strong>de</strong> erros <strong>de</strong>ste dinamômetro.<br />
Determine o Erro máximo <strong>de</strong>ste dinamômetro
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Tab. <strong>8.</strong>3: Valores para o Exercício 5<br />
Medição VVC (N) Td (N) s (para n=20)<br />
1 0,00 0,4 0,15<br />
2 12,40 0,7 0,22<br />
3 25,20 0,7 0,24<br />
4 35,00 0,4 0,23<br />
5 51,20 0,2 0,26<br />
6 62,20 -0,1 0,24<br />
7 72,40 -0,4 0,27<br />
8 83,20 -0,6 0,28<br />
9 90,10 -0,8 0,28<br />
10 100,10 -1,1 0,29<br />
- 196 -<br />
6. Aplicou-se um termômetro <strong>de</strong> resistência nos valores padrão indicados na Tab. <strong>8.</strong>4.<br />
Determine a MI, Td, Re, EMAX. Trace a curva <strong>de</strong> erros <strong>de</strong>ste termômetro.<br />
VVC INDICAÇÕES - ( 0 C)<br />
Tab. <strong>8.</strong>4: Valores para o Exercício 6<br />
- ( 0 C) 1 2 3 4 5 6 7 8<br />
0 0,1 0,3 -0,2 -0,5 0,6 0,2 -0,2 0,0<br />
20 21,2 19,7 19,4 21,9 20,4 21,8 19,3 21,1<br />
40 44,5 42,4 42,9 43,6 44,6 42,7 45,6 45,9<br />
60 63,8 63,8 65,9 67,8 67,1 66,3 66,3 66,0<br />
80 82,0 81,8 82,3 82,1 80,9 82,6 81,9 82,0<br />
100 99,9 103,4 100,0 101,1 102,2 100,9 102,9 101,8<br />
<strong>8.</strong>4 Avaliação <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong><br />
A metodologia a ser apresentada é baseada em procedimentos internacionalmente<br />
recomendados. Este procedimento é oficialmente recomendado para o Brasil, através<br />
do INMETRO. Este procedimento está <strong>de</strong>talhado na seguinte norma:<br />
"Guia para Expressão da Incerteza <strong>de</strong> Medição - Edição Brasileira do: Gui<strong>de</strong> to the<br />
expression of Uncertainty in Measurement - Agosto 1998"
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
A Incerteza da medição significa a dúvida existente com o resultado da medição.<br />
- 197 -<br />
A incerteza da medição é um parâmetro associado ao Resultado da Medição. Ela<br />
caracteriza a dispersão <strong>de</strong> valores que po<strong>de</strong>m ser atribuídos ao mensurando.<br />
• A incerteza da medição está associada ao RM;<br />
• A incerteza da medição não é igual ao erro aleatório do sistema <strong>de</strong> medição (Re).<br />
O Ea é apenas um dos componentes. A incerteza também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras<br />
gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> influências como Resolução limitada, número <strong>de</strong> medições realizadas,<br />
temperatura <strong>de</strong> medição, etc...<br />
Tipos <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong><br />
Tem-se três tipos <strong>de</strong> incertezas: Incerteza padrão (u), Incerteza combinada (uc) e<br />
Incerteza expandida (U).<br />
Incerteza Padrão (u): A incerteza padrão <strong>de</strong> um dado aleatório correspon<strong>de</strong> à<br />
estimativa equivalente a um <strong>de</strong>svio padrão (s) ⇒ u = ±s. Esta incerteza tem uma<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência P = 68,27%.<br />
Incerteza Combinada (uc): A incerteza combinada <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> medição é<br />
calculada consi<strong>de</strong>rando-se a ação simultânea <strong>de</strong> todas as fontes <strong>de</strong> incertezas, ou seja,<br />
é a influência combinada <strong>de</strong> todas as incertezas padrão sobre o RM. A incerteza<br />
combinada uc também equivale à um <strong>de</strong>svio padrão. Esta incerteza também tem uma<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência P = 68,27%.<br />
Incerteza Expandida (U): A incerteza expandida é <strong>de</strong>terminada a partir da incerteza<br />
combinada multiplicada pelo coeficiente t-Stu<strong>de</strong>nt apropriado. Esta incerteza reflete a<br />
faixa <strong>de</strong> dúvidas ainda presente na medição para uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
enquadramento <strong>de</strong>finida, geralmente 95,45%.<br />
A avaliação das incertezas po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong> três maneiras distintas:<br />
• Avaliação <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong> em medições diret as:<br />
Medições diretas são aquelas<br />
efetuadas aplicando-se diretamente o SM sobre o mensurando. Exemplos: Medição do
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 198 -<br />
diâmetro <strong>de</strong> um eixo, Medição da temperatura <strong>de</strong> um Forno, Medição da <strong>de</strong>formação<br />
<strong>de</strong> uma peça, etc.. Deve-se <strong>de</strong>terminar neste caso as incertezas padrão, combinadas e<br />
expandida.<br />
• Avaliação <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong> em medições indiretas: Envolve a combinação <strong>de</strong> duas ou<br />
mais gran<strong>de</strong>zas. Deve-se usar uma equação para calcular o resultado final. A<br />
<strong>de</strong>terminação do volume <strong>de</strong> uma peça cilíndrica, a partir da sua altura e do diâmetro<br />
da seção transversal é um exemplo <strong>de</strong> medição indireta. Me<strong>de</strong>-se diretamente a altura<br />
h e o diâmetro d. O volume v po<strong>de</strong> ser calculado a partir <strong>de</strong>stas medidas. Os erros <strong>de</strong><br />
cada medida propaga-se para o resultado final. Exemplos: Determinação da área <strong>de</strong><br />
uma pare<strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, etc..<br />
• Avaliação <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong> em módulos: Freqüentemente um sistema <strong>de</strong> medição é<br />
composto <strong>de</strong> módulos interligados. Cada módulo tem sua própria incerteza. A incerteza<br />
do resultado final é função <strong>de</strong>stas incertezas individuais. Ocorre assim uma propagação<br />
<strong>de</strong> erros.<br />
<strong>8.</strong>4.1 Avaliação <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong> em Medições Diretas<br />
A avaliação <strong>de</strong> incertezas consiste em analisar qualitativamente e <strong>de</strong>terminar<br />
quantitativamente todas as incertezas (erros) envolvidas no processo <strong>de</strong> medição.<br />
Procedimento geral para <strong>de</strong>terminação da Incerteza <strong>de</strong> Medição:<br />
1) Estudar teoricamente o processo, analisando-o. Todas as possíveis fontes <strong>de</strong> erros<br />
<strong>de</strong>vem ser analisadas.<br />
2) Listar todas as fontes <strong>de</strong> incertezas.<br />
3) Listar as parcelas sistemáticas <strong>de</strong> cada fonte <strong>de</strong> incerteza.<br />
4) Atribuir valores <strong>de</strong> incertezas <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s, baseando-se em<br />
dados estatísticos ou análise teórica.<br />
5) Calcular a Incerteza Padrão (ui) para cada fonte <strong>de</strong> incerteza.<br />
6) Calcular a Incerteza Padrão combinada (uc).<br />
7) Calcular a Incerteza Expandida (U).<br />
AVALIAÇÃO DAS INCERTEZAS PADRÃO<br />
A incerteza padrão é o próprio <strong>de</strong>svio padrão (s), com P = 68,27%.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Tipos <strong>de</strong> avaliações <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>:<br />
Avaliação Tipo A ⇒ A análise é baseada em procedimentos estatísticos;<br />
Avaliação tipo B ⇒ A análise é baseada em procedimentos não estatísticos;<br />
Incerteza Padrão tipo A:<br />
- 199 -<br />
O procedimento tipo "A" para estimativa da incerteza padrão baseia-se no cálculo <strong>de</strong><br />
parâmetros estatísticos, os quais são obtidos <strong>de</strong> várias medições. Consi<strong>de</strong>re a variável<br />
