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avaliação da tenacidade à fratura pela técnica de ctod para o tubo ...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA<br />

AVALIAÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA PELA<br />

TÉCNICA DE CTOD PARA O TUBO DE AÇO X65Q<br />

API 5L HIDROGENADO EM AMBIENTE COM H2S<br />

Belo Horizonte<br />

2011<br />

Francis Henrique Lima <strong>de</strong> Souza


Francis Henrique Lima <strong>de</strong> Souza<br />

AVALIAÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA PELA<br />

TÉCNICA DE CTOD PARA O TUDO DE AÇO X65Q<br />

API 5L HIDROGENADO EM AMBIENTE COM H2S<br />

Dissertação apresenta<strong>da</strong> ao Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica<br />

<strong>da</strong> Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Minas Gerais, como parte dos requisitos<br />

<strong>para</strong> obtenção do título <strong>de</strong> Mestre<br />

Orientador: Prof. Dr. José Rubens Gonçalves Carneiro<br />

Co-orientador: Dr. Gustavo Alves Pinheiro<br />

Belo Horizonte<br />

2011


FICHA CATALOGRÁFICA<br />

Elabora<strong>da</strong> <strong>pela</strong> Biblioteca <strong>da</strong> Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Souza, Francis Henrique Lima <strong>de</strong><br />

S725a Avaliação <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>pela</strong> <strong>técnica</strong> <strong>de</strong> CTOD <strong>para</strong> o <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço<br />

X65Q API 5l hidrogenado em ambiente com H2S/ Francis Henrique Lima <strong>de</strong><br />

Souza. Belo Horizonte, 2011.<br />

131f. : Il.<br />

Orientador: José Rubens Gonçalves Carneiro<br />

Co-orientador: Gustavo Alves Pinheiro<br />

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.<br />

1. Aço – Fadiga. 2. Mecânica <strong>de</strong> <strong>fratura</strong>. I. Carneiro, José Rubens Gonçalves.<br />

II. Pinheiro, Gustavo Alves. III. Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. IV. Título.<br />

CDU: 669.14


Francis Henrique Lima <strong>de</strong> Souza<br />

AVALIAÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA PELA TÉCNICA DE CTOD PARA O<br />

TUBO DE AÇO X65Q API 5L HIDROGENADO EM AMBIENTE COM H2S<br />

Dissertação apresenta<strong>da</strong> ao Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica<br />

<strong>da</strong> Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Minas Gerais como parte dos requisitos<br />

<strong>para</strong> obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em<br />

Engenharia Mecânica.<br />

_____________________________________________________________<br />

Dr. José Rubens Gonçalves Carneiro (Orientador) – PUC Minas<br />

_____________________________________________________________<br />

Dr. Pedro Américo Almei<strong>da</strong> Magalhães Júnior – PUC Minas<br />

_____________________________________________________________<br />

Dr. Gustavo Alves Pinheiro (Co- Orientador) – V&M do Brasil S.A.<br />

_____________________________________________________________<br />

Dr. Ricardo Nolasco – V&M do Brasil S.A.<br />

Belo Horizonte, 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011.


À minha esposa Soraia e filhos, Karen e<br />

Víctor, <strong>pela</strong> compreensão, meus pais,<br />

João e Songer, meu irmão Jonathan,<br />

familiares e amigos pelo apoio.


AGRADECIMENTOS<br />

O autor agra<strong>de</strong>ce <strong>à</strong> V&M do Brasil por to<strong>da</strong> a infra-estrutura e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que está foi <strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento do presente trabalho e a to<strong>da</strong>s as pessoas<br />

que contribuíram <strong>para</strong> a sua conclusão;<br />

Ao Engenheiro Dr. Júlio Márcio Silveira e Silva <strong>pela</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e apoio;<br />

Ao Engenheiro Dr. Gustavo Alves Pinheiro, por todo <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

trabalho, suporte na realização dos ensaios e apóio técnico;<br />

Ao Engenheiro Dr. Ricardo Nolasco <strong>pela</strong>s constantes discussões <strong>técnica</strong>s que<br />

enriqueceram este trabalho;<br />

À Pesquisadora Camila Farias e aos Engenheiros (as) Flávio Guerra e Ana<br />

Carolina, <strong>pela</strong>s sugestões, discussões e apoio técnico que permitiu tornar reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

o presente trabalho;<br />

Ao pessoal do laboratório e oficina mecânica <strong>da</strong> V&M do Brasil, em especial<br />

ao Rondinelli, Reinaldo, Igor e Luciana que contribuíram pelo excelente an<strong>da</strong>mento<br />

dos testes executados <strong>para</strong> este projeto.<br />

Ao Professor Dr. José Rubens Gonçalves Carneiro, <strong>pela</strong> orientação e<br />

contribuição fun<strong>da</strong>mental no <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho;<br />

Ao Pesquisador Dr. Jefferson José Vilela e Emil Reis do CDTN – UFMG, por<br />

todo apoio técnico <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento do ensaio <strong>de</strong> CTOD;<br />

Aos alunos <strong>da</strong> graduação <strong>de</strong> Engenharia <strong>da</strong> Puc Minas, Malange Marcos<br />

Lourenço e André França <strong>pela</strong> aju<strong>da</strong> na complementação <strong>da</strong> dissertação;<br />

À PUC-Minas e a CAPES, responsáveis <strong>pela</strong> bolsa <strong>de</strong> estudo concedi<strong>da</strong>.


RESUMO<br />

O <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço sem costura do grau X65 no estado <strong>de</strong> fornecimento temperado e<br />

revenido <strong>da</strong> norma API 5L tem aplicação nos projetos “line pipe” na indústria<br />

petrolífera. Em algumas situações, estes <strong>tubo</strong>s são expostos a condições sob<br />

corrosão agressiva com a presença <strong>de</strong> hidrogênio e H2S aliado aos esforços<br />

atuantes no <strong>tubo</strong> que po<strong>de</strong>m levá-lo a fragilização. Neste trabalho, realizou-se uma<br />

<strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> elasto-plástica, através <strong>da</strong> <strong>técnica</strong> <strong>de</strong> CTOD, em<br />

amostras do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço X65. O teste <strong>de</strong> CTOD foi realizado na temperatura <strong>de</strong> -<br />

30°C em amostras como forneci<strong>da</strong>s e em amostras hidrogena<strong>da</strong>s através <strong>da</strong><br />

imersão em solução áci<strong>da</strong> do tipo A e B conforme norma NACE TM 0284-2003<br />

(2005), contendo H2S com pH <strong>de</strong> 2,7 e 3,5 em tempos <strong>de</strong> exposição a estes meios<br />

<strong>de</strong> 96 e 168 horas. Concluiu-se que a hidrogenação reduz a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> do<br />

grau X65 levando em consi<strong>de</strong>ração os resultados <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> carga máxima e<br />

CTOD <strong>de</strong> iniciação, trazendo conseqüências como a redução <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação plástica do material, alterando o modo metalúrgico <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> dúctil <strong>para</strong><br />

um modo fragilizado com aspecto <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> quase-clivagem, com acentua<strong>da</strong><br />

propagação <strong>de</strong> trinca. A presença do Hidrogênio na microestrutura é capaz <strong>de</strong><br />

reduzir os movimentos <strong>da</strong>s discordâncias levando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma alta carga<br />

<strong>para</strong> ultrapassar o limite elástico do material que rompe logo em segui<strong>da</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>nciando que houve um aumento do limite <strong>de</strong> escoamento e redução <strong>da</strong><br />

resistência a tração, fazendo a relação σy / σr subir <strong>para</strong> limites críticos <strong>de</strong> aplicação.<br />

Palavra Chave: Mecânica <strong>da</strong> Fratura Elasto-Plástica. CTOD hidrogenado.


ABSTRACT<br />

The seamless steel pipe according to API 5L gra<strong>de</strong> X65, quenched and tempering<br />

condition, has application in Project Line pipe In the Oil and Gas Industry. Some<br />

situations these pipes are exposed to aggressive corrosion condition in the presence<br />

of hydrogen and H2S coupled with the efforts acting on the column tube can lead to<br />

embrittlement. In this work an experimental evaluation about elastic-plastic fracture<br />

toughness, by CTOD techniques, in sample of steel X65. The CTOD test was<br />

performed at temperature of -30°C in specimens as <strong>de</strong>livery condition and hydrogen<br />

charged through of immersion in solution A and B according to stan<strong>da</strong>rd NACE TM<br />

0284-2003 (2005) with H2S and pH of 2,7 and 3,5 in exposure time of 96 and 168<br />

hours. It was conclu<strong>de</strong>d that hydrogen charged reduces the fracture toughness of<br />

gra<strong>de</strong> X65 consi<strong>de</strong>ring the results of maximum load CTOD and CTOD initiation, with<br />

consequences such as reduced capacity for plastic <strong>de</strong>formation of the material by<br />

changing the mo<strong>de</strong> of metal from a ductile fracture to embrittlement fracture quasi-<br />

cleavage, with high crack propagation. The presence of hydrogen in the<br />

microstructure reduces the movement of dislocations and it leads to the need for a<br />

high load to overcome the elastic limit of the material that breaks right away, showing<br />

in practice that there was an increase in yield strength and <strong>de</strong>crease in the tensile<br />

strength, making the ratio σy / σr rise up to critical limits of application.<br />

Key-words: Fracture mechanic elastic-plastic. CTOD with hydrogen charging.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 1: Diagrama <strong>de</strong> Graville, sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aços ARBL em função do teor<br />

<strong>de</strong> carbono e do carbono equivalente (IIW)............................................ 26<br />

Figura 2: Contribuição dos mecanismos <strong>de</strong> endurecimento <strong>para</strong> atingir limite <strong>de</strong><br />

escoamento ............................................................................................ 28<br />

Figura 3: Campo <strong>de</strong> tensão <strong>da</strong> trinca. ................................................................... 30<br />

Figura 4: Fatores que influenciam a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>: taxa <strong>de</strong> carregamento e<br />

temperatura. ........................................................................................... 32<br />

Figura 5: Evolução <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> em temperatura <strong>de</strong> -40 °C em função <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>/dN <strong>para</strong> o fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 35 MPa·(m) 1/2 <strong>para</strong> os<br />

aços X60 e X70. ..................................................................................... 33<br />

Figura 6: Representação esquemática, mostrando a zona elasto-plástica na frente<br />

<strong>de</strong> uma trinca. ......................................................................................... 34<br />

Figura 7: Trinca do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Wells. ................................................................... 35<br />

Figura 8: Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trinca <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> por Dug<strong>da</strong>le. ......................................... 38<br />

Figura 9: Representação esquemática <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> trinca durante um ensaio <strong>de</strong><br />

flexão em um corpo <strong>de</strong> prova tipo SE(B). ............................................... 39<br />

Figura 10: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> dobramento em três apoios [Se (B)]. ...................... 42<br />

Figura 11: Tipos <strong>de</strong> curvas carga x <strong>de</strong>locamento, obti<strong>da</strong>s durante o ensaio<br />

CTOD......... ............................................................................................ 44<br />

Figura 12: Gráfico <strong>de</strong>monstrando a relaxação <strong>da</strong> restrição. ................................... 45<br />

Figura 13: Morfologia <strong>da</strong> trinca após embotamento. ............................................... 46<br />

Figura 14: Gráfico <strong>de</strong>monstrando a insignificância <strong>de</strong> “pop-in”. .............................. 47<br />

Figura 15: Gráfico <strong>de</strong>monstrando a significância <strong>de</strong> pop-in, não po<strong>de</strong> ser<br />

ignorado..... ............................................................................................ 48<br />

Figura 16: Aumento <strong>da</strong> pressão provocado <strong>pela</strong> segregação <strong>de</strong> hidrogênio<br />

molecular em <strong>de</strong>feitos pré-existente. ...................................................... 52<br />

Figura 17: Aumento <strong>da</strong> distância entre os átomos <strong>de</strong> ferro <strong>pela</strong> segregação <strong>de</strong><br />

átomos <strong>de</strong> hidrogênio em um <strong>de</strong>slocamento reduzindo a força <strong>de</strong> ligação<br />

entre os átomos <strong>de</strong> ferro. ....................................................................... 53<br />

Figura 18: Efeito <strong>da</strong> fração <strong>de</strong> martensita em KISSC. ............................................... 56<br />

Figura 19: Efeito do tamanho <strong>de</strong> grão ASTM na tensão limite SSC (σth) ................ 56


Figura 20: Relação entre limite <strong>de</strong> escoamento e a tensão limite (σth) <strong>para</strong> dois<br />

tamanhos <strong>de</strong> grão distintos ASTM. ........................................................ 57<br />

Figura 21: Teores <strong>de</strong> Ni <strong>para</strong> aços <strong>de</strong> baixa liga em razão <strong>da</strong> relação entre o limite<br />

<strong>de</strong> escoamento e tensão limite σth. ........................................................ 61<br />

Figura 22: Regiões <strong>de</strong> trincamento sob tensão <strong>de</strong> hidrogênio <strong>de</strong> diferentes<br />

condições ambientais <strong>de</strong> acordo com a norma ISO 15156-2:2009 (2009).<br />

................... ........................................................................................ 65<br />

Figura 23 Seqüência <strong>da</strong> origem do empolamento atômico. ................................... 66<br />

Figura 24: Teste <strong>de</strong> permeação <strong>de</strong> hidrogênio em célula eletroquímica. ............... 68<br />

Figura 25: Efeito <strong>da</strong> espessura <strong>da</strong> membrana <strong>de</strong> aço na difusibili<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente... 70<br />

Figura 26: Efeito <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente catódica Aplica<strong>da</strong> nos transientes <strong>de</strong><br />

permeação do hidrogênio em solução A em temperatura ambiente. ..... 71<br />

Figura 27: Transiente <strong>de</strong> permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> os aços carbonos. ......................... 71<br />

Figura 28: Amostra <strong>de</strong> dureza com os pontos <strong>de</strong> impressão realizados, conforme<br />

procedimento <strong>para</strong> ensaio <strong>de</strong> dureza HV. .............................................. 75<br />

Figura 29: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> tração usinado. ........................................................ 75<br />

Figura 30: Orientação do corpo <strong>de</strong> prova: 1 – Sentido longitudinal e 2 – Sentido<br />

transversal .............................................................................................. 76<br />

Figura 31: Equipamento <strong>da</strong> INSTRON <strong>para</strong> teste <strong>de</strong> CTOD................................... 78<br />

Figura 32: Dimensões do corpo <strong>de</strong> prova tipo SE(B) escolhido <strong>para</strong> realização dos<br />

testes <strong>de</strong> CTOD. Fonte: Elaborado pelo Autor (2011). ........................... 79<br />

Figura 33: Fresamento do entalhe do corpo <strong>de</strong> prova CTOD. ................................ 80<br />

Figura 34: Técnica <strong>de</strong> medição do ângulo <strong>de</strong> propagação <strong>da</strong> trinca no analisador <strong>de</strong><br />

imagens. ................................................................................................. 82<br />

Figura 35: Corpo <strong>de</strong> prova usinado e montado <strong>para</strong> teste <strong>de</strong> CTOD. ..................... 83<br />

Figura 36: Gráfico Carga x Deslocamento do “clip-gage” e obtenção do valor VP<br />

durante o teste <strong>de</strong> CTOD. ...................................................................... 84<br />

Figura 37: Método <strong>para</strong> medição <strong>da</strong> trinca e propagação durante o teste <strong>de</strong><br />

CTOD........... .......................................................................................... 85<br />

Figura 38: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>para</strong> ensaio <strong>de</strong> HIC TEST NACE TM 0284. ................. 87<br />

Figura 39: Factografia <strong>da</strong> região <strong>de</strong> interesse (∆ap) <strong>para</strong> <strong>avaliação</strong> do comprimento<br />

<strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca após ensaio <strong>de</strong> CTOD. ................................... 90<br />

Figura 40: Microestrutura <strong>da</strong> seção transversal do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço API-5L-X65,<br />

evi<strong>de</strong>nciando estrutura martensita reveni<strong>da</strong>. .......................................... 92


Figura 41: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> tração usinado. ........................................................ 93<br />

Figura 42: Amostra <strong>para</strong> teste <strong>de</strong> impacto antes e após o ensaio Charpy. ............ 94<br />

Figura 43: Com<strong>para</strong>ção dos valores <strong>de</strong> limite <strong>de</strong> escoamento e energia absorvi<strong>da</strong><br />

dos graus X60 e X70 produzidos pelo processo termo-mecânico e o grau<br />

X65 temperado e revenido <strong>pela</strong> VM do Brasil. ....................................... 95<br />

Figura 44: Valores <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> em função <strong>da</strong> temperatura. .................... 96<br />

Figura 45: Amostra <strong>de</strong> dureza com os pontos <strong>de</strong> impressão realizados, conforme<br />

procedimento <strong>para</strong> ensaio <strong>de</strong> dureza HV. .............................................. 97<br />

Figura 46: Perfil <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> do Corpo <strong>de</strong> prova após ensaio <strong>de</strong> CTOD. .................. 99<br />

Figura 47: Método <strong>para</strong> medição <strong>da</strong> trinca e propagação durante o teste <strong>de</strong><br />

CTOD........... ........................................................................................ 100<br />

Figura 48: Gráfico <strong>da</strong> força em função <strong>de</strong>slocamento do “clip gage”. ................... 101<br />

Figura 49: Evolução do CTOD em função <strong>de</strong> ∆ap e a equação <strong>de</strong> regressão linear<br />

<strong>para</strong> corpos <strong>de</strong> prova como fornecidos. ............................................... 102<br />

Figura 50: Evolução <strong>da</strong> força em função do <strong>de</strong>slocamento registrado no “clip-gage”<br />

em amostras hidrogena<strong>da</strong>s do aço X65 API. ....................................... 105<br />

Figura 51: Gráfico CTOD x ∆ap e equação <strong>de</strong> regressão corpos <strong>de</strong> prova<br />

hidrogenados do aço X65 API 5L. ........................................................ 105<br />

Figura 52: Evolução <strong>da</strong> força em função do <strong>de</strong>slocamento do “clip gage” em<br />

amostras do aço X65 API 5L hidrogenados. ........................................ 108<br />

Figura 53: Aspecto <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> após ensaio <strong>de</strong> CTOD. .......................................... 109<br />

Figura 54: Evolução do CTOD com o <strong>de</strong>slocamento ∆ap <strong>para</strong> o aço X65 API 5L<br />

hidrogenado por 168 horas. ................................................................. 109<br />

Figura 55: Gráfico Força X Deslocamento do Clip Gage em amostras hidrogenados.<br />

......................................................................................................... 112<br />

Figura 56: Gráfico CTOD x ∆ap com a equação <strong>da</strong> linha <strong>de</strong> tendência <strong>para</strong> corpos<br />

<strong>de</strong> prova hidrogenados. ........................................................................ 113<br />

Figura 57: Gráfico Energia absorvi<strong>da</strong> x CTOD <strong>para</strong> os graus X65 temperado e<br />

revenido, X60 e X70 produzidos pelo processo <strong>de</strong> laminação<br />

controla<strong>da</strong>..... ........................................................................................ 115<br />

Figura 58: Resultados <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> acordo com ca<strong>da</strong> condição <strong>de</strong> teste. ........... 116<br />

Figura 59: CTOD em função do valor log ∆ap. ..................................................... 119<br />

Figura 60: Propagação <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> acordo com ca<strong>da</strong> condição <strong>de</strong> teste. ........... 120


Figura 61: Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 500X) <strong>da</strong>s amostras<br />

hidrogena<strong>da</strong>s por 96 horas (a) e 168 horas (b) em solução A. ............ 121<br />

Figura 62: Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 1000X) <strong>da</strong>s amostras<br />

hidrogena<strong>da</strong>s por 96 horas (a) e 168 horas (b) em solução A. ............ 121<br />

Figura 63: Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 500X) – Regiões com<br />

empolamento por hidrogênio. ............................................................... 122<br />

Figura 64 Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 2000X) – microvazios<br />

causados pelo empolamento por hidrogênio. ....................................... 123


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1: Composição química dos aços API 5L em % peso ............................... 25<br />

Tabela 2: Aços API fabricados no Brasil e suas aplicações .................................. 27<br />

Tabela 3: Valores do fator forma <strong>para</strong> o intervalo 0,45 < a0/W < 0,55 conforme<br />

norma BS7448 ....................................................................................... 43<br />

Tabela 4: Energia <strong>de</strong> ligação entre vários solutos e o hidrogênio ........................ 62<br />

Tabela 5: Valores <strong>de</strong> permeação do hidrogênio <strong>para</strong> os aços ensaiados. ............ 72<br />

Tabela 6: Dimensão do <strong>tubo</strong> utilizado nos testes. ................................................ 73<br />

Tabela 7: Condições <strong>da</strong> hidrogenação realiza<strong>da</strong>s nas amostras <strong>de</strong> CTOD. ......... 89<br />

Tabela 8: Resultados <strong>de</strong> composição química do aço X65 ................................... 91<br />

Tabela 9: Resultados <strong>de</strong> micro-inclusões - Série Fina. ......................................... 91<br />

Tabela 10: Resultados <strong>de</strong> micro-inclusões - Série Grossa..... ................................. 92<br />

Tabela 11: Resultados do ensaio <strong>de</strong> tração no sentido longitudinal. ....................... 93<br />

Tabela 12: Resultados do ensaio <strong>de</strong> impacto Charpy na temperatura <strong>de</strong> 0 o C. ...... 94<br />

Tabela 13: Resultados do ensaio <strong>de</strong> impacto Charpy em várias temperaturas do aço<br />

X65 API 5L. ............................................................................................ 96<br />

Tabela 14: Resultados médio e <strong>de</strong>svio padrão <strong>da</strong> dureza Vickers nas posições<br />

interna, meio e externa dos <strong>tubo</strong>s. ......................................................... 97<br />

Tabela 15: Dimensões dos 6 corpos <strong>de</strong> prova e parâmetros <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> fadiga.<br />

........................................................................................................... 98<br />

Tabela 16: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>da</strong>s trincas. .... 99<br />

Tabela 17: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca estável. ...................... 102<br />

Tabela 18: Dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova e <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> fadiga. ........................ 103<br />

Tabela 19: Análise <strong>da</strong> solução <strong>da</strong> hidrogenação em amostras <strong>de</strong> CTOD. ......... 103<br />

Tabela 20: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>de</strong> trincas. .... 104<br />

Tabela 21: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca instável. ...................... 106<br />

Tabela 22: Dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova e <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> fadiga. ........................ 107<br />

Tabela 23: Análise <strong>da</strong> solução <strong>da</strong> hidrogenação em amostras <strong>de</strong> CTOD. ......... 107<br />

Tabela 24: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>da</strong>s trincas. .. 107<br />

Tabela 25: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca instável. ...................... 110<br />

Tabela 26: Dimensões do corpo <strong>de</strong> prova e <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> fadiga. ........................... 111<br />

Tabela 27: Análise <strong>da</strong> solução <strong>da</strong> hidrogenação em amostras <strong>de</strong> CTOD. ......... 111<br />

Tabela 28: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>da</strong>s trincas. .. 111


Tabela 29: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca instável. ...................... 113<br />

Tabela 30: Resultado geral dos métodos <strong>de</strong> CTOD. .......................................... 114<br />

Tabela 31: Média dos valores <strong>da</strong>s cargas do ponto <strong>de</strong> CTOD crítico. ............... 118


API American Petroleum Institute<br />

LISTA DE ABREVIATURAS<br />

CTOD Crack Tip Opening Displacement (Descolamento <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> ponta<br />

<strong>da</strong> trinca).<br />

HSLA High-strength low-alloy<br />

ARBL Aços <strong>de</strong> alta resistência e baixa liga<br />

IIW International institute welding (Instituto Internacional <strong>de</strong> Sol<strong>da</strong>gem)<br />

MFLE Mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> linear-elástica<br />

MFEP Mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> elasto-plástica<br />

FAH Fratura assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio<br />

HIC Hydrogen induced cracking (Fratura induzi<strong>da</strong> pelo hidrogênio)<br />

CCC Estrutura Cristalina <strong>de</strong> Faces Centra<strong>da</strong>s<br />

SSC Sulphi<strong>de</strong> Strees Corosion (Corrosão sob tensão)<br />

KISSC<br />

Tensão limite <strong>para</strong> Sulphi<strong>de</strong> Strees Corosion (Corrosão sob tensão)<br />

eV energia <strong>de</strong> ligação<br />

DP Perlita <strong>de</strong>genera<strong>da</strong><br />

AF Ferrita acircular<br />

B Bainita<br />

M Martensita<br />

A Austenita<br />

SE(B) Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> três apoios <strong>para</strong> o teste CTOD


a<br />

A<br />

a0<br />

B<br />

b0<br />

capp<br />

CE<br />

CLR<br />

CSR<br />

CTR<br />

Dapp<br />

E<br />

Meta<strong>de</strong> do tamanho <strong>da</strong> trinca.<br />

LISTA DE SÍMBOLOS<br />

Área exposta na célula eletrolítica.<br />

Comprimento <strong>de</strong> trinca.<br />

Espessura do corpo-<strong>de</strong>-prova.<br />

Ligamento remanescente do corpo <strong>de</strong> prova.<br />

Solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do hidrogênio aparente.<br />

Carbono equivalente.<br />

Crack lentgh ration (Razão do Comprimento <strong>da</strong> trinca).<br />

Crack sensibility ration (Razão <strong>de</strong> Sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao trincamento).<br />

Crack total ration (Espessura <strong>da</strong> trinca).<br />

Difusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do hidrogênio aparente.<br />

Módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do material.<br />

Ew(s) Energia absorvi<strong>da</strong> pelo corpo <strong>de</strong> prova em função do <strong>de</strong>slocamento.<br />

F<br />

Constante <strong>de</strong> Fara<strong>da</strong>y.<br />

f(a0/W) Fator <strong>de</strong> forma<br />

Ff<br />

Fmax<br />

G<br />

I∞<br />

J∞L<br />

K(a)<br />

Carga <strong>de</strong> fadiga.<br />

Carga máxima aplica<strong>da</strong> ao corpo <strong>de</strong> provas.<br />

Força <strong>para</strong> a extensão <strong>da</strong> trinca.<br />

Corrente no estado estacionário.<br />

Permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Fator <strong>de</strong> Intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensões máxima <strong>de</strong> fadiga.


K1(a) Fator <strong>de</strong> Intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> fadiga com a razão R.<br />

K1a Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>de</strong> travamento <strong>da</strong> trinca.<br />

K1c Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> estática.<br />

K1d Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> dinâmica.<br />

Kc Fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tensões.<br />

KI<br />

Kmax<br />

l0<br />

lff<br />

m<br />

P<br />

Pf<br />

Pmin<br />

r<br />

Fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão segundo o modo trativo.<br />

Carga máxima.<br />

Comprimento inicial do corpo <strong>de</strong> provas.<br />

Comprimento final do corpo <strong>de</strong> provas.<br />

Massa do pêndulo.<br />

Carga.<br />

Carga máxima <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolver uma pré-trinca <strong>de</strong> fadiga.<br />

Carga mínima.<br />

Distância do centro <strong>de</strong> rotação aparente <strong>à</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> trinca.<br />

R Razão <strong>de</strong> carga.<br />

rp<br />

rp<br />

Região com <strong>de</strong>formação elástica.<br />

Raio <strong>da</strong> zona plástica.<br />

Rs Razão entre σth / σy.<br />

ry<br />

S<br />

S0<br />

Sp<br />

t<br />

V<br />

Região com <strong>de</strong>formação plástica.<br />

Distancia entre apoios.<br />

Área inicial do corpo <strong>de</strong> provas.<br />

Carga média.<br />

Tempo.<br />

Afastamento <strong>de</strong> uma face <strong>da</strong> trinca até o centro <strong>da</strong> mesma.


vo<br />

Vg<br />

Vp<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do impacto do pêndulo.<br />

Valor do <strong>de</strong>slocamento medido pelo extensômetro <strong>de</strong> <strong>fratura</strong>.<br />

Componente plástica <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> abertura <strong>de</strong> trinca.<br />

(W- a0) Ligamento remanescente do corpo-<strong>de</strong>-prova.<br />

x<br />

z<br />

γ<br />

δ<br />

δc<br />

δc(*)<br />

δel<br />

δi<br />

δi 0,2<br />

δm<br />

δpl<br />

δu<br />

ν<br />

σ<br />

σf<br />

σr<br />

σth<br />

σy<br />

Distância do centro <strong>da</strong> trinca a ponta <strong>da</strong> trinca na direção x.<br />

Distância <strong>da</strong> face do corpo <strong>de</strong> prova ao apoio do extensômetro <strong>de</strong><br />

<strong>fratura</strong> – Suporte <strong>de</strong> fixação do “clip-gage”.<br />

Energia superficial.<br />

Valor <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> - CTOD crítico.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> - CTOD crítico <strong>de</strong> referência<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> no regime elástico – CTOD elástico.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> - CTOD <strong>de</strong> iniciação.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> - CTOD <strong>para</strong> uma extensão <strong>de</strong> trinca <strong>de</strong> 0,2 mm.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> - CTOD <strong>de</strong> carga máxima.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> no regime plástico – CTOD Plástico.<br />

Tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> - CTOD trinca instável seguido <strong>de</strong> trinca estável.<br />

Coeficiente <strong>de</strong> Poisson.<br />

Tensão aplica<strong>da</strong>.<br />

Tensão necessária <strong>para</strong> a propagação <strong>de</strong> uma trinca.<br />

Limite <strong>de</strong> resistência do corpo <strong>de</strong> provas.<br />

Tensão máxima inicial na qual nenhuma falha ocorre durante o<br />

período <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> 720h.<br />

Limite <strong>de</strong> escoamento.


σy-peak<br />

τL<br />

∆ap<br />

∆F<br />

Limite <strong>de</strong> escoamento a um pico <strong>de</strong> resistência.<br />

Tempo <strong>de</strong> relaxação.<br />

Valor médio do comprimento <strong>da</strong> trinca.<br />

Amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga.<br />

∆K(a) Diferença entre a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima e mínima <strong>de</strong> fadiga durante 1<br />

ciclo <strong>da</strong> pré-trinca aberta por fadiga.


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 21<br />

1.1 Justificativa ........................................................................................................ 24<br />

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 24<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 25<br />

2.1Tubos <strong>de</strong> aço API 5L .......................................................................................... 25<br />

2.2 Processo <strong>de</strong> fabricação .................................................................................... 28<br />

2.3 Mecânica <strong>da</strong> Fratura .......................................................................................... 29<br />

2.3.1 Desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>técnica</strong> do CTOD ......................................................... 34<br />

2.3.2 CTOD ............................................................................................................... 41<br />

2.3.3 Variáveis sobre o teste <strong>de</strong> CTOD .................................................................. 45<br />

2.4 Fragilização pelo hidrogênio ............................................................................ 48<br />

2.4.1 Influência dos parâmetros metalúrgicos na <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio ................................................................................................... 54<br />

2.4.2 Influência <strong>da</strong> limpi<strong>de</strong>z na <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio ....................... 58<br />

2.4.3 Influência <strong>da</strong> composição química na <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio ................................................................................................... 59<br />

2.4.4 Métodos <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio ................................................................................................... 64<br />

2.4.5 Hidrogenação ................................................................................................. 64<br />

2.4.5.1 Conseqüência <strong>da</strong> Hidrogenação nos aços ............................................... 66<br />

2.4.5.2 Influência <strong>da</strong> Temperatura <strong>da</strong> Hidrogenação ............................................ 67<br />

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL........................................................................ 73<br />

3.1 Análise química e metalográfica ...................................................................... 73<br />

3.2 Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas. ................................................................................. 74<br />

3.2.1 Dureza ............................................................................................................. 74<br />

3.2.2 Tração longitudinal ........................................................................................ 75<br />

3.2.3 Impacto Charpy .............................................................................................. 76<br />

3.3 Ensaio <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> ......................................................................... 78<br />

3.3.1 Pre<strong>para</strong>ção do corpo <strong>de</strong> prova ...................................................................... 79<br />

3.3.2 Pré-trinca por fadiga ...................................................................................... 80<br />

3.3.3 CTOD ............................................................................................................... 82<br />

3.3.3.1 CTOD <strong>de</strong> Iniciação ....................................................................................... 86<br />

3.4 Ensaios <strong>de</strong> corrosão ......................................................................................... 87<br />

3.4.1 Hic test ............................................................................................................ 87<br />

3.4.2 Hidrogenação ................................................................................................. 89<br />

3.5 Análise <strong>da</strong> Propagação <strong>da</strong> Trinca após Ensaio <strong>de</strong> CTOD. ............................. 89<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 91<br />

4.1 Composição química ........................................................................................ 91<br />

4.2 Metalografia ....................................................................................................... 91


4.3 Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas .................................................................................. 93<br />

4.4 Ensaios <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> – CTOD ........................................................ 98<br />

4.4.1 CTOD em amostras como forneci<strong>da</strong>s........................................................... 98<br />

4.4.2 CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s em solução A por 96 horas ............... 103<br />

4.4.3 CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s em solução A por 168 horas ............. 106<br />

4.4.4 CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s em solução B por 168 horas ............. 110<br />

4.5 Morfologia <strong>da</strong> Propagação <strong>da</strong> Trinca após Ensaio <strong>de</strong> CTOD. ..................... 120<br />

5 CONCLUSÕES: ................................................................................................... 124<br />

5.1 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................... 125<br />

REFERÊNCIAS: ..................................................................................................... 126


1 INTRODUÇÃO<br />

Nos anos recentes, com a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente em energia, a atenção tem se<br />

<strong>de</strong>slocado ao fornecimento <strong>de</strong> óleo e gás natural <strong>de</strong> modo mais econômico e seguro.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> alta resistência tem possibilitado a indústria<br />

<strong>de</strong> energia realizar economia significativa no custo total <strong>de</strong> transporte <strong>à</strong> longa<br />

distância <strong>de</strong> óleo/gás em operação <strong>à</strong> alta pressão. O interesse principal no projeto e<br />

fabricação <strong>de</strong> aços <strong>para</strong> <strong>tubo</strong> que aten<strong>de</strong>m <strong>à</strong> norma API é a combinação <strong>de</strong><br />

resistência, tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e resistência <strong>à</strong> corrosão através <strong>da</strong>s <strong>técnica</strong>s metalúrgicas e<br />

<strong>de</strong> processamento do material (DONG; LIU; LI, 2009).<br />

Os <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço sem costura do grau X65 <strong>da</strong> norma API 5L têm aplicação<br />

como “line pipe” na indústria petrolífera. São estes dutos que fazem a condução do<br />

óleo e gás entre os poços <strong>de</strong> petróleo até os meios <strong>de</strong> armazenamentos como<br />

navios petroleiros, plataformas e refinarias. Em algumas situações, estes <strong>tubo</strong>s são<br />

expostos a condições <strong>de</strong> corrosão agressiva na presença <strong>de</strong> hidrogênio e H2S. Os<br />

aços reagem com o H2S formando sulfeto do metal e hidrogênio atômico como<br />

subproduto <strong>de</strong> corrosão. Os átomos <strong>de</strong> hidrogênio atômicos combinam-se <strong>para</strong><br />

formar a molécula <strong>de</strong> H2 na superfície ou difun<strong>de</strong>m-se na matriz do metal. Des<strong>de</strong><br />

que o enxofre é o vilão <strong>para</strong> recombinação do hidrogênio, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

hidrogênio atômico que se recombina <strong>para</strong> formar a molécula <strong>de</strong> H2 na superfície se<br />

reduz com aumento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> hidrogênio atômico na matriz do<br />

aço. Esse aspecto torna o ambiente <strong>de</strong> H2S muito severo. A forma <strong>de</strong> fragilização<br />

por hidrogênio cujo mecanismo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> trinca é catódico não <strong>de</strong>ve ser<br />

confundi<strong>da</strong> com corrosão sob tensão (anódico).<br />

Aços HSLA são ca<strong>da</strong> vez mais utilizados na construção do “Pipeline” <strong>de</strong>vido<br />

<strong>à</strong>s vantagens que fornecem tais como relação preço/limite <strong>de</strong> escoamento e<br />

resistência, baixo teor <strong>de</strong> carbono que impacta positivamente na tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, na<br />

sol<strong>da</strong>gem e nos custos <strong>de</strong> instalação. O aço API 5L - grau X-65 po<strong>de</strong> ser utilizado,<br />

entre outras aplicações, <strong>para</strong> a fabricação <strong>de</strong> “risers” rígidos empregados <strong>para</strong> a<br />

elevação <strong>de</strong> petróleo e gás do fundo do oceano em águas profun<strong>da</strong>s e<br />

ultraprofun<strong>da</strong>s <strong>para</strong> a superfície, nas plataformas ou nas embarcações (FILHO,<br />

2002). O grau API <strong>para</strong> <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço combina resistência e tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> através <strong>da</strong><br />

otimização <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> liga em sintonia com o processamento termomecânico ou<br />

21


tratamento térmico com têmpera e revenimento convencional (YANG, ZHAO, 2005).<br />

Infelizmente, maior resistência <strong>de</strong> aço <strong>para</strong> <strong>tubo</strong> geralmente envolve menor<br />

resistência <strong>à</strong> corrosão, necessitando o projeto <strong>de</strong> novas ligas e processamento que<br />

po<strong>de</strong>m exigir investimento em equipamento <strong>para</strong> os fabricantes. Aços resistentes <strong>à</strong><br />

corrosão com um limite <strong>de</strong> escoamento mínimo <strong>de</strong> 690 ou 725 MPa facilitaria a<br />

produção <strong>de</strong> óleo e gás em eleva<strong>da</strong>s profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas a presença <strong>de</strong> ácido<br />

sulfídrico (H2S) em fluido <strong>de</strong> reservatório <strong>de</strong> óleo e gás impõe restrição na<br />

resistência <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> aços utilizados nesses campos <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> corrosão. Essas<br />

restrições tornam-se críticas com o acréscimo na profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> e pressão acima <strong>de</strong><br />

2500 psi dos reservatórios levando a pressão parcial <strong>de</strong> H2S atingirem valores<br />

críticos.<br />

Como resultado <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> global crescente <strong>de</strong> energia, transporte por<br />

“pipelines” com maior resistência mecânica tem sido utilizado <strong>para</strong> suportar as<br />

pressões <strong>de</strong> linha crescentes. O grau API 5L X100 é um aço HSLA recentemente<br />

<strong>de</strong>senvolvido <strong>para</strong> satisfazer essas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Um dos aspectos importantes<br />

<strong>para</strong> assegurar bom <strong>de</strong>sempenho do aço X100 <strong>para</strong> <strong>tubo</strong> é minimizar a<br />

susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> a formação <strong>de</strong> trinca quando exposto a ambientes ácidos (AL-<br />

MANSOUR; ALFANTAZI; EL-BOUJDAINI, 2009).<br />

Existem situações em que a falha do componente ocorre a partir <strong>de</strong><br />

nucleação e propagação <strong>de</strong> trincas com cargas aplica<strong>da</strong>s abaixo do escoamento,<br />

tornando o <strong>de</strong>feito pré-existente o principal fator <strong>para</strong> a ocorrência <strong>de</strong>sta situação. O<br />

objetivo <strong>da</strong> mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> é <strong>de</strong>terminar se um <strong>de</strong>feito pré-existente, do tipo<br />

trinca, irá ou não levar o componente <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> catastrófica <strong>para</strong> tensões normais <strong>de</strong><br />

serviço, permitindo, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong>terminar o grau <strong>de</strong> segurança efetivo <strong>de</strong> um<br />

componente trincado. Assim, outra preocupação na manutenção <strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gasodutos e oleodutos é o <strong>da</strong>no <strong>de</strong>vido <strong>à</strong>s forças externas com origem em<br />

<strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s internas. Essas <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m se transformar em<br />

<strong>fratura</strong>s ou vazamentos durante a vi<strong>da</strong> útil do gasoduto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que muitos dos<br />

gasodutos, usados em condições <strong>de</strong> constantes interrupções são sujeitos <strong>à</strong> carga <strong>de</strong><br />

fadiga <strong>de</strong> baixo ciclo. Inclusões não metálicas, especialmente sulfetos <strong>de</strong> várias<br />

formas, são os locais mais vulneráveis <strong>para</strong> o aprisionamento do hidrogênio, levando<br />

a fragilização do <strong>tubo</strong>. O foco do problema, assim, resi<strong>de</strong> em aumentar a resistência<br />

mecânica do aço sem sacrificar a resistência <strong>à</strong> corrosão, a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<br />

sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

22


O processo <strong>de</strong> fadiga envolve as etapas <strong>de</strong> início e propagação <strong>de</strong> trinca. Em<br />

processos cíclicos <strong>de</strong> fadiga (senoi<strong>da</strong>l), o início <strong>de</strong> trinca é a etapa <strong>de</strong> propagação<br />

que po<strong>de</strong>m constituir nas partes principais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do componente mecânico.<br />

Durante o processo <strong>de</strong> operação dos gasodutos, os <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço estão sujeitos a<br />

carregamentos cíclicos internos e externos e, também, há variações <strong>de</strong> pressão<br />

interna no carregamento. Devido <strong>à</strong>s variações <strong>de</strong> pressão, o comportamento <strong>à</strong><br />

fadiga do gasoduto com <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> tem se tornado uma <strong>da</strong>s maiores<br />

preocupações (ZHONG, 2006).<br />

Hidrogênio no aço reduz a resistência <strong>à</strong> coesão <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> grão e<br />

<strong>de</strong>cresce a tensão <strong>de</strong> <strong>fratura</strong>. A taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> trinca do aço acelera-se na<br />

presença <strong>de</strong> hidrogênio. O hidrogênio po<strong>de</strong> produzir redução acentua<strong>da</strong> na<br />

ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> e tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço, particularmente, quando o aço está na condição<br />

laminado <strong>à</strong> quente. A <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> fragilização po<strong>de</strong> ser obti<strong>da</strong> em<br />

uma atmosfera <strong>de</strong> hidrogênio (HARDIE; CHARLES; LOPEZ, 2006). A<br />

susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> fissuração pelo hidrogênio está particularmente relaciona<strong>da</strong> <strong>à</strong><br />

composição do aço e a história <strong>de</strong> processamento e como estes parâmetros afetam<br />

inclusões não-metálicas (tipo, tamanho e morfologia) e a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> do material em<br />

acomo<strong>da</strong>r o hidrogênio (BEIDOKHTI; DOLATI; KOUKABI, 2009).<br />

A adição <strong>de</strong> inibidores <strong>de</strong> corrosão, <strong>de</strong>sumidificação <strong>de</strong> gás ou revestimento<br />

interno <strong>de</strong> tubulação po<strong>de</strong> ser feito <strong>para</strong> evitar a corrosão; mas estes procedimentos<br />

são caros e difíceis <strong>de</strong> execução. Atenção tem sido <strong>da</strong><strong>da</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

aços capazes <strong>de</strong> resistir <strong>à</strong> fragilização pelo hidrogênio e corrosão sob tensão.<br />

Neste trabalho, foi realizado ensaio experimental <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong><br />

elasto-plástica com corpos <strong>de</strong> prova SE(B) do aço API 5L X65 através do ensaio <strong>de</strong><br />

CTOD. A saturação <strong>de</strong> hidrogênio será realiza<strong>da</strong> nas amostras prontas, incluindo a<br />

pré-trinca, <strong>para</strong> o ensaio <strong>de</strong> CTOD, com o objetivo <strong>de</strong> avaliar a influência <strong>da</strong><br />

fragilização pelo hidrogênio nos valores quantitativos <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>.<br />

23


1.1 Justificativa<br />

A fragilização pelo hidrogênio po<strong>de</strong> ser acompanha<strong>da</strong> através <strong>de</strong> diferentes<br />

ensaios mecânicos. Quando o <strong>tubo</strong> é exposto <strong>à</strong> ambiente ácido, átomos <strong>de</strong><br />

hidrogênio são produzidos <strong>pela</strong> corrosão catódica e, após difusão, são aprisionados<br />

em <strong>de</strong>feitos metalúrgicos e na matriz do aço. Trincas po<strong>de</strong>m ocorrer se uma<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> crítica <strong>de</strong> hidrogênio é atingi<strong>da</strong>. Como a tendência é<br />

trabalhar com <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> alta resistência na condução <strong>de</strong> óleo e gás, estu<strong>da</strong>-se<br />

a aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do teste <strong>de</strong> CTOD em amostras carrega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> hidrogênio <strong>para</strong><br />

avaliar a influência <strong>de</strong>sta saturação nos resultados <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> em<br />

condições elasto-plástica.<br />

Devido <strong>à</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> crescente <strong>de</strong> aplicação dos <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço sem costura em<br />

ambiente com alta agressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> corrosiva (alta pressão parcial <strong>de</strong> H2S). Gran<strong>de</strong>s<br />

empresas estão planejando incluir em seus projetos <strong>de</strong> dutos os requisitos <strong>de</strong> CTOD<br />

hidrogenado. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste ensaio e <strong>de</strong> aços que respon<strong>de</strong>m melhor <strong>à</strong><br />

essa solicitação tornam-se etapas importantes e imprescindíveis <strong>para</strong> o sucesso<br />

<strong>de</strong>sse planejamento.<br />

1.2 Objetivos<br />

Avaliar a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> com base nos resultados obtidos pelo teste <strong>de</strong><br />

CTOD – “Crack-tip opening displacement” <strong>de</strong> Carga Máxima e CTOD Crítico na<br />

temperatura <strong>de</strong> -30°C realizados em amostras retira<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dimensão do <strong>tubo</strong> 323,90<br />

x 27,0 mm sem costura, grau X65, temperado e revenido.<br />

Obter através <strong>de</strong> regressão <strong>da</strong> linha <strong>de</strong> tendência <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong><br />

trinca R o valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação com extensão <strong>de</strong> trinca <strong>de</strong> 0,2 mm, conforme<br />

norma BS 7448.<br />

Avaliar a influência <strong>da</strong> solução áci<strong>da</strong> nos valores quantitativos <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>à</strong> <strong>fratura</strong> em amostras na condição <strong>de</strong> hidrogena<strong>da</strong> do <strong>tubo</strong> aço API 5L X65.<br />

Avaliar e i<strong>de</strong>ntificar o tipo <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> ocorri<strong>da</strong> na propagação <strong>da</strong> trinca em<br />

corpos <strong>de</strong> prova hidrogenados após ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

24


2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 Tubos <strong>de</strong> aço API 5L<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> alta resistência tem como base os aços<br />

micro-ligados conhecidos, também, como aços <strong>de</strong> alta resistência e baixa liga<br />

(ARBL). Estes aços têm teores em peso <strong>de</strong> carbono variando <strong>de</strong> 0,06% a 0,25%,<br />

manganês até 1,90% e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cromo, níquel, molibdênio, cobre, nitrogênio,<br />

vanádio, nióbio e titânio combina<strong>da</strong>s, raramente exce<strong>de</strong>ndo <strong>à</strong> 0,1% o teor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

elemento individualmente e sem ultrapassar um total <strong>de</strong> 8% em peso <strong>da</strong><br />

composição. A Tabela 1 mostra os teores <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> elemento em % <strong>de</strong> peso que<br />

aten<strong>de</strong>m a norma API 5L em diversas aplicações (API 5L Specifications, 2007).<br />

Classe<br />

Tabela 1: Composição química dos aços API 5L em % peso<br />

Composição Química<br />

C Si Mn P S V Nb Ti<br />

B < 0,24 < 0,40 < 1,20 < 0,025 < 0,015 - - - < 0,43<br />

X42 < 0,24 < 0,40 < 1,20 < 0,025 < 0,015 < 0,06 < 0,05 < 0,04 < 0,43<br />

X52 < 0,24 < 0,45 < 1,40 < 0,025 < 0,015 < 0,10 < 0,05 < 0,04 < 0,43<br />

X60 < 0,18 < 0,45 < 1,70 < 0,025 < 0,015 - - - < 0,43<br />

X65 < 0,18 < 0,45 < 1,70 < 0,025 < 0,015 - - - < 0,43<br />

X70 < 0,18 < 0,45 < 1,80 < 0,025 < 0,015 - - - < 0,43<br />

X80 < 0,18 < 0,45 < 1,90 < 0,025 < 0,015 - - - -<br />

Fonte: API 5L Specifications (2007).<br />

Estes aços (ARBL) foram inicialmente <strong>de</strong>senvolvidos <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> gás e óleo brasileira que surgiu como emergente no<br />

final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 e, nesta primeira déca<strong>da</strong> do século XXI, passou a ser auto-<br />

suficiente na produção <strong>de</strong> petróleo. As principais características dos aços ARBL são<br />

eleva<strong>da</strong>s resistências mecânicas, sem per<strong>de</strong>r a ductili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong><br />

em baixas temperaturas, a conformabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> em função do seu<br />

baixo carbono equivalente – CE (CALOI , 2008). O CE <strong>para</strong> os aços <strong>de</strong>finidos pelo<br />

Instituto Internacional <strong>de</strong> Sol<strong>da</strong>gem (IIW) é <strong>da</strong>do <strong>pela</strong> equação 1:<br />

Ceq<br />

25


CE(<br />

IIW)<br />

= C +<br />

Mn<br />

6<br />

+<br />

( Cr + Mo + V)<br />

( Ni + Cu)<br />

Para os aços com baixo teor <strong>de</strong> carbono, Billingham et al. (2003) recomen<strong>da</strong><br />

o uso do cálculo do carbono equivalente por meio do índice PCM <strong>da</strong>do <strong>pela</strong><br />

equação 2:<br />

5<br />

( Mn + Cu + Cr)<br />

V Mo<br />

Si Ni<br />

CE( PCM ) = C + + +<br />

+ + + 5B<br />

10 15 20 30 60<br />

Vários autores analisaram a sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aços API 5L usando-se o<br />

diagrama <strong>de</strong> Graville entre eles Gray e Pontremoli (1987) (Figura 1). Este diagrama<br />

mostra três regiões <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s <strong>pela</strong>s <strong>técnica</strong>s <strong>de</strong> sol<strong>da</strong>gem em condições<br />

favoráveis (Região I), em condições com alguns cui<strong>da</strong>dos especiais (Região II) e em<br />

condições on<strong>de</strong> o comportamento do material não é favorável <strong>para</strong> essa prática<br />

(Região III), relacionando o teor do carbono equivalente com o teor <strong>de</strong> carbono<br />

encontrado no aço. O grau X65 está localizado na região I do gráfico.<br />

Figura 1: Diagrama <strong>de</strong> Graville, sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aços ARBL em função do teor <strong>de</strong> carbono e do<br />

carbono equivalente (IIW).<br />

Fonte: Dhua; Mukerjee; Samma (2007).<br />

A utilização <strong>de</strong> <strong>tubo</strong>s fabricados a partir <strong>de</strong> aços com melhores proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mecânico-metalúrgicas tem contribuído <strong>para</strong> a redução <strong>de</strong> custos <strong>da</strong> construção <strong>de</strong><br />

malhas <strong>de</strong> dutos, tornando-se possível selecionar <strong>tubo</strong>s com menores espessuras<br />

+<br />

15<br />

26<br />

(1)<br />

(2)


<strong>de</strong> pare<strong>de</strong> mesmo com altas pressões <strong>de</strong> trabalho o que resulta na diminuição do<br />

peso dos <strong>tubo</strong>s e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sol<strong>da</strong> necessária <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> junta.<br />

O grau do aço, segundo a norma API 5L (2007) especifica o limite mínimo <strong>de</strong><br />

escoamento do material em 1000 libras por polega<strong>da</strong> quadra<strong>da</strong> (ksi); por exemplo, o<br />

grau X65 tem um limite mínimo <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> 65 ksi (aproxima<strong>da</strong>mente 450<br />

MPa). Atualmente no Brasil, fabrica-se <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço sem costura até o grau API 5L<br />

X80 com o limite <strong>de</strong> escoamento mínimo <strong>de</strong> 80 ksi (aproxima<strong>da</strong>mente 550 MPa) A<br />

seguir (Tabela 2) lista-se as principais aplicações dos <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço API 5L <strong>de</strong> acordo<br />

com a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica.<br />

Classe do limite <strong>de</strong><br />

escoamento<br />

Mínimo <strong>de</strong> 220 MPa<br />

Tabela 2: Aços API fabricados no Brasil e suas aplicações<br />

Graus Típicos Uso<br />

API 5L – A / B / X42 /<br />

X46 / X52 / X56<br />

Mínimo <strong>de</strong> 415 MPa API – 5L X60 / X65<br />

Mínimo <strong>de</strong> 485 MPa API 5L X70<br />

Mínimo <strong>de</strong> 555 MPA API 5L X80<br />

Fonte: API 5L Specifications (2007).<br />

Dutos <strong>de</strong> baixa pressão.<br />

Dutos submetidos <strong>à</strong> média e alta<br />

pressão.<br />

Dutos Submetidos a altas<br />

pressões<br />

27<br />

Dutos submetidos <strong>à</strong> alta pressão<br />

on<strong>de</strong> a economia <strong>de</strong> peso é muito<br />

importante <strong>para</strong> o projeto.<br />

Nos últimos anos, tem sido testa<strong>da</strong> com sucesso a inserção <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong><br />

liga como o molibdênio, o cobre e o níquel, além <strong>de</strong> processos como tratamento<br />

térmico, possibilitando o <strong>de</strong>senvolvimento do aço <strong>de</strong> grau X100 e X120. O Grau API<br />

5L-X65 <strong>para</strong> <strong>tubo</strong> tem papel fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> aplicações em oleodutos, gasodutos e<br />

<strong>para</strong> injeção <strong>de</strong> água, caracterizado como “Line pipe” ou “Riser”, pois possuem<br />

características como boa resistência e boa conformabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, boa tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, boa<br />

sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> e boa resistência a corrosão.<br />

Em relação <strong>à</strong> composição química, os elementos micro-ligantes são<br />

adicionados ao aço com finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produzir redução do tamanho <strong>de</strong> grão,<br />

endurecimento por solução sóli<strong>da</strong> e por precipitação, ganhando em resistência


mecânica, resistência a corrosão e boa tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. A Figura 2 <strong>de</strong>screve os diversos<br />

mecanismos <strong>de</strong> endurecimento usados <strong>para</strong> atingir limite <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> acordo<br />

com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Figura 2: Contribuição dos mecanismos <strong>de</strong> endurecimento <strong>para</strong> atingir limite <strong>de</strong> escoamento<br />

Fonte: Companhia Brasileira <strong>de</strong> Metalurgia e Mineração<br />

2.2 Processo <strong>de</strong> fabricação<br />

Os <strong>tubo</strong>s fornecidos ao mercado são pertencentes <strong>à</strong>s classes sem e com<br />

costura. Os <strong>de</strong>nominados sem costura são fabricados pelo processo <strong>de</strong><br />

conformação normalmente até o diâmetro externo <strong>de</strong> 16’’ (406 mm). Estes têm a<br />

característica <strong>de</strong> não possuir um cordão <strong>de</strong> sol<strong>da</strong> ao longo do seu comprimento que<br />

é um fator importante, quando avaliado a tendência <strong>de</strong>ste local ser um concentrador<br />

<strong>de</strong> imperfeições e tensões residuais.<br />

Na V&M do Brasil, os blocos obtidos por lingotamento contínuo constituem a<br />

matéria-prima <strong>para</strong> fabricação <strong>de</strong> <strong>tubo</strong>s sem costura. O aço é fabricado no<br />

convertedor LD e, posteriormente, realizam-se, em metalurgia secundária, os<br />

tratamentos <strong>de</strong> inclusões globulares com cálcio e silício, <strong>de</strong>sgaseificação a vácuo e<br />

eliminação <strong>de</strong> inclusões através <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> argônio. Após metalurgia secundária,<br />

o aço líquido é lingotado <strong>para</strong> produção <strong>de</strong> barra <strong>de</strong> 230 mm <strong>de</strong> diâmetro e<br />

comprimento <strong>de</strong> 6 metros.<br />

28


Na fabricação do <strong>tubo</strong> sem costura, a primeira laminação dos blocos <strong>de</strong> aço é<br />

on<strong>de</strong> ocorre <strong>de</strong>formação intensa. A segun<strong>da</strong> laminação é realiza<strong>da</strong> <strong>para</strong> ajustar o<br />

diâmetro externo e espessura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>. A terceira etapa <strong>de</strong> laminação objetiva o<br />

acabamento final seguido <strong>de</strong> um resfriamento ao ar. Posteriormente <strong>à</strong> laminação, os<br />

<strong>tubo</strong>s são tratados termicamente através do processo <strong>de</strong> têmpera e revenimento<br />

<strong>para</strong> atingir as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>seja<strong>da</strong>s.<br />

2.3 Mecânica <strong>da</strong> Fratura<br />

A presença <strong>de</strong> trincas ou <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s em componentes estruturais po<strong>de</strong><br />

propiciar a <strong>fratura</strong> catastrófica <strong>de</strong>sses componentes, e, usualmente, essas trincas se<br />

formam em diferentes etapas do processo <strong>de</strong> fabricação, uma vez que a matéria<br />

prima é sujeita a solicitações mecânicas ou gradientes térmicos <strong>para</strong> adquirir a forma<br />

do produto final. Durante a vi<strong>da</strong> útil do componente, po<strong>de</strong> haver nucleação e<br />

propagação <strong>de</strong> trincas <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> fadiga (carregamento cíclico) ou outros fenômenos<br />

(<strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo meio com presença <strong>de</strong> hidrogênio) (TORRICO, 2006).<br />

A utilização <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> segurança é uma primeira tentativa no sentido <strong>de</strong><br />

evitar falhas provoca<strong>da</strong>s <strong>pela</strong> presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s, assegurando-se que o<br />

material trabalhe abaixo <strong>da</strong>s cargas admissíveis. No entanto, uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

projetos atuais é apresentar os menores custos possíveis, <strong>para</strong> que o produto possa<br />

ser competitivo e eficiente. As reduções <strong>de</strong> custos ou <strong>de</strong> peso requerem que os<br />

projetistas trabalhem com fatores <strong>de</strong> segurança reduzidos.<br />

A mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> tem como principal objetivo <strong>de</strong>terminar se um <strong>de</strong>feito<br />

pré-existente, tipo trinca, irá ou não levar o componente <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> catastrófica <strong>para</strong><br />

tensões normais <strong>de</strong> serviço permitindo, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong>terminar o grau <strong>de</strong> segurança<br />

efetivo <strong>de</strong> um componente trincado (ANDERSON, 2004). Além disso, é importante<br />

<strong>de</strong>terminar a taxa com que a trinca se propaga. Uma vez <strong>de</strong>terminado o tamanho<br />

crítico <strong>da</strong> trinca e, também, a sua taxa <strong>de</strong> propagação, po<strong>de</strong>m ser programa<strong>da</strong>s<br />

inspeções com <strong>técnica</strong>s não <strong>de</strong>strutivas, <strong>para</strong> verificar se o tamanho real <strong>da</strong> trinca<br />

não está próximo do tamanho crítico, o que significa fim <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil do componente.<br />

A mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> por meios <strong>de</strong> projetos mais confiáveis e programas <strong>de</strong><br />

inspeções, possibilita uma utilização segura <strong>de</strong> componentes com trincas, sem a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> segurança elevados e com a confiança <strong>de</strong> que não<br />

29


ocorrerá uma falha imprevista. Na literatura, a mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> divi<strong>de</strong>-se em<br />

linear-elástica (MFLE) e elasto-plástica (MFEP). A MFLE é utiliza<strong>da</strong> em situações em<br />

que a <strong>fratura</strong> ocorre ain<strong>da</strong> no regime linear-elástico. Ocorre <strong>para</strong> ligas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

e eleva<strong>da</strong> resistência mecânica. (ALCÂNTARA, 2003). A MFEP é utiliza<strong>da</strong> em<br />

situações em que a <strong>fratura</strong> ocorre no regime plástico, ou seja, em materiais trincados<br />

a <strong>de</strong>formação plástica irá controlar a propagação <strong>da</strong> trinca. A tendência dos<br />

materiais que se encaixam <strong>de</strong>ntro do grupo MFEP é ter como característica uma boa<br />

ductili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Westergaard (1939) estudou o problema do campo <strong>de</strong> tensão ao redor <strong>da</strong><br />

ponta <strong>da</strong> trinca e formulou um mo<strong>de</strong>lo matemático que permitiu <strong>de</strong>finir o fator <strong>de</strong><br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tensões – Kc (Figura 3).<br />

Figura 3: Campo <strong>de</strong> tensão <strong>da</strong> trinca.<br />

Fonte: Westergaard (1939).<br />

Define-se a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>de</strong> um material como a sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

inerente <strong>de</strong> resistir a certo valor <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão na ponta <strong>de</strong> uma trinca<br />

nele presente sem que ocorra a <strong>fratura</strong>. O fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> tensões na ponta <strong>de</strong><br />

uma trinca po<strong>de</strong> variar com o nível <strong>de</strong> carregamento aplicado e com o comprimento<br />

<strong>da</strong> trinca. Existe um único nível <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> que causa a <strong>fratura</strong>, que é o nível<br />

crítico <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensões, <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>. Desta forma é<br />

feito uma pequena com<strong>para</strong>ção dizendo que a tensão está <strong>para</strong> a resistência<br />

mecânica assim como o fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensões está <strong>para</strong> a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong><br />