aleatória x. Foram efetuadas n medidas. A média po<strong>de</strong> ser estimada pela equação<br />
1<br />
n<br />
x = ∑ x i<br />
(<strong>8.</strong>12)<br />
n i=<br />
1<br />
O <strong>de</strong>svio padrão experimental S(x) é calculado pela equação<br />
s(x) =<br />
n<br />
∑<br />
i=<br />
1<br />
( xi<br />
- x)<br />
n - 1<br />
2<br />
(<strong>8.</strong>13)<br />
Para que o valor <strong>de</strong> S(x) seja confiável é necessário que seja realizado um número<br />
suficientemente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> medições, geralmente n ≥ 10.<br />
Se se utilizar o valor médio <strong>de</strong> várias indicações, obtido a partir da média <strong>de</strong> um<br />
conjunto <strong>de</strong> "m" indicações <strong>de</strong> x, o <strong>de</strong>svio padrão experimental da média <strong>de</strong> x é<br />
estimado por<br />
S(x)<br />
s( x ) =<br />
(<strong>8.</strong>14)<br />
m<br />
A incerteza padrão associada à variável x, representada por u(x), é o próprio <strong>de</strong>svio<br />
padrão da média das "m" observações, ou seja<br />
u(x) = s( x )<br />
(<strong>8.</strong>15)<br />
O número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> envolvido (ν) na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> u(x) é o número <strong>de</strong><br />
medições in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes efetuadas menos 1, ou seja:<br />
ν = n - 1<br />
(<strong>8.</strong>16)
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Incerteza Padrão tipo B:<br />
- 200 -<br />
Muitas vezes não é possível, ou não é economicamente viável, quantificar a influência<br />
<strong>de</strong> certas fontes <strong>de</strong> incertezas em uma medição a partir da análise quantitativa<br />
(estatística) <strong>de</strong> observações repetitivas. Ainda assim, é necessário estimar<br />
quantitativamente a influência <strong>de</strong> cada fonte <strong>de</strong> incerteza para <strong>de</strong>terminar a incerteza<br />
combinada da medição. As informações po<strong>de</strong>m assim, serem <strong>de</strong>terminadas a partir <strong>de</strong><br />
informações acessórias e externas ao processo <strong>de</strong> medição.<br />
• Na <strong>de</strong>terminação das incertezas tipo "B" usa-se procedimentos não-estatísticos.<br />
Estas estimativas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da experiência prática do experimentalista po<strong>de</strong> ser tão<br />
confiável quanto às avaliações do tipo"A".<br />
Po<strong>de</strong>-se dividir as estimativas em:<br />
Estimativas baseadas em avaliações anteriores ⇒ Usa-se levantamentos<br />
anteriores que fornecem dados quantitativos confiáveis sobre a influência da fonte <strong>de</strong><br />
erro consi<strong>de</strong>rada. Po<strong>de</strong>m ser:<br />
• Certificados <strong>de</strong> Calibração;<br />
• Registros Históricos das características metrológicas do SM;<br />
• Dados <strong>de</strong> medições anteriores e<br />
• Especificação do fabricante<br />
Estimativas Baseadas em Limites Máximos Admissíveis ⇒ Quando o número<br />
<strong>de</strong> informações for insuficiente, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a distribuição estatística exata.<br />
Desta forma, os possíveis valores da variável aleatória <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um intervalo não são<br />
<strong>de</strong>termináveis. Geralmente assume-se, por segurança, a existência <strong>de</strong> uma distribuição<br />
<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> retangular.<br />
Distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> retangular ou uniforme: Nesta distribuição, existe uma<br />
mesma probabilida<strong>de</strong> da variável aleatória se situar em qualquer ponto entre os limites<br />
estabelecidos. O número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> é infinito (ν = ∞). São exemplos <strong>de</strong><br />
fontes <strong>de</strong> incertezas com este tipo <strong>de</strong> distribuição: Resolução do Instrumento,<br />
Gradiente <strong>de</strong> temperaturas, histerese, etc..<br />
Consi<strong>de</strong>re os limites LS: Limite superior e LI: Limite Inferior como sendo os valores
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 201 -<br />
máximo e mínimo que a variável "x" po<strong>de</strong> ter. O valor médio e a incerteza padrão (que<br />
é o próprio <strong>de</strong>svio padrão) po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminados por<br />
on<strong>de</strong><br />
LS + LI<br />
x =<br />
(<strong>8.</strong>17)<br />
2<br />
a<br />
u(x) =<br />
(<strong>8.</strong>18)<br />
3<br />
LS - LI<br />
a =<br />
(<strong>8.</strong>19)<br />
2<br />
A Fig. <strong>8.</strong>3 mostra esta distribuição esquematicamente.<br />
Probabilida<strong>de</strong> P(x)<br />
2a<br />
LI x<br />
LS<br />
Fig. <strong>8.</strong>3: Distribuição retangular - Esquemática<br />
Exemplo 3: Procura-se saber o valor do coeficiente <strong>de</strong> dilatação térmica do alumínio.<br />
Sabe-se quo o αAl po<strong>de</strong> variar entre 23 e 27 µm/m 0 C. Determine o valor esperado<br />
para o αAl e a incerteza padrão associada a este valor.<br />
Solução ⇒ LS = 27 µm/m 0 C; LI = 23 µm/m 0 C. Pela Eq. (<strong>8.</strong>16): = 25 µm/m 0 x<br />
C<br />
Pela Eq. (<strong>8.</strong>18) a = 2 µm/m 0 C. Pela Eq. (<strong>8.</strong>17): u(αAl) = 1,15 µm/m 0 C.<br />
RM = 25,0 ± 1,2 µm/m 0 C<br />
Resumindo: Deve-se calcula r todas as componentes <strong>de</strong> incerteza ( u i) , tipos "A" e "B",
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 202 -<br />
correspon<strong>de</strong>ntes a um <strong>de</strong>svio padrão. Para isto <strong>de</strong>ve-se dividir o valor <strong>de</strong> cada<br />
contribuição <strong>de</strong> incerteza pelo seu respectivo divisor:<br />
Distribuição Normal ⇒ Valor do Fator <strong>de</strong> abrangência K é dado. Geralmente K = 2;<br />
Distribuição Retangular ⇒ K = 3<br />
Distribuição Triangular ⇒ K<br />
INCERTEZA COMBINADA<br />
=<br />
6<br />
Até aqui foi estimada a influência individual <strong>de</strong> cada fonte <strong>de</strong> incerteza sobre o<br />
<strong>de</strong>sempenho do processo <strong>de</strong> medição. Cada fonte <strong>de</strong> incerteza tem uma probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> 68%. Deve-se combinar estas incertezas individuais para se ter a<br />
influência conjunta <strong>de</strong> todas as fontes sobre o resultado final:<br />
uc=<br />
( u<br />
1<br />
)<br />
2<br />
+ ( u<br />
2<br />
)<br />
2<br />
+<br />
... + ( u<br />
n<br />
)<br />
2<br />
A incerteza combinada também tem uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> 68%! Ela<br />
reflete a influência da ação combinada <strong>de</strong> todas as fontes <strong>de</strong> incertezas.<br />
INCERTEZA EXPANDIDA<br />
U = K<br />
uC<br />
(<strong>8.</strong>20)<br />
A incerteza Expandida <strong>de</strong>ve expressar o nível <strong>de</strong> confiança requerido. Em engenharia<br />
trabalha-se com níveis <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95,45%. Este valor correspon<strong>de</strong> a uma faixa <strong>de</strong><br />
±3s (s=<strong>de</strong>svio padrão). Assim, a Incerteza Expandida U fica<br />
(<strong>8.</strong>21)<br />
O fator <strong>de</strong> Abrangência K é o fator <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt, o qual é tabelado. Ele é função do<br />