<strong>fratura</strong> (COLLINS, 2006).<br />

30


A tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> temperatura e <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> carregamento<br />

impostas ao material. O efeito <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> carregamento leva as várias categorias <strong>de</strong><br />

valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>:<br />

a) K1c = tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> estática obti<strong>da</strong> sob condições <strong>de</strong> baixas taxas<br />

<strong>de</strong> carregamento.<br />

b) K1d = tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> dinâmica obti<strong>da</strong> sob condições <strong>de</strong> altas taxas<br />

<strong>de</strong> carregamento.<br />

c) K1a = tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>de</strong> travamento <strong>da</strong> trinca obti<strong>da</strong> a partir do valor<br />

<strong>de</strong> KI sob condições on<strong>de</strong> uma <strong>fratura</strong> propagando-se rapi<strong>da</strong>mente é<br />

trava<strong>da</strong> no interior do corpo <strong>de</strong> prova.<br />

Quanto maior a taxa <strong>de</strong> carregamento menor será a <strong>de</strong>formação plástica do<br />

material e qualquer fator que restrinja esta <strong>de</strong>formação tem como conseqüência <strong>à</strong><br />

que<strong>da</strong> <strong>da</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> do material e <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>. Os materiais apresentam<br />

uma variação <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> com a variação <strong>da</strong> temperatura. Metais com estrutura<br />

cristalina cúbica <strong>de</strong> corpo centrado apresentam sensível que<strong>da</strong> em tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

certa faixa <strong>de</strong> temperatura. A causa <strong>da</strong> transição do comportamento dúctil <strong>para</strong> frágil,<br />

quando a temperatura diminui é uma mu<strong>da</strong>nça no modo <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> <strong>de</strong> cisalhamento<br />

<strong>para</strong> clivagem, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> inibição dos mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica (DIETER,<br />

1988). A figura 4 abaixo mostra os efeitos <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> carregamento e <strong>da</strong> temperatura<br />

em aços comumente fabricados <strong>para</strong> a indústria petrolífera.<br />

31


Figura 4: Fatores que influenciam a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>: taxa <strong>de</strong> carregamento e temperatura.<br />

Fonte: Dieter (1998).<br />

A <strong>de</strong>terminação experimental <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> em corpos <strong>de</strong> prova em<br />

estado plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer <strong>à</strong> relação:<br />

on<strong>de</strong>:<br />

a,<br />

B,<br />

( W<br />

⎛<br />

− a)<br />

≥ ⎜<br />

⎝<br />

σ<br />

a = comprimento <strong>de</strong> trinca, B = espessura do corpo <strong>de</strong> prova, (W-a) =<br />

ligamento remanescente do corpo <strong>de</strong> prova, KI = fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão<br />

K I<br />

segundo o modo trativo e σy = limite <strong>de</strong> escoamento.<br />

Desta forma, <strong>para</strong> os corpos <strong>de</strong> prova satisfazerem aos requisitos <strong>da</strong> equação<br />

3, a sua espessura é aproxima<strong>da</strong>mente 50 vezes o raio <strong>da</strong> zona plástica sob<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plana, aten<strong>de</strong>ndo ao requisito <strong>de</strong> que a zona plástica<br />

esteja conti<strong>da</strong> em um campo <strong>de</strong> tensões elásticas.<br />

y<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

32<br />

(3)


A energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> <strong>para</strong> a propagação <strong>de</strong> uma trinca no estado plano <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica do material. A Figura 5<br />

mostra a evolução <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> <strong>para</strong> temperatura <strong>de</strong> -40°C em função <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>/dN <strong>para</strong> o fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 35 MPa· (m) 1/2 <strong>para</strong> diferentes aços<br />

X60 e X70, conforme avaliou SHAN em 2005. O aço com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica<br />

mais eleva<strong>da</strong> tem uma energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> maior e o <strong>da</strong>/dN, que estabelece a taxa <strong>de</strong><br />

propagação <strong>de</strong> trinca por ciclo, é diretamente proporcional a resistência mecânica.<br />

Figura 5: Evolução <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> em temperatura <strong>de</strong> -40 °C em função <strong>de</strong> <strong>da</strong>/dN <strong>para</strong> o fator<br />

<strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 35 MPa·(m) 1/2 <strong>para</strong> os aços X60 e X70.<br />

Fonte: Shan (2005).<br />

A Mecânica <strong>de</strong> Fratura Elasto-Plástica (MFEP) é a alternativa <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong><br />

<strong>para</strong> o estudo <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> em materiais que exibem consi<strong>de</strong>rável plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> na ponta<br />

<strong>da</strong> trinca, e, portanto, a equação 3 não é atendi<strong>da</strong>.<br />

A Figura 6 mostra as condições on<strong>de</strong> se aplica a MFEP, contendo uma região<br />

com <strong>de</strong>formação plástica (ry) circun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> uma região com <strong>de</strong>formação elástica<br />

(rp). Após a redistribuição <strong>de</strong> tensões, observa-se que o campo elasto-plástico é<br />

maior do que o campo elástico. Isto implica que KI <strong>de</strong>va ser aumentado. Os<br />

materiais empregados em construção mecânica apresentam plastici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rável, quando solicitados, principalmente, nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos<br />

33


eventualmente existentes. Para <strong>da</strong>r respaldo a estes casos é, então, emprega<strong>da</strong> a<br />

mecânica <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> elasto-plástica (MFEP) on<strong>de</strong> existem CTOD e Integral J como<br />

<strong>técnica</strong>s <strong>para</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> nestes materiais.<br />

Figura 6: Representação esquemática, mostrando a zona elasto-plástica na frente <strong>de</strong> uma trinca.<br />

Fonte: Toffolo (2008).<br />

2.3.1 Desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>técnica</strong> do CTOD<br />

O método CTOD dá uma continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> aplicação <strong>da</strong> Mecânica <strong>da</strong> Fratura<br />

<strong>para</strong> o regime elasto-plástico. A <strong>avaliação</strong> do comportamento <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> apresentado<br />

pelos materiais neste regime é dos mais importantes, uma vez que se trata do<br />

regime que normalmente acompanha a maioria <strong>da</strong>s aplicações estruturais<br />

envolvendo aços <strong>de</strong> média e baixa resistência mecânica. É indicado <strong>para</strong> materiais<br />

que apresentam mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> comportamento (transição dúctil-frágil) com o<br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>da</strong> temperatura.<br />

Região: <strong>de</strong>formação<br />

plástica.<br />

Região: <strong>de</strong>formação<br />

elástica.<br />

WELLS (1961) <strong>de</strong>senvolveu um conceito que permitiu estabelecer a<br />

existência <strong>de</strong> um único campo <strong>de</strong> tensões e <strong>de</strong>formações ao redor <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong><br />

trinca causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> intensificação <strong>da</strong>s tensões no caso <strong>de</strong> regime elasto-plástico<br />

que é o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> abertura entre os planos <strong>da</strong> trinca, CTOD, como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

34


tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>. O seu experimento consi<strong>de</strong>rou uma chapa plana infinita<br />

contendo uma trinca plana vazante (Figura 7) (ANDERSON, 2004).<br />

Figura 7: Trinca do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Wells.<br />

Fonte: Wells (1961).<br />

Wells (1961) partiu <strong>da</strong>s expressões <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s <strong>para</strong> materiais elásticos<br />

que proporciona o afastamento entre as faces <strong>da</strong> trinca, no interior <strong>da</strong> mesma<br />

(Equação 4).<br />

on<strong>de</strong>:<br />

2σ<br />

2<br />

V = a − x<br />

E<br />

V é o afastamento <strong>de</strong> uma face <strong>da</strong> trinca até o centro <strong>da</strong> mesma;<br />

σ é a tensão aplica<strong>da</strong>;<br />

σ<br />

σ<br />

2<br />

35<br />

(4)


E é o módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do material;<br />

a é a meta<strong>de</strong> do tamanho <strong>da</strong> trinca;<br />

x é a distância do centro <strong>da</strong> trinca a ponta <strong>da</strong> trinca na direção X.<br />

Wells (1961) consi<strong>de</strong>rou uma trinca virtual <strong>de</strong> tamanho (a+rp) on<strong>de</strong> “a” é a<br />

meta<strong>de</strong> do tamanho <strong>da</strong> trinca real e “rp” o raio <strong>da</strong> zona plástica. Consi<strong>de</strong>rando o<br />

estado plano <strong>de</strong> tensões, tem-se a equação 5:<br />

1 ⎛ k1<br />

⎞<br />

rp = ⎜ ⎟<br />

2π<br />

⎝ σy<br />

⎠<br />

Substituindo na equação 4 o comprimento <strong>da</strong> trinca real (a) pelo tamanho <strong>da</strong><br />

trinca virtual (a+ rp) e x = a na ponta <strong>da</strong> trinca real, tem-se a equação 6:<br />

2σ<br />

V = 2ar<br />

−<br />

E<br />

2<br />

2<br />

p rp<br />

Substituindo os valores “rp” <strong>da</strong> equação 5 na equação 6 no estado plano <strong>de</strong><br />

tensão, tem-se a equação 7:<br />

2σ<br />

a ⎛ K1<br />

⎞<br />

V = ⎜ ⎟<br />

E π ⎝ σy<br />

⎠<br />

Para a trinca <strong>de</strong> Wells (1961) tem-se a equação 8:<br />

K 1<br />

Deduzindo, tem-se a equação 9:<br />

σ =<br />

= σ<br />

π⋅<br />

K 1<br />

π⋅<br />

a<br />

a<br />

2<br />

36<br />

(5)<br />

(6)<br />

(7)<br />

(8)<br />

(9)


Substituindo valores, tem-se a equação 10:<br />

V =<br />

2<br />

1<br />

K<br />

π⋅<br />

E ⋅σ<br />

Fazendo o valor <strong>de</strong> CTOD (δ) igual a 2V que correspon<strong>de</strong> a abertura na ponta<br />

<strong>da</strong> trinca real, tem-se a equação 11:<br />

2<br />

1<br />

2 K<br />

δ = ⋅<br />

π E ⋅σ<br />

Assim, a equação 11 <strong>de</strong>termina o valor <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca.<br />

Bur<strong>de</strong>kin e Stone (1966) <strong>de</strong>senvolveram um conceito similar ao <strong>de</strong> Wells<br />

(1961) a partir <strong>de</strong> uma chapa infinita com a trinca no comprimento <strong>de</strong> 2a. Esta chapa<br />

é submeti<strong>da</strong> a uma tensão trativa uniforme. Sob a ação <strong>da</strong> carga que provoca esta<br />

tensão foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> na ponta <strong>da</strong> trinca uma zona plástica <strong>de</strong> comprimento P<br />

on<strong>de</strong> tem-se uma tensão uniforme e constante ao escoamento do material nesta<br />

região (Figura 8).<br />

y<br />

y<br />

(10)<br />

37<br />

(11)


Figura 8: Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trinca <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> por Dug<strong>da</strong>le.<br />

Fonte: Dug<strong>da</strong>le (1960).<br />

Bur<strong>de</strong>kin e Stone (1966) chegaram <strong>à</strong> seguinte expressão (Equação 12):<br />

8⋅<br />

σ y ⋅a<br />

⎡ ⎛<br />

⎢ ⎜<br />

πσ<br />

δ = ln sec<br />

Eπ<br />

⎢<br />

⎜<br />

⎣ ⎝<br />

2 ⋅σ<br />

Dawes (1974), a partir do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Bur<strong>de</strong>kin e Stone (1966), efetuou<br />

experimentos e propôs uma nova expressão <strong>para</strong> cálculo do CTOD. Ele utilizou um<br />

instrumento <strong>de</strong>nominado extensômetro <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> (“clip-gage”) que permite um<br />

monitoramento <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong>s faces <strong>da</strong> trinca durante o ensaio, obtendo a medi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento Vg. A conversão do <strong>de</strong>slocamento Vg, obtido pelo “clip-gage” <strong>para</strong><br />

o valor do CTOD no ensaio SE(B), é realiza<strong>da</strong> através <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> um<br />

centro <strong>de</strong> rotação aparente do corpo <strong>de</strong> prova, situado abaixo <strong>da</strong> trinca, ilustrado<br />

<strong>pela</strong> figura 9.<br />

σ<br />

Tensão Uniforme Aplica<strong>da</strong> (no infinito)<br />

δ<br />

a P<br />

σ<br />

σ<br />

y<br />

y<br />

⎞⎤<br />

⎟<br />

⎥<br />

⎠⎥⎦<br />

(12)<br />

38


Figura 9: Representação esquemática <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> trinca durante um ensaio <strong>de</strong> flexão em um<br />

corpo <strong>de</strong> prova tipo SE(B).<br />

Fonte An<strong>de</strong>rson (2004).<br />

Esse centro <strong>de</strong> rotação é gerado pelo carregamento aplicado <strong>à</strong> amostra, que<br />

provoca uma <strong>de</strong>formação em torno <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong>nominado centro aparente <strong>de</strong><br />

rotação. Através <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> Figura 9, o valor <strong>da</strong> componente plástica <strong>de</strong> CTOD δ,<br />

se <strong>de</strong>termina por semelhança <strong>de</strong> triângulos a partir do <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> abertura <strong>da</strong><br />

“boca” <strong>da</strong> trinca Vg (Equação 13).<br />

on<strong>de</strong>:<br />

V g<br />

δ =<br />

1(<br />

a + z)<br />

1+<br />

r(<br />

W − a)<br />

Vg – Valor do <strong>de</strong>slocamento medido pelo extensômetro <strong>de</strong> <strong>fratura</strong>;<br />

a – Comprimento <strong>da</strong> trinca inicial;<br />

z – Distância <strong>da</strong> face do corpo <strong>de</strong> prova ao apoio do extensômetro <strong>de</strong> <strong>fratura</strong>;<br />

r – Distância do Centro <strong>de</strong> rotação aparente <strong>à</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> trinca;<br />

W – Largura do corpo <strong>de</strong> prova.<br />

Para o cálculo dos valores quantitativos <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>pela</strong> <strong>técnica</strong><br />

<strong>de</strong> CTOD δc é necessário somar as componentes elásticas e plástica (Equações 14,<br />

15 e 16):<br />

39<br />

(13)


δ<br />

δ<br />

pl<br />

el<br />

δ<br />

c<br />

= δ<br />

⎛<br />

⎜<br />

K<br />

=<br />

⎜<br />

⎝ 2*<br />

σ<br />

y<br />

el<br />

2<br />

+ δ<br />

* E<br />

pl<br />

⎞ 2 ( 1−<br />

υ ) ⎟<br />

⎛ rp<br />

* ( W − a0<br />

) * Vp<br />

⎞<br />

= ⎜<br />

⎟<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎝<br />

rp<br />

* ( W − a0<br />

) + a0<br />

+ z<br />

⎠<br />

On<strong>de</strong> a primeira parte (elástica) é a ligação entre o CTOD e a força <strong>para</strong> a<br />

extensão <strong>da</strong> trinca, G (Equação 17):<br />

G<br />

= δ ⋅ σ<br />

ys<br />

( 1−<br />

)<br />

⎡ 2<br />

K ⋅ υ<br />

= ⎢<br />

⎢⎣<br />

E<br />

A primeira parcela <strong>da</strong> equação <strong>de</strong>termina a parte elástica do CTOD, e a<br />

segun<strong>da</strong> parcela, a parte plástica. No comportamento essencialmente elástico, terá<br />

Vp aproxima<strong>da</strong>mente igual a zero e a equação se reduz <strong>à</strong> primeira parcela. Caso<br />

contrário, numa <strong>fratura</strong> essencialmente plástica, tem-se a primeira parcela <strong>da</strong><br />

equação com um valor <strong>de</strong>sprezível em relação ao segundo.<br />

Para a segun<strong>da</strong> parcela, adota-se <strong>pela</strong> norma BS 7448 em corpos <strong>de</strong> prova<br />

SE(B) o valor <strong>de</strong> rp = 0,4. Assim, tem-se a seguinte equação geral (Equação 18):<br />

on<strong>de</strong>:<br />

2<br />

⎠<br />

2<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

2 ( 1−<br />

υ ) 0,<br />

4(<br />

W − a )<br />

⎡ FS ⎛ a 0 ⎞⎤<br />

0 VP<br />

δ = ⎢ × f<br />

1 , 5 ⎜ ⎟<br />

BW W<br />

⎥ × +<br />

⎣ ⎝ ⎠⎦<br />

2σYSE<br />

0,<br />

4W<br />

+ 0,<br />

6a<br />

0 + z<br />

a0 = tamanho <strong>da</strong> pré-trinca;<br />

W = altura do corpo <strong>de</strong> prova;<br />

B = espessura do corpo <strong>de</strong> prova;<br />

(14)<br />

(15)<br />

(16)<br />

(17)<br />

40<br />

(18)


ν = coeficiente <strong>de</strong> Poisson;<br />

Vp = componente plástica <strong>da</strong> abertura <strong>de</strong> trinca;<br />

z = altura dos suportes do extensômetro;<br />

F = carga utiliza<strong>da</strong> no teste;<br />

f(a0/W) = fator <strong>de</strong> forma <strong>de</strong> acordo com a seguinte fórmula f(a0/W);<br />

S = distância entre apoio (4W);<br />

σYS=Limite <strong>de</strong> escoamento;<br />

E= Módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Quando o valor do CTOD = CTOD crítico, ocorre <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> do material com<br />

propagação instável, portanto, CTOD crítico = tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> (ASTM E1290-<br />

08e1, 2008). O método CTOD procura caracterizar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do material <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>formado plasticamente, antes <strong>da</strong> <strong>fratura</strong>, por meio <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> do afastamento <strong>da</strong>s<br />

faces <strong>de</strong> uma trinca pré-existente em um corpo <strong>de</strong> prova padronizado. Este valor<br />

crítico <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> trinca po<strong>de</strong> ser tratado como uma característica <strong>da</strong> região <strong>à</strong><br />

frente <strong>da</strong> trinca <strong>para</strong> um <strong>da</strong>do material testado sob um conjunto <strong>de</strong> condições. Este<br />

mo<strong>de</strong>lo foi utilizado na elaboração <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> norma <strong>pela</strong> British Stan<strong>da</strong>rd<br />

(Normas BS).<br />

2.3.2 CTOD<br />

O corpo <strong>de</strong> prova recomen<strong>da</strong>do <strong>pela</strong>s normas British Stan<strong>da</strong>rd BS 7448:1<br />

(1992) e ASTM E1290-08e1 (2008) é do tipo flexão em três pontos (Figura 10).<br />

41


Figura 10: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> dobramento em três apoios [Se (B)].<br />

Fonte: ASTM E1290-08e1 (2008).<br />

A espessura utiliza<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ser igual ou mais próxima do componente em<br />

serviço. O corpo <strong>de</strong> prova é pré-trincado em fadiga, a fim <strong>de</strong> simular um <strong>de</strong>feito com<br />

a máxima acui<strong>da</strong><strong>de</strong> possível.<br />

Um registro <strong>da</strong> carga aplica<strong>da</strong> ao corpo <strong>de</strong> prova <strong>pela</strong> abertura <strong>de</strong> trinca<br />

correspon<strong>de</strong>nte (monitora<strong>da</strong> por um “clip-gage”) permite a obtenção dos <strong>da</strong>dos a<br />

serem empregados na fórmula sugeri<strong>da</strong> por Dawes <strong>para</strong> o cálculo do valor <strong>de</strong> CTOD<br />

(Equação 19).<br />

δ<br />

c<br />

⎡<br />

= ⎢<br />

⎢⎣<br />

⋅<br />

2 ⋅ σ<br />

sendo que (Equação 20):<br />

2 ( 1−<br />

υ)<br />

⎤ ⎡ 0,<br />

4 ⋅ ( W − a)<br />

2<br />

K P<br />

y<br />

⋅ E<br />

⋅ V ⎤<br />

⎥ + ⎢<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

⎣0,<br />

4 ⋅ W + 0,<br />

6 ⋅ a + Z⎦<br />

⎛ P ⎞⎛<br />

Y<br />

K = ⎜ ⎟⎜<br />

0<br />

⎝ B ⎠⎝<br />

W<br />

Obtendo-se equação final (Equação 18).<br />

Observa-se na tabela 3 os valores calculados <strong>para</strong> a relação a0/W e o fator<br />

<strong>de</strong> forma f(a0/W):<br />

, 5<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

(19)<br />

42<br />

(20)


Tabela 3: Valores do fator forma <strong>para</strong> o intervalo 0,45 < a0/W < 0,55 conforme norma BS7448<br />

a0/W f(a0/W) a0/W f(a0/W) a0/W f(a0/W)<br />

0,450 2,29 0,455 2,32 0,460 2,35<br />

0,465 2,39 0,470 2,43 0,475 2,46<br />

0,480 2,50 0,485 2,54 0,490 2,58<br />

0,495 2,62 0,500 2,66 0,505 2,70<br />

0,510 2,75 0,515 2,79 0,520 2,84<br />

0,525 2,89 0,530 2,94 0,535 2,99<br />

0,540 3,04 0,545 3,09 0,550 3,14<br />

Fonte: Normas ASTM E1290-08e1 (2008).<br />

No corpo <strong>de</strong> prova, é <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> uma pré-trinca <strong>de</strong> fadiga com uma carga<br />

máxima <strong>da</strong><strong>da</strong> por (Equação 21):<br />

P<br />

f<br />

=<br />

0,<br />

5<br />

2<br />

Bb0σ<br />

S<br />

On<strong>de</strong> Pf é a força máxima <strong>de</strong> fadiga (Pmáx), b0 é o ligamento remanescente do corpo<br />

<strong>de</strong> prova com relação entre a carga mínima e máxima <strong>da</strong> equação 22:<br />

P<br />

P<br />

mín =<br />

máx<br />

0,<br />

1<br />

Durante o ensaio <strong>de</strong> CTOD um registro <strong>de</strong> carga aplica<strong>da</strong> em função do<br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> abertura do “clip-gage”, resulta normalmente em um dos cinco<br />

gráficos mostrado a seguir (Figura 11):<br />

LE<br />

(21)<br />

43<br />

(22)


11a<br />

11b<br />

Figura 11: Tipos <strong>de</strong> curvas carga x <strong>de</strong>slocamento, obti<strong>da</strong>s durante o ensaio CTOD.<br />

Fonte: ASTM E1290-08e1 (2008).<br />

As cargas e <strong>de</strong>slocamentos correspon<strong>de</strong>ntes aos eventos específicos no<br />

processo <strong>de</strong> iniciação e extensão <strong>da</strong> trinca são usados <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminar os valores<br />

<strong>de</strong> CTOD. No caso <strong>de</strong> uma curva contínua e suave, na qual a carga aumenta com o<br />

aumento do <strong>de</strong>slocamento até o início <strong>de</strong> propagação instável <strong>da</strong> trinca ou pop-in, e<br />

on<strong>de</strong> não ocorreu um significativo crescimento <strong>de</strong> trinca estável, o CTOD crítico <strong>de</strong>ve<br />

ser <strong>de</strong>terminado a partir <strong>da</strong> carga e <strong>da</strong> componente plástica correspon<strong>de</strong>nte aos<br />

pontos Pc e Vc. (Figuras 11a e 11b)<br />

No caso em que uma significativa extensão estável <strong>da</strong> trinca prece<strong>de</strong> a<br />

extensão instável <strong>da</strong> trinca ou pop-in, ou quando ocorre um patamar <strong>de</strong> carga<br />

máxima, as curvas carga-<strong>de</strong>slocamento serão dos tipos mostrados na figura 11 on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>-se obter P e V <strong>para</strong> cálculo do δu (11c e 11d) ou δm (11e).<br />

Adicionalmente aos valores <strong>de</strong> CTOD que são <strong>de</strong>terminados na figura 11,<br />

po<strong>de</strong>, também, ser <strong>de</strong>terminado o valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação, isto é, o valor <strong>de</strong><br />

abertura <strong>de</strong> trinca correspon<strong>de</strong>nte ao início <strong>de</strong> propagação <strong>da</strong> trinca. O interesse no<br />

valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação (δi) resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong>ste ser uma característica do<br />

material ensaiado, po<strong>de</strong>ndo até in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> espessura do corpo <strong>de</strong> prova,<br />

11c<br />

11d<br />

11e<br />

44


embora possa ser um valor por <strong>de</strong>mais conservador <strong>para</strong> ser utilizado em projeto.<br />

Para a obtenção do valor <strong>de</strong> δi, a norma British Stan<strong>da</strong>rd 7448:4 (1997) recomen<strong>da</strong><br />

a utilização <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> resistência <strong>à</strong> propagação <strong>de</strong> trinca CTOD que emprega<br />

vários corpos <strong>de</strong> prova. A curva <strong>de</strong> resistência <strong>à</strong> propagação <strong>de</strong> trinca CTOD é<br />

obti<strong>da</strong> registrando os valores <strong>de</strong> CTOD, <strong>de</strong> ensaios com diversos níveis <strong>de</strong> abertura<br />

<strong>de</strong> trinca imposta, contra a correspon<strong>de</strong>nte propagação <strong>de</strong> trinca. O valor <strong>de</strong> δi é<br />

<strong>da</strong>do <strong>pela</strong> interseção <strong>da</strong> reta obti<strong>da</strong> com linha vertical <strong>para</strong>lela o eixo <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s<br />

no ponto 0,2 mm, isto é, o valor <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>para</strong> uma extensão <strong>de</strong> trinca<br />

<strong>de</strong> 0,2 mm (δi 0,2).<br />

2.3.3 Variáveis sobre o teste <strong>de</strong> CTOD<br />

restrição.<br />

A figura 12 mostra um fenômeno, <strong>de</strong>finido por Pellini, como relaxação <strong>da</strong><br />

Figura 12: Gráfico <strong>de</strong>monstrando a relaxação <strong>da</strong> restrição.<br />

Fonte: Melvin e Po<strong>pela</strong>r (1985).<br />

Para se discutir relaxação <strong>da</strong> restrição, é necessário consi<strong>de</strong>rar a acui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

trinca. A trinca natural em uma estrutura e a <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong>ve ser<br />

equivalentemente agu<strong>da</strong>. O arredon<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca diminui a restrição e<br />

45


o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> escoamento plástico na ponta <strong>de</strong> uma trinca causa algum<br />

grau <strong>de</strong> arredon<strong>da</strong>mento durante o carregamento. Um material frágil praticamente<br />

não apresenta embotamento <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca, e esse comportamento é conhecido<br />

como “<strong>fratura</strong> sob condições <strong>de</strong> restrição sob <strong>de</strong>formação plana”. Contudo, <strong>para</strong> um<br />

material dúctil, que resiste a uma <strong>fratura</strong> precoce, o aumento na <strong>de</strong>formação plástica<br />

resulta em um significativo embotamento <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca. Como resultado, o limite<br />

(capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>) <strong>de</strong> restrição sob <strong>de</strong>formação plana imposto pelo sistema é excedido.<br />

Os efeitos são sinergéticos, on<strong>de</strong> o embotamento <strong>da</strong> trinca causa relaxação <strong>da</strong><br />

restrição (exce<strong>de</strong>ndo o limite <strong>de</strong> restrição), que aumenta o escoamento plástico,<br />

levando a um embotamento adicional e assim por diante, até um estado final <strong>de</strong><br />

<strong>fratura</strong> em excesso <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plana. A figura 13 abaixo mostra o<br />

formato <strong>da</strong> trinca após embotamento.<br />

Figura 13: Morfologia <strong>da</strong> trinca após embotamento.<br />

Fonte: Fortes (2003).<br />

A figura 14 mostra situações quando uma significativa propagação estável <strong>da</strong><br />

trinca prece<strong>de</strong> a extensão instável <strong>da</strong> trinca que po<strong>de</strong>rá ser consi<strong>de</strong>rado ou não no<br />

resultado final do CTOD.<br />

46


Figura 14: Gráfico <strong>de</strong>monstrando a insignificância <strong>de</strong> “pop-in”.<br />

Fonte: Fortes (2003).<br />

Este item <strong>de</strong>ve ser avaliado <strong>de</strong> uma maneira crítica, pois po<strong>de</strong>rá influenciar<br />

em alguns resultados o que po<strong>de</strong>rá mascarar os ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>à</strong> <strong>fratura</strong> quantitativamente. Se o “pop-in” for atribuído a uma extensão instável <strong>da</strong><br />

trinca aprisiona<strong>da</strong> no plano <strong>da</strong> pré-trinca <strong>de</strong> fadiga, o resultado <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado<br />

como uma característica do material testado. Esta extensão <strong>de</strong> trinca por “pop-in”<br />

po<strong>de</strong> ser avalia<strong>da</strong> por uma mu<strong>da</strong>nça na flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que se traduz em uma<br />

<strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> na curva P versus Vg, e, também, por um exame nas superfícies <strong>de</strong><br />

<strong>fratura</strong> após o teste.<br />

Existe uma metodologia utiliza<strong>da</strong> através <strong>da</strong> geometria <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminar se as<br />

<strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas curvas <strong>de</strong> testes realmente fazem parte <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço<br />

ou é apenas um fator pontual que po<strong>de</strong>rá estar mascarando a informação. Quando<br />

este exame não mostrar evidências claras <strong>de</strong> que a máxima extensão <strong>de</strong> “pop-in”<br />

exce<strong>de</strong>u 0,04 b0, o seguinte procedimento po<strong>de</strong> ser usado <strong>para</strong> avaliar a<br />

significância <strong>de</strong> pequenos “pop-in”: trace a tangente OA e uma linha <strong>para</strong>lela BC<br />

passando pelo ponto <strong>de</strong> carga máxima associado com o “pop-in”; trace a linha BD<br />

<strong>para</strong>lela ao eixo <strong>da</strong> carga; marque o ponto E em 0,95 BD, trace a linha CEF; marque<br />

o ponto G em que a carga volta a aumentar. Se o ponto G estiver <strong>de</strong>ntro do ângulo<br />

BCF, o “pop-in” po<strong>de</strong> ser ignorado; caso contrário, os valores <strong>de</strong>vem ser calculados<br />

no ponto B (Figura 15).<br />

47


0,95BD<br />

Figura 15: Gráfico <strong>de</strong>monstrando a significância <strong>de</strong> pop-in, não po<strong>de</strong> ser ignorado.<br />

Fonte: Fortes (2003).<br />

Entre os métodos <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong>senvolvidos na MFEP encontram-se a<br />

<strong>técnica</strong> do CTOD e a Integral J. Rice e Rosengreen (1968) propuseram o conceito<br />

<strong>da</strong> integral J que, também, é um parâmetro aceito no regime elasto-plástico. Este<br />

método é <strong>de</strong>scrito <strong>pela</strong> norma BS 7448, mas não será abor<strong>da</strong>do neste trabalho.<br />