número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> efetivo (νef) e da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enquadramento P.<br />
Determinação do Fator <strong>de</strong> Abrangência K:<br />
Determinação Aproximada:<br />
• Caso Geral: Usar K=2, que <strong>de</strong>fine um intervalo com nível <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong><br />
aproximadamente 95%.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Fator <strong>de</strong> Abrangência Corrigido:<br />
• Será necessário <strong>de</strong>terminar o fator <strong>de</strong> abrangência corrigido K quando:<br />
uA/uC >1/2 e<br />
uA for obtido a partir <strong>de</strong> poucas indicações do instrumento (n ≤ 5)<br />
uA = Incerteza padrão tipo A;<br />
uC = Incerteza Combinada;<br />
n = Número <strong>de</strong> medições efetuadas.<br />
- 203 -<br />
Nestes casos, <strong>de</strong>ve-se calcular o número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> efetivo (νef) associado<br />
à incerteza combinada, através da Equação <strong>de</strong> Welch Satterwaite<br />
ν<br />
ef<br />
=<br />
n<br />
∑<br />
i=1<br />
u 4<br />
c<br />
4<br />
ui<br />
ν i<br />
Toda vez que νef ≥ 50 po<strong>de</strong>-se adota r K = 2,00.<br />
valor do fator <strong>de</strong> abrangência, consi<strong>de</strong>re K = 2!<br />
(<strong>8.</strong>22)<br />
on<strong>de</strong> νi é o número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> para cada fonte <strong>de</strong> incertezas ui. A Tab. <strong>8.</strong>5<br />
mostra os valores do coeficiente t-stu<strong>de</strong>nt ( = fator <strong>de</strong> abrangência K) em função do<br />
número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrangência.<br />
Toda vez que for indicada a incerteza expandida para P = 95% e não for dado o<br />
A Tab. <strong>8.</strong>6 mostra uma planilha on<strong>de</strong> todos os valores <strong>de</strong> incertezas calculados <strong>de</strong>vem<br />
ser colocados. Esta planilha facilita e automatiza os cálculos.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Tab. <strong>8.</strong>5: Coeficiente <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt ( e Fator <strong>de</strong> Abrangência K)<br />
Graus <strong>de</strong><br />
Liberda<strong>de</strong><br />
Probabilida<strong>de</strong> P (%)<br />
68,27 90 95 95,45 99<br />
1 1,84 6,31 12,71 13,97 63,66<br />
2 1,32 2,92 4,30 4,53 9,92<br />
3 1,20 2,35 3,18 3,31 5,84<br />
4 1,14 2,13 2,78 2,87 4,60<br />
5 1,11 2,02 2,57 2,65 4,03<br />
6 1,09 1,94 2,45 2,52 3,71<br />
7 1,08 1,89 2,39 2,43 3,50<br />
8 1,07 1,86 2,31 2,37 3,36<br />
9 1,06 1,83 2,26 2,32 3,25<br />
10 1,05 1,81 2,23 2,28 3,17<br />
11 1,05 1,80 2,20 2,25 3,11<br />
12 1,04 1,78 2,18 2,23 3,05<br />
13 1,04 1,77 2,16 2,21 3,01<br />
14 1,04 1,76 2,14 2,20 2,98<br />
15 1,03 1,75 2,13 2,18 2,95<br />
16 1,03 1,75 2,12 2,17 2,92<br />
17 1,03 1,74 2,11 2,16 2,90<br />
18 1,03 1,73 2,10 2,15 2,88<br />
19 1,03 1,73 2,09 2,14 2,86<br />
20 1,03 1,72 2,09 2,13 2,85<br />
25 1,02 1,71 2,06 2,11 2,79<br />
30 1,02 1,70 2,04 2,09 2,75<br />
35 1,01 1,70 2,03 2,07 2,72<br />
40 1,01 1,68 2,02 2,06 2,70<br />
45 1,01 1,68 2,01 2,06 2,69<br />
50 1,01 1,68 2,01 2,05 2,68<br />
100 1,005 1,660 1,984 2,025 2,626<br />
∞ 1,000 1,645 1,960 2,000 2,576<br />
- 204 -
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Tab. <strong>8.</strong>6: Planilha padrão par <strong>de</strong>terminação da incerteza <strong>de</strong> medição<br />
Fonte <strong>de</strong> Erro Efeitos<br />
Símbolo<br />
Descrição Unida<strong>de</strong> Valor<br />
Cc Correção Combinada<br />
uc Incerteza Combinada<br />
U<br />
sistemáticos<br />
Bruto<br />
Correção Valor<br />
Efeitos Aleatórios<br />
Bruto<br />
Distribuição Divisor u ν<br />
normal<br />
Incerteza Expandida (95%) normal<br />
- 205 -
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 206 -<br />
Exemplo 4: A massa <strong>de</strong> um anel foi <strong>de</strong>terminada em uma balança eletrônica. Foram<br />
realizadas 12 medições, obtendo-se os seguintes valores (g):<br />
19,85 ; 20,00 ; 20,05 ; 19,95 ; 20,00 ; 19,85<br />
19,90 ; 20,05 ; 19,95 ; 19,85 ; 19,90 ; 20,05<br />
• A balança tinha um certificado <strong>de</strong> calibração com os seguintes dados:<br />
- Tcalib = 20 0 C;<br />
- Estabilida<strong>de</strong>: Térmica ⇒ 0,025 g/ 0 C; Temporal ⇒ ±0,02 g/mês;<br />
Indicação ( g )<br />
Correção (g) U (K=2,00)<br />
0,00 0,00 ± 0,05<br />
5,00 -0,05 ± 0,06<br />
....... ......... ........<br />
20,00 -0,15 ± 0,08<br />
• Balança com indicação digital ⇒ Resolução R = 0,05 g;<br />
• Temperatura <strong>de</strong> medição ⇒ 24,0 ≤ T ≤ 26,0 0 C;<br />
• Calibração foi realizada há 5 meses.<br />
Solução:<br />
I. CÁLCULO DAS INCERTEZAS PADRÃO<br />
1. Fonte <strong>de</strong> Incerteza: Repetitivida<strong>de</strong> da Indicação ⇒ Tipo "A".<br />
n = 12;ν = 12-1 11; m = 19,950 g; Sx = 0,080 g; S = 0,023 g<br />
x<br />
⇒ uREP = ±0,023 g<br />
2. Fonte <strong>de</strong> Incerteza: Não Linearida<strong>de</strong> da Balança ⇒ Tipo "B".<br />
• Baseada nos dados existentes.<br />
• A Calibração indica correção para vários pontos na Faixa <strong>de</strong> Medição:<br />
m = 19,950 g; Será usado m ≈ 20,00 g. O certificado <strong>de</strong> Calibração <strong>de</strong>termina uma<br />
correção<br />
⇒ CNL = -0,15 g.<br />
• A Calibração indica a incerteza expandida para vários pontos na Faixa <strong>de</strong> Medição.<br />
Para m ≈ 20,00 g tem-se U = ± 0,08 g. Indicou-se o fator K = 2,00. Assim, A<br />
incerteza padrão fica: uNL = 0,08/2<br />
⇒ uNL = ±0,04 g<br />
Para o valor <strong>de</strong> m ≈ 20,00 g tinha-se uma incerteza expandida U = 0,08 g. (Para<br />
calcular este valor <strong>de</strong> U foi necessário um procedimento igual ao <strong>de</strong>ste exemplo, ou<br />
seja, cálculo das incertezas padrão, combinada e expandida). A <strong>de</strong>terminação da
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 207 -<br />
incerteza padrão <strong>de</strong>sta fonte <strong>de</strong> incerteza foi realizada através da divisão do valor <strong>de</strong> U<br />
pelo Fator K = 2.<br />
3. Fonte <strong>de</strong> Incerteza: Resolução Limitada ⇒ Tipo "B".<br />
• R = 0,05 g. Resolução ⇒ Erro <strong>de</strong> truncamento ⇒ ETRUNC. MÁX. = R/2.<br />
• Admitir distribuição retangular centrada no zero. Usando a Eq. (<strong>8.</strong>18) e Eq. (<strong>8.</strong>19):<br />
com LS = 0,025 g; LI = -0,025 g calcula-se a = 0,025 e a incerteza<br />
=<br />
uRES<br />
a 0,025<br />
=<br />
3 3<br />
⇒ uRES = ±0,014 g<br />
4. Fonte <strong>de</strong> Incerteza: Estabilida<strong>de</strong> Temporal ⇒ Tipo "B".<br />
• 5 meses ⇒ ±0,02 g/mês ⇒ Erro total = ±0,10 g.<br />
• Admitir distribuição retangular centrada no zero. Usando a Eq. (<strong>8.</strong>18) e Eq. (<strong>8.</strong>19):<br />
com LS = 0,10 g; LI = -0,10 g calcula-se a = 0,10 e a incerteza<br />
=<br />
uEST.TEMP.<br />
a 0,10<br />
=<br />
3 3<br />
⇒ uEST. TEMP. = ±0,060 g<br />
5. Fonte <strong>de</strong> Incerteza: Estabilida<strong>de</strong> Térmica ⇒ Tipo "B".<br />
• TCAL = 20 0 C ⇒ 0,025g/ 0 C<br />
TMÁX = 26 0 C ⇒ Erro Máximo = (26-20)X0,025 = +0,15 g;<br />
TMIN = 24 0 C ⇒ Erro Mínimo = (24-20)X0,025 = +0,10 g;<br />
Erro Total = ES + Ea<br />
ES = (0,10 + 0,15)/2 = 0,125 g<br />
⇒ CEST. TÉRM. = -0,125 g<br />
• Admitir distribuição retangular para a componente aleatória. Usando a Eq. (<strong>8.</strong>18) e<br />
Eq. (<strong>8.</strong>19) com LS = 0,15 g; LI = 0,10 g calcula-se a = 0,025. Isto significa que o<br />
Ea = ±0,025 g. A incerteza fica<br />
=<br />
u EST.TêRM.<br />
a 0,025<br />
=<br />
3 3<br />
⇒ uEST. TÉRM. = ±0,014 g<br />
Observe: ES = 0,125 g; Ea = ±0,025 g; ETot = ES + Ea = 0,125 ± 0,025 g.<br />
EMáx = 0,125 + 0,025 g = 0,150 g. E<br />
Min = 0,125 - 0,025 g = 0,100 g.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
II. CÁLCULO DA INCERTEZA COMBINADA<br />
Através da Eq. (<strong>8.</strong>20)<br />
u<br />
u<br />
c<br />
c<br />
=<br />
=<br />
( u<br />
REP<br />
)<br />
2<br />
(0,023 )<br />
+ ( u<br />
2<br />
NL<br />
)<br />
2<br />
+ (0,040<br />
+ ( u<br />
)<br />
2<br />
RES<br />
)<br />
2<br />
+ (0,014<br />
+ ( u<br />
)<br />
2<br />
EST TEMP.<br />
+ ( u<br />
- 208 -<br />
O valor <strong>de</strong> uc reflete a ação combinadas <strong>de</strong> todas as 5 fontes <strong>de</strong> incerteza anteriores<br />
sobre o resultado da medição, com uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong><br />
68,27%.<br />
)<br />
+ (0,060<br />
⇒ uc = ±0,0782 g<br />
2<br />
)<br />
2<br />
EST TERM<br />
+ (0,014<br />
Parcela Sistemática<br />
O Erro Sistemático foi calculado em duas fontes <strong>de</strong> incertezas. Calculou-se então a<br />
correção C:<br />
CNL = -0,15 g; CEST. TÉRM. = -0,125 g<br />
Correção combinada ⇒ Cc = -0,15 + (-0,125);<br />
⇒ Cc = -0,275 g<br />
III. CÁLCULO DA INCERTEZA EXPANDIDA<br />
Calcula-se o número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> efetivo através da Eq. (<strong>8.</strong>22):<br />
ν ef<br />
4 0, 078<br />
= 4<br />
0,023 0,040<br />
+<br />
11 ∞<br />
4<br />
+ .....<br />
= 1455<br />
Da Tab. <strong>8.</strong>5 com νef = 1455 e P = 95,45% ⇒ K = 2,00.<br />
U = 2,00 x 0,078 = 0,156 g<br />
⇒ U = ±0,16 g<br />
O valor <strong>de</strong> U reflete a ação combinadas <strong>de</strong> todas as 5 fontes <strong>de</strong> incerteza anteriores<br />
sobre o resultado da medição, com uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong> 95,45%.<br />
IV. RESULTADO DA MEDIÇÃO<br />
RM = 19,950 - 0,275 ± 0,16 g = 19,68 ± 0,16 g<br />
⇒ RM = 19,68 ± 0,16 g<br />
)<br />
)<br />
2<br />
2
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
A Tab. <strong>8.</strong>7 mostra a planilha resumo <strong>de</strong> todos estes cálculos.<br />
Tab. <strong>8.</strong>7: Planilha para <strong>de</strong>terminação da incerteza <strong>de</strong> medição<br />
Fonte <strong>de</strong> Erro Efeitos sistemáticos Efeitos Aleatórios<br />
Símbolo<br />
Descrição Unida<strong>de</strong> Valor<br />
Bruto<br />
Correção Valor<br />
Bruto<br />
Distribuição Divisor u ν<br />
REP Repetitivida<strong>de</strong> da balança g 0 0,000 0,023 normal 1 0,023 11<br />
NL Não Linearida<strong>de</strong> da balança g<br />
0,15 -0,150 0,080 normal 2 0,040 ∞<br />
RES Resolução do Indicador g 0 0,000 0,025 retangular 3 0,014 ∞<br />
EST. TEMP. Estabilida<strong>de</strong> Temporal g 0 0,000 0,100 retangular 3 0,060 ∞<br />
EST. TÉRM. Estabilida<strong>de</strong> Térmica g 5 -0,125 0,025 retangular 3 0,015 ∞<br />
Cc Correção Combinada g -0,275<br />
uc Incerteza Combinada g normal 0,078 1455<br />
U Incerteza Expandida (95%) g<br />
normal 0,156<br />
- 209 -
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Comparação da Tolerância <strong>de</strong> Fabricação com a Incerteza <strong>de</strong> Medição<br />
- 210 -<br />
• Tolerância <strong>de</strong> Fabricação IT ⇒ Faixa <strong>de</strong> valores aceitáveis para uma dimensão.<br />
(Capítulo 2). Exemplo; Diâmetro d = 60 ± 2 mm.<br />
• Incerteza <strong>de</strong> Medição ⇒ Faixa <strong>de</strong> valores que exprime a dúvida do processo <strong>de</strong><br />
medição. É provocada por várias fontes <strong>de</strong> erros. Deve-se realizar uma medição<br />
para <strong>de</strong>terminar se o diâmetro efetivo está entre os limites aceitáveis. Deve-se<br />
obe<strong>de</strong>cer a seguinte regra:<br />
U ≤ IT/10<br />
• Para o diâmetro acima, processo <strong>de</strong> medição tem <strong>de</strong> apresentar<br />
U ≤ 2/10 = 0,20 mm.<br />
Exercícios:<br />
6.Calibração <strong>de</strong> um Termômetro digital<br />
Utiliza-se um termômetro eletrônico com indicação digital para medir temperatura <strong>de</strong><br />
blocos padrão, que <strong>de</strong>vem estar numa temperatura próxima a 20 0 C. A incerteza <strong>de</strong>ste<br />
termômetro (SMC) é obtida através da calibração efetuada usando-se como padrão um<br />
outro termômetro (SMP). A leitura é feita somente após a estabilização em uma<br />
câmara climatizada.<br />
Características do SMC:<br />
Faixa <strong>de</strong> Temperatura <strong>de</strong> interesse: 19 a 21 0 C.<br />
Resolução da indicação: 0,01 0 C.<br />
Características do SMP:<br />
Faixa <strong>de</strong> Medição: 19 a 21 0 C.<br />
Valor <strong>de</strong> uma divisão: 0,01 0 C.<br />
Resolução: 0,005 0 C.<br />
Incerteza: U95 = ±0,005 0 C.<br />
Homogeneização: Incerteza U95 = ±0,01 0 C (Assumir distribuição retangular)<br />
Procedimento adotado: Realizou-se três medições em cada nível - conforme a tabela<br />
abaixo:
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Ponto SMC [ 0 C] SMP [ 0 C]<br />
- 211 -<br />
1. Medida 2. Medida 3. Medida<br />
1 19,00 19,110 19,110 19,110<br />
2 20,00 20,130 20,120 20,123<br />
3 21,00 21,140 21,140 21,138<br />
•Fazer uma análise Completa das <strong>Incertezas</strong> envolvidas para cada uma das três<br />
indicações do SMC.<br />
•Obteve-se uma medida I=20,01 0 C. Qual é o resultado da medição?<br />
7. Paquímetro<br />
Efetuou-se a medição do comprimento <strong>de</strong> uma barra <strong>de</strong> alumínio (Al). A barra estava<br />
em uma fábrica, cuja temperatura ambiente era <strong>de</strong> 45 0 C. O paquímetro tambem<br />
estava na fábrica há mais <strong>de</strong> três dias sob a mesma temperatura acima. Sabe-se ainda<br />
que:<br />
•Coef. <strong>de</strong> dilatação térmica do alumínio αAl = 25 µm/m.K<br />
•Paquímetro é <strong>de</strong> aço. Coef. <strong>de</strong> dilatação térmica do aço αaço = 11 µm/m.K<br />
•Temperatura <strong>de</strong> referência na qual se <strong>de</strong>seja conhecer o resultado: TREF = 20 0 C.<br />
•Incerteza do paquímetro U95 = ±150 µm.<br />
Foi realizada apenas uma única medição e obteve-se uma indicação <strong>de</strong><br />
l = 1000,58 mm para o comprimento da barra <strong>de</strong> alumínio. Determine o resultado da<br />
medição. Apresente os resultados na planilha indicada.<br />
<strong>8.</strong> Paquímetro - Continuação<br />
Consi<strong>de</strong>re o exemplo anterior! Faça uma avaliação das incertezas e <strong>de</strong>termine a<br />
incerteza expandida com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 95%, para a barra <strong>de</strong> Alumínio,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se as informações adicionais:<br />
• Foram executadas 3 medições da barra:<br />
l1 = 1000,58; l2 = 1000,54 mm; l3 = 1000,56 mm<br />
• Foi usado um termômetro digital para medir a temperatura da fábrica (T = 45 0 C)<br />
Incerteza do Termômetro U95 = ±0,3 0 C;<br />
• Po<strong>de</strong> existir uma diferença <strong>de</strong> temperatura entre a barra e o paquímetro <strong>de</strong> até 2 0 C;<br />
• Incerteza do paquímetro U95 = ±150 µm.<br />
Apresente os resultados na planilha indicada.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 212 -<br />
9. Calibração <strong>de</strong> uma Máquina Universal <strong>de</strong> Medidas<br />
Deve-se aplicar blocos padrao <strong>de</strong> diversos tamanhos ao longo da faixa <strong>de</strong> medição da<br />
máquina. Tem-se um bloco padrão com L = 50,000 mm. Sabe-se que:<br />