2.4 Fragilização pelo hidrogênio<br />

Os aços API 5L possuem uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicações que envolvem a<br />

presença <strong>de</strong> hidrogênio, na forma gasosa a alta pressão ou em ambientes líquidos.<br />

A medi<strong>da</strong> que os anos passam, a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária <strong>para</strong> a exploração dos<br />

poços <strong>de</strong> petróleo, também, aumentam. Com esse aumento, o ambiente no qual o<br />

processo ocorre vem se tornando ca<strong>da</strong> vez mais severo no que diz respeito <strong>à</strong> sua<br />

ação corrosiva. Os metais ten<strong>de</strong>m a reagir espontaneamente com os líquidos ou<br />

gases do meio ambiente em que se encontram. Os meios nos quais os materiais<br />

estão inseridos durante seu trabalho são <strong>de</strong> importância na <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong><br />

susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste material <strong>à</strong> fragilização pelo hidrogênio. Estas condições são<br />

<strong>de</strong>terminantes <strong>para</strong> os <strong>tubo</strong>s que po<strong>de</strong>m sofrer os efeitos <strong>de</strong> corrosão e propagação<br />

<strong>de</strong> trincas intergranular e transgranular induzi<strong>da</strong>s pelo hidrogênio.<br />

48


O hidrogênio é um gás sem cheiro e sem cor, com alto valor calórico,<br />

disponível em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s infinitas <strong>pela</strong> eletrólise <strong>da</strong> água, e é o elemento mais<br />

abun<strong>da</strong>nte do universo. Não é poluente e, sendo assim, po<strong>de</strong> ser reutilizado (KOTZ;<br />

TREICHEL JUNIOR, 2005). É um elemento leve, com uma estrutura atômica<br />

constituí<strong>da</strong> <strong>de</strong> um próton, um elétron e no seu estado natural está na forma <strong>de</strong> uma<br />

molécula <strong>de</strong> gás H2. Possuindo apenas um elétron em sua cama<strong>da</strong> eletrônica, o H<br />

apresenta a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser ionizado (H + ) como, também, a <strong>de</strong> aceitar mais um<br />

elétron em sua última cama<strong>da</strong>, tornando-a completa. O hidrogênio molecular po<strong>de</strong><br />

se dissolver no material fundido, mas, uma vez dissociado, ele será retido como um<br />

soluto monoatômico após a solidificação. Os hidrocarbonetos são fontes <strong>de</strong><br />

hidrogênio, tanto os naturais como os sintéticos, e são amplamente utilizados, pois<br />

constituem uma fonte <strong>de</strong> energia disponível hoje em dia. Sendo <strong>de</strong> importância <strong>para</strong><br />

a economia mundial, a extração, o processamento <strong>de</strong> hidrogênio e materiais que<br />

contém hidrogênio representa um <strong>de</strong>safio <strong>para</strong> os engenheiros.<br />

O termo <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio (FAH) parece ser mais apropriado<br />

do que fragilização por hidrogênio, porque inclui não apenas o fato <strong>de</strong> que a <strong>fratura</strong><br />

sempre ocorre a menores tensões ou menores <strong>de</strong>formações, quando o hidrogênio<br />

está presente, mas, também, <strong>pela</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que a <strong>fratura</strong> não seja<br />

necessariamente frágil (THOMPSON, 1985). Em serviço, a <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio po<strong>de</strong> estar associa<strong>da</strong> a ambientes corrosivos ou, mais classicamente,<br />

ocorre sob exposição ao hidrogênio gasoso, ou <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

hidrogenação. Aços sujeitos <strong>à</strong> ambientes ácidos contendo H2S são sensíveis <strong>à</strong><br />

<strong>fratura</strong> sob a combinação <strong>de</strong> esforços <strong>de</strong> tração externamente aplicados e <strong>da</strong><br />

corrosão causa<strong>da</strong> pelo ambiente ácido aquoso. A que<strong>da</strong> <strong>da</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos metais<br />

constitui um <strong>de</strong>sses efeitos provocados <strong>pela</strong> introdução do hidrogênio. Fraturas <strong>de</strong><br />

aços em tais ambientes po<strong>de</strong>m ocorrer tanto por fragilização pelo hidrogênio quanto<br />

por corrosão sob tensão.<br />

A <strong>fratura</strong> induzi<strong>da</strong> pelo hidrogênio (HIC) é uma espécie <strong>de</strong> fragilização por<br />

hidrogênio que ocorre na forma <strong>de</strong> bolhas superficiais ou trincas internas na<br />

ausência <strong>de</strong> tensões aplica<strong>da</strong>s. Desenvolve-se por um processo <strong>de</strong> corrosão na<br />

presença <strong>de</strong> H2S em solução. As reações <strong>de</strong> corrosão do aço exposto a um gás<br />

ácido são (Equações 23 e 24):<br />

49


Reação anódica: Fe ------ Fe 2+ + 2e -<br />

Reações <strong>de</strong> dissociação: H2S ----- H + + HS -<br />

HS - ------ H + + S 2-<br />

Reações Catódicas 2 H + + 2e - -- 2H (hidrogênio atômico)—H2gás<br />

A fragilização por hidrogênio que é catódica, não po<strong>de</strong> ser confundi<strong>da</strong> com<br />

corrosão sob tensão que é anódica, e ocorre em temperatura ambiente ou abaixo <strong>da</strong><br />

ambiente. Os íons H + presentes em soluções áci<strong>da</strong>s ou produzidos <strong>pela</strong> reação <strong>de</strong><br />

dissociação <strong>de</strong> solução neutra ou básica combinam no cátodo com elétrons liberado<br />

pelo aço <strong>para</strong> formar hidrogênio atômico na superfície do aço. Os átomos <strong>de</strong><br />

hidrogênio combinam <strong>para</strong> formar hidrogênio molecular gasoso; contudo a presença<br />

<strong>de</strong> H2S gasoso na solução áci<strong>da</strong> ou íons HS - em solução neutra e básica reduzem a<br />

taxa <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> H2 na superfície do aço. Assim, o hidrogênio atômico difun<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> o interior do aço e encontra sítios <strong>de</strong> aprisionamento, on<strong>de</strong> forma gás em altas<br />

pressões. Os sítios <strong>de</strong> aprisionamento são imperfeições metalúrgicas tais como<br />

inclusões não-metálicas, precipitados, contornos <strong>de</strong> grão e discordâncias, etc. As<br />

pressões eleva<strong>da</strong>s causam concentrações <strong>de</strong> tensão, formando trincas (LEAL et al.,<br />

2007).<br />

A <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> por hidrogênio (FAH) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> basicamente <strong>de</strong> três fatores:<br />

a) a origem do hidrogênio. O hidrogênio po<strong>de</strong> ter sua origem na<br />

contaminação do metal durante o próprio processo <strong>de</strong> fabricação, ou<br />

durante a aplicação do mesmo, como a presença <strong>de</strong> H2S nos poços<br />

durante o processo <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong> petróleo. O problema envolvendo<br />

H2S é <strong>de</strong> tal magnitu<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> haver fissuração interna do material,<br />

induzi<strong>da</strong> pelo hidrogênio, mesmo na ausência <strong>de</strong> carregamento mecânico<br />

externo (DIETZEL; PFUFF, 1996).<br />

b) o processo <strong>de</strong> difusão envolvido na movimentação do hidrogênio <strong>de</strong> sua<br />

origem até a região on<strong>de</strong> irá ocorrer a fragilização;<br />

c) o mecanismo <strong>de</strong> fragilização.<br />

Qualquer processo que produza hidrogênio atômico na superfície do metal,<br />

po<strong>de</strong>rá ocasionar absorção dos átomos pelo metal (CHICOT; VIANNA; MIRANDA,<br />

2002). A fração <strong>de</strong> hidrogênio absorvi<strong>da</strong> pelo metal é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>pela</strong> presença <strong>de</strong><br />

substâncias que diminuem a formação <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> hidrogênio como sulfeto e<br />

(23)<br />

50<br />

(24)


cianeto, impedindo que os átomos <strong>de</strong> hidrogênio se combinem na forma <strong>de</strong><br />

moléculas e escapem sob a forma <strong>de</strong> bolhas <strong>de</strong> gás.<br />

Po<strong>de</strong>-se perceber assim uma influência do H2S nos processo <strong>de</strong> exploração<br />

<strong>de</strong> petróleo on<strong>de</strong> o elemento se encontra presente levando a uma tendência <strong>de</strong><br />

absorção <strong>de</strong> H2 (PARK et al., 2008). Essa incorporação do hidrogênio nos metais<br />

ocorre basicamente através <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> hidretos, acontecendo, por exemplo,<br />

com titânio e o zircônio ou através <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> uma solução sóli<strong>da</strong> com o metal.<br />

A solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do hidrogênio na estrutura cristalina do metal irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong><br />

temperatura. A variação <strong>da</strong> concentração do hidrogênio no metal com a temperatura<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> forma como o hidrogênio se encontra no metal.<br />

No caso dos aços carbono <strong>de</strong> estrutura CCC, os hidrogênios irão se situar<br />

nos sítios tetraédricos. Depois que o nível <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong>sse elemento no metal é<br />

atingido, isto é, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrogênio presente no metal é igual ao limite <strong>de</strong><br />

solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do mesmo, os átomos ten<strong>de</strong>m a se difundir <strong>para</strong> interfaces <strong>da</strong><br />

microestrutura, como entre partículas <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> fase e a matriz, contornos <strong>de</strong> grão,<br />

e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> discordâncias e <strong>para</strong> regiões <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> tensão. Quando isso<br />

ocorre, começam a aparecer mecanismos <strong>de</strong> fragilização <strong>pela</strong> presença do<br />

hidrogênio nessas regiões (VIANNA, 2005). Com relação a esse mecanismo <strong>de</strong><br />

fragilização gerado <strong>pela</strong> presença do hidrogênio, são várias as teorias utiliza<strong>da</strong>s<br />

<strong>para</strong> explicar esses fenômenos, apesar <strong>de</strong> nenhuma <strong>de</strong>las conseguir, por si só, uma<br />

explicação <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> e eficaz dos mesmos.<br />

Normalmente, o que acontece é a combinação <strong>de</strong>ssas teorias <strong>para</strong> explicar a<br />

formação <strong>de</strong> trincas induzi<strong>da</strong>s pelo hidrogênio (HIC). Elas po<strong>de</strong>m ser resumi<strong>da</strong>s em<br />

cinco principais e foram discuti<strong>da</strong>s por Hall (1970 apud GRAY; PONTREMOLI,<br />

1987). Zapffe e Sims (1941) propuseram a formação <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> hidrogênio nas<br />

cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pré-existentes no interior do material, resultando em um aumento <strong>da</strong><br />

tensão interna (teoria <strong>da</strong> pressão interna). Esse aumento <strong>da</strong> tensão interna,<br />

associa<strong>da</strong> <strong>à</strong>s tensões aplica<strong>da</strong>s, facilitaria a nucleação e propagação <strong>de</strong> uma trinca,<br />

ou seja, é necessária uma tensão externa menor <strong>para</strong> a nucleação e propagação <strong>de</strong><br />

uma trinca (Figura 16).<br />

51


Figura 16: Aumento <strong>da</strong> pressão provocado <strong>pela</strong> segregação <strong>de</strong> hidrogênio molecular em <strong>de</strong>feitos<br />

pré-existente.<br />

Fonte: Leal (2007).<br />

Petch e Stables (1952) concluíram que a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> está essencialmente<br />

liga<strong>da</strong> <strong>à</strong> redução <strong>de</strong> energia superficial causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> adsorção <strong>de</strong> hidrogênio gasoso<br />

nas faces <strong>de</strong> uma micro-trinca pré-existente. O hidrogênio é atraído <strong>pela</strong><br />

concentração <strong>de</strong> tensão na extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> trinca e, pelo processo <strong>de</strong> difusão, se<br />

concentra na mesma gerando uma redução <strong>de</strong> energia superficial. Essa redução <strong>de</strong><br />

energia superficial acarreta em uma diminuição na tensão <strong>de</strong> ruptura do material.<br />

Essa teoria é conheci<strong>da</strong> como a teoria <strong>de</strong> redução <strong>da</strong> energia superficial. A fórmula<br />

<strong>de</strong> Griffiths correlaciona a tensão necessária <strong>para</strong> a propagação <strong>de</strong> uma trinca com a<br />

energia superficial (Equação 25), on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser verificado que a redução <strong>da</strong> energia<br />

superficial leva a uma redução <strong>da</strong> tensão necessária <strong>para</strong> a propagação <strong>de</strong> uma<br />

trinca.<br />

on<strong>de</strong>:<br />

E = módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />

a = Comprimento <strong>da</strong> trinca;<br />

γ = Energia superficial.<br />

σ<br />

f<br />

=<br />

2*<br />

E * γ<br />

π*<br />

a<br />

Na teoria conheci<strong>da</strong> como teoria <strong>da</strong> <strong>de</strong>coesão, elabora<strong>da</strong> por Troiano (1960<br />

apud LEAL, 2007), os átomos <strong>de</strong> hidrogênio, por difusão, se concentrariam nas<br />

52<br />

(25)


extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos, on<strong>de</strong> existe uma maior concentração <strong>de</strong> tensão nesta<br />

região. Após a difusão e concentração nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos <strong>de</strong>feitos, os átomos <strong>de</strong><br />

hidrogênio ce<strong>de</strong>riam seus elétrons <strong>da</strong> re<strong>de</strong> e esses elétrons ocupariam a cama<strong>da</strong> 3d,<br />

cama<strong>da</strong> incompleta, provocando um aumento na distância interatômica entre os<br />

átomos <strong>de</strong> ferro. Esse aumento <strong>da</strong> distância interatômica dos átomos <strong>de</strong> ferro<br />

diminuiria a força <strong>de</strong> coesão dos átomos aumentando a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> na região,<br />

provocando a <strong>fratura</strong> do material (Figura 17).<br />

Figura 17: Aumento <strong>da</strong> distância entre os átomos <strong>de</strong> ferro <strong>pela</strong> segregação <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong><br />

hidrogênio em um <strong>de</strong>slocamento reduzindo a força <strong>de</strong> ligação entre os átomos <strong>de</strong> ferro.<br />

Fonte: Leal (2007).<br />

Tem-se, também, a teoria <strong>da</strong> interação hidrogênio-discordância. Essa<br />

interação leva a uma redução <strong>da</strong> resistência do reticulado <strong>pela</strong> expansão provoca<strong>da</strong><br />

<strong>pela</strong> concentração <strong>de</strong> hidrogênio. A <strong>de</strong>formação plástica é modifica<strong>da</strong> através <strong>de</strong><br />

estabilização <strong>de</strong> micro-trincas, <strong>da</strong> alteração <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> encruamento e pelo<br />

endurecimento <strong>da</strong> solução sóli<strong>da</strong>. Essa teoria é conheci<strong>da</strong> como teoria do estado tri-<br />

axial <strong>de</strong> tensão. Essa teoria assume que o hidrogênio ten<strong>de</strong> a se difundir <strong>para</strong><br />

regiões on<strong>de</strong> exista um estado tri-axial <strong>de</strong> tensões, como na ponta <strong>de</strong> uma trinca,<br />

regiões <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> tensões residuais e no campo <strong>de</strong> tensões trativas <strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>slocações em aresta.<br />

53


Na teoria <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio <strong>pela</strong> formação <strong>de</strong> hidretos,<br />

elementos <strong>da</strong> coluna Va <strong>da</strong> tabela periódica como Ti, Zr e Hf, apresentam redução<br />

do limite <strong>de</strong> solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> com o aumento <strong>da</strong> temperatura. Já <strong>para</strong> os casos on<strong>de</strong> o<br />

hidrogênio entra na estrutura cristalina do metal formando uma solução sóli<strong>da</strong>,<br />

metais <strong>da</strong> coluna IVa <strong>da</strong> tabela periódica, <strong>de</strong>ntre os quais se encontra o Fe, ocorre o<br />

aumento do limite <strong>de</strong> solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> com o aumento <strong>da</strong> temperatura. Os metais Nb, V,<br />

Ta, Zr, Ti e Mg, em ambientes com hidrogênio, provocam a formação <strong>de</strong> um hidreto<br />

metálico frágil na ponta <strong>de</strong> uma trinca. Quando a liga possui hidrogênio suficiente,<br />

ocorre a precipitação <strong>de</strong> um hidreto. Com a quebra <strong>de</strong>ste hidreto, a trinca segue<br />

propagando-se <strong>pela</strong> matriz mais dúctil ou continua propagando-se entre os hidretos<br />

por <strong>fratura</strong> dúctil. A formação <strong>de</strong> hidretos é aumenta<strong>da</strong> <strong>pela</strong> aplicação <strong>de</strong> tensão e o<br />

campo <strong>de</strong> tensão <strong>à</strong> frente <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca po<strong>de</strong> induzir a precipitação <strong>de</strong> hidretos<br />

adicionais e quebrá-los. Por isso, em algumas ligas, a propagação <strong>de</strong> trincas frágeis<br />

ocorre <strong>pela</strong> precipitação repeti<strong>da</strong> <strong>de</strong> hidretos <strong>à</strong> frente <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca, quebra<br />

<strong>de</strong>stes hidretos e precipitação <strong>de</strong> novos hidretos até a <strong>fratura</strong> completa do material.<br />

As fases hidretos não passam <strong>de</strong> fases intermediárias com elevado grau <strong>de</strong><br />

metaestabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A que<strong>da</strong> <strong>da</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> do material po<strong>de</strong> originar impactos <strong>de</strong>sastrosos como<br />

o rompimento do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> petróleo, gerando prejuízos e impactos<br />

ambientais incalculáveis (LEAL, 2007).<br />

2.4.1 Influência dos parâmetros metalúrgicos na <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio<br />

O efeito <strong>da</strong> microestrutura final do material na susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um aço a<br />

sofrer fragilização <strong>pela</strong> presença do hidrogênio foi investigado durante anos por<br />

diferentes pesquisadores. Estruturas ban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s grosseiras <strong>de</strong> ferrita e perlita em<br />

aço <strong>de</strong> baixo carbono laminado a quente são propensos a HIC ao longo <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> perlita <strong>para</strong>lelas <strong>à</strong> direção <strong>de</strong> laminação sob carregamento externo. Quando a<br />

fração <strong>de</strong> bainita na matriz ferrita/perlita aumenta, HIC ao longo <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

perlita diminui, enquanto trincas perpendiculares ao eixo <strong>de</strong> carregamento<br />

54


aumentam e se formam em constituintes duros tais como ilhas <strong>de</strong><br />

martensita/austenita reti<strong>da</strong> e bainita (TAU; CHAN, 1996).<br />

Materiais temperados e revenidos aumentam a resistência <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong><br />

pelo hidrogênio em relação a aços laminados. Esse efeito foi atribuído <strong>à</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

uma estrutura mais homogênea, eliminando as ban<strong>da</strong>s <strong>de</strong> perlita, que eram regiões<br />

fortemente susceptíveis a nucleação <strong>de</strong> trincas <strong>pela</strong> sua morfologia (PARK et al.,<br />

2008; KOBAYASHI; ZHANG, 1988). Pesquisas recentes vêm buscando verificar a<br />

influência <strong>da</strong> morfologia do carboneto formado durante o processo <strong>de</strong> têmpera e<br />

revenimento na resistência <strong>à</strong> fragilização pelo hidrogênio. Quando a fração <strong>de</strong><br />

martensita exce<strong>de</strong> a 95% na têmpera, os carbonetos nucleiam e crescem,<br />

primeiramente, nos contornos <strong>de</strong> grão e, posteriormente, no interior dos grãos.<br />

Estudos comprovaram que, entre dois aços temperados e revenidos, o <strong>de</strong><br />

menor temperatura <strong>de</strong> revenimento tem a tendência <strong>de</strong> permanecer com maiores<br />

níveis <strong>de</strong> imperfeições cristalinas (KRAUSS, 1990) aumentando, <strong>de</strong>sta forma, as<br />

regiões on<strong>de</strong> o hidrogênio possa acumular e gerar a fragilização. As temperaturas<br />

mais altas propiciam a recristalização com eliminação <strong>da</strong>s imperfeições cristalinas.<br />

Materiais com porcentagens <strong>de</strong> martensita acima <strong>de</strong> 90% contribuem <strong>para</strong> a<br />

resistência <strong>à</strong> fragilização pelo hidrogênio em aços com eleva<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

mecânica. Na Figura 18 Asahi mostra o gráfico <strong>da</strong> resistência ao SSC (KISSC) em<br />

função do limite <strong>de</strong> escoamento <strong>para</strong> diferentes percentuais <strong>de</strong> martensita.<br />

55


a SSC..<br />

Figura 18: Efeito <strong>da</strong> fração <strong>de</strong> martensita em KISSC.<br />

Fonte: Asahi et. al. (1989).<br />

Quanto maior é a fração <strong>de</strong> martensita no aço, melhor será a sua resistência<br />

O tamanho <strong>de</strong> grão, também, traz conseqüências <strong>para</strong> os materiais com<br />

fragilização <strong>pela</strong> corrosão. Na Figura 19 Asahi também mostra o efeito do tamanho<br />

<strong>de</strong> grão austenítico na tensão limite SSC. A máxima tensão inicial na qual nenhuma<br />

falha ocorre durante o período <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> 720h conforme Nace TM 0177, método A,<br />

é a σth.<br />

Figura 19: Efeito do tamanho <strong>de</strong> grão ASTM na tensão limite SSC (σth)<br />

Fonte: Asahi et. al. (1989).<br />

Para um menor limite <strong>de</strong> escoamento (σy), não se observou efeito do tamanho<br />

do grão em σth <strong>para</strong> aço com tamanho <strong>de</strong> grão mais fino ou grosseiro, e seus σth são<br />

suficientemente altos, isto é, σth / σy = 0,9, on<strong>de</strong> Rs é a razão entre σth / σy<br />

adimensional. O valor <strong>de</strong> σth começa a <strong>de</strong>crescer com o aumento do limite <strong>de</strong><br />

escoamento a um pico <strong>de</strong> resistência, σy-peak. Como mostrado <strong>pela</strong> figura 20, o pico<br />

<strong>de</strong> resistência mecânica, σy-peak eleva-se quando o tamanho <strong>de</strong> grão torna-se menor<br />

(número <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> grão austenítico mais fino que 8) (ASAHI et al., 1989).<br />

56


Quanto maior for <strong>à</strong> resistência do aço menor será sua resistência <strong>à</strong><br />

fragilização por hidrogênio (HARDIE; CHARLES; LOPEZ, 2006). Na Figura 20 Asahi<br />

mostra a resistência <strong>à</strong> SSC (σth) eleva<strong>da</strong> até 0,9 com o acréscimo na temperatura <strong>de</strong><br />

revenimento, e é sensível ao tamanho <strong>de</strong> grão austenítico (ASAHI, 1989).<br />

Figura 20: Relação entre limite <strong>de</strong> escoamento e a tensão limite (σth) <strong>para</strong> dois tamanhos <strong>de</strong> grão<br />

distintos ASTM.<br />

Fonte: Asahi et. al. (1989).<br />

Recentemente, ferrita acicular e ultrafina <strong>para</strong> aços <strong>de</strong> alta conformabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

com carbono menor que 0,025% estão <strong>de</strong>spertando interesse <strong>para</strong> aplicação em<br />

<strong>tubo</strong>s em função <strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> resistência mecânica, tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e resistência em<br />

ambiente sob H2S (THOMPSON; KRAUSS, 1995). A ferrita acicular ultrafina possui<br />

fator <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão menor que ferita + perlita e ferrita acicular grosseira,<br />

e, simultaneamente, os filmes <strong>de</strong> martensita/ austenita nos contornos <strong>de</strong> grão têm<br />

um papel importante na resistência <strong>à</strong> propagação <strong>à</strong> trinca (ZHONG et al., 2006).<br />

O teor <strong>de</strong> ferrita acicular na microestrutura maior que 60% aumentou a<br />

resistência HIC e SSC, enquanto que constituintes bainita e martensita/austenita<br />

<strong>de</strong>terioraram a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar dos corpos <strong>de</strong> prova sol<strong>da</strong>dos em ambiente<br />

ácido (BEIDOKHTI; DOLATI; KOUKABI, 2009).<br />

57


2.4.2 Influência <strong>da</strong> limpi<strong>de</strong>z na <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio<br />

Bernstein e Pressouyre (1979) analisaram e mo<strong>de</strong>laram as maneiras nas<br />

quais o hidrogênio po<strong>de</strong> interagir com imperfeição do reticulado e interfaces<br />

<strong>de</strong>nota<strong>da</strong> pelo termo sítios <strong>de</strong> aprisionamento, e como tais sítios po<strong>de</strong>m afetar e<br />

controlar a natureza e cinética <strong>da</strong> fragilização pelo hidrogênio. Os parâmetros<br />

importantes são:<br />

a) o meio pelo qual o hidrogênio difun<strong>de</strong> no material (como atmosferas <strong>de</strong><br />

discordância ou difusão intersticial ou ao longo <strong>de</strong> caminho <strong>de</strong> alta<br />

difusivi<strong>da</strong><strong>de</strong>);<br />

b) a localização do hidrogênio antes do teste (interno ou externo);<br />

c) o caráter do sítio: reversíveis (po<strong>de</strong>m ganhar ou per<strong>de</strong>r hidrogênio <strong>de</strong><br />

discordâncias tais como átomos em solução e contornos <strong>de</strong> baixo e alto<br />

ângulos) ou irreversíveis (têm maior energia <strong>de</strong> aprisionamento e atuam<br />

como sumidouros <strong>de</strong> hidrogênio tais como TiC ).<br />

Assim, produtos <strong>de</strong> aço po<strong>de</strong>m trincar inespera<strong>da</strong>mente ou não, quando<br />

expostos em ambiente com hidrogênio. A fim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r este problema, torna-se<br />

necessário conhecer a taxa <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> do hidrogênio e a mu<strong>da</strong>nça do teor <strong>de</strong><br />

hidrogênio que contribui <strong>para</strong> a fragilização (ASAHI, 1989).<br />

É conhecido que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, o tamanho e a forma <strong>da</strong>s inclusões exercem<br />

influência no processo <strong>de</strong> nucleação e propagação <strong>de</strong> trincas, e, também, na<br />

resistência <strong>à</strong> FAH. Inclusões mais alonga<strong>da</strong>s e pouco espaça<strong>da</strong>s são extremamente<br />

<strong>da</strong>nosas. As inclusões <strong>de</strong> sulfeto <strong>de</strong> manganês se encontram no grupo <strong>da</strong>s mais<br />

prejudiciais e possuem basicamente três tipos <strong>de</strong> morfologia. A morfologia tipo I são<br />

inclusões <strong>de</strong> formas globulares e se encontram dispersas na matriz do aço. O tipo II<br />

são inclusões finas e confina<strong>da</strong>s a regiões inter<strong>de</strong>ndríticas e o tipo III são inclusões<br />

<strong>de</strong> formas angulares que, normalmente, se encontram dispersas na matriz do aço <strong>de</strong><br />

forma aleatória. Essas morfologias são controla<strong>da</strong>s <strong>pela</strong> composição do aço e pelo<br />

grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>soxi<strong>da</strong>ção do mesmo. As inclusões do tipo II são as mais <strong>da</strong>nosas no que<br />

diz respeito <strong>à</strong> redução <strong>da</strong> resistência <strong>à</strong> FAH dos aços, pois são facilmente alonga<strong>da</strong>s<br />

durante o processo <strong>de</strong> laminação. Essas inclusões tornam-se sítios preferenciais<br />

<strong>para</strong> a nucleação <strong>de</strong> trincas através <strong>da</strong> segregação <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> hidrogênio em sua<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Uma <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s utiliza<strong>da</strong>s em larga escala <strong>para</strong> o controle <strong>da</strong><br />

58


quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e forma <strong>de</strong> inclusões <strong>de</strong> sulfeto <strong>de</strong> manganês é a redução <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> enxofre nos aços e a adição <strong>de</strong> cálcio ou terras rara <strong>para</strong> a globulização <strong>da</strong>s<br />

inclusões.<br />

Em aços <strong>de</strong> baixa liga temperado e revenido, VC e TiC atuam como sítios<br />

aprisionadores <strong>de</strong> hidrogênio e não se alteram com a temperatura <strong>de</strong> revenimento. O<br />

<strong>de</strong>saprisionamento do hidrogênio, por sua vez, é lento (ASAHI, 1989).<br />

2.4.3 Influência <strong>da</strong> composição química na <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio<br />

A resistência <strong>à</strong> corrosão é um aspecto muito importante <strong>para</strong> o material a ser<br />

usado na fabricação dos <strong>tubo</strong>s. É conhecido que as jazi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> petróleo explora<strong>da</strong>s<br />

na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> apresentam altos teores <strong>de</strong> H2S. Ain<strong>da</strong> que a ação <strong>de</strong>sta substância<br />

possa ser combati<strong>da</strong> através <strong>da</strong> purificação prévia ou adição <strong>de</strong> inibidores ao óleo<br />

ou gás a serem transportados, estas soluções aumentam o custo operacional do<br />

duto. O i<strong>de</strong>al, então, é utilizar <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço capazes <strong>de</strong> suportar tais condições. A<br />

redução e globulização <strong>da</strong>s inclusões <strong>de</strong> sulfetos na microestrutura do material<br />

através <strong>de</strong> <strong>técnica</strong>s <strong>de</strong> metalurgia <strong>de</strong> panela estão entre as medi<strong>da</strong>s necessárias. A<br />

redução <strong>de</strong> segregação central forma<strong>da</strong> durante o lingotamento contínuo dos blocos<br />

é fun<strong>da</strong>mental o que se exige redução <strong>de</strong> teores <strong>de</strong> C, Mn e P <strong>da</strong> liga.<br />

O carbono(C) é consi<strong>de</strong>rado o elemento que oferece a melhor relação custo /<br />

benefício <strong>para</strong> aumentar a resistência <strong>à</strong> tração. Com<strong>para</strong>do com outros mecanismos<br />

<strong>de</strong> endurecimento é consi<strong>de</strong>rado o menos <strong>de</strong>sejável, pois diminui a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> e sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>. No caso <strong>de</strong> aços <strong>para</strong> <strong>tubo</strong>s API 5L grau X65, o carbono<br />

<strong>de</strong>ve ser reduzido <strong>à</strong> menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> possível <strong>para</strong> obter uma melhor sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

(menor carbono equivalente), restringindo a susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> trinca a frio na Zona<br />

Termicamente Afeta<strong>da</strong> (ZTA) e, também, melhorar a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />

redução <strong>da</strong> temperatura <strong>de</strong> transição (dúctil – frágil). Aços <strong>de</strong> alta resistência e baixa<br />

liga com baixos teores <strong>de</strong> carbono são pré-requisitos <strong>para</strong> evitar as falhas origina<strong>da</strong>s<br />