• Incerteza do padrão é U95 = ±0,085 µm.<br />
• Resolução da Máquina Universal R = 0,5 µm.<br />
• Temperatura <strong>de</strong> referência na qual se <strong>de</strong>seja conhecer o resultado: TREF = 20 0 C.<br />
• Temperatura <strong>de</strong> medição TMED = 20 a 24 0 C.<br />
• Diferença <strong>de</strong> temperatura entre o bloco padrão e o indicado da máquina:<br />
TREF ≤ 0,2 0 C.<br />
• Bloco padrão e o indicador d máquina são <strong>de</strong> aço. Coef. <strong>de</strong> dilatação térmica do aço<br />
αaço = 11 µm/m.K<br />
Faça uma análise <strong>de</strong> incertezas da calibração para esta dimensão do bloco padrão.<br />
Apresente os resultados na planilha indicada.<br />
<strong>8.</strong>4.2 Avaliação <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong> em Medições Indiretas<br />
A medição indireta envolve a <strong>de</strong>terminação do valor <strong>de</strong> um mensurando a partir <strong>de</strong><br />
cálculos matemáticos, on<strong>de</strong> ocorre uma combinação <strong>de</strong> duas ou mais gran<strong>de</strong>zas.<br />
Exemplo: Determinação do volume (V) <strong>de</strong> um cubo cujo lado (a) foi medido<br />
diretamente ⇒ V = a 3 .<br />
Dependência Estatística:<br />
Gran<strong>de</strong>zas Estatisticamente In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: Duas variáveis aleatórias são<br />
estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes quando o comportamento <strong>de</strong> uma não altera <strong>de</strong> forma<br />
alguma o comportamento da outra.<br />
Gran<strong>de</strong>zas Estatisticamente Depen<strong>de</strong>ntes: Duas variáveis aleatórias são<br />
estatisticamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes quando o comportamento <strong>de</strong> uma exerce influência no<br />
comportamento da outra. Consi<strong>de</strong>re a função Y = 2X + 6. As variáveis X e Y são<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Consi<strong>de</strong>re o valor da Pressão interna <strong>de</strong> uma panela <strong>de</strong> pressão. A<br />
pressão e a temperatura <strong>de</strong> ebulição da água são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A <strong>de</strong>pendência<br />
estatística po<strong>de</strong> ser total ou parcial é expressa pelo coeficiente <strong>de</strong> correlação.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 213 -<br />
Quando duas ou mais gran<strong>de</strong>zas são medidas com o mesmo instrumento <strong>de</strong><br />
medição, elas são estatisticamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes!<br />
<strong>8.</strong>4.2.1 Mensurandos Estatisticamente Depen<strong>de</strong>ntes:<br />
Nestes casos <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada a possibilida<strong>de</strong> das incertezas padrão individuais<br />
assumirem simultaneamente os seus respectivos valores extremos. A incerteza padrão<br />
combinada representa assim os limites da variação máxima possível.<br />
No cálculo <strong>de</strong> incerteza <strong>de</strong> mensurandos estatisticamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são<br />
<strong>de</strong>terminadas as <strong>Incertezas</strong> Máximas!<br />
SOMA E SUBTRAÇÃO<br />
u(a ± b ± c ±<br />
...) = u(a) + u(b) + u(c) + ...<br />
(<strong>8.</strong>23)<br />
Na soma ou subtração <strong>de</strong> qualquer número <strong>de</strong> mensurandos estatisticamente<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a incerteza padrão combinada é a soma das incertezas<br />
individuais.<br />
MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO<br />
ou<br />
u(a.b.c... .) u(a) u(b) u(c)<br />
= + + + ...<br />
a.b.c.... a b c<br />
u(a/b/c/.. .) u(a) u(b) u(c)<br />
= + + + ...<br />
a/b/c/... a b c<br />
(<strong>8.</strong>24a)<br />
(<strong>8.</strong>24b)
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
incertezas padrão relativas individuais.<br />
- 214 -<br />
Na multiplicação ou divisão <strong>de</strong> qualquer número <strong>de</strong> mensurandos estatisticamente<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a incerteza padrão relativa combinada é a soma das<br />
CASO GERAL<br />
Consi<strong>de</strong>re G = f(a,b,c,d....), on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> haver qualquer tipo <strong>de</strong> operação: soma,<br />
multiplicação, etc... Através da expansão da expressão em termos da série <strong>de</strong> Taylor<br />
tem-se:<br />
u(G) = |<br />
∂f<br />
∂a<br />
| u(a)+ |<br />
∂f<br />
∂b<br />
| u(b)+ |<br />
∂f<br />
∂c<br />
| u(c)+ |<br />
∂f<br />
∂d<br />
| u(d) + ...<br />
(<strong>8.</strong>25)<br />
u(G) é a incerteza padrão combinada da gran<strong>de</strong>za G, u(a), u(b) representam as<br />
incertezas padrão associadas às gran<strong>de</strong>zas a, b, etc.... As Eqs (<strong>8.</strong>23) e (<strong>8.</strong>24) são casos<br />
particulares da Eq. (<strong>8.</strong>25).<br />
Exemplos:<br />
5. Determinar a incerteza da área <strong>de</strong> um círculo, cujo diâmetro foi <strong>de</strong>terminado<br />
experimentalmente obtendo-se d = 30,02 ± 0,05 mm.<br />
Solução: A = πd 2 /4 = π.d.d/4 ⇒ A = 707,8 mm 2<br />
u(A) u(1/4) u( π ) u(d) u(d) u(d)<br />
= + + + = 0 + 0 + 2<br />
A 1/4 π d d<br />
d<br />
u(A) 2<br />
A<br />
0,05<br />
= 2 = 0,00333_<br />
u(A) = 0,0033.707,8<br />
= 2,36 mm<br />
30,02<br />
Resultado da Medição ⇒ A = 707,8 ± 2,4 mm 2<br />
Observe: A incerteza padrão calculada é o máximo valor que ela po<strong>de</strong> ter.<br />
6. Determinar a incerteza da gran<strong>de</strong>za G on<strong>de</strong> G = (a+b)/c. As gran<strong>de</strong>zas a,b,c são<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre si.<br />
Solução: Há soma e multiplicação envolvidas. Se se utilizar a Eq. (<strong>8.</strong>25) a solução é
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
direta. Uma outra alternativa é a solução por partes:<br />
Fazendo M = a+b ⇒ u(M) = u(a) + u(b) ⇒ Somente soma.<br />
assim G = M/c ⇒ u(G)/G = u(M)/M + u(c)/c.<br />
- 215 -<br />
7. Consi<strong>de</strong>re R = AB + N. A, B e N são gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Determine a incerteza<br />
<strong>de</strong> R. A = 10,0 ± 0,1 mm; B = 1,82 ± 0,08 mm; N = 20,0 ± 0,3 mm<br />
Solução:<br />
Inicialmente será usada a Eq. (<strong>8.</strong>25)<br />
∂R<br />
∂R<br />
∂R<br />
= B; = A;<br />
∂A<br />
∂B<br />
∂N<br />
= 1;<br />
_<br />
u(R) = Bu(A) + Au(B) + 1u(N)<br />
u(R) = 1,82.0,1+<br />
10.0,08+<br />
1.0,3=<br />
1,282mm<br />
Assim ⇒ R = 38,2±1,3 mm<br />
Usando as Eqs (21) e (22): Fazendo C = AB = 18,2 ⇒ u(C)/C = u(A)/A + u(B)/B<br />
u(C)/18,2 = 0,1/10 + 0,08/1,82 ⇒ u(C) = 0,982 mm.<br />
⇒ R = C + N ⇒ u(R) = u(C) + u(N) ⇒ 0,982 + 0,3 = 1,282 mm<br />
Assim ⇒ R = 38,2±1,3 mm<br />
<strong>8.</strong>4.2.2 Mensurandos Estatisticamente In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes:<br />
Como as gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> entrada não apresentam <strong>de</strong>pendência entre si, dificilmente as<br />
variações aleatórias individuais estarão agindo sincronizadamente. No cálculo da<br />
incerteza combinada <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados os aspectos probabilísticos. Os valores<br />
obtidos para a incerteza combinada são menores do que o caso anterior.<br />
No cálculo <strong>de</strong> incerteza <strong>de</strong> mensurandos estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são<br />
<strong>de</strong>terminadas as <strong>Incertezas</strong> Prováveis!
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
SOMA E SUBTRAÇÃO<br />
2<br />
2<br />
2<br />
u(a ± b ± c ± ...) = [u(a) ] + [u(b) ] + [u(c) ] + ...<br />
(<strong>8.</strong>26)<br />
- 216 -<br />
Na soma ou subtração <strong>de</strong> qualquer número <strong>de</strong> mensurandos estatisticamente<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a incerteza padrão combinada é a raiz quadrada da soma<br />
dos quadrados das incertezas individuais.<br />
MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO<br />
u(a.b.c... .)<br />
ou<br />
a.b.c....<br />
u(a/b/c/.. .)<br />
a/b/c/...<br />
=<br />
=<br />
2<br />
⎡u(a)<br />
⎤<br />
⎢<br />
a<br />
⎥<br />
⎣ ⎦<br />
2<br />
⎡u(a)<br />
⎤<br />
⎢<br />
a<br />
⎥<br />
⎣ ⎦<br />
2<br />
⎡u(b)<br />
⎤ ⎡u(c)<br />
⎤<br />
+ ⎢ + + ...<br />
b<br />
⎥ ⎢<br />
c<br />
⎥<br />
⎣ ⎦ ⎣ ⎦<br />
2<br />
⎡u(b)<br />
⎤ ⎡u(c)<br />
⎤<br />
+ ⎢ + + ...<br />
b<br />
⎥ ⎢<br />
c<br />
⎥<br />
⎣ ⎦ ⎣ ⎦<br />
2<br />
2<br />
(<strong>8.</strong>27a)<br />
(<strong>8.</strong>27b)<br />
Na multiplicação ou divisão <strong>de</strong> qualquer número <strong>de</strong> mensurandos estatisticamente<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a incerteza padrão relativa combinada é a raiz quadrada da<br />
soma dos quadrados das incertezas padrão relativas individuais.<br />
CASO GERAL<br />
Consi<strong>de</strong>re G = f(a,b,c,...), on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> haver qualquer tipo <strong>de</strong> operação: soma,<br />
multiplicação, etc... Através da expansão da expressão em termos da série <strong>de</strong> Taylor<br />
tem-se:<br />
u(G) =<br />
⎡∂f<br />
⎤<br />
⎢ u(a)<br />
a<br />
⎥<br />
⎣∂<br />
⎦<br />
2<br />
⎡∂f<br />
⎤<br />
+ ⎢ u(b)<br />
b<br />
⎥<br />
⎣∂<br />
⎦<br />
2<br />
⎡∂f<br />
⎤<br />
+ ⎢ u(c)<br />
c<br />
⎥<br />
⎣∂<br />
⎦<br />
2<br />
+ ...<br />
(<strong>8.</strong>28)<br />
u(G) é a incerteza padrão combinada da gran<strong>de</strong>za G, u(a), u(b) representam as<br />
incertezas padrão associadas às gran<strong>de</strong>zas a, b, etc.... As Eqs (<strong>8.</strong>26) e (<strong>8.</strong>27) são casos
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
particulares da Eq. (<strong>8.</strong>28).<br />
- 217 -<br />
Exemplo 8: Determinação da massa específica ρ <strong>de</strong> um cilindro. As seguintes medidas<br />
foram obtidas com instrumentos distintos:<br />
m = 1580 ± 10 g; d = 25,423 ± 0,003 mm; h = 77,39 ± 0,05 mm;<br />
A massa específica po<strong>de</strong> ser calculada pela equação<br />
massa 4m<br />
ρ = =<br />
2<br />
volume π d h<br />
= 0,040239<br />
g<br />
mm<br />
3<br />
Como na expressão só se tem multiplicação, <strong>de</strong>ve ser usada a Eq. <strong>8.</strong>27a:<br />
u( ρ )<br />
=<br />
ρ<br />
⎛<br />
⎜<br />
⎝<br />
u(m)<br />
m<br />
2<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
u( ρ )<br />
= ±<br />
0,040239<br />
ρ ) 1<br />
= ±<br />
ρ 10000<br />
⎛<br />
+ ⎜<br />
⎝<br />
2<br />
u(h) ⎞<br />
⎟<br />
h ⎠<br />
⎛ 10 ⎞<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ 1580 ⎠<br />
⎛<br />
+ 2 ⎜<br />
⎝<br />
2<br />
2<br />
u(d) ⎞<br />
⎟<br />
d ⎠<br />
⎛ 0,05 ⎞<br />
+ ⎜ ⎟<br />
⎝77,39<br />
⎠<br />
u( 2<br />
2<br />
⎛ 0,003 ⎞<br />
+ 2 ⎜ ⎟<br />
⎝ 25,423 ⎠<br />
2<br />
2<br />
( 63,3 ) + ( 6,46 ) + ( 2,36 ) = ± 0,00637<br />
u(ρ) = ±0,040239.0,00637 ⇒ u(ρ) = ±0,00025 g/mm 3<br />
Assim ⇒ ρ = 0,04024 ± 0,00025 g/mm 3<br />
Este problema po<strong>de</strong>ria ser resolvido usando-se a Equação Geral (Eq(<strong>8.</strong>28))<br />
∂ρ<br />
4<br />
=<br />
∂m<br />
π d<br />
u( ρ ) =<br />
;<br />
h<br />
∂ρ<br />
- 4m<br />
=<br />
2 ∂h<br />
π d h<br />
;<br />
∂ρ<br />
=<br />
∂d<br />
2 2 π<br />
2<br />
- 8m<br />
⎛ 4 ⎞ ⎛ - 4m ⎞ ⎛ - 8m ⎞<br />
⎜ u(m) ⎟ + ⎜ u(h) ⎟ + ⎜ u(d) ⎟<br />
2<br />
2 2<br />
3 2<br />
⎝π<br />
d h ⎠ ⎝ π d h ⎠ ⎝ π d h ⎠<br />
Obtem-se da mesma forma: ρ = 0,04024 ± 0,00025 g/mm 3<br />
2<br />
d<br />
3<br />
h<br />
2<br />
2
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
se quiser melhorar o processo <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>ve-se atuar na balança.<br />
- 218 -<br />
A incerteza padrão combinada está fortemente afetada pela incerteza da massa. Se<br />
Exercícios:<br />
10. Duas resistências R1 e R2 po<strong>de</strong>m ser associadas em série ou em paralelo. Os<br />
valores das resistências são: R1 = 100,0 ± 0,1 Ω e R2 = 50,00 ± 0,03 Ω. Calcule a<br />
incerteza para cada uma das associações, consi<strong>de</strong>rando dois casos distintos:<br />
i) As resistências moram medidas com o mesmo instrumento;<br />
ii) As resistências foram medidas com instrumentos distintos.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> incerteza resultante, qual das duas associações seria mais<br />
indicada?<br />
11. A resistência <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> Cobre é dada pela Equação<br />
R0 = 6 ± 0,3 Ω (a T = 20<br />
α = 0,<br />
0 C)<br />
004 0 C -1 ± 1%<br />
Determine o valor da resistência <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> cobre, e<br />
sua incerteza, para uma temperatura T = 30 ± 1 0 R= R0[<br />
1+<br />
α (T-20)<br />
]<br />
C.<br />
12. Uma máquina admite óleo lubrificante até o limite <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong><br />
1,5 ± 0,6 Pa.s. Ao receber o óleo, o mesmo foi enviado para análise. A equação do<br />
mo<strong>de</strong>lo a ser usado é<br />
mg - ρgV<br />
µ =<br />
6πRv<br />
on<strong>de</strong> µ = Viscosida<strong>de</strong> absoluta<br />
m = 0,144 ± 0,005 g (massa da esfera)<br />
D = 3,16 ± 0,02 mm (Diâmetro da esfera; D=2R)<br />
v = 0,0250 ± 0,0005 m/s (Velocida<strong>de</strong> da esfera)<br />
ρ = 1260 ± 5 Kg/m 3 (Densida<strong>de</strong> do óleo)<br />
g = 9,81 m/s 2 (Aceleração da gravida<strong>de</strong>)<br />
V = 4/3.π.R 3 (Volume da esfera).<br />
Todas as gran<strong>de</strong>zas acima foram medidas com instrumentos distintos. Determine se<br />
este óleo <strong>de</strong>ve ser aceito ou não. Determine ainda qual gran<strong>de</strong>za exerce maior<br />
influência na viscosida<strong>de</strong> do óleo.<br />
13. Um medidor <strong>de</strong> vazão do ar para baixas velocida<strong>de</strong>s obe<strong>de</strong>ce a seguinte lei<br />
⎡2<br />
g c p1<br />
⎤<br />
m& = CA⎢<br />
( p1<br />
- p2<br />
) ⎥<br />
⎣ RT<br />
1 ⎦<br />
1/2
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
C = 0,920 ± 0,005 (Coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga);<br />
A = 1,000 ± 0,001 in 2 (Área da seção transversal do tubo)<br />
p1 = 25,0 ± 0,5 psia (pressão antes da redução)<br />
∆p = p1 - p2 = 1,400 ± 0,005 psia (Queda <strong>de</strong> pressão em tubo <strong>de</strong> Venturi)<br />
T1 = 70 ± 2 0 F<br />
R = constante Universal dos Gases<br />
- 219 -<br />
Determine a incerteza relativa da taxa <strong>de</strong> escoamento da massa ( m& ) nas condições<br />
acima.<br />
14. Uma viga <strong>de</strong> seção transversal circular tem um comprimento l = 1828,8 mm e um<br />
diâmetro d = 63,500 mm. Esta viga está engastada em uma <strong>de</strong> suas extremida<strong>de</strong>s.<br />
Uma carga concentrada F = 1556,878 N atua na extremida<strong>de</strong> livre da viga, provocando<br />
flexão. Conhece-se as seguintes incertezas: u(l) = ±12,7 mm; u(d) = ±2,032 mm;<br />
u(F) = ±22,241 N. Determine o momento fletor máximo atuante na viga e sua<br />
incerteza. Explique claramente o procedimento utilizado.<br />
15. Em um projeto foi <strong>de</strong>terminado que a incerteza do momento fletor máximo da viga<br />
da questão anterior não po<strong>de</strong>ria ser superior a 6%, ou seja, u(MF) ≤ 6%. Qual o<br />
máximo valor aceitável da incerteza do diâmetro se todas as outras incertezas<br />
permanecessem constantes?<br />
<strong>8.</strong>4.3 PROPAGAÇÃO DE INCERTEZAS ATRAVÉS DE MÓDULOS<br />
Em muitas situações, o sistema <strong>de</strong> medição (SM) constitui-se <strong>de</strong> diversos módulos<br />
associados em série. Po<strong>de</strong>-se citar por exemplo a medição <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação utilizando-se<br />