<strong>pela</strong> recombinação do hidrogênio atômico <strong>para</strong> H2 em inclusões alonga<strong>da</strong>s, e sua<br />

seguinte propagação em fase dura (por exemplo, a perlita) <strong>da</strong> microestrutura. Os<br />

baixos teores <strong>de</strong> carbono nestes aços evitam microestruturas ban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s, que ocorre<br />

59


em qualquer enriquecimento inter<strong>de</strong>ndrítico <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> liga durante a<br />

solidificação. (HULKA; BRIAN, 1985).<br />

O manganês (Mn) é o elemento mais comumente utilizado nos aços <strong>de</strong> alta<br />

resistência baixa liga <strong>para</strong> dutos, que provocam endurecimento por solução sóli<strong>da</strong>.<br />

Prefere-se que o teor <strong>de</strong> manganês seja reduzido a 0,3%, evitando-se segregação<br />

central e inclusões alonga<strong>da</strong>s <strong>de</strong> MnS. Nas últimas déca<strong>da</strong>s, tem-se substituído o C<br />

pelo Mn, já que uma alta relação Mn/C produz uma melhor tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> um<br />

mesmo nível <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica. Por outro lado, é pru<strong>de</strong>nte limitar o teor <strong>de</strong><br />

Mn a 1,2%, elevando <strong>de</strong>sta forma a resistência ao trincamento induzido pelo<br />

hidrogênio. Acima <strong>de</strong> 1,2% Mn, fases duras são forma<strong>da</strong>s na microestrutura<br />

principalmente nas ban<strong>da</strong>s <strong>de</strong> segregação, que acentuam a união <strong>de</strong> trincas pelo<br />

hidrogênio.<br />

As microestruturas ferríticas-perlíticas estão sendo substituí<strong>da</strong>s por estruturas<br />

ferríticas–bainíticas, melhorando <strong>de</strong>sta forma a resistência a fragilização pelo<br />

hidrogênio no aço. O Mn possui um efeito marcante neste sentido, pois quando se<br />

aumenta o conteúdo <strong>de</strong> 1,40% <strong>para</strong> 1,60% e logo <strong>para</strong> 1,80%, a microestrutura<br />

transforma-se <strong>de</strong> ferrita-perlita <strong>para</strong> ferrita-perlita-bainita e, respectivamente, <strong>para</strong><br />

ferrita-bainita (BILLINGHAM et al., 2003).<br />

O silício (Si) é usado como <strong>de</strong>soxi<strong>da</strong>nte do aço, favorece sensivelmente<br />

resistência mecânica (limite <strong>de</strong> escoamento) e a resistência <strong>à</strong> CST, modificando o<br />

formato <strong>da</strong>s inclusões <strong>de</strong> alonga<strong>da</strong>s <strong>para</strong> globulares.<br />

O enxofre (S) é uma impureza prejudicial, reduz a sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<br />

ductili<strong>da</strong><strong>de</strong>, em especial dobramento. Nos aços comuns, o teor <strong>de</strong> enxofre é limitado<br />

a valores abaixo <strong>de</strong> 0,05%. Valores aproxima<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> 0,005% a 0,010%,<br />

geralmente estão presentes no processo <strong>de</strong> fabricação padrão. Em condições <strong>de</strong><br />

ambientes ácido, torna-se necessário o controle do teor <strong>de</strong> enxofre <strong>para</strong> níveis bem<br />

baixos, além <strong>de</strong> requisitos adicionais como, por exemplo, redução <strong>de</strong> fósforo,<br />

controle <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e morfologia <strong>da</strong>s inclusões nos <strong>tubo</strong>s <strong>para</strong> melhorar a<br />

resistência ao processo <strong>de</strong> trinca induzido pelo hidrogênio (DOMIZI; ANTERI;<br />

OVEREJO-GARCIA, 2007). O controle do formato <strong>da</strong>s inclusões <strong>de</strong> enxofre através<br />

<strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> Ca (globulização <strong>da</strong>s inclusões) aju<strong>da</strong> a prevenir a formação <strong>de</strong><br />

MnS <strong>de</strong> forma alonga<strong>da</strong>, evitando triaxiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensões pontuais. Há uma faixa<br />

ótima <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> Ca, <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> teor <strong>de</strong> enxofre e oxigênio, que garante o metal<br />

livre <strong>de</strong> trincas.<br />

60


O fósforo (P) aumenta o limite <strong>de</strong> resistência <strong>à</strong> tração, favorece a resistência <strong>à</strong><br />

corrosão e a dureza, prejudicando, contudo, a ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> e sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />

solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do P na ferrita é alta e promove o endurecimento, ocasionando a<br />

fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> a frio. O teor <strong>de</strong> P <strong>de</strong>ve ser controlado <strong>para</strong> os mínimos valores possíveis<br />

e <strong>de</strong>sta forma melhorar a resistência <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio.<br />

O cobre (Cu), em adições superiores a 0,2% permite a formação <strong>de</strong> uma<br />

cama<strong>da</strong> protetora e po<strong>de</strong> atuar como barreira física que evita a entra<strong>da</strong> do<br />

hidrogênio no aço durante o processo <strong>de</strong> HIC, sendo assim eficiente <strong>para</strong> aumentar<br />

a resistência <strong>à</strong> corrosão.<br />

A adição <strong>de</strong> níquel (Ni) provoca que<strong>da</strong> na resistência <strong>à</strong> fragilização pelo<br />

hidrogênio, preservando a austenita após têmpera que, posteriormente, transforma<br />

em martensita no revenimento. Essa transformação <strong>da</strong> austenita reti<strong>da</strong> em<br />

martensita no revenimento só ocorre no caso <strong>de</strong> haver temperabili<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente.<br />

No revenimento o que se espera é a <strong>de</strong>composição <strong>da</strong> austenita reti<strong>da</strong>. A fase<br />

martensítica aumenta a dureza nos locais que se forma e <strong>de</strong>cresce a resistência <strong>à</strong><br />

SSC. Limita-se os valores <strong>de</strong> Ni a teores inferiores a 1% <strong>para</strong> aços <strong>de</strong> baixa liga em<br />

razão <strong>da</strong> relação entre o limite <strong>de</strong> escoamento e a tensão limite σth (MASAKATSU;<br />

ASAHI; MARSHALL, 1994) (Figura 21).<br />

Figura 21: Teores <strong>de</strong> Ni <strong>para</strong> aços <strong>de</strong> baixa liga em razão <strong>da</strong> relação entre o limite <strong>de</strong> escoamento<br />

e tensão limite σth.<br />

Fonte: Masakatsu, Asahi e Marshall (1994).<br />

61


O molibdênio (Mo) até valores <strong>de</strong> 0,8% tem a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar a<br />

resistência <strong>à</strong> corrosão por via úmi<strong>da</strong>, além disso eleva a temperatura <strong>de</strong> revenimento<br />

<strong>para</strong> se alcançar um <strong>de</strong>terminado valor <strong>de</strong> limite <strong>de</strong> escoamento, controla o efeito <strong>de</strong><br />

elementos <strong>da</strong>nosos <strong>à</strong> fragilização por hidrogênio tais como P, As e Sb e contribui <strong>à</strong><br />

formação <strong>de</strong> finos carbonetos (


Cu e Cr, estes elementos estão presentes nos aços <strong>de</strong> alta resistência e baixa liga<br />

como o X65 <strong>para</strong> resistir ambientes com H2S.<br />

Alumínio (Al): A prática mais comum adota<strong>da</strong> <strong>para</strong> remoção dos óxidos do<br />

aço líquido é a <strong>de</strong>soxi<strong>da</strong>ção com Al, <strong>de</strong>vido a requisitos <strong>de</strong> sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

conformabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m pequena quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

inclusões não metálicas, implicando em um baixo teor <strong>de</strong> S e O. O alumínio<br />

remanescente na solidificação no aço <strong>da</strong> solidificação, que não estiver na forma <strong>de</strong><br />

alumina, gera nitreto <strong>de</strong> alumínio, o qual possui um efeito refinador <strong>de</strong> grão.<br />

Nióbio (Nb), Titânio(Ti): O nióbio reduz o tamanho <strong>de</strong> grão, aumenta a<br />

resistência mecânica e a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Embora o mecanismo exato pelo qual o nióbio<br />

melhora a resistência <strong>à</strong> fragilização pelo hidrogênio não seja claro, foi proposto que<br />

esteja relacionado com aumento <strong>da</strong> resistência ao amaciamento possibilitando<br />

elevação <strong>da</strong> temperatura <strong>de</strong> revenimento <strong>para</strong> se alcançar as mesmas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mecânicas (MENDIBIDE; SOURMAIL, 2009). O Nb e Ti são elementos<br />

estabilizadores <strong>da</strong> ferrita, impe<strong>de</strong>m o empobrecimento <strong>de</strong> cromo via precipitação em<br />

forma <strong>de</strong> carbonetos durante o aquecimento e/ou resfriamento lento em torno <strong>de</strong><br />

700°C, o que po<strong>de</strong> levar a um aumento <strong>da</strong> resistência local <strong>à</strong> corrosão. Aços ligas<br />

com nióbio ten<strong>de</strong>m a absorver menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrogênio em ambiente ácido.<br />

O Vanádio (V) proporciona aumento na resistência mecânica por precipitação<br />

<strong>de</strong> VN na matriz ferrítica. Foi observado que <strong>para</strong> um aço ARBL, resistência<br />

assisti<strong>da</strong> ao hidrogênio em ambiente ácido melhora, quando ocorre redução <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> discordâncias e o controle <strong>da</strong> morfologia dos carbonetos <strong>de</strong> aço. Aços<br />

contendo vanádio apresentam menor <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> discordância e, portanto, maior<br />

resistência <strong>à</strong> corrosão em ambientes ácidos. Outra explicação do efeito benéfico do<br />

vanádio é a precipitação <strong>de</strong> VC com raio <strong>de</strong> partícula entre 10-20nm que atua como<br />

aprisionadores <strong>de</strong> hidrogênio.<br />

Ensaios <strong>de</strong> HIC em metal base do grau X65 ao NbTi e NbV foram feitos por<br />

Hillenbrand (2002), encontrando menores valores <strong>da</strong>s relações <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao<br />

trincamento (CSR), comprimento <strong>da</strong> trinca (CLR) espessura <strong>da</strong> trinca (CTR) <strong>para</strong> o<br />

grau X65 micro-ligado ao NbV quando com<strong>para</strong>do com o X65 micro-ligado NbTi,<br />

indicando maior resistência a HIC do aço micro-ligado ao NbV (NACE TM 0284-<br />

2003, 2005).<br />

63


2.4.4 Métodos <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo<br />

hidrogênio<br />

A fragilização assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio po<strong>de</strong> ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> após a introdução<br />

<strong>de</strong> H na re<strong>de</strong> cristalina mediante carregamento eletrolítico ou gasoso, e,<br />

posteriormente, impor ao material solicitação mecânica. Para <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong>s<br />

consequências <strong>da</strong> hidrogenação nos aços aplicados como “pipe line” (<strong>tubo</strong>s) e vasos<br />

<strong>de</strong> pressão (chapas) existem normas <strong>para</strong> padronização do controle <strong>de</strong> resistência<br />

<strong>à</strong>s trincas produzi<strong>da</strong>s pelo hidrogênio introduzido (HIC) e com tensão (SSC) no<br />

material. A norma NACE TM 0284-2003 (2005) estabelece métodos <strong>para</strong> avaliar a<br />

resistência causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> absorção <strong>de</strong> hidrogênio <strong>de</strong> uma solução corrosiva e analisa<br />

a nucleação e propagação <strong>de</strong> trincas enquanto a norma NACE TM 0177 estabelece<br />

métodos <strong>para</strong> avaliar a resistência causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> absorção <strong>de</strong> hidrogênio e corrosão<br />

anódica numa amostra com tensão. Para os dois testes são pre<strong>para</strong><strong>da</strong>s soluções<br />

salinas com H2S com controle <strong>de</strong> temperatura, pressão, e monitoramento do tempo.<br />

Nestas condições, consegue-se simular todo este fenômeno que ocorre com o <strong>tubo</strong><br />

durante sua aplicação, <strong>de</strong>ixando o ambiente propício <strong>para</strong> que haja a<br />

permeabilização do hidrogênio no aço <strong>para</strong> conseguir i<strong>de</strong>ntificar o seu grau <strong>de</strong><br />

fragilização.<br />

2.4.5 Hidrogenação<br />

Dano por hidrogênio é uma <strong>da</strong>s causas principais <strong>de</strong> falhas em equipamento<br />

na indústria <strong>de</strong> óleo e gás. É causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> dissolução do hidrogênio no aço como<br />

um resultado <strong>da</strong> redução catódica <strong>de</strong> próton (H + ) que acompanha a oxi<strong>da</strong>ção<br />

anódica do ferro em meio ácido. Diversos modos <strong>de</strong> falhas po<strong>de</strong>m ocorrer em<br />

serviço, por exemplo, as trincas induzi<strong>da</strong>s por hidrogênio (HIC) correspon<strong>de</strong>ntes a<br />

trincas internas gera<strong>da</strong>s <strong>pela</strong> recombinação do hidrogênio a moléculas gasosas em<br />

certos locais apropriados no aço, como sulfeto <strong>de</strong> manganês ou ban<strong>da</strong>s <strong>de</strong> perlita.<br />

Este modo <strong>de</strong> falha não requer qualquer tensão externa.<br />

A seleção se aços <strong>para</strong> ambientes <strong>de</strong> óleo e gás contendo H2S requer<br />

ensaios apropriados <strong>para</strong> garantir resistência <strong>à</strong> formação <strong>de</strong> trincas em condições <strong>de</strong><br />

64


campo. Para SSC, regiões <strong>de</strong> severi<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m principalmente do pH<br />

e <strong>da</strong> pressão parcial <strong>de</strong> H2S , como ilustrado na Figura 22, on<strong>de</strong> o número <strong>da</strong> região<br />

representa a severi<strong>da</strong><strong>de</strong> do menos severo (região 0) <strong>para</strong> a mais severo (região 3).<br />

Figura 22: Regiões <strong>de</strong> trincamento sob tensão <strong>de</strong> hidrogênio <strong>de</strong> diferentes condições ambientais<br />

<strong>de</strong> acordo com a norma ISO 15156-2:2009 (2009).<br />

Fonte: Kittel et al., 2010.<br />

Este diagrama foi estabelecido em uma base empírica e é aceita na indústria.<br />

A introdução do H no reticulado causa mu<strong>da</strong>nças na microestrutura sob a forma <strong>de</strong><br />

um intenso trincamento superficial que ocorre mesmo sem qualquer carregamento<br />

mecânico. A tendência é do hidrogênio dissociado (H + ) se acumular em <strong>de</strong>feitos na<br />

re<strong>de</strong>, geralmente discordâncias ou interfaces entre o metal e uma segun<strong>da</strong> fase ou<br />

contornos <strong>de</strong> grãos, promovendo comportamento frágil, sendo que o modo <strong>de</strong> <strong>fratura</strong><br />

é geralmente restrito <strong>à</strong>s regiões muito próximas <strong>da</strong> superfície externa (DIETZEL;<br />

PFUFF, 1996). As amostras hidrogena<strong>da</strong>s por um período acima <strong>de</strong> 168 horas<br />

apresentam numerosas trincas superficiais com diferentes morfologias.<br />

Observa-se que no metal <strong>de</strong> base as trincas nucleiam-se nos contornos <strong>de</strong><br />

grãos e maclas, e principalmente <strong>de</strong>ntro dos grãos. As trincas são retilíneas e, em<br />

algumas regiões, <strong>para</strong>lelas. Isto ocorre porque o hidrogênio se acumula em sítios<br />

preferenciais <strong>da</strong> re<strong>de</strong>. Estes sítios não estão alinhados com as direções <strong>de</strong><br />

escorregamento, <strong>de</strong>sta forma favorecendo o trincamento na tentativa <strong>de</strong> aliviar a<br />

tensão causa<strong>da</strong> pelo H.<br />

65


2.4.5.1 Conseqüência <strong>da</strong> Hidrogenação nos aços<br />

Dados existentes na literatura (OLIVEIRA, 2006) sobre testes mecânicos<br />

realizados em aços hidrogenados mostraram que:<br />

a) a ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> diminui com o aumento do tempo <strong>de</strong> hidrogenação;<br />

b) a exposição a atmosferas contendo hidrogênio altera o modo <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> <strong>de</strong><br />

dúctil <strong>para</strong> frágil;<br />

c) a introdução <strong>de</strong> H no reticulado causa uma tensão compressiva que<br />

resulta em um aumento localizado no valor <strong>da</strong> dureza, enquanto o H está<br />

no interior <strong>de</strong>ste reticulado;<br />

d) a tensão <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> não é obrigatoriamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> concentração<br />

<strong>de</strong> H.<br />

A presença do hidrogênio em alta concentração no aço como em locais on<strong>de</strong><br />

existem vazios na matriz, inclusões, segun<strong>da</strong> fase e impurezas, causam uma<br />

anomalia bastante conheci<strong>da</strong> que é o empolamento pelo hidrogênio. Na figura 23,<br />

temos as sequências <strong>da</strong> difusão do hidrogênio atômico na matriz do aço (a), <strong>de</strong>pois<br />

ocorre o acumulo do hidrogênio atômico em um vazio ou local com inclusão e<br />

segun<strong>da</strong> fase (b), aplica-se a tensão on<strong>de</strong> as discordâncias encontram as barreiras<br />

forma<strong>da</strong>s <strong>pela</strong> presença do hidrogênio e começa a estrangular esta região (c), o<br />

hidrogênio molecular com a forte pressão exerci<strong>da</strong> naquela região, causa a<br />

<strong>de</strong>formação plástica originando o empolamento ou inchaço do local(d).<br />

Figura 23 Seqüência <strong>da</strong> origem do empolamento atômico.<br />

Fonte: Vianna, C.S. (2005).<br />

66


O estudo do fenômeno <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio utilizou corpos <strong>de</strong><br />

prova entalhados <strong>de</strong> vários materiais na condição <strong>de</strong> previamente hidrogenados,<br />

(OLIVEIRA, 2006; VIANNA, 2005) chegando <strong>à</strong>s seguintes constatações:<br />

a) a carga suporta<strong>da</strong> pelos corpos <strong>de</strong> prova entalhados diminuía com o nível<br />

<strong>de</strong> hidrogenação a que era submetido o material; havia uma carga mínima<br />

(valor crítico <strong>de</strong> carga) abaixo <strong>da</strong> qual a <strong>fratura</strong> não ocorria. À medi<strong>da</strong> que<br />

fosse utilizado um entalhe mais agudo a carga suporta<strong>da</strong> pelo corpo <strong>de</strong><br />

prova, também, diminuía;<br />

b) um recozimento <strong>à</strong> baixa temperatura (150°C) por 24 horas, a fim <strong>de</strong><br />

possibilitar a <strong>de</strong>sgaseificação natural do Hidrogênio, propiciava uma<br />

recuperação <strong>da</strong> resistência <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> do material;<br />

c) a nucleação <strong>de</strong> trincas ocorreu <strong>de</strong> forma superficial tendo sido verificado<br />

que, quanto menos agudo o entalhe utilizado, mais <strong>para</strong> o interior do<br />

material estas trincas se formavam.<br />

2.4.5.2 Influência <strong>da</strong> Temperatura <strong>da</strong> Hidrogenação<br />

Medições <strong>da</strong> permeação do hidrogênio é usado como um método alternativo<br />

<strong>para</strong> <strong>avaliação</strong> dos mecanismos <strong>de</strong> trinca assisti<strong>da</strong> pelo hidrogênio em aço, através<br />

<strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> concentração e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> difusão. Em ambiente com<br />

H2S, muitos autores têm usado medições <strong>de</strong> permeação eletroquímica <strong>para</strong><br />

<strong>avaliação</strong> em laboratório <strong>da</strong> susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço a to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> trinca<br />

induzi<strong>da</strong> por hidrogênio.<br />

O comportamento <strong>de</strong> difusão do hidrogênio foi investigado por meio <strong>de</strong> teste<br />

<strong>de</strong> permeação <strong>de</strong> hidrogênio em célula eletroquímica (Figura 24).<br />

67


Figura 24: Teste <strong>de</strong> permeação <strong>de</strong> hidrogênio em célula eletroquímica.<br />

Fonte: Huang et al., 2010.<br />

A difusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente do hidrogênio em aços po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pelo<br />

tempo <strong>de</strong> relaxação obtido <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> permeação do hidrogênio. A relação<br />

existente entre a corrente no estado estacionário ( I ∞ ), a espessura do corpo <strong>de</strong><br />

prova (L), o tempo <strong>de</strong> relaxação (τL), a permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ( J∞ L), a difusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

hidrogênio aparente ( Dapp ) e a solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do hidrogênio aparente ( c app ) são<br />

convertido <strong>de</strong> acordo as equações 26, 27, 28 e 29:<br />

O fluxo <strong>de</strong> hidrogênio (mol H m -2 s -1 ) através <strong>da</strong> membrana <strong>de</strong> aço foi medi<strong>da</strong><br />

em termos <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente em estado estacionário ( I ∞ ) e convertido em<br />

fluxo <strong>de</strong> hidrogênio <strong>de</strong> acordo com a equação 26:<br />

J<br />

∞ =<br />

I∞<br />

FA<br />

A permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (mol H m -1 s -1 ) é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> <strong>pela</strong> equação 27:<br />

J<br />

L<br />

∞ =<br />

I∞L<br />

FA<br />

(27)<br />

68<br />

(26)


on<strong>de</strong>:<br />

A é a área exposta na célula eletrolítica, F constante <strong>de</strong> Fara<strong>da</strong>y e L a<br />

espessura <strong>da</strong> amostra (Huang et al., 2010).<br />

28:<br />

A difusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente do hidrogênio po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>pela</strong> a equação<br />

D<br />

app<br />

2<br />

L<br />

=<br />

6τ<br />

A solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do hidrogênio aparente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>pela</strong> equação 29:<br />

c<br />

J<br />

L<br />

L<br />

∞<br />

app =<br />

Dapp<br />

A difusão atômica é o transporte <strong>de</strong> matéria através <strong>da</strong> matéria por difusão<br />

atômica. O movimento atômico em sólidos é bastante restrito já que as forças <strong>de</strong><br />

ligações atômicas são eleva<strong>da</strong>s. Entretanto, vibrações atômicas <strong>de</strong> origem térmica<br />

permitem os movimentos atômicos. Os átomos apenas estão em repouso absoluto a<br />

temperatura do zero absoluto (-273°C). Acima <strong>de</strong>sta temperatura os átomos<br />

começam a vibrar e saem <strong>de</strong> suas posições originais. À medi<strong>da</strong> que a temperatura<br />

aumenta, esse movimento atômico torna-se mais intenso. Para o átomo <strong>de</strong><br />

hidrogênio a difusão ocorre <strong>da</strong> mesma forma. Até mesmo em baixas temperaturas a<br />

difusão <strong>de</strong> hidrogênio é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> intensa. Após hidrogenação, quando irá ocorrer<br />

a saturação do hidrogênio na microestrutura, se o teste <strong>de</strong> CTOD não for realizado<br />

<strong>de</strong> forma imediata, é aconselhável que a amostra fique em um recipiente contendo<br />

nitrogênio líquido, a fim <strong>de</strong> restringir a difusão do hidrogênio.<br />

Park et al. (2008) evi<strong>de</strong>nciaram que a difusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente do hidrogênio<br />

aumentou com o acréscimo <strong>da</strong> espessura do corpo <strong>de</strong> prova <strong>para</strong> espessuras<br />

menores que 1mm (Figura 25) o que significa que a difusão controla<strong>da</strong> pelo volume<br />

somente é garanti<strong>da</strong> em espessura superior a 1mm. A solução aquosa contendo<br />

H2S é corrosiva, e po<strong>de</strong> atacar a superfície <strong>da</strong> membrana o que dificulta a difusão.<br />

Assim, a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente catódica <strong>de</strong> 500µm/cm 2 que estabilizou o<br />

(28)<br />

69<br />

(29)


comportamento <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> permeação e não induziu trincas internas durante o<br />

teste <strong>de</strong> permeação, foi aplica<strong>da</strong> <strong>à</strong> membrana na célula <strong>de</strong> hidrogênio.<br />

Figura 25: Efeito <strong>da</strong> espessura <strong>da</strong> membrana <strong>de</strong> aço na difusibili<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente.<br />

Fonte: Park et al. (2008).<br />

A Figura 26 mostra o efeito <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente catódica aplica<strong>da</strong> na<br />

estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> permeação <strong>de</strong> hidrogênio. Calculou-se, também, a curva <strong>de</strong><br />

permeação do hidrogênio na solução NACE contendo gás H2S em <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente catódica aplica<strong>da</strong> <strong>de</strong> 500 µm/cm 2 ,conforme mostrado na Figura 27. A partir<br />

<strong>de</strong>ssas curvas, foi possível calcular os parâmetros <strong>de</strong> difusão, conforme mostrado na<br />

Tabela 5.<br />

70


Figura 26: Efeito <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente catódica Aplica<strong>da</strong> nos transientes <strong>de</strong> permeação do<br />

hidrogênio em solução A em temperatura ambiente.<br />

Fonte: Park et al. (2008).<br />

Figura 27: Transiente <strong>de</strong> permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> os aços carbonos.<br />

Fonte: Park et al. (2008).<br />

71


Corpo <strong>de</strong><br />

prova<br />

Tabela 5: Valores <strong>de</strong> permeação do hidrogênio <strong>para</strong> os aços ensaiados.<br />

Micro<br />

estrutura<br />

Fração <strong>de</strong><br />

DP/AF/B<br />

Fração<br />

M/A<br />

Dapp<br />

(x10- 10 m 2 /s)<br />

JssL<br />

(x10 -9 molHm -1 s-1)<br />

Capp<br />

(xmolHm -3 )<br />

A1 F/DP 3,75 1,28 9,27 13,3 14,33<br />

A2 F/AF 8,12 5,73 4,05 8,47 20,91<br />

A3 F/DP 3,93 0,88 9,38 12,9 13,79<br />

A4 F/B 9,38 4,45 4,44 12 27,13<br />

Fonte: Park et al. (2008).<br />

72


3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL<br />

3.1 Análise química e metalográfica<br />

A liga foi produzi<strong>da</strong> em convertedor LD, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 80 tonela<strong>da</strong>s, sendo,<br />

em segui<strong>da</strong>, vaza<strong>da</strong> em panela <strong>para</strong> as adições <strong>de</strong> ferro liga. A temperatura <strong>de</strong><br />

vazamento é controla<strong>da</strong> e, posteriormente, transferiu-se a panela <strong>para</strong> o<br />

<strong>de</strong>sgaseificador. O tratamento foi realizado em baixas pressões e, em segui<strong>da</strong>, foi<br />

feito o borbulhamento <strong>de</strong> argônio <strong>para</strong> flotações <strong>da</strong>s inclusões do banho metálico e<br />

incorporação <strong>à</strong> escória. Após tratamento <strong>de</strong> panela, foi feito lingotamento contínuo<br />

<strong>para</strong> barras <strong>de</strong> seção redon<strong>da</strong> <strong>de</strong> 230 mm <strong>de</strong> diâmetro e comprimento <strong>de</strong> 6000 mm<br />

em quatro mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cobre, refrigerados a água. Posteriormente, essas barras<br />

foram lamina<strong>da</strong>s <strong>para</strong> <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> diâmetro 323,90 mm com temperatura <strong>de</strong><br />

acabamento na laminação acima <strong>da</strong> temperatura <strong>de</strong> austenitização do aço. Após a<br />

laminação a quente, foi feito o tratamento térmico <strong>de</strong> têmpera seguido <strong>de</strong><br />

revenimento objetivando as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas do grau X65. A austenitização<br />

do <strong>tubo</strong> foi realiza<strong>da</strong> com tempo <strong>de</strong> encharque suficiente <strong>para</strong> homogeneização<br />

térmica em to<strong>da</strong> espessura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>. Posteriormente, os <strong>tubo</strong>s foram resfriados<br />

rapi<strong>da</strong>mente em um tanque com água na temperatura ambiente e, em segui<strong>da</strong>, foi<br />

feito o revenimento com resfriamento ao ar. Posteriormente, as amostras foram<br />

retira<strong>da</strong>s dos <strong>tubo</strong>s <strong>para</strong> a realização dos ensaios mecânicos, metalográficos e<br />

tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>.<br />

Os corpos <strong>de</strong> prova do aço API-5L X65, <strong>para</strong> os ensaios mecânicos foram<br />

cortados a partir do <strong>tubo</strong> cuja dimensão é apresenta<strong>da</strong> na Tabela 6.<br />

Tabela 6: Dimensão do <strong>tubo</strong> utilizado nos testes.<br />

Aço Diâmetro Externo (mm) Espessura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> (mm) Corri<strong>da</strong> do aço<br />

X65 323,90 27,00 31232<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

O corte do <strong>tubo</strong> foi realizado em serra <strong>de</strong> fita seguindo a direção <strong>para</strong>lela <strong>à</strong><br />

laminação. As tiras foram corta<strong>da</strong>s e retifica<strong>da</strong>s <strong>para</strong> as dimensões dos corpos <strong>de</strong><br />

73


prova 50x50 mm <strong>para</strong> análise em espectrômetro ótico <strong>de</strong> emissão (ASTM E1806-09,<br />

2009).<br />

As amostras <strong>para</strong> análise metalográfica foram corta<strong>da</strong>s, também, na direção<br />

<strong>da</strong> laminação. Essas amostras foram fresa<strong>da</strong>s e, posteriormente, pre<strong>para</strong><strong>da</strong>s em<br />

lixas com granulometrias <strong>de</strong> 180, 240, 320, 400, 500, 600 e 1000 mesh. Em segui<strong>da</strong>,<br />

foi realizado o polimento <strong>de</strong> acabamento em feltro impregnado com pasta <strong>de</strong><br />

diamante com dimensões 6, 3, 1 e 0,25 µm (ASTM E407-07e1, 2007). Essas<br />

amostras foram observa<strong>da</strong>s em microscópio ótico, marca Leitz, sem ataque e com<br />

ataque <strong>de</strong> nital 3% <strong>para</strong> análise dos constituintes presentes. O tamanho <strong>de</strong> grão<br />

austenítico, também, foi medido conforme norma ASTM E112-10 (2010) em<br />

microscópio ótico após têmpera. O tipo e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> micro-inclusão foram<br />

avaliados, conforme norma ASTM E45-10e1 (2010).<br />

3.2 Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas.<br />

3.2.1 Dureza<br />

O teste <strong>de</strong> dureza foi realizado através do método Vickers (HV), conforme<br />