extensômetros resistivos (Strain Gages): 1. Módulo ⇒ Sensor (extensômetro); 2.<br />
Módulo ⇒ Amplificador; 3. Módulo ⇒ Filtro; 4. Módulo ⇒ Indicador. As vezes estes<br />
módulos estão embutidos em uma mesma caixa. Cada módulo tem a sua incerteza e<br />
correção associadas. A Fig. <strong>8.</strong>4 mostra o diagrama <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> um SM generalizado.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
M1 M2 M3 ... Mn<br />
E(M1) E(M2) E(M3) E(Mn)<br />
K(M1) K(M2)<br />
K(M3)<br />
C(M1)<br />
u(M1)<br />
C(M2)<br />
u(M2)<br />
Ei = Sinal <strong>de</strong> entrada do bloco i;<br />
Si = Sinal <strong>de</strong> saída do bloco i;<br />
ui = Incerteza padrão do bloco i;<br />
Ci = Correção do bloco i;<br />
Ki = Sensibilida<strong>de</strong> ⇒ Ki = Si/ Ei.<br />
C(M3)<br />
u(M3)<br />
K(Mn)<br />
C(Mn)<br />
u(Mn)<br />
- 220 -<br />
S(M2) S(M3) S(Mn)<br />
Fig <strong>8.</strong>4: Diagrama <strong>de</strong> Blocos <strong>de</strong> um SM generalizado<br />
A sensibilida<strong>de</strong> do bloco "i" Ki é a relação entre o sinal <strong>de</strong> saída e o sinal <strong>de</strong> saída <strong>de</strong>ste<br />
bloco. O mensurando é o sinal <strong>de</strong> entrada do primeiro bloco (E1). A partir do valor <strong>de</strong><br />
E1 obtem-se a indicação, ou seja a saída do último bloco Sn. A partir <strong>de</strong>ste valor <strong>de</strong><br />
saída do módulo indicador <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminado o valor do mensurando (E1) e sua<br />
incerteza. Através das seguintes equações po<strong>de</strong>-se calcular o valor nominal do sinal <strong>de</strong><br />
saída e as incertezas relativas do sistema <strong>de</strong> medição:<br />
• Valor nominal do Sinal <strong>de</strong> saída do Sistema <strong>de</strong> Medição SSM<br />
S = E1K1<br />
K2<br />
K3<br />
.... KN<br />
SM (<strong>8.</strong>29)<br />
• Correção Relativa do Sistema <strong>de</strong> Medição CRSM<br />
C<br />
C<br />
=<br />
S<br />
C<br />
=<br />
S<br />
C<br />
+<br />
S<br />
C<br />
+<br />
S<br />
C<br />
+ ... +<br />
S<br />
RSM<br />
SM 1 2 3<br />
N<br />
(<strong>8.</strong>30)<br />
SM 1 2 3<br />
N<br />
• Incerteza Padrão Combinada Relativa do Sistema <strong>de</strong> Medição uRSM
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
u<br />
u<br />
=<br />
S<br />
= ±<br />
⎛ u<br />
⎜<br />
⎝ S<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
2<br />
⎛ u<br />
+ ⎜<br />
⎝ S<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
2<br />
⎛ u<br />
+ ⎜<br />
⎝ S<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
⎛ u<br />
+ ... + ⎜<br />
⎝ S<br />
RSM<br />
SM<br />
1<br />
2<br />
3<br />
n<br />
(<strong>8.</strong>31)<br />
SM<br />
1<br />
2<br />
3<br />
n<br />
2<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
2<br />
- 221 -<br />
As Equações acima permitem caracterizar o sinal <strong>de</strong> saída do SM, composto pela<br />
interligação <strong>de</strong> n módulos.<br />
A incerteza expandida <strong>de</strong>ve ser calculada após o cálculo da incerteza padrão. Caso não<br />
haja informações a respeito da <strong>de</strong>terminação do parâmetro <strong>de</strong> abrangência K, use<br />
K = 2.<br />
Exemplo 9:<br />
A Fig <strong>8.</strong>5 mostra o diagrama <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> um SM utilizado para medir <strong>de</strong>slocamento, o<br />
qual é composto dos seguintes estágios (módulos):<br />
i) Transdutor indutivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />
Faixa <strong>de</strong> Medição: 0 a 20 mm;<br />
Sensibilida<strong>de</strong> KT = 5mV/mm;<br />
Correção CT = -1 mV;<br />
Incerteza uT = ±2 mV ⇒ Estimada com n = 16.<br />
ii ) Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Sinal ( Amplificador)<br />
Faixa <strong>de</strong> Medição: ± 200 mV na entrada;<br />
Amplificação:100 X;<br />
Correção CA = 0,000;<br />
Incerteza uA = ±0,2% ⇒ Estimada com n = 20.<br />
iii ) Dispositivo Mostrador (Voltímetro digital)<br />
Faixa <strong>de</strong> Medição: ± 20 V;<br />
Resolução R = 5mV;<br />
Correção CDM = ±0,02% VI (VI: Valor Indicado);<br />
Incerteza uDM = ±5 mV ⇒ Estimada com n = 96.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
?<br />
Transdutor<br />
Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Tratamento<br />
<strong>de</strong> Sinais<br />
Dispositivo<br />
Mostrador<br />
2,500 V<br />
Fig <strong>8.</strong>5: Diagrama <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> um SM para medição <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />
- 222 -<br />
Determinar o valor do <strong>de</strong>slocamento medido e sua incerteza, quando o voltímetro<br />
indicar 2,500 V.<br />
Solução:<br />
Sensibilida<strong>de</strong> do Amplificador: EA=200 mV ⇒ Amplificação 100 X ⇒ SA=20 V ⇒<br />
KA = SA/EA = 20 V/200 mV = 0,1 V/mV;<br />
• Determinação do valor nominal do Deslocamento:<br />
Pela Eq (27) ⇒ 2,500 V = ET . 5 mv/mm . 0,1 v/mV . 1V/V ⇒ ET = 5,000 mm<br />
• Determinação da Correção:<br />
Deve-se <strong>de</strong>terminar o valor <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> cada módulo:<br />
Transdutor ⇒ ST = ET . KT = 5,000 . 5 = 25,000 mV;<br />
Amplificador ⇒ SA = EA . KA = 25,000 . 0,1 = 2,500 V;<br />
Dispositivo Mostrador ⇒ SDM = EDM . KDM = 2,500 . 1 = 2,500 V;<br />
Correção Relativa CR<br />
Transdutor ⇒ CRT = CT/ST = -1mV/25,000 mV = -0,040;<br />
Amplificador ⇒ CRA = CA/SA = 0,000;<br />
Dispositivo Mostrador: Correção CDM ⇒ 0,02% . 2,500 V = 0,5 mV;<br />
⇒ CRDM = CDM/SDM = 0,5mV/2500 mV = 0,0002;
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Correção Combinada<br />
Eq (<strong>8.</strong>30) ⇒ CRSM = -0,40 + 0,000 + 0,0002 = -0,0398 ⇒ Correção Relativa;<br />
Na entrada do Sistema <strong>de</strong> Medição: CENTRADA SM = -0,0398 . 5,000 = -0,199 mm<br />
• Determinação da Incerteza:<br />
Incerteza Padrão Relativa<br />
CENTRADA SM = -0,199 mm<br />
Transdutor ⇒ uRT = uT/ST = 2 mV/25,000 mV = 0,08;<br />
Amplificador ⇒ uRA = uA/SA = 0,04 V/2,500 V = 0,016;<br />
Dispositivo Mostrador:<br />
U RDM<br />
5mV<br />
= =<br />
2,<br />
5V<br />
0,<br />
002<br />
Observe: Amplificador ⇒Faixa <strong>de</strong> Medição: ±200mV ⇒ Amplificação: 100X<br />
⇒ 200mV . 100=20V<br />
Incerteza Padrão Combinada ⇒ Eq (<strong>8.</strong>31)<br />
u<br />
RSM<br />
u<br />
=<br />
S<br />
SM<br />
SM<br />
= ±<br />
2<br />
2<br />
2<br />
( 0,08)<br />
+ ( 0,016)<br />
+ ( 0,002)<br />
= ± 0,0815<br />
Na Entrada do SM ⇒ uENTRADA SM = ±0,0815 . 5,000 = ±0,4075 mm<br />
uENTRADA SM = ±0,4075 mm<br />
• Determinação da Incerteza Expandida:<br />
ν<br />
ef<br />
=<br />
(0,080 )<br />
16<br />
4<br />
4 0, 0815<br />
4<br />
(0,040 ) (0,016 )<br />
+ +<br />
20 96<br />
4<br />
= 16,4<br />
- 223 -
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
Tab. (<strong>8.</strong>5) - Pág. 162 com νef = 16,4 e P = 95,45% ⇒ K95 =2,17<br />
UENTRADA SM = ±2,17 . 0,4075 mm = ±0,88 mm<br />
• Resultado da Medição (RM)<br />
UENTRADA SM = ±0,88 mm<br />
RM = 5,000 - 0,199 ± 0,88 = 4,8 ± 0,9 mm<br />
- 224 -<br />
Observe: CRSM = CSM/SSM ⇒ -0,0398=CSM /2,500V ⇒ CSM=-0,0995V (Na saída do<br />
SM)<br />
CSAIDA = CENTRADA.KT.KA.KDM ⇒ -0,0995 = CENTRADA.5.0,1.1 ⇒ CENTRADA SM = -0,199 mm<br />
Idêntico raciocínio po<strong>de</strong> ser extendido ao cálculo da incerteza<br />
⇒ uSAIDA = ±0,0815.2,500 V =± 0,20375 V<br />
uSAIDA = uENTRADA.KT.KA.KDM ⇒ ± 0,20375 V = uENTRADA.5.0,1.1<br />
uENTRADA = ± 0,4075 mm<br />
Resumi ndo : Após o cálculo da incerteza ou correção relativa, o valor absoluto<br />
<strong>de</strong>sejado é encontrado ao se multiplicar o valor relativo pelo sinal correspon<strong>de</strong>nte. Ou<br />
seja:<br />
⇒Se multiplicar a incerteza ou correção relativa pelo sinal <strong>de</strong> entrada será encontrado o valor absoluto da correção ou da incerteza na entrada.<br />
⇒Se multiplicar a incerteza ou correção relativa pelo si nal <strong>de</strong> saída será encontrado<br />
o valor absoluto da correção ou da incerteza na saída.
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 225 -<br />
Exercícios Finais<br />
1) A temperatura (T) <strong>de</strong> um líquido foi medida usando um termômetro <strong>de</strong><br />
resistência. Este termômetro foi fabricado usando fios <strong>de</strong> cobre. O valor da<br />
temperatura é dado pela equação (1):<br />
R−R<br />
T = T0<br />
+<br />
R α.<br />
0<br />
0<br />
T é a temperatura a ser medida; R é resistência do fio <strong>de</strong> Cu à temperatura T. R0 é a<br />
resistência <strong>de</strong> referência do fio <strong>de</strong> Cu à temperatura <strong>de</strong> referência T0. α é o coeficiente<br />
<strong>de</strong> dilatação térmica do Cu.<br />
A resistência <strong>de</strong> referência foi medida seis vezes, conforme indicado na tabela<br />
abaixo:<br />
Número 1 2 3 4 5 6 Média Sx = Sx/(n) 1/2<br />
Indicação: R0 (Ω) 5,56 5,60 5,52 5,54 5,58 5,58 5,563 0,0120<br />
Os seguintes dados <strong>de</strong> R0 para uma temperatura T0 = 20,00±0,05 0 <br />
C (K=2) são<br />
conhecidos:<br />
Estabilida<strong>de</strong> Térmica <strong>de</strong> R0 = 0,009 Ω/<br />
0C<br />
0,04 Ω<br />
Resolução do Instrumento:<br />
Influência do tamanho do Fio: 0,0459 (Ω)/m<br />
utilizado: 3,65 m.<br />
Comprimento do fio<br />
Calibração (para a média R0 = 5,563Ω) U = ± 0,0589 Ω (K=2,25);Td<br />
= 0,0774 Ω.<br />
Coeficiente <strong>de</strong> dilatação do Cobre: α = 0,0043 0 C -1<br />
O sistema <strong>de</strong> medição abaixo foi utilizado para a medição da temperatura <strong>de</strong> um<br />
líquido. Mediu-se na verda<strong>de</strong> o valor da resistência R do fio <strong>de</strong> cobre. Durante a<br />
medição, o mostrador indicou na saída um valor <strong>de</strong> 0,15 Volts.Posteriormente,<br />
utilizando-se a equação (1), obteve-se a temperatura (T).<br />
KS =<br />
Sensibilida<strong>de</strong><br />
PONTE FILTRO AMPLIFI<br />
-<br />
CADOR<br />
Ponte<br />
KS = 0,41mV/Ω;<br />
Td = -2,03 mV;<br />
U = ±0,03 mV;<br />
(K = 2,5)<br />
Filtro<br />
KS = 1,2V/V;<br />
Td = 0<br />
U = ±0,09 mV;<br />
(K = 2,6)<br />
1.1) Determine a<strong>de</strong>quadamente o valor do sinal <strong>de</strong> entrada no sistema <strong>de</strong><br />
medição acima, ou seja, o valor da resistência (R) do fio <strong>de</strong> cobre. Use<br />
coeficiente <strong>de</strong> expansão K=2, caso seja necessário.<br />
Amplificador<br />
Amplificação: 50X<br />
Td = 15,5 mV;<br />
U = ±1,0% (VI)<br />
(K = 2,40)<br />
MOSTRA-<br />
DOR<br />
Mostrador<br />
KS = 1,0V/V;<br />
Td = 0,10 V<br />
U = ±2,0 mV;<br />
(K = 2,55)<br />
1.2) Indique qual módulo apresenta maior IMPRECISÃO e qual módulo<br />
apresenta maior INEXATIDÃO. Justifique!<br />
1.3) Determine a<strong>de</strong>quadamente (com probabilida<strong>de</strong> P = 95,45%) o valor da<br />
resistência <strong>de</strong> referência R0. Use da uma temperatura estimada <strong>de</strong> 45 0 C.<br />
SAÍDA:<br />
0,15 V
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
- 226 -<br />
1.4) Determine a<strong>de</strong>quadamente a temperatura do líquido.<br />
1.5) Faça uma análise <strong>de</strong>talhada da influência do uso da TEST = 45 0 C sobre o<br />
resultado da medição da temperatura medida no item 3 (TMED).<br />
2) A medição da força (P) da peça abaixo foi efetuada com um extensômetro,<br />
utilizando o sistema <strong>de</strong> medição mostrado abaixo. A <strong>de</strong>formação (ε) po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>terminada pela equação<br />
=<br />
F<br />
1<br />
ε<br />
∆R<br />
R<br />
on<strong>de</strong> F é o fator do extensômetro (F = 2,11±0,05) e R é a resistência da ponte ( R<br />
= 120±2Ω). ∆R é o valor <strong>de</strong> saída do sensor (extensômetro), sendo proporcional à<br />
<strong>de</strong>formação da peça na qual está colado. A força (P) provocou uma <strong>de</strong>formação na<br />
peça <strong>de</strong> aço (E = 207 GPa) e o sistema <strong>de</strong> medição indicou uma tensão <strong>de</strong> 3,0 V na<br />
saída. Sabe-se ainda que a peça tem uma secção transversal retangular com as<br />
seguintes dimensões: a = 70,0±3,5 mm; b = 109,3±5,5 mm. Estas dimensões foram<br />
medidas com um mesmo paquímetro. Determine a<strong>de</strong>quadamente o valor da força P.<br />
As incertezas dadas acima foram <strong>de</strong>terminadas com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
enquadramento <strong>de</strong> 95% (F, R, a, b).<br />
P<br />
Extens<br />
ô<br />
t<br />
PONTE<br />
AMPLIFICADOR<br />
AQUISIÇÃO<br />
Ponte <strong>de</strong> Wheatstone: Amplificador<br />
Sensibilida<strong>de</strong> K = 0,3 V/Ω; Amplificação: 150X<br />
Faixa <strong>de</strong> Medição (F.M.) = ±16Ω; Faixa <strong>de</strong> Medição (F.M.) = ±590mV;<br />
Td = 2,5Ω; Td = -4,0 mV;<br />
U = ±4,9Ω; (K = 2,1) U = ±4,9% (K = 2,05);<br />
Aquisição:<br />
Sensibilida<strong>de</strong> K = 1,5V/V;<br />
Faixa <strong>de</strong> Medição (F.M.) = ±5,0V;<br />
Td = 3,8% (VI); U = ±17,3 mV; (K = 2,1)<br />
SAÍDA
<strong>8.</strong> <strong>Controle</strong> <strong>Metrológico</strong> e <strong>Estatístico</strong> (<strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>Incertezas</strong>)<br />
ANEXO I<br />
COMPATIBILIDADE DE VALORES E REGRAS DE ARREDONDAMENTO<br />
Compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valores<br />
- 227 -<br />
O resultado da medição <strong>de</strong>ve ser apresentado com um número <strong>de</strong> algarismos<br />
significativos compatível com o fenômeno físico e/ou <strong>de</strong>scrição da medida.<br />
A incerteza do resultado <strong>de</strong>ve ter um ou no máximo dois algarismos significativos.<br />
O valor medido <strong>de</strong>ve ter o mesmo número <strong>de</strong> casas <strong>de</strong>cimais que o valor da incerteza.<br />
Regras <strong>de</strong> Arredondamento<br />
i) Se o algarismo à direita do último dígito a ser avaliado for menor que 5: Todos os<br />
algarismos à direita <strong>de</strong>vem ser eliminados;<br />
Exemplo: Arredondar 6,2364877 com 3 casas <strong>de</strong>cimais ⇒ 6,236<br />
ii) Se o algarismo à direita do último dígito a ser avaliado for maior que 5: Será<br />
adicionada uma unida<strong>de</strong> ao algarismo consi<strong>de</strong>rado:<br />
Exemplo: Arredondar 6,2367 com 2 casas <strong>de</strong>cimais ⇒ 6,24<br />
iii) Se o algarismo à direita do último dígito a ser avaliado for igual a 5:<br />
Será adicionada uma unida<strong>de</strong> ao algarismo significativo caso este seja ímpar,<br />
eliminando-se os <strong>de</strong>mais algarismos:<br />
Exemplo: Arredondar 6,23567 com 2 casas <strong>de</strong>cimais ⇒ 6,24<br />
Serão <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rados todos os dígitos à direita do algarismo significativo caso este<br />
seja par:<br />
Exemplo: Arredondar 6,24567 com 2 casas <strong>de</strong>cimais ⇒ 6,24