ASTM E18-08b (2008). Foram realiza<strong>da</strong>s leituras espaças <strong>de</strong> 120º ao longo <strong>da</strong><br />

seção transversal do <strong>tubo</strong> sendo 12 leituras na bor<strong>da</strong> externa (1,5 mm <strong>da</strong> superfície<br />

externa), 12 leituras no meio <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> e 12 leituras na bor<strong>da</strong> interna <strong>para</strong> mostrar a<br />

variação <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> em amostras trata<strong>da</strong>s termicamente. Com os valores <strong>da</strong><br />

carga e médias <strong>da</strong>s diagonais <strong>da</strong> impressão, calculou-se o valor <strong>de</strong> dureza.<br />

Na figura 28, verifica-se as impressões realiza<strong>da</strong>s pelo penetrador em uma<br />

<strong>da</strong>s três seções transversais ao longo <strong>da</strong> circunferência, <strong>para</strong> verificar o nível <strong>de</strong><br />

variação <strong>de</strong> dureza <strong>de</strong> acordo com o processo <strong>de</strong> tratamento térmico realizado<br />

durante a fabricação do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço sem costura.<br />

74


Figura 28: Amostra <strong>de</strong> dureza com os pontos <strong>de</strong> impressão realizados, conforme procedimento<br />

<strong>para</strong> ensaio <strong>de</strong> dureza HV.<br />

Fonte: Norma API 5L (2007).<br />

3.2.2 Tração longitudinal<br />

As amostras do ensaio <strong>de</strong> tração longitudinal foram do tipo cilíndrico,<br />

conforme figura 29.<br />

Figura 29: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> tração usinado.<br />

Fonte: Norma API 5L (2007).<br />

75


Foram retirados corpos <strong>de</strong> prova no sentido longitudinal do <strong>tubo</strong>. Mediu-se o<br />

diâmetro dos corpos <strong>de</strong> prova com paquímetro digital “Mitutoyo” (resolução <strong>de</strong> 0,001<br />

m). O equipamento utilizado <strong>para</strong> o ensaio <strong>de</strong> tração foi uma máquina universal<br />

Instron, mo<strong>de</strong>lo 1125, com acionamento servo-hidráulico e célula <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> 70 t. O<br />

valor do limite <strong>de</strong> escoamento foi obtido a partir do gráfico tensão em função <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>formação, a partir <strong>da</strong> <strong>de</strong>formação total <strong>de</strong> 0,5% medido pelo extensômetro. Esse<br />

limite <strong>de</strong> escoamento foi utilizado <strong>para</strong> cálculo <strong>da</strong> variável força <strong>de</strong> fadiga no ensaio<br />

<strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> trinca e CTOD. O valor <strong>da</strong> carga máxima foi obtido no ponto on<strong>de</strong><br />

o coeficiente <strong>de</strong> encruamento é zero (ponto <strong>de</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />

3.2.3 Impacto Charpy<br />

As amostras usina<strong>da</strong>s <strong>para</strong> o ensaio <strong>de</strong> impacto Charpy foram obti<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

seção transversal do <strong>tubo</strong> conforme figura 30, i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> com o número 2 . Utilizou-<br />

se uma retifica plana <strong>para</strong> objetivar as dimensões <strong>de</strong> 10,0 mm dos corpos <strong>de</strong> prova.<br />

O entalhe no corpo <strong>de</strong> prova foi realizado com fresa seguindo a direção <strong>de</strong><br />

laminação do <strong>tubo</strong>.<br />

Figura 30: Orientação do corpo <strong>de</strong> prova: 1 – Sentido longitudinal e 2 – Sentido transversal<br />

Fonte: Norma API 5L (2007).<br />

Foi utiliza<strong>da</strong> uma máquina <strong>de</strong> ensaio Charpy instrumenta<strong>da</strong>, marca Instron<br />

Wolpert PW30, mo<strong>de</strong>lo SI-1D3, <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima 406J. Esta máquina é<br />

constituí<strong>da</strong>, basicamente, <strong>de</strong> um pêndulo, dial <strong>de</strong> leitura, suporte <strong>para</strong> corpo <strong>de</strong><br />

76


prova, martelo e cutelo. Utilizaram-se, os meios <strong>de</strong> resfriamento, nitrogênio, água e<br />

gelo, <strong>para</strong> se garantir as temperaturas <strong>de</strong> ensaio que foram <strong>de</strong> -197, -100, -90, -70, -<br />

50, -30 e +20°C (temperatura ambiente). Para medição <strong>de</strong>stas temperaturas foi<br />

utilizado um termômetro <strong>de</strong> mercúrio.<br />

Essa máquina <strong>de</strong> ensaio Charpy é dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> interface, marca Impact 95, cuja<br />

freqüência <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos é <strong>de</strong> 1 MHz. Um medidor <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação é colado<br />

no martelo e o sinal <strong>de</strong> carga é enviado <strong>à</strong> interface. A coleta <strong>de</strong> sinal inicia-se no<br />

contato do martelo com o corpo <strong>de</strong> prova. Esse sinal coletado em mV é convertido<br />

em carga através <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> calibração <strong>da</strong> máquina.<br />

Esse sinal <strong>de</strong> carga em função do tempo, F(t), é utilizado <strong>para</strong> cálculo <strong>de</strong><br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do pêndulo através <strong>da</strong> equação 30.<br />

on<strong>de</strong>:<br />

v<br />

⎛ 1 ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ m ⎠<br />

∫<br />

( t)<br />

= v − F(<br />

t)<br />

vo = Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do impacto do pêndulo;<br />

m = massa do pêndulo;<br />

t = tempo.<br />

0<br />

A <strong>de</strong>flexão do corpo <strong>de</strong> prova em função do tempo, s(T) foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

integração <strong>da</strong> curva veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> versus tempo (Equação 31).<br />

s<br />

∫<br />

t<br />

0<br />

( t)<br />

= v(<br />

t)<br />

t<br />

0<br />

A energia absorvi<strong>da</strong> pelo corpo <strong>de</strong> prova em função do <strong>de</strong>slocamento, Ew(s),<br />

foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>pela</strong> integração <strong>da</strong> curva força versus <strong>de</strong>slocamento (Equação 32).<br />

E<br />

W<br />

s<br />

∫<br />

dt<br />

( s)<br />

= F(<br />

s)<br />

0<br />

ds<br />

dt<br />

(30)<br />

(31)<br />

77<br />

(32)


3.3 Ensaio <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong><br />

O ensaio <strong>de</strong> CTOD foi realizado <strong>de</strong> acordo com as normas BS 7448 (1991),<br />

Part I e ASTM E 1290 (2002). Este ensaio <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> tem por objetivo a<br />

medição <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> um material <strong>à</strong> propagação <strong>de</strong> trinca. Os corpos <strong>de</strong> prova<br />

foram pre<strong>para</strong>dos e ensaiados no estado temperado e revenido (QT) e hidrogenado.<br />

O parâmetro <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> <strong>pela</strong> <strong>técnica</strong> <strong>de</strong> CTOD é baseado no controle<br />

do <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> trinca a partir <strong>da</strong> abertura do extensômetro <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> (“clip-<br />

gage”) montado na boca <strong>da</strong> trinca. É feito um registro gráfico <strong>da</strong> carga aplica<strong>da</strong> em<br />

função do <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> abertura do “clip-gage”. Outras variáveis como<br />

geometria do corpo <strong>de</strong> prova, comprimento <strong>da</strong> trinca e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas e<br />

elásticas são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>para</strong> obter os valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> conforme<br />

equação 18.<br />

Utilizou-se máquina <strong>de</strong> fadiga <strong>para</strong> o ensaio <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, marca Instron,<br />

com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 10kN, dotado <strong>de</strong> “clip-gage” <strong>para</strong> medição <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> ponta<br />

do entalhe. Na figura 31, tem-se foto do conjunto <strong>de</strong> equipamentos <strong>para</strong> realizar o<br />

teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Figura 31: Equipamento <strong>da</strong> INSTRON <strong>para</strong> teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

78


Uma câmara <strong>para</strong> controle <strong>da</strong> temperatura do ensaio foi utiliza<strong>da</strong>, injetando-se<br />

CO2 na câmara.<br />

3.3.1 Pre<strong>para</strong>ção do corpo <strong>de</strong> prova<br />

O corpo <strong>de</strong> prova utilizado é SE(B) do tipo 3 apoios. As dimensões e<br />

acabamento <strong>da</strong>s arestas estão mostrados na Figura 32:<br />

Figura 32: Dimensões do corpo <strong>de</strong> prova tipo SE(B) escolhido <strong>para</strong> realização dos testes <strong>de</strong><br />

CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor (2011).<br />

O prisma retangular é retirado no sentido longitudinal do <strong>tubo</strong> e usinado em<br />

retífica plana <strong>de</strong> precisão, marca Mello, mo<strong>de</strong>lo P36, <strong>de</strong>ixando o corpo <strong>de</strong> prova nas<br />

dimensões e acabamentos finais. Posteriormente, pre<strong>para</strong>m-se os entalhes dos<br />

corpos <strong>de</strong> prova em fresadora, marca Romi, mo<strong>de</strong>lo D600 <strong>de</strong> disco com a ponta <strong>de</strong><br />

corte <strong>da</strong> ferramenta em ângulo V (Figura 33).<br />

79


Figura 33: Fresamento do entalhe do corpo <strong>de</strong> prova CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Os corpos <strong>de</strong> prova foram medidos com paquímetro digital <strong>de</strong> 0-200mm ,<br />

marca Mitutoyo, e montados na máquina Instron <strong>para</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca <strong>de</strong><br />

fadiga <strong>à</strong> temperatura ambiente, utilizando-se carregamento cíclico e senoi<strong>da</strong>l.<br />

3.3.2 Pré-trinca por fadiga<br />

Para a execução do ensaio <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> trinca, a norma BS 7448-1<br />

estabelece que se <strong>de</strong>va ter uma pré-trinca mínima <strong>de</strong> 1,3 mm ou 2,5% <strong>da</strong> espessura<br />

W, a fim <strong>de</strong> evitar que qualquer <strong>de</strong>formação plástica gera<strong>da</strong> após usinagem do<br />

entalhe influencie o resultado <strong>de</strong> abertura <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca. A trinca por fadiga se<br />

inicia na ponta do entalhe. Para os corpos <strong>de</strong> prova com dimensões <strong>de</strong> 40 x 20 x<br />

186 mm, o comprimento <strong>da</strong> pré-trinca juntamente com o entalhe <strong>de</strong>ve estar entre 18<br />

e 22 mm, que é correspon<strong>de</strong>nte a 0,45W a 0,55W respectivamente.<br />

Com as dimensões do corpo <strong>de</strong> prova e resultados do ensaio <strong>de</strong> tração,<br />

calculou-se a força necessária <strong>para</strong> executar a pré-trinca. A carga <strong>de</strong> fadiga (Ff)<br />

usa<strong>da</strong> foi calcula<strong>da</strong> através <strong>da</strong> seguinte equação 33:<br />

( σ + )<br />

⎡ 2<br />

Bbo ⋅ y σ<br />

Ff = ⎢<br />

⎢ 4s<br />

⎣<br />

r<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

80<br />

(33)


A razão <strong>de</strong> carga utiliza<strong>da</strong> nos ensaios foi <strong>de</strong> R = 0,1, obtendo o valor <strong>de</strong> Fmin<br />

= 0,1Ff. Os valores <strong>da</strong> carga média Sp e amplitu<strong>de</strong> ∆F, foram calculados a partir<br />

<strong>da</strong>s equações 34 e 35.<br />

∆K(a).<br />

Ff + F<br />

Sp =<br />

2<br />

Ff − F<br />

∆F<br />

=<br />

2<br />

min<br />

min<br />

Em segui<strong>da</strong>, calculou-se K(a) equivalente (Equação 36).<br />

K<br />

( a)<br />

⎛ a ⎞<br />

Ff ⋅ f ⎜ ⎟<br />

w<br />

=<br />

⎝ ⎠<br />

B W<br />

Obtendo o K(a) equivalente <strong>pela</strong>s equações 37 e 38, calculou-se K1(a) e<br />

∆<br />

K 1<br />

( a)<br />

= 0,<br />

1⋅<br />

K(<br />

a)<br />

( a)<br />

= K(<br />

a)<br />

− K ( a)<br />

K 1<br />

O corpo <strong>de</strong> prova é posicionado na máquina <strong>de</strong> modo que o crescimento <strong>da</strong><br />

trinca ocorra no sentido do vértice do entalhe. Neste momento, o extensômetro <strong>de</strong><br />

<strong>fratura</strong> é acoplado <strong>à</strong> amostra em lâminas pontiagu<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 2 mm que foram presas<br />

junto <strong>à</strong> boca do entalhe. Aplica-se uma carga <strong>de</strong> 0,4 KN <strong>para</strong> pren<strong>de</strong>r o corpo <strong>de</strong><br />

prova e inicia-se a fadiga. Durante a fadiga, visou-se uma pré-trinca <strong>de</strong> 4 mm e<br />

trabalhou-se com um valor <strong>da</strong>/dN < 1,0x10 -4 mm/ciclo <strong>para</strong> evitar a <strong>de</strong>formação<br />

plástica durante este estágio.<br />

(34)<br />

(35)<br />

(36)<br />

(37)<br />

81<br />

(38)


Os parâmetros geométricos do corpo <strong>de</strong> prova como largura (W), espessura<br />

(B), distância entre apoios (4W), a freqüência <strong>de</strong> 25 Hz, o comprimento inicial <strong>da</strong><br />

trinca e a taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> trinca, limite <strong>de</strong> escoamento, resistência a tração,<br />

coeficiente <strong>de</strong> Poisson 0,33, foram os <strong>da</strong>dos informados ao software <strong>da</strong>/dN <strong>da</strong><br />

máquina. Com to<strong>da</strong>s estas informações o equipamento inicia o processo <strong>de</strong> abertura<br />

<strong>da</strong> pré-trinca com ciclo senoi<strong>da</strong>l, que dura aproxima<strong>da</strong>mente 45 minutos. Durante<br />

este período foram feitas inspeções visuais com uma lupa e luz branca <strong>para</strong> um<br />

eficiente acompanhamento do crescimento <strong>da</strong> trinca até o comprimento<br />

<strong>de</strong>terminado.<br />

Após a abertura <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 4 mm, verifica-se o <strong>de</strong>svio<br />

máximo <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> até 10° em relação ao eixo central do entalhe<br />

no microscópio <strong>de</strong> analisador <strong>de</strong> imagem (Figura 34).<br />

Figura 34: Técnica <strong>de</strong> medição do ângulo <strong>de</strong> propagação <strong>da</strong> trinca no analisador <strong>de</strong> imagens.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

3.3.3 CTOD<br />

Para o teste <strong>de</strong> CTOD, o corpo <strong>de</strong> prova foi posicionado na máquina <strong>de</strong> fadiga<br />

entre os suportes e acoplado o extensômetro (Figura 35). Na seqüência, foi colocado<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> câmara com CO2 gasoso por tempo suficiente <strong>para</strong> alcançar a temperatura<br />

82


<strong>de</strong> -30°C. A norma BS7448 Part I estabelece 1 minuto <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> 1 mm <strong>de</strong><br />

espessura, e a temperatura durante todo o teste não po<strong>de</strong> variar em ± 2°C, que foi<br />

controlado pelo termômetro <strong>da</strong> câmara <strong>de</strong> CO2.<br />

Figura 35: Corpo <strong>de</strong> prova usinado e montado <strong>para</strong> teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> teste adota<strong>da</strong> foi <strong>de</strong> 1,00 mm/min e a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> registra<strong>da</strong> do<br />

ambiente <strong>da</strong> câmara foi <strong>de</strong> 35%. Todos estes parâmetros são introduzidos no<br />

software KIC_CTOD, juntamente com a largura (W), espessura(B), distância entre<br />

apoios (4W), o comprimento <strong>da</strong> trinca (entalhe+pré-trinca), o ∆K(a) máximo, o limite<br />

<strong>de</strong> escoamento, a resistência <strong>à</strong> tração, o coeficiente <strong>de</strong> Poisson 0,33, o número <strong>de</strong><br />

ciclos <strong>de</strong> fadiga realizados <strong>para</strong> a abertura <strong>da</strong> pré-trinca e o valor do módulo <strong>de</strong><br />

elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> este aço com valor <strong>de</strong> 206 GPa. O corpo <strong>de</strong> prova é centrado <strong>para</strong><br />

então acionar o software e iniciar o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

As cargas e <strong>de</strong>slocamentos correspon<strong>de</strong>ntes aos eventos específicos no<br />

processo <strong>de</strong> iniciação e extensão <strong>da</strong> trinca foram usados <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminar os valores<br />

<strong>de</strong> CTOD correspon<strong>de</strong>ntes. A figura 36 mostra um gráfico típico do teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

83


Figura 36: Gráfico Carga x Deslocamento do “clip-gage” e obtenção do valor VP durante o teste<br />

<strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Norma BS 7448.<br />

Para valores <strong>de</strong> δc, δu e δm, a carga e o <strong>de</strong>slocamento no “clip-gage”<br />

correspon<strong>de</strong>ntes são obtidos diretamente dos gráficos. No caso <strong>de</strong> uma curva<br />

contínua suave, na qual a carga aumenta com o aumento do <strong>de</strong>slocamento até o<br />

início <strong>de</strong> propagação instável <strong>da</strong> trinca ou “pop-in”, e on<strong>de</strong> não ocorreu um<br />

significativo crescimento estável <strong>da</strong> trinca, o CTOD crítico, δc, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminado<br />

a partir <strong>da</strong> carga e <strong>da</strong> componente plástica do <strong>de</strong>slocamento do “clip-gage”<br />

correspon<strong>de</strong>ntes neste ponto. O valor <strong>de</strong> CTOD crítico <strong>de</strong> referência δc(*) foi<br />

calculado, retirado do gráfico <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> carga máxima, com o objetivo <strong>de</strong> analisar<br />

os valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> na região on<strong>de</strong> não houve gran<strong>de</strong> propagação <strong>de</strong><br />

trinca, no cotovelo <strong>da</strong> curva, com crescimento <strong>de</strong> trinca instável. Para o CTOD <strong>de</strong><br />

carga máxima, δm, o teste foi realizado até o ponto máximo <strong>da</strong> curva e foi<br />

<strong>de</strong>terminado a partir <strong>da</strong> carga e <strong>da</strong> componente plástico Vp referente e este ponto.<br />

Através do gráfico, foi obtido o valor Vp correspon<strong>de</strong>nte <strong>à</strong> componente plástica do<br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> abertura na boca do entalhe através do seguinte procedimento:<br />

Traça-se uma tangente, partindo <strong>da</strong> origem, <strong>à</strong> curva obti<strong>da</strong> (Carga x Vp);<br />

84


No ponto correspon<strong>de</strong>nte <strong>à</strong> carga máxima ou o ponto <strong>de</strong> carga <strong>para</strong> o CTOD<br />

crítico, traça-se uma reta <strong>para</strong>lela <strong>à</strong> tangente;<br />

No ponto on<strong>de</strong> a <strong>para</strong>lela <strong>à</strong> tangente corta o eixo X lê-se o valor<br />

correspon<strong>de</strong>nte a Vp (Figura 36).<br />

O valor <strong>de</strong> CTOD é <strong>de</strong>terminado através do conhecimento do tamanho real <strong>da</strong><br />

trinca. Para isso, após o ensaio, o corpo <strong>de</strong> prova foi rompido em temperatura <strong>de</strong><br />

- 196 °C com martelo. O corpo <strong>de</strong> prova ficou imerso em nitrogênio líquido por 15<br />

minutos, <strong>para</strong> que a <strong>fratura</strong> do comprimento remanescente <strong>da</strong> amostra <strong>de</strong>forma<strong>da</strong><br />

seja visualmente diferente <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> ocorri<strong>da</strong> durante o teste CTOD.<br />

Na figura 37, mostra-se o método <strong>para</strong> encontrar a trinca média real inicial (a0)<br />

<strong>de</strong> acordo com o procedimento informado <strong>pela</strong> norma BS 7448 – Part IV, medindo-<br />

se em 9 locais espaçados ao longo do comprimento <strong>da</strong> seção <strong>da</strong> amostra e<br />

encontrando o valor médio do comprimento <strong>da</strong> trinca.<br />

Figura 37: Método <strong>para</strong> medição <strong>da</strong> trinca e propagação durante o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Fonte: Norma BS 7448.<br />

Para obtenção do valor <strong>de</strong> ∆ap correspon<strong>de</strong>nte a ca<strong>da</strong> corpo <strong>de</strong> prova foi<br />

marcado a posição <strong>da</strong> frente <strong>da</strong> trinca pós-fadiga, i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> na figura acima como<br />

85


a região “escura” chama<strong>da</strong> crescimento <strong>de</strong> trinca. Quebrando-se, posteriormente, o<br />

corpo <strong>de</strong> prova a baixa temperatura <strong>de</strong> forma a se evitar <strong>de</strong>formação plástica<br />

adicional. O valor inicial <strong>da</strong> trinca, a0, e o final, ap, foram obtidos como a média entre<br />

os comprimentos <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong>s trincas em pontos igualmente espaçados ao<br />

longo <strong>da</strong> espessura do corpo <strong>de</strong> prova (seção transversal).<br />

Após este procedimento, foram obti<strong>da</strong>s as variáveis <strong>para</strong> cálculo do valor <strong>de</strong><br />

CTOD <strong>de</strong> acordo com a equação 18.<br />

Na Tabela 3 é mostrado o fator <strong>de</strong> forma f(a0/W) em função dos parâmetros<br />

geométricos do corpo <strong>de</strong> prova.<br />

3.3.3.1 CTOD <strong>de</strong> Iniciação<br />

Para obter o valor do CTOD <strong>de</strong> iniciação (δi 0.2) que correspon<strong>de</strong> ao valor<br />

quantitativo <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> quando ocorre <strong>à</strong> propagação <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> 0,2<br />

mm, tem-se a seguinte metodologia:<br />

Os valores <strong>de</strong> CTOD são calculados <strong>para</strong> vários corpos <strong>de</strong> prova e colocados<br />

em gráfico contra a extensão física <strong>da</strong> trinca (∆ap) correspon<strong>de</strong>nte. A linha <strong>de</strong><br />

tendência R <strong>de</strong>ve conter seis pontos distribuídos <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong><br />

trinca especifica<strong>da</strong> <strong>para</strong> o aço que está sendo testado. Através <strong>de</strong>sta linha <strong>de</strong><br />

tendência consegue-se obter o valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação traçando uma linha<br />

vertical ∆ap = 0,2mm e a interseção <strong>da</strong> curva R com a linha vertical ∆ap = 0,2 mm é<br />

o valor <strong>de</strong> δi.<br />

Com objetivo <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r aos requisitos <strong>para</strong> traçar a linha <strong>de</strong> tendência e<br />

obter o valor do CTOD <strong>de</strong> iniciação, foi consi<strong>de</strong>rado o seguinte procedimento:<br />

Realiza-se o primeiro teste <strong>de</strong> CTOD <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> condição utilizando to<strong>da</strong> a<br />

abertura váli<strong>da</strong> do “clip-gage” consi<strong>de</strong>rando este ponto como o máximo.<br />

Observa-se o momento em que a trinca <strong>de</strong> fadiga foi aberta <strong>de</strong>vido <strong>à</strong><br />

<strong>de</strong>formação plástica <strong>da</strong> amostra e marca-se este ponto como o mínimo <strong>da</strong> curva.<br />

Com os extremos encontrados, escolhe-se pontos aleatórios <strong>de</strong>ntro do<br />

intervalo <strong>para</strong> construir a linha <strong>de</strong> tendência por regressão.<br />

86


O próprio programa KIC_CTOD retira do gráfico o valor <strong>de</strong> VP e utiliza na<br />

fórmula <strong>de</strong> CTOD. Após ter-se atingindo o valor <strong>de</strong>sejado, interrompe-se o ensaio e,<br />

posteriormente, <strong>fratura</strong>-se o corpo <strong>de</strong> prova <strong>para</strong> exame <strong>de</strong> suas superfícies <strong>de</strong><br />

<strong>fratura</strong>.<br />

3.4 Ensaios <strong>de</strong> corrosão<br />

3.4.1 Hic test<br />

As amostras padroniza<strong>da</strong>s <strong>para</strong> o teste HIC foram retira<strong>da</strong>s no sentido<br />

longitudinal, ao longo <strong>da</strong> circunferência do <strong>tubo</strong> e espaçados <strong>de</strong> 120°. As dimensões<br />

<strong>da</strong>s amostras estão mostra<strong>da</strong>s na Figura 38: 100 +/-1 mm <strong>de</strong> comprimento, 20 +/- 1<br />

mm na largura e a mesma espessura do <strong>tubo</strong>.<br />

Figura 38: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>para</strong> ensaio <strong>de</strong> HIC TEST NACE TM 0284.<br />

Fonte: NACE TM 0284.<br />

Os corpos <strong>de</strong> prova foram usinados <strong>da</strong>s superfícies externa e interna do <strong>tubo</strong>.<br />

A usinagem <strong>de</strong>ve ter os últimos dois passes com <strong>de</strong>sbaste máximo <strong>de</strong> 0,05 mm <strong>de</strong><br />

material removido, a fim <strong>de</strong> se evitar concentrações <strong>de</strong> tensões nas amostras.<br />

87


A hidrogenação no corpo <strong>de</strong> prova retangular foi realiza<strong>da</strong>, conforme norma<br />

NACE TM 0284-2003 (2005). O ensaio consiste em uma exposição <strong>da</strong> amostra sem<br />

carga aplica<strong>da</strong> em duas soluções padroniza<strong>da</strong>s <strong>para</strong> teste. A solução A é composta<br />

<strong>de</strong> 50 gramas <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio e 5 gramas <strong>de</strong> ácido acético diluídos em água em<br />

solução satura<strong>da</strong> H2S na temperatura e pressão ambiente. A solução B composta <strong>de</strong><br />

50 gramas <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio, 25 gramas <strong>de</strong> ácido acético e 4,1 gramas <strong>de</strong> acetato<br />

<strong>de</strong> sódio diluídos em água satura<strong>da</strong> <strong>de</strong> H2S na temperatura e pressão ambiente. Os<br />

reagentes <strong>para</strong> a solução A e B <strong>de</strong>vem ser gás nitrogênio purgando, gás <strong>de</strong> H2S,<br />

NaCl, CH3COOH em água <strong>de</strong>stila<strong>da</strong>. Após <strong>da</strong> etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>soxigenação, a solução foi<br />

satura<strong>da</strong> pelo borbulhamento <strong>de</strong> gás a pressão ambiente. Ensaio <strong>de</strong> exposição em<br />

HIC foi feito em recipiente <strong>de</strong> vidro padrão. Todos os testes foram segundo norma<br />

NACE TM0284-2003, incluindo três replicações <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> condição em uma relação<br />

volume/ área maior que 3 ml/cm2 . As medições <strong>de</strong> pH na solução teste foram feitas<br />

e os ajustes foram realizados se o valor estava ou não na faixa <strong>de</strong> -0,1/+0,3<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pH <strong>para</strong> o nível <strong>de</strong>sejado. Após ca<strong>da</strong> teste, todos os corpos <strong>de</strong> prova<br />

foram inspecionados utilizando ultra-som, marca ULTRAPAC, e um transdutor<br />

15MHz , diâmetro <strong>de</strong> 6 mm. Para ca<strong>da</strong> corpo <strong>de</strong> prova, a área total dos <strong>de</strong>feitos<br />

(CAR) foi calcula<strong>da</strong> <strong>pela</strong> relação entre a área do <strong>de</strong>feito <strong>pela</strong> área total do corpo <strong>de</strong><br />

prova no plano <strong>da</strong> seção transversal. Os valores do CAR foram <strong>de</strong> acordo com as<br />

médias aritméticas dos três ensaios realizados. Esses valores <strong>de</strong> CAR guar<strong>da</strong>m<br />

relação com CLR (relação do comprimento <strong>de</strong> trinca) que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminados<br />

<strong>da</strong>s seções transversais <strong>de</strong> acordo com o procedimento NACE TM0284-2003.<br />

O cálculo <strong>da</strong>s reações <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao trincamento (CSR), comprimento<br />

<strong>da</strong> trinca (CLR) e espessura <strong>da</strong> trinca serão conforme as equações previstas na<br />

norma NACE TM 0284-2003 (2005) (Equações 39, 40 e 41).<br />

Σ(<br />

a + b)<br />

( W + T)<br />

⎡ ⎤<br />

CSR = ⎢ ⎥ × 100%<br />

⎣ ⎦<br />

( a)<br />

( W)<br />

⎡Σ ⎤<br />

CLR = ⎢ ⎥ × 100%<br />

⎣ ⎦<br />

(39)<br />

88<br />

(40)


on<strong>de</strong>:<br />

( b)<br />

( T)<br />

⎡Σ ⎤<br />

CTR = ⎢ ⎥ × 100%<br />

⎣ ⎦<br />

W = largura <strong>da</strong> seção dos corpos <strong>de</strong> prova;<br />

a = o comprimento <strong>da</strong> trinca;<br />

b = espessura <strong>da</strong> trinca;<br />

T = espessura <strong>da</strong> amostra.<br />

3.4.2 Hidrogenação<br />

Os corpos <strong>de</strong> prova hidrogenados <strong>para</strong> o ensaio CTOD foram imersos durante<br />

tempos <strong>de</strong> 96 e 168horas nas soluções A e B (Tabela 7).<br />

Tabela 7: Condições <strong>da</strong> hidrogenação realiza<strong>da</strong>s nas amostras <strong>de</strong> CTOD.<br />

Grupo Condição<br />

I Solução áci<strong>da</strong> do tipo A com exposição <strong>de</strong> 96 horas<br />

II Solução áci<strong>da</strong> do tipo A com exposição <strong>de</strong> 168 horas<br />

III Solução áci<strong>da</strong> do tipo B com exposição <strong>de</strong> 168 horas<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Os valores obtidos no ensaio seguiram a mesma metodologia <strong>de</strong>scrita<br />

anteriormente no ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

3.5 Análise <strong>da</strong> Propagação <strong>da</strong> Trinca após Ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

Os corpos <strong>de</strong> prova rompidos após ensaio <strong>de</strong> CTOD foram pre<strong>para</strong>dos em<br />

cortes <strong>de</strong> pequenas amostras <strong>para</strong> a análise fractográfica em microscópio Eletrônico<br />

<strong>de</strong> Varredura, em equipamento <strong>da</strong> marca JEOL, com magnificações <strong>de</strong> 16 a 2000x.<br />

89<br />

(41)


A região <strong>de</strong> interesse foi on<strong>de</strong> ocorreu a propagação <strong>da</strong> trinca durante o<br />

ensaio <strong>de</strong> CTOD (Figura 39). O objetivo é avaliar as evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> um carregamento<br />

por hidrogênio na superfície <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> <strong>da</strong>s amostras <strong>de</strong> <strong>tubo</strong>s <strong>de</strong> aço.<br />

Figura 39: Factografia <strong>da</strong> região <strong>de</strong> interesse (∆ap) <strong>para</strong> <strong>avaliação</strong> do comprimento <strong>da</strong><br />

propagação <strong>da</strong> trinca após ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

90<br />

Pré trinca por<br />

fadiga<br />

Região <strong>de</strong><br />

Interesse<br />

Fratura frágil


4 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

4.1 Composição química<br />

A Tabela 8 mostra a composição química do aço utilizado nesse trabalho e os<br />

valores requeridos, conforme norma API 5L <strong>para</strong> o grau X65. As somas dos<br />

elementos <strong>de</strong> ligas não ultrapassaram 2% em peso, caracterizando o material como<br />

baixa liga e <strong>de</strong> boa sol<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> com percentuais baixos <strong>de</strong> carbono equivalente e<br />

PCM. A presença do manganês que é o principal elemento químico que caracteriza<br />

bem as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste aço com boa tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> após tratamento<br />

térmico. A presença <strong>de</strong> Nióbio e Vanádio aju<strong>da</strong> no refino <strong>de</strong> grão, tornando esta<br />

microestrutura mais homogênea. O Cromo coopera <strong>para</strong> alcançar uma boa<br />

resistência a corrosão e aumenta as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica. O Alumínio e o Silício<br />

contribuem pelo processo <strong>de</strong> eliminação <strong>da</strong>s impurezas gera<strong>da</strong>s durante a<br />

fabricação do aço na Aciaria.<br />

Tabela 8: Resultados <strong>de</strong> composição química do aço X65<br />

Dimensão-mm C% Mn% P% S% Si% Cu% Ni% Cr% Mo% Al% Nb% V% Ti% CE% PCM<br />

323.9 x 27.0 0,09 1,41 0,010 0,002 0,26 0,01 0,01 0,06 0,06 0,032 0,028 0,04 0,002 0,358 0,183<br />

API 5L (max) 0,14 1,70 0,025 0,015 0,45 0,50 0,50 0,50 0,50 - - - - 0,430 0,250<br />

4.2 Metalografia<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

As Tabelas 9 e 10 mostram os resultados <strong>de</strong> micro-inclusões do aço API 5L<br />

X65, conforme norma ASTM E45-10e1 (2010) - Método A.<br />

Tabela 9: Resultados <strong>de</strong> micro-inclusões - Série Fina.<br />

Aço Dimensão (mm) Série Fina (A) Série Fina (B) Série Fina (C) Série Fina (D)<br />

X65 323,90 x 27,00 0,50 0,00 0,50 1,00<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

91


Aço Dimensão (mm)<br />

Tabela 10: Resultados <strong>de</strong> micro-inclusões - Série Grossa.<br />

Série Grossa<br />

(A)<br />

Série Grossa<br />

(B)<br />

Série Grossa<br />

(C)<br />

92<br />

Série Grossa<br />

(D)<br />

X65 323,90 x 27,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

Esses resultados <strong>de</strong> micro-inclusões evi<strong>de</strong>nciam a eficiência dos processos<br />

<strong>de</strong> metalurgia secundária necessários <strong>à</strong> produção <strong>de</strong>sses aços, obtendo um nível <strong>de</strong><br />

pureza elevado e contribuem <strong>para</strong> melhorar a resistência a fragilização pelo<br />

hidrogênio. Os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaseificação <strong>à</strong> vácuo, rinsagem, borbulhamento<br />

com argônio e a prática <strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s inclusões globulares <strong>para</strong> um aço acalmado<br />

com a adição <strong>de</strong> alumínio e silício garantem o sucesso <strong>de</strong>ste liga.<br />

A microestrutura <strong>da</strong> seção transversal mostrou a presença <strong>de</strong> carbonetos<br />

precipitados em matriz ferrítica (material temperado e revenido) (Figura 40), após<br />

eficiente processo <strong>de</strong> tratamento térmico realizado <strong>pela</strong> V&M do Brasil. A evidência<br />

<strong>de</strong> uma microestrutura homogênea garante excelente proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica que é<br />

um sucesso <strong>para</strong> a aplicação do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço sem costura nas refinarias e<br />

plataformas <strong>de</strong> petróleo.<br />

Figura 40: Microestrutura <strong>da</strong> seção transversal do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço API-5L-X65, evi<strong>de</strong>nciando estrutura<br />

martensita reveni<strong>da</strong>.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

O tamanho <strong>de</strong> grão austenítico ASTM 10 foi obtido conforme norma ASTM<br />

E112-10 (2010).


4.3 Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas<br />

As amostras do ensaio <strong>de</strong> tração longitudinal foram do tipo cilíndrico,<br />

conforme figura 41, retirado do centro <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço sem costura do lado<br />

A e B (pé e ponta) <strong>para</strong> avaliar a diferença <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica nas<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do <strong>tubo</strong>.<br />

Figura 41: Corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> tração usinado.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

A Tabela 11 mostra os resultados do ensaio <strong>de</strong> tração do grau X65 analisado<br />

neste trabalho na condição temperado e revenido.<br />

Dimensão(mm)<br />

Tabela 11: Resultados do ensaio <strong>de</strong> tração no sentido longitudinal.<br />

Limite <strong>de</strong><br />

Escoamento<br />

(MPa)<br />

Média<br />

(MPa)<br />

DP Resistência <strong>à</strong><br />

Tração (MPa)<br />

Média<br />

(MPa)<br />

93<br />

DP Alongamento<br />

%<br />

323,90 x 27,00 - A 472<br />

572<br />

55<br />

482,5 14,8<br />

580,5 12,0<br />

323,90 x 27,00 - B 493 589 54<br />

Espec. API 5L 450/570 535/750 25 min.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

Observa-se que os valores obtidos são típicos <strong>de</strong> material <strong>de</strong> média<br />

resistência mecânica conforme previsto <strong>pela</strong> tabela 2 <strong>de</strong> aços API 5L e sua<br />

aplicações. Nota-se também pequena variação <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica entre o<br />

lado A (pé) e B (ponta) do <strong>tubo</strong> que é oriundo do processo <strong>de</strong> resfriamento após<br />

têmpera do material. Esses resultados mostraram, também, que o tratamento <strong>de</strong><br />

revenimento contribuiu <strong>para</strong> uma boa resistência e aumento <strong>da</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong>. No


trabalho <strong>de</strong> Toffolo foram realizados testes mecânicos <strong>de</strong> tração em graus X60 e<br />

X70 produzidos pelo processo <strong>de</strong> laminação com resfriamento controlado <strong>para</strong> o<br />

refino do tamanho <strong>de</strong> grão <strong>da</strong> ferrita, que <strong>de</strong>u base <strong>para</strong> a com<strong>para</strong>ção conforme<br />

Figura 43.<br />

Na figura 42, tem-se foto dos corpos <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> impacto antes e <strong>de</strong>pois do<br />

ensaio. Foram utilizados corpos <strong>de</strong> prova sub-size 10x55x7,5 mm, que foram<br />

convertidos <strong>para</strong> 10x55x10 mm, conforme estabelecido <strong>pela</strong> norma API 5L, pelo<br />

fator 0,75.<br />

Figura 42: Amostra <strong>para</strong> teste <strong>de</strong> impacto antes e após o ensaio Charpy.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

A Tabela 12 mostra os resultados do ensaio <strong>de</strong> impacto Charpy realizado em<br />

amostras transversais do <strong>tubo</strong> conforme normas API 5L e ASTM E23.<br />

Dimensão<br />

Tabela 12: Resultados do ensaio <strong>de</strong> impacto Charpy na temperatura <strong>de</strong> 0 o C.<br />

Impacto transversal – Corpo <strong>de</strong> prova 10 x 55 x 10mm, 0ºC<br />

Energia Absorvi<strong>da</strong> Média DP Fratura Dúctil Média<br />

323,90 x 27,00 - A 364 392 394 383,3 16,7 100 100 100 100<br />

323,90 x 27,00 - B 388 398 398 394,6 5,7 100 100 100 100<br />

Exigência API 5L > 20 J > 27 J >60 % >80%<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

O resultado <strong>de</strong> energia absorvi<strong>da</strong> na <strong>fratura</strong> por impacto evi<strong>de</strong>ncia a<br />

tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> do <strong>tubo</strong> na temperatura <strong>de</strong> 0°C. A temperatura <strong>de</strong> transição é<br />

inferior a 0°C o que po<strong>de</strong> configurar o aço <strong>para</strong> trabalho em temperaturas negativas.<br />

94


Os resultados se justificam em razão <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> têmpera e revenimento com o<br />

último tratamento executado em temperatura eleva<strong>da</strong> que garante uma excelente<br />

tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Com<strong>para</strong>ndo estes resultados com os resultados dos aços X60 e X70<br />

estu<strong>da</strong>dos por Toffolo, foi elaborado o gráfico a seguir (figura 43).<br />

Figura 43: Com<strong>para</strong>ção dos valores <strong>de</strong> limite <strong>de</strong> escoamento e energia absorvi<strong>da</strong> dos graus X60 e<br />

X70 produzidos pelo processo termo-mecânico e o grau X65 temperado e revenido <strong>pela</strong> VM do Brasil.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

Fica caracteriza<strong>da</strong> a gran<strong>de</strong> eficiência do processo <strong>de</strong> tratamento térmico por<br />

têmpera e revenimento em valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> obtido no teste <strong>de</strong> charpy<br />

realizado na temperatura <strong>de</strong> -30°C em com<strong>para</strong>ção com processo <strong>de</strong> laminação<br />

controla<strong>da</strong> com teste <strong>de</strong> charpy realizado na temperatura <strong>de</strong> 25°C (ambiente).<br />

A <strong>fratura</strong> dos corpos <strong>de</strong> prova do X65 apresentou-se totalmente dúctil (100%)<br />

na região rompi<strong>da</strong> após teste <strong>de</strong> charpy.<br />

O ensaio Charpy foi realizado, também, em várias temperaturas no intervalo<br />

entre -197 e 21°C <strong>para</strong> avaliar a tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> em função <strong>da</strong> temperatura (Tabela 13).<br />

Os resultados estão informados <strong>de</strong> acordo com o corpo <strong>de</strong> prova sub-size 10x55x7,5<br />

mm utilizados neste teste. A Conversão <strong>para</strong> o corpo <strong>de</strong> prova full size não foi<br />

realizado <strong>de</strong>sta vez.<br />

95


Tabela 13: Resultados do ensaio <strong>de</strong> impacto Charpy em várias<br />

temperaturas do aço X65 API 5L.<br />

Temperatura<br />

Impacto transversal – Corpo <strong>de</strong> prova 10 x 55 x 7,5mm<br />

Energia Absorvi<strong>da</strong> Média DP Fratura Dúctil Média<br />

+21°C 284 280 286 283,3 3,0 100 100 100 100<br />

-30°C 296 296 300 297,3 2,3 100 100 100 100<br />

-50°C 294 296 296 295,3 1,1 100 100 100 100<br />

-70°C 284 294 306 294,6 11,0 100 100 100 100<br />

-90°C 302 292 300 298,0 5,2 100 100 100 100<br />

-100°C 5 5 5 5,0 0,0 0 0 0 0<br />

-197°C 5 5 5 5,0 0,0 0 0 0 0<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor e CDTN (2010)<br />

A evolução <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> em função <strong>da</strong> temperatura permitiu calcular<br />

a temperatura <strong>de</strong> transição do aço X65 API 5L <strong>de</strong> -90 a -100 °C (Figura 44).<br />

Figura 44: Valores <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> em função <strong>da</strong> temperatura.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010)<br />

96


Os resultados mostram também que na temperatura <strong>de</strong> interesse proposta<br />

neste trabalho (-30ºC) o grau X65 tem excelente tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e boa ductili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

obtendo 100% <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> dúctil observado na superfície <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> dos corpos <strong>de</strong><br />

provas após ensaio <strong>de</strong> charpy. A tendência é <strong>da</strong> propagação <strong>de</strong> trinca no ensaio <strong>de</strong><br />

CTOD, na temperatura <strong>de</strong> -30ºC, obter uma superfície <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> totalmente dúctil<br />

pois a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do teste é muito inferior ao ensaio <strong>de</strong> charpy.<br />

A Tabela 14 mostra os resultados do ensaio <strong>de</strong> dureza realizado na escala<br />

Vickers (HV10).<br />

Tabela 14: Resultados médio e <strong>de</strong>svio padrão <strong>da</strong> dureza Vickers nas posições interna, meio e<br />

externa dos <strong>tubo</strong>s.<br />

Dimensão 0° 120° 240° Posição<br />

323,90 x 27,00 209,0 3,2 219,0 3,4 199,2 4,2 Externo<br />

323,90 x 27,00 180,0 3,2 175,7 2,4 179,3 3,0 Meio<br />

323,90 x 27,00 205,5 11,5 194,5 5,4 183,5 3,7 Interno<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

Na figura 45, verifica-se as impressões realiza<strong>da</strong>s pelo penetrador em uma<br />

<strong>da</strong>s três seções transversais ao longo <strong>da</strong> circunferência, <strong>para</strong> verificar o nível <strong>de</strong><br />

variação <strong>de</strong> dureza <strong>de</strong> acordo com o processo <strong>de</strong> tratamento térmico realizado<br />

durante a fabricação do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço sem costura.<br />

Figura 45: Amostra <strong>de</strong> dureza com os pontos <strong>de</strong> impressão realizados, conforme procedimento<br />

<strong>para</strong> ensaio <strong>de</strong> dureza HV.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2010).<br />

97


Verifica-se que a variação <strong>de</strong> dureza entre a superfície externa e interna em<br />

com<strong>para</strong>ção com o meio <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> é característica do sistema adotado <strong>para</strong><br />

resfriamento do <strong>tubo</strong> após têmpera. Quando o <strong>tubo</strong> sai do forno <strong>de</strong> austenitização,<br />

em segui<strong>da</strong>, é imerso no tanque contendo água na temperatura ambiente, a<br />

superfície externa ten<strong>de</strong> a sofrer um rápido resfriamento, pois esta superfície é o<br />

local que recebe o primeiro contato com a água, contribuindo <strong>para</strong> transformação<br />

total <strong>da</strong> austenita <strong>para</strong> martensita. O diâmetro interno, por outro lado, não é resfriado<br />

na mesma taxa, pois a água entra com uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> mais lenta no interior do <strong>tubo</strong><br />

que é revelado pelo maior <strong>de</strong>svio-padrão e menor média dos valores <strong>de</strong> dureza em<br />

com<strong>para</strong>ção com a superfície externa. No meio <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> do <strong>tubo</strong>, a taxa <strong>de</strong><br />

resfriamento é ain<strong>da</strong> menor, pois o gradiente térmico parte <strong>da</strong>s superfícies internas e<br />

externas <strong>para</strong> o centro <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> que é a ultima região a esfriar, dificultando a<br />

transformação austenita/martensita naquela região e obtendo valores <strong>de</strong> dureza<br />

menores consi<strong>de</strong>rando to<strong>da</strong> a seção transversal do <strong>tubo</strong>.<br />

4.4 Ensaios <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> – CTOD<br />

4.4.1 CTOD em amostras como forneci<strong>da</strong>s<br />

A Tabela 15 mostra as dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova, a Força, o Kmax e o<br />

número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca dos primeiros 6 testes<br />

realizados.<br />

Tabela 15: Dimensões dos 6 corpos <strong>de</strong> prova e parâmetros <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> fadiga.<br />

I<strong>de</strong>ntificação B - mm W(2B) - mm Força(KN) Kmax – MPa.m 1/2 N° Ciclos<br />

CP 1 19,96 40,08 13,31 26,56 58963<br />

CP 2 19,95 40,05 13,29 26,55 60018<br />

CP 3 19,97 40,06 13,31 26,55 64306<br />

CP 4 19,97 40,07 13,31 26,56 48737<br />

CP 5 19,96 40,07 13,31 26,56 55405<br />

CP 6 19,99 40,11 13,35 26,57 61804<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

98


O CTOD foi realizado nas amostras como forneci<strong>da</strong>s obtendo os<br />

<strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> Vp através do gráfico. Posteriormente os corpos <strong>de</strong> prova foram<br />

rompidos e medidos os valores do comprimento <strong>da</strong> pré-trinca a0 (mm) e a<br />

propagação <strong>da</strong> trinca ∆ap (mm) que são informados a seguir.(Tabela 16)<br />

Tabela 16: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>da</strong>s trincas.<br />

I<strong>de</strong>ntificação a0 - mm ∆ap - mm Vp - mm CTOD - mm<br />

CP 1 20,29 0,42 4,57 1,25<br />

CP 2 20,79 0,31 3,07 0,84<br />

CP 3 20,33 0,22 2,59 0,73<br />

CP 4 20,74 0,21 2,70 0,73<br />

CP 5 20,48 0,24 3,08 0,85<br />

CP 6 20,68 0,36 3,58 0,98<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

A figura 46 mostra a amostra observa<strong>da</strong> no microscópio ótico após ensaio <strong>de</strong><br />

CTOD e rompimento realizado a baixa temperatura.<br />

Figura 46: Perfil <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> do Corpo <strong>de</strong> prova após ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

A região 1 correspon<strong>de</strong> a usinagem do entalhe.<br />

Região 1<br />

Região 2<br />

Região 3<br />

Região 4<br />

99


A região 2 correspon<strong>de</strong> a trinca por fadiga.<br />

A região 3 correspon<strong>de</strong> a propagação <strong>de</strong> trinca durante o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

100<br />

A região 4 correspon<strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> frágil após rompimento por martelo na<br />

temperatura do nitrogênio líquido.<br />

O comprimento <strong>da</strong> trinca (a0) <strong>de</strong> interesse <strong>para</strong> o cálculo <strong>de</strong> CTOD é o<br />

comprimento somado <strong>da</strong>s regiões 1 e 2, que <strong>da</strong>rá o comprimento real <strong>da</strong> pré-trinca<br />

a0. Na figura 47, mostra-se o método utilizado <strong>para</strong> encontrar a trinca média real<br />

inicial (a0) e a propagação <strong>da</strong> trinca ∆ap (mm) <strong>de</strong> acordo com o procedimento<br />

informado <strong>pela</strong> norma BS 7448 – Part IV, medindo-se em 9 locais espaçados ao<br />

longo do comprimento <strong>da</strong> seção <strong>da</strong> amostra e encontrando o valor médio do<br />

comprimento <strong>da</strong> trinca.<br />

Figura 47: Método <strong>para</strong> medição <strong>da</strong> trinca e propagação durante o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Observa-se que a propagação <strong>de</strong> trinca (∆ap) foi pequena, evi<strong>de</strong>nciando que<br />

a <strong>de</strong>formação plástica ocorri<strong>da</strong> na ponta <strong>da</strong> trinca inibiu a sua propagação. Esse<br />

efeito é chamado <strong>de</strong> embotamento <strong>da</strong> ponta <strong>da</strong> trinca e acontece tipicamente com<br />

materiais que tem a característica <strong>de</strong> boa habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>formar plasticamente.<br />

Quanto maior o embotamento que é a característica do material em <strong>de</strong>formar<br />

plasticamente menor será a propagação <strong>da</strong> trinca.


101<br />

O CTOD =1,25 mm é correspon<strong>de</strong>nte ao valor <strong>de</strong> máxima carga e,<br />

consequentemente, máxima abertura do “clip-gage” <strong>para</strong> as amostras como<br />

forneci<strong>da</strong>s que foi <strong>de</strong>terminado nos testes iniciais <strong>para</strong> traçar a curva <strong>de</strong> resistência a<br />

propagação <strong>de</strong> trinca.<br />

Verificou-se que a carga durante o ensaio, após ultrapassar o limite elástico,<br />

aumentou <strong>de</strong> forma constante com a abertura do “clip-gage” sem conhecer o ponto<br />

<strong>de</strong> carga máxima (Figura 48).<br />

Força (N)<br />

Deslocamento (mm)<br />

Figura 48: Gráfico <strong>da</strong> força em função <strong>de</strong>slocamento do “clip gage”.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

Esse fato também acontece justamente pelo efeito do embotamento na ponta<br />

<strong>de</strong> trinca <strong>de</strong> propagação do teste. Com todos os resultados apurados, foi plotado o<br />

gráfico CTOD em função <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca (∆ap) (Figura 49)


Figura 49: Evolução do CTOD em função <strong>de</strong> ∆ap e a equação <strong>de</strong> regressão linear <strong>para</strong> corpos <strong>de</strong><br />

prova como fornecidos.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

102<br />

A partir dos valores <strong>de</strong> CTOD em função <strong>de</strong> ∆ap foi possível, através <strong>de</strong><br />

regressão linear, obter a expressão (Equação 42):<br />

CTOD = 2,<br />

1697*<br />

∆ap<br />

+<br />

0,<br />

2602<br />

Para o valor correspon<strong>de</strong>nte ao comprimento <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> 0,2 mm aceitável<br />

em projetos <strong>de</strong> engenharia, tem-se CTOD δi 0.2 = 0,69 mm que foi calculado <strong>pela</strong><br />

expressão 42. O CTOD crítico <strong>de</strong> referência foi calculado também <strong>para</strong> os 6 testes a<br />

partir <strong>da</strong> região avalia<strong>da</strong> no gráfico <strong>de</strong> início <strong>da</strong> trinca instável conforme estabelece a<br />

norma BS 7448. Os valores obtidos através <strong>de</strong> leituras nos gráficos foram os<br />

seguintes conforme tabela 17:<br />

Tabela 17: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca estável.<br />

I<strong>de</strong>ntificação Força(KN) Vp - mm<br />

CP 1 30,40 0,24<br />

CP 2 31,00 0,19<br />

CP 3 31,80 0,24<br />

CP 4 30,00 0,20<br />

CP 5 30,70 0,21<br />

CP 6 33,00 0,22<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

(42)


O valor médio encontrado foi CTOD δc(*) = 0,09 mm.<br />

4.4.2 CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s em solução A por 96 horas<br />

103<br />

A Tabela 18 mostra as dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova, a Força, o Kmax e o<br />

número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca do segundo grupo <strong>de</strong> 6 testes<br />

realizados.<br />

Tabela 18: Dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova e <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> fadiga.<br />

I<strong>de</strong>ntificação B - mm W(2B) - mm Força(KN) Kmax – MPa.m 1/2 N° Ciclos<br />

CP 7 20,02 40,08 13,30 26,55 58413<br />

CP 8 20,00 40,01 13,29 26,54 56740<br />

CP 9 20,02 40,08 13,35 26,56 58583<br />

CP 10 20,02 40,04 13,32 26,55 70112<br />

CP 11 19,97 40,02 13,28 26,54 58280<br />

CP 12 19,96 40,04 13,29 26,55 53260<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Posteriormente ao processo <strong>de</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca por fadiga as amostras<br />

foram hidrogena<strong>da</strong>s, com a seguinte análise <strong>da</strong> solução (Tabela 19):<br />

Tabela 19: Análise <strong>da</strong> solução <strong>da</strong> hidrogenação em amostras <strong>de</strong> CTOD.<br />

Solução A – 96 horas<br />

pH <strong>da</strong> solução antes <strong>da</strong> saturação 2,70<br />

pH <strong>da</strong> solução após o teste 3,55<br />

Concentração <strong>de</strong> H2S no início do teste 2805 ppm<br />

Concentração <strong>de</strong> H2S no fim do teste 2839 ppm<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

O CTOD foi realizado nas amostras hidrogena<strong>da</strong>s obtendo os <strong>de</strong>slocamentos<br />

<strong>de</strong> Vp através do gráfico. Posteriormente, os corpos <strong>de</strong> prova foram rompidos e<br />

medidos os valores do comprimento <strong>da</strong> pré-trinca a0 (mm) e a propagação <strong>da</strong> trinca<br />

∆ap (mm) que são informados a seguir (Tabela 20).


Tabela 20: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>de</strong> trincas.<br />

I<strong>de</strong>ntificação a0 - mm ∆ap - mm Vp - mm CTOD - mm<br />

CP 7 20,39 3,05 2,81 0,78<br />

CP 8 19,15 3,34 2,46 0,74<br />

CP 9 20,43 2,85 2,37 0,66<br />

CP 10 19,52 1,89 2,11 0,63<br />

CP 11 20,12 0,93 1,61 0,47<br />

CP 12 20,27 2,33 2,40 0,68<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

104<br />

Esses resultados evi<strong>de</strong>nciaram os efeitos <strong>da</strong> presença do hidrogênio nas<br />

amostras ensaia<strong>da</strong>s. O CTOD δm = 0,78 mm correspon<strong>de</strong> ao valor <strong>de</strong> carga máxima<br />

<strong>para</strong> esta condição <strong>de</strong> teste. No geral, houve que<strong>da</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> quando<br />

com<strong>para</strong>do os valores <strong>da</strong> condição <strong>de</strong> testes nas amostras como forneci<strong>da</strong>s e houve<br />

maior propagação <strong>de</strong> trinca (∆ap), mostrando que o material apresenta redução <strong>da</strong><br />

energia <strong>de</strong> embotamento. O fato é que a presença do hidrogênio na microestrutura<br />

diminui a energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação <strong>da</strong>s discordâncias, fazendo com que a alta tensão<br />

concentra<strong>da</strong> nestes locais cause a ruptura sem gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica. Porém,<br />

como a distribuição do hidrogênio não é homogenia em to<strong>da</strong> microestrutura, em<br />

outras regiões ocorre o acúmulo <strong>da</strong>s discordâncias, fazendo o aparecimento <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>formação plástica e <strong>de</strong>ixando o aspecto <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> na forma <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra ou “ridges” (MARTIN; FENSKE; ROBERTSON, 2010).<br />

A evolução <strong>da</strong> força em função do <strong>de</strong>slocamento <strong>para</strong> o aço X65 hidrogenado<br />

está mostra<strong>da</strong> na Figura 50 obtido <strong>da</strong> interface do computador através do software<br />

<strong>de</strong> CTOD. Verificam-se pontos <strong>de</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> no gráfico <strong>de</strong> força em função do<br />

<strong>de</strong>slocamento e surgiram dois “pops-in” nos pontos <strong>da</strong> curva próximos a 0,5 mm e<br />

2,0 mm que foram consi<strong>de</strong>rados no valor <strong>de</strong> CTOD pelo fato <strong>de</strong> ser uma condição<br />

ocorri<strong>da</strong> <strong>pela</strong> presença do hidrogênio na ponta <strong>da</strong> trinca.


Força (N)<br />

Deslocamento (mm)<br />

Figura 50: Evolução <strong>da</strong> força em função do <strong>de</strong>slocamento registrado no “clip-gage” em amostras<br />

hidrogena<strong>da</strong>s do aço X65 API.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

105<br />

Através do gráfico e com a linha <strong>de</strong> tendência através <strong>da</strong> regressão linerar,<br />

obtemos a equação <strong>para</strong> calcular o valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação. A figura 51 mostra<br />

os pontos e a linearização do gráfico <strong>de</strong> CTOD versus ∆ap.<br />

Figura 51: Gráfico CTOD x ∆ap e equação <strong>de</strong> regressão corpos <strong>de</strong> prova hidrogenados do aço<br />

X65 API 5L.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).


106<br />

A nova equação <strong>para</strong> obtenção dos valores <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação foi<br />

(Equação 43):<br />

CTOD = 0,<br />

1109*<br />

∆ap<br />

+<br />

0,<br />

3953<br />

O valor correspon<strong>de</strong>nte ao comprimento <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> 0,2 mm aceitável em<br />

projetos <strong>de</strong> engenharia foi CTOD δi =0,42 mm calculado <strong>pela</strong> equação 43.<br />

O CTOD crítico <strong>de</strong> referência foi calculado também <strong>para</strong> as 6 amostras<br />

hidrogena<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> região avalia<strong>da</strong> no gráfico <strong>de</strong> início <strong>da</strong> trinca instável. Os<br />

valores obtidos através <strong>de</strong> leituras nos gráficos foram os seguintes conforme tabela<br />

21:<br />

Tabela 21: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca instável.<br />

I<strong>de</strong>ntificação Força(KN) Vp - mm<br />

CP 7 31,90 0,21<br />

CP 8 35,30 0,28<br />

CP 9 33,20 0,23<br />

CP 10 36,40 0,26<br />

CP 11 34,00 0,26<br />

CP 12 31,80 0,23<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

O valor médio encontrado foi CTOD δc(*) = 0,10 mm.<br />

4.4.3 CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s em solução A por 168 horas<br />

A Tabela 22 mostra as dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova, a Força, o Kmax e o<br />

número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca do terceiro grupo <strong>de</strong> 6 testes<br />

realizados:<br />

(43)


Tabela 22: Dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova e <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> fadiga.<br />

I<strong>de</strong>ntificação B - mm W(2B) - mm Força(KN) Kmax – MPa.m 1/2 N° Ciclos<br />

CP 13 20,00 39,95 13,27 26,52 61013<br />

CP 14 19,99 39,99 13,28 26,53 58868<br />

CP 15 20,01 40,01 13,29 26,54 67581<br />

CP 16 20,00 40,01 13,29 26,54 62314<br />

CP 17 20,00 39,99 13,28 26,53 55815<br />

CP 18 20,00 40,00 13,29 26,53 53530<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Posteriormente ao processo <strong>de</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca por fadiga as amostras foram<br />

hidrogena<strong>da</strong>s, com a seguinte análise <strong>da</strong> solução (Tabela 23):<br />

Tabela 23: Análise <strong>da</strong> solução <strong>da</strong> hidrogenação em amostras <strong>de</strong> CTOD.<br />

Solução A – 168 horas<br />

pH <strong>da</strong> solução antes <strong>da</strong> saturação 2,70<br />

pH <strong>da</strong> solução após o teste 3,60<br />

Concentração <strong>de</strong> H2S no início do teste 2720<br />

Concentração <strong>de</strong> H2S no fim do teste 2856<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

107<br />

Após 168 horas <strong>de</strong> hidrogenação, o CTOD foi realizado no mesmo<br />

procedimento conforme requerido <strong>pela</strong> norma BS 7448. Os resultados obtidos estão<br />

na tabela a seguir (Tabela 24).<br />

Tabela 24: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>da</strong>s trincas.<br />

I<strong>de</strong>ntificação a0 - mm ∆ap - mm Vp - mm CTOD - mm<br />

CP 13 20,38 2,55 1,82 0,52<br />

CP 14 20,05 2,14 2,77 0,78<br />

CP 15 20,34 1,44 2,15 0,60<br />

CP 16 20,16 1,38 1,58 0,46<br />

CP 17 20,57 1,08 1,63 0,46<br />

CP 18 20,49 1,23 1,81 0,51<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).


108<br />

Novamente, observou-se que<strong>da</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> do material e<br />

propagação <strong>de</strong> trinca causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> presença <strong>de</strong> hidrogênio na microestrutura. A<br />

figura 52 mostra a evolução <strong>da</strong> força em função do <strong>de</strong>slocamento <strong>para</strong> esse tempo<br />

<strong>de</strong> imersão <strong>de</strong> 168 horas na solução A.<br />

Força (N)<br />

Deslocamento (mm)<br />

Figura 52: Evolução <strong>da</strong> força em função do <strong>de</strong>slocamento do “clip gage” em amostras do aço X65<br />

API 5L hidrogenados.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> carga com o <strong>de</strong>slocamento foi pouco acentua<strong>da</strong> e<br />

não ocorreu a formação <strong>de</strong> “pop-in” na curva. A figura 53 mostra o aspecto <strong>da</strong> <strong>fratura</strong><br />

do corpo <strong>de</strong> prova rompido após CTOD, evi<strong>de</strong>nciando o crescimento <strong>de</strong> trinca.


Figura 53: Aspecto <strong>da</strong> <strong>fratura</strong> após ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

109<br />

Observa-se que nas bor<strong>da</strong>s do corpo <strong>de</strong> prova houve propagação <strong>de</strong> trinca,<br />

evi<strong>de</strong>nciando o efeito <strong>da</strong> hidrogenação em uma região <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> <strong>de</strong>formação<br />

plástica.<br />

A figura 54 mostra a variação do CTOD em função do <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> trinca<br />

avalia<strong>da</strong> pelo “clip-gage”.<br />

Propagação <strong>da</strong><br />

trinca<br />

Figura 54: Evolução do CTOD com o <strong>de</strong>slocamento ∆ap <strong>para</strong> o aço X65 API 5L hidrogenado por<br />

168 horas.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).


equação 44:<br />

110<br />

A equação <strong>de</strong> inter-relação obti<strong>da</strong> entre CTOD e ∆ap é obti<strong>da</strong> através <strong>da</strong><br />

CTOD = 0,<br />

1007*<br />

∆ap<br />

+<br />

0,<br />

3900<br />

O valor correspon<strong>de</strong>nte ao comprimento <strong>da</strong> trinca 0,2 mm CTOD δi = 0,41mm<br />

calculado <strong>pela</strong> equação 44.<br />

O CTOD crítico <strong>de</strong> referência foi calculado <strong>para</strong> as 6 amostras hidrogena<strong>da</strong>s<br />

por 168 horas. Os valores obtidos através <strong>de</strong> leituras nos gráficos foram os<br />

seguintes conforme tabela 25:<br />

Tabela 25: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca instável.<br />

I<strong>de</strong>ntificação Força(KN) Vp - mm<br />

CP 13 35,30 0,30<br />

CP 14 34,40 0,34<br />

CP 15 32,60 0,32<br />

CP 16 34,60 0,27<br />

CP 17 33,00 0,32<br />

CP 18 33,60 0,32<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

O valor médio encontrado foi CTOD δc(*) = 0,12 mm.<br />

4.4.4 CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s em solução B por 168 horas<br />

A Tabela 26 mostra as dimensões dos corpos <strong>de</strong> prova, a Força, o Kmax e o<br />

número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> pré-trinca do quarto grupo <strong>de</strong> 6 testes<br />

realizados.<br />

(44)


Tabela 26: Dimensões do corpo <strong>de</strong> prova e <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> fadiga.<br />

I<strong>de</strong>ntificação B - mm W(2B) - mm Força(KN) Kmax – MPa.m 1/2 N° Ciclos<br />

CP 19 19,99 40,07 13,27 26,56 75183<br />

CP 20 20,00 40,05 13,28 26,56 61275<br />

CP 21 19,99 40,07 13,28 26,56 61269<br />

CP 22 19,99 40,09 13,88 26,86 60558<br />

CP 23 19,97 40,06 13,70 26,80 61641<br />

CP 24 19,99 40,05 13,74 26,82 69107<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor.. (2011)<br />

111<br />

Posteriormente as amostras foram hidrogena<strong>da</strong>s, obtendo os seguintes<br />

resultados após análise <strong>da</strong> solução (Tabela 27):<br />

Tabela 27: Análise <strong>da</strong> solução <strong>da</strong> hidrogenação em amostras <strong>de</strong> CTOD.<br />

Solução B – 168 horas<br />

pH <strong>da</strong> solução antes <strong>da</strong> saturação 3,50<br />

pH <strong>da</strong> solução após o teste 3,68<br />

Concentração <strong>de</strong> H2S no início do teste 2720<br />

Concentração <strong>de</strong> H2S no fim do teste 3145<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Após 168 horas <strong>de</strong> hidrogenação, o CTOD foi realizado no mesmo<br />

procedimento conforme requerido <strong>pela</strong> norma BS 7448. Os resultados obtidos estão<br />

na tabela 28.<br />

Tabela 28: Resultados <strong>de</strong> CTOD e informações do comprimento <strong>da</strong>s trincas.<br />

I<strong>de</strong>ntificação a - mm ∆ap - mm Vp - mm CTOD - mm<br />

CP 19 19,28 3,02 2,30 0,69<br />

CP 20 20,27 0,77 1,61 0,47<br />

CP 21 20,09 1,27 2,07 0,59<br />

CP 22 20,26 1,89 2,01 0,57<br />

CP 23 20,39 1,69 1,95 0,55<br />

CP 24 20,18 1,18 1,77 0,50<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)


Força (N)<br />

112<br />

Houve que<strong>da</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> do material e propagação <strong>de</strong> trinca<br />

causa<strong>da</strong> <strong>pela</strong> presença <strong>de</strong> Hidrogênio na microestrutura, com o CTOD = 0,69 mm<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao <strong>da</strong> carga máxima estabeleci<strong>da</strong> <strong>para</strong> esta condição. A seguir um<br />

dos gráficos durante o teste <strong>de</strong> CTOD em amostras hidrogena<strong>da</strong>s por 168 horas na<br />

solução B. (Figura 55).<br />

Deslocamento (mm)<br />

Figura 55: Gráfico Força X Deslocamento do Clip Gage em amostras hidrogenados.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

Através do gráfico e com a curva <strong>de</strong> tendência (Figura 56), obtemos a<br />

equação <strong>para</strong> o valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> iniciação <strong>para</strong> esta condição <strong>de</strong> teste.


Figura 56: Gráfico CTOD x ∆ap com a equação <strong>da</strong> linha <strong>de</strong> tendência <strong>para</strong> corpos <strong>de</strong> prova<br />

hidrogenados.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

A equação 45 apresenta a linha <strong>de</strong> tendência:<br />

CTOD = 0,<br />

0898*<br />

∆ap<br />

+<br />

0,<br />

4146<br />

113<br />

O valor correspon<strong>de</strong>nte ao comprimento <strong>da</strong> trinca 0,2 mm CTOD δi = 0,43mm<br />

calculado pelo equação 47.<br />

O CTOD crítico <strong>de</strong> referência foi calculado <strong>para</strong> as 6 amostras hidrogena<strong>da</strong>s<br />

por 168 horas na solução B. Os valores obtidos através <strong>de</strong> leituras nos gráficos<br />

foram os seguintes conforme tabela 29:<br />

Tabela 29: Força e <strong>de</strong>slocamento Vp no inicio <strong>de</strong> trinca instável.<br />

I<strong>de</strong>ntificação Força(KN) Vp - mm<br />

CP 19 36,70 0,30<br />

CP 20 33,20 0,28<br />

CP 21 33,50 0,27<br />

CP 22 33,30 0,35<br />

CP 23 33,50 0,31<br />

CP 24 33,60 0,31<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

O valor médio encontrado foi CTOD δc(*) = 0,12 mm.<br />

Resumi<strong>da</strong>mente, os resultados obtidos foram conforme tabela 30:<br />

(45)


Tabela 30: Resultado geral dos métodos <strong>de</strong> CTOD.<br />

Condição δm δi 0,2 δc(*)<br />

Como fornecido 1,25 mm 0,69 mm 0,09 mm<br />

H – Solução A – 96 horas 0,78 mm 0,42 mm 0,10 mm<br />

H – Solução A – 168 horas 0,78 mm 0,41 mm 0,12 mm<br />

H – Solução B – 168 horas 0,69 mm 0,43 mm 0,12 mm<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

114<br />

Observa-se a que<strong>da</strong> em torno <strong>de</strong> 60% dos valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> do<br />

material como fornecido <strong>para</strong> o hidrogenado, consi<strong>de</strong>rando os resultado <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong><br />

carga máxima (δm) e CTOD <strong>de</strong> iniciação (δi 0.2), ou seja, através <strong>de</strong> duas<br />

metodologias <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> notou-se que o hidrogênio<br />

realmente afetou a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço em resistir <strong>à</strong> propagação <strong>de</strong> trincas.<br />

Com<strong>para</strong>ndo os resultados <strong>de</strong> carga máxima com os resultados dos aços X60 e X70<br />

encontrados na literatura que foram estu<strong>da</strong>dos por Toffolo, observa-se que mesmo<br />

com a que<strong>da</strong> dos valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> após hidrogenação, os valores <strong>de</strong><br />

CTOD do X65 produzidos <strong>pela</strong> V&M do Brasil são consi<strong>de</strong>rados bons e que estão<br />

acima do mínimo requerido <strong>para</strong> os projetos line pipe <strong>de</strong> dutos submarinos cujo valor<br />

é <strong>de</strong> 0,15 mm. A seguir (Figura 57), temos um gráfico mostrados os resultados <strong>de</strong><br />

CTOD com e sem hidrogenação em função <strong>da</strong> energia absorvi<strong>da</strong> do grau X65<br />

temperado e revenido, X60 e X70 produzidos pelo processo <strong>de</strong> laminação<br />

controla<strong>da</strong>, evi<strong>de</strong>nciando que o material estu<strong>da</strong>do neste trabalho é a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong><br />

aplicação em ambientes com a presença <strong>de</strong> hidrogênio e/ou H2S.<br />

Portanto, mesmo que haja quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> hidrogênio ou H2S<br />

durante a aplicação dos dutos, levando a saturação, os <strong>tubo</strong>s estariam aptos <strong>para</strong><br />

continuar trabalhando sem que haja qualquer problema com o assunto relacionado <strong>à</strong><br />

CTOD.


Figura 57: Gráfico Energia absorvi<strong>da</strong> x CTOD <strong>para</strong> os graus X65 temperado e revenido, X60 e<br />

X70 produzidos pelo processo <strong>de</strong> laminação controla<strong>da</strong>..<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

115<br />

A figura 58 mostra os valores gerais <strong>de</strong> CTOD plotados <strong>de</strong> acordo com as 4<br />

condições <strong>de</strong> testes:<br />

Condição 1 – CTOD em amostras como forneci<strong>da</strong>s.<br />

Condição 2 – CTOD hidrogenado – 96 horas solução A.<br />

Condição 3 – CTOD hidrogenado – 168 horas solução A.<br />

Condição 4 – CTOD hidrogenado – 168 horas solução B.


Sem H H<br />

Solução A<br />

96 horas<br />

Figura 58: Resultados <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> acordo com ca<strong>da</strong> condição <strong>de</strong> teste.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

116<br />

Apesar dos valores <strong>de</strong> CTOD hidrogenados na solução A, em períodos<br />

diferentes, apresentarem valores semelhantes, pelo gráfico observa-se uma<br />

tendência do conjunto <strong>de</strong> amostras expostas durante 168 horas com valores<br />

pontuais menores do que o hidrogenado durante 96 horas, o que <strong>de</strong> fato, po<strong>de</strong><br />

comprovar uma pequena variação com o tempo <strong>de</strong> exposição <strong>à</strong> solução com<br />

hidrogênio. Estudos sobre o tempo <strong>de</strong> saturação do hidrogênio na microestrutura do<br />

grau X65 temperado e revenido po<strong>de</strong>rá ser avaliado posteriormente em outros<br />

trabalhos <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> literatura. O fato é que a saturação do hidrogênio po<strong>de</strong>rá<br />

perfeitamente ocorrer antes do período estu<strong>da</strong>do neste trabalho, ou seja, antes <strong>da</strong>s<br />

96 horas. Com<strong>para</strong>ções não foram realiza<strong>da</strong>s por não existir trabalhos relacionados<br />

ao tema discutido disponível na literatura.<br />

As amostras hidrogena<strong>da</strong>s na solução B obtiveram valores <strong>de</strong> CTOD<br />

próximos <strong>da</strong> solução A no mesmo período <strong>de</strong> exposição, porém com uma pequena<br />

que<strong>da</strong> no CTOD <strong>de</strong> carga máxima que po<strong>de</strong> ser em conseqüência <strong>da</strong> pressão<br />

H<br />

Solução A<br />

168 horas<br />

H<br />

Solução B<br />

168 horas


parcial <strong>de</strong> H2S está maior na solução B do que a <strong>da</strong> solução A, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> presença do<br />

acetato <strong>de</strong> sódio, que faz parte <strong>da</strong> solução B, que serve como tampão e <strong>de</strong>ixa o H2S<br />

acumular, obtendo maiores valores em partes por milhão após o final do teste como<br />

po<strong>de</strong> ser notado nos resultados informado na tabela 27. Isto mostra que a pressão<br />

parcial <strong>de</strong> H2S tem uma tendência <strong>de</strong> maior concentração <strong>de</strong> hidrogênio na<br />

microestrutura como foi informado nas equações 23 e 24 <strong>de</strong> reação anódica,<br />

dissociação do H2S e reação catódica, fazendo aumentar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> barreiras<br />

<strong>para</strong> as discordâncias e, em conseqüência, aumentando a inibição do material em<br />

<strong>de</strong>formar plasticamente que atua no valor <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> carga máxima on<strong>de</strong> se tem a<br />

maior <strong>de</strong>formação plástica durante to<strong>da</strong> parte do teste.<br />

117<br />

A evidência do aumento <strong>da</strong>s barreiras no escorregamento <strong>da</strong>s discordâncias<br />

causa<strong>da</strong>s <strong>pela</strong> presença do hidrogênio foi nota<strong>da</strong> nos resultados do CTOD crítico <strong>de</strong><br />

referência (δc(*)), que aumentaram após a hidrogenação. Isto é <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> análise<br />

conceitual do CTOD crítico, ou seja, no momento em que os resultados <strong>de</strong> força<br />

crítica e componente plástica <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento crítico foram obtidos do gráfico, não<br />

houve ain<strong>da</strong> uma propagação estável consi<strong>de</strong>rável <strong>da</strong> trinca, obtendo valores <strong>de</strong> Vp<br />

baixos, fazendo com que a segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> equação <strong>de</strong> CTOD obtenha valores,<br />

próximos <strong>de</strong> zero. Assim os resultados obtidos são baseados na parte <strong>da</strong> equação<br />

que é essencialmente elástica e como os corpos <strong>de</strong> prova hidrogenados requerem<br />

uma carga maior <strong>para</strong> <strong>de</strong>formar plasticamente <strong>de</strong>vido as barreiras causa<strong>da</strong>s pelo<br />

hidrogênio nos caminhos dos escorregamentos <strong>da</strong>s discordâncias, o CTOD crítico<br />

<strong>de</strong> referência será maior, proporcional com esta carga.<br />

Po<strong>de</strong>-se verificar que este aumento <strong>da</strong> carga <strong>para</strong> ultrapassar o limite elástico<br />

durante o teste <strong>de</strong> CTOD, po<strong>de</strong> traduzir em um aumento do limite <strong>de</strong> escoamento do<br />

material após hidrogenação.<br />

A seguir (tabela 31) observam-se as médias dos valores <strong>da</strong>s cargas retira<strong>da</strong>s<br />

do gráfico <strong>de</strong> CTOD no ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> propagação <strong>da</strong> trinca instável <strong>para</strong> ca<strong>da</strong><br />

condição <strong>de</strong> teste proposta <strong>para</strong> este trabalho.


Tabela 31: Média dos valores <strong>da</strong>s cargas do ponto <strong>de</strong> CTOD crítico.<br />

Condição Força(KN)<br />

Como fornecido 31,15<br />

H – Solução A – 96 horas 33,77<br />

H – Solução A – 168 horas 33,92<br />

H – Solução B – 168 horas 33,97<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

118<br />

De acordo com estes valores, observa-se um aumento em torno <strong>de</strong> 8%, após<br />

hidrogenação, <strong>da</strong> carga retira<strong>da</strong> do gráfico no início <strong>de</strong> propagação instável <strong>da</strong> trinca<br />

<strong>para</strong> cálculo do CTOD crítico <strong>de</strong> referência. Consegue-se evi<strong>de</strong>nciar também a<br />

pequena diferença entre a hidrogenação <strong>de</strong> 96 horas e 168 horas na solução A,<br />

on<strong>de</strong> o valor <strong>da</strong> carga foi maior <strong>para</strong> os corpos <strong>de</strong> prova com exposição maior no<br />

ambiente com H2S. O resultado <strong>de</strong> CTOD crítico indicou esta diferença com valor<br />

maior <strong>para</strong> a hidrogenação <strong>de</strong> 168 horas.<br />

Percebe-se também que entre o mesmo período <strong>de</strong> 168 horas <strong>de</strong> exposição,<br />

a solução B, que obteve maior concentração <strong>de</strong> H2S, resultou em uma média maior<br />

<strong>de</strong> carga do que a condição na solução A. Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que neste caso, <strong>de</strong><br />

acordo com a literatura sobre reação anódica e catódica <strong>da</strong> fragilização pelo<br />

hidrogênio, houve um volume maior <strong>de</strong> hidrogênio na microestrutura do corpo <strong>de</strong><br />

prova na solução B, justificado pelo resultado <strong>da</strong> maior carga <strong>para</strong> <strong>de</strong>formar o corpo<br />

<strong>de</strong> prova e menor resultado <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong> carga máxima conforme discutido<br />

anteriormente.<br />

Uma forma geral <strong>de</strong> com<strong>para</strong>r todos os valores é fazendo a sua linearização<br />

através do gráfico <strong>de</strong> CTOD em função do valor log ∆ap (Figura 59). Desta forma<br />

tem-se uma visão <strong>da</strong> influencia <strong>da</strong> hidrogenação nos valores <strong>de</strong> CTOD <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

mesmo referencial <strong>de</strong> gráfico. Nesta figura <strong>de</strong>staca-se a diferença real dos valores<br />

<strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> <strong>da</strong>s amostras como forneci<strong>da</strong>s e hidrogena<strong>da</strong>s. A tendência<br />

é <strong>de</strong> uma pequena variação entre as amostras hidrogena<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma<br />

temperatura e <strong>de</strong> uma mesma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolamento do equipamento.


Figura 59: CTOD em função do valor log ∆ap <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> condição do teste:<br />

1 – sem hidrogenar e 2, 3, 4 hidrogenados em solução áci<strong>da</strong>.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

119<br />

Outro ponto importante foi o comprimento <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca, levando<br />

em consi<strong>de</strong>ração as duas condições gerais <strong>da</strong>s amostras como forneci<strong>da</strong>s e<br />

hidrogena<strong>da</strong>s. A figura 60 mostra a forma <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> trinca entre as amostras<br />

como forneci<strong>da</strong>s (Condição 1) e hidrogena<strong>da</strong>s (Condição 2). Observa-se a diferença<br />

<strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> acordo com o gráfico. Enquanto o material sem<br />

hidrogênio propagou em valores limitados entre 0,2mm e 0,45mm, o material<br />

hidrogenado já propagou rapi<strong>da</strong>mente e com consi<strong>de</strong>rável aumento do comprimento<br />

<strong>da</strong> trinca, entre 0,9 mm até 3,0 mm aproxima<strong>da</strong>mente. Este fato evidência que o<br />

material per<strong>de</strong>u a sua excelente característica <strong>de</strong> <strong>de</strong>formar plasticamente que era o<br />

fator principal <strong>para</strong> haver a inibição <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> trinca durante o teste. As<br />

barreiras causa<strong>da</strong>s pelo hidrogênio na microestrutura atuam também <strong>de</strong> forma direta<br />

nestes resultados, porque os movimentos <strong>da</strong>s discordâncias estão limitados, por isso<br />

é necessário uma carga maior <strong>para</strong> ultrapassar o limite elástico do material, sendo<br />

que após romper estas barreiras, o material não <strong>de</strong>forma plasticamente e a trinca se


propaga rapi<strong>da</strong>mente ao longo <strong>da</strong> seção remanescente do corpo <strong>de</strong> prova. Com esta<br />

característica <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> trinca, po<strong>de</strong>-se observar que o limite <strong>de</strong> ruptura do<br />

material está muito próximo do limite elástico, levando a interpretação <strong>de</strong> que a<br />

relação entre o limite elástico e o plástico subiu <strong>para</strong> valores críticos.<br />

Figura 60: Propagação <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> acordo com ca<strong>da</strong> condição <strong>de</strong> teste:<br />

1 – sem hidrogenar e 2 – hidrogenado em solução áci<strong>da</strong>.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011)<br />

4.5 Morfologia <strong>da</strong> Propagação <strong>da</strong> Trinca após Ensaio <strong>de</strong> CTOD.<br />

120<br />

As figuras 61 a) e b), 62 a) e b) mostram as micrografias eletrônicas <strong>de</strong><br />

varredura <strong>da</strong>s superfícies <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca no ensaio <strong>de</strong> CTOD, do aço X65<br />

hidrogenado. O aspecto <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca durante o ensaio <strong>de</strong> CTOD em<br />

amostras hidrogena<strong>da</strong>s evi<strong>de</strong>nciou que o mecanismo passou <strong>de</strong> dúctil com os<br />

dimples <strong>para</strong> quase-clivagem, com a presença marcante dos “rios” nas facetas <strong>de</strong><br />

clivagem.


a) b)<br />

Figura 61: Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 500X) <strong>da</strong>s amostras hidrogena<strong>da</strong>s<br />

por 96 horas (a) e 168 horas (b) em solução A.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

a) b)<br />

Figura 62: Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 1000X) <strong>da</strong>s amostras hidrogena<strong>da</strong>s<br />

por 96 horas (a) e 168 horas (b) em solução A.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

121<br />

Observa-se que surgiram pequenas trincas secundárias que também é uma<br />

característica <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> hidrogênio na microestrutura <strong>da</strong>s amostras. As regiões<br />

<strong>de</strong> rios brancos mostram que houve pequena <strong>de</strong>formação plástica naquelas regiões.<br />

Estas figuras também evi<strong>de</strong>nciam que a propagação <strong>de</strong> trinca ocorreu rápi<strong>da</strong> e sem<br />

<strong>de</strong>formação plástica, o que é explicado <strong>pela</strong> presença do hidrogênio que atua como


arreira <strong>para</strong> os escorregamentos <strong>da</strong>s discordâncias. A per<strong>da</strong> <strong>de</strong> característica <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação plástica que era o fator importante na inibição <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca<br />

também ficou evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> observa as fotos <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca durante<br />

o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

122<br />

Ao longo do perfil <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca, observa-se também, bolhas ou<br />

empolamento por hidrogênio no material <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> difusão do hidrogênio atômico na<br />

re<strong>de</strong> cristalina do aço se concentrar em regiões com inclusões ou partículas após<br />

saturação na microestrutura. A alta concentração do hidrogênio atômico (H+) faz<br />

com que ocorra a precipitação como hidrogênio molecular (H2). A concentração e<br />

pressão do hidrogênio molecular aumentam no interior do vazio ao redor <strong>de</strong> uma<br />

partícula do material até ocorrer a <strong>de</strong>formação plástica localiza<strong>da</strong> região.<br />

A figura 63 evi<strong>de</strong>ncia as regiões com empolamento por hidrogênio.<br />

Figura 63: Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 500X) – Regiões com empolamento<br />

por hidrogênio.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

A figura 64 mostra os microvazios causados pelo empolamento por hidrogênio<br />

conforme estu<strong>da</strong>do e apresentado por VIANNA, C.S. (2005), utilizando como<br />

material <strong>de</strong> teste as amostras retira<strong>da</strong>s do <strong>tubo</strong> <strong>de</strong> aço sem costura do grau X60.


Figura 64 Factografia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (Aumento <strong>de</strong> 2000X) – microvazios causados pelo<br />

empolamento por hidrogênio.<br />

Fonte: Elaborado pelo Autor. (2011).<br />

123<br />

Foi observado que no material hidrogenado durante 168 horas havia uma<br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> empolamento maior do que o material hidrogenado por 96 horas. Isto<br />

po<strong>de</strong> levar <strong>à</strong> conclusão <strong>de</strong> que o período <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> exposição na solução áci<strong>da</strong><br />

po<strong>de</strong> ter saturado a microestrutura e o número <strong>de</strong> empolamentos aumentou com o<br />

passar do tempo <strong>de</strong> exposição.


5 CONCLUSÕES:<br />

124<br />

Após discussão e <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> todos os resultados <strong>de</strong>monstrados aqui,<br />

chegou-se as seguintes conclusões:<br />

De acordo com os resultados obtidos concluiu-se que o grau X65 tem<br />

excelente proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong>. O CTOD <strong>de</strong> iniciação também<br />

mostrou ser mais conservador, porém muito aplicado <strong>de</strong>ntro do campo <strong>de</strong><br />

engenheira. A equação obti<strong>da</strong> <strong>pela</strong> linha <strong>de</strong> tendência é somente um valor<br />

matemático que <strong>de</strong>monstra a tendência <strong>de</strong> resultados. O CTOD crítico <strong>de</strong> referência<br />

mostrou que não é a maneira i<strong>de</strong>al <strong>para</strong> este tipo <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>, porque a<br />

hidrogenação impacta negativamente na <strong>de</strong>formação plástica do material e este<br />

método leva em consi<strong>de</strong>ração somente a parte do material essencialmente elástico<br />

durante o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Houve que<strong>da</strong> <strong>da</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>à</strong> <strong>fratura</strong> do material consi<strong>de</strong>rando o CTOD <strong>de</strong><br />

carga máxima e CTOD <strong>de</strong> iniciação <strong>de</strong> acordo com a exposição ao meio corrosivo<br />

variando <strong>de</strong> 2.700 a 3.150 ppm <strong>de</strong> H2S. Mesmo com a que<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ramos os<br />

resultados excelentes, pois o nível agressivo estava bastante crítico. Hoje os poços<br />

<strong>de</strong> petróleo consi<strong>de</strong>rados agressivos tem aproxima<strong>da</strong>mente 1.000 ppm <strong>de</strong> H2S. O<br />

CTOD crítico <strong>de</strong> referência obteve valores opostos, com as amostras hidrogena<strong>da</strong>s<br />

obtendo valores <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong> acima <strong>da</strong>s amostras sem hidrogenar. Isto<br />

acontece porque o CTOD crítico leva em consi<strong>de</strong>ração somente a parte<br />

essencialmente elástica do teste, on<strong>de</strong> temos uma variável Força (carga) que<br />

influenciará diretamente nos resultados. Foi necessária uma carga maior <strong>para</strong><br />

ultrapassar este limite elástico <strong>da</strong>s amostras hidrogena<strong>da</strong>s.<br />

A hidrogenação mostrou-se eficiente e causou efeito no regime elástico <strong>da</strong>s<br />

amostras, fazendo necessário um aumento <strong>da</strong> carga <strong>para</strong> <strong>de</strong>formar plasticamente os<br />

corpos <strong>de</strong> prova. Para o regime plástico, o hidrogênio também causou impacto,<br />

fragilizando o material que rompeu imediatamente após ultrapassar o limite elástico.<br />

A relação σy / σr <strong>de</strong>monstra ter aumentado <strong>para</strong> valores críticos, pois houve<br />

aumento do limite elástico do material e que<strong>da</strong> <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> ruptura após<br />

hidrogenação <strong>da</strong>s amostras. Em graus com maior resistência como o X70 e X80,<br />

isso po<strong>de</strong> ser mais complexo porque existe a tendência <strong>de</strong>sta relação aumentar <strong>para</strong><br />

graus com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s maiores que o X65.


125<br />

O tempo <strong>de</strong> exposição na solução A mostrou que teremos valores similares<br />

<strong>da</strong> que<strong>da</strong> <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do material, porém <strong>de</strong> uma forma pontual, os valores <strong>de</strong><br />

CTOD caíram quando o tempo <strong>de</strong> exposição foi <strong>de</strong> 168 horas.<br />

A solução B, apesar <strong>de</strong> ter maior pH, obteve pressão parcial <strong>de</strong> H2S maior do<br />

que a solução A durante a hidrogenação. Isto mostrou que houve uma que<strong>da</strong> no<br />

CTOD <strong>de</strong> carga máxima em com<strong>para</strong>ção com a hidrogenação, no mesmo período,<br />

na solução A. Po<strong>de</strong>mos concluir que quanto maior a pressão <strong>de</strong> H2S, maior será a<br />

hidrogenação e fragilização do material, reduzindo a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formar<br />

plasticamente, impactando ao atingir pontos <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>formação plástica.<br />

Houve alteração no modo <strong>de</strong> <strong>fratura</strong> <strong>da</strong> propagação <strong>da</strong> trinca <strong>de</strong> dúctil, com<br />

regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica <strong>para</strong> uma <strong>fratura</strong> fragiliza<strong>da</strong> com aspecto <strong>de</strong> quase-<br />

clivagem.<br />

A propagação <strong>da</strong> trinca na amostra hidrogena<strong>da</strong> foi maior as amostras sem<br />

hidrogenar. Mostrando que o material per<strong>de</strong>u a sua boa habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formar<br />

plasticamente e inibir a propagação <strong>da</strong>s trincas.<br />

5.1 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS<br />

Avaliar quantitativamente o nível <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong> hidrogênio no aço X65, em<br />

amostras <strong>para</strong> CTOD e verificar a influencia do volume <strong>da</strong> saturação em valores<br />

quantitativos <strong>de</strong> tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>fratura</strong>.<br />

Realizar o CTOD com a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> avanço mais lenta <strong>para</strong> <strong>da</strong>r tempo do<br />

hidrogênio, durante o teste, difundir <strong>para</strong> a ponta <strong>da</strong> trinca que será propaga<strong>da</strong>.<br />

Avaliar a influência <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> H2S usando a mesma solução áci<strong>da</strong><br />

em amostras hidrogena<strong>da</strong>s <strong>para</strong> o teste <strong>de</strong> CTOD.<br />

Avaliar o efeito <strong>da</strong> espessura do corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> CTOD em amostras<br />

hidrogena<strong>da</strong>s.<br />

Fazer a curva <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> CTOD Hidrogenado X temperatura e avaliar<br />

esta influencia no grau X65.


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