Direitos Humanos: Protagonismo Juvenil - Portal do Professor ...
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Mais provoca<strong>do</strong>s<br />
Carinhosamente cultiva<strong>do</strong>s<br />
De tanto sorrirem,<br />
Balançam, aquecem, conquistam<br />
Ganham brilho, cor, nome...<br />
Viram sorrisos de Marina!<br />
Sorrisos assim trazem saberes de além <strong>do</strong>s livros para as linhas <strong>do</strong> coração.<br />
Sorrisos assim mudam o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s estatísticos, dão vida aos estatutos.<br />
Ao entrar no barracão de Marina, vi que lá não cabia minha “neutralidade”. Senti que<br />
não sou forte se “ força” significar o meu escu<strong>do</strong>. Por causa de Marina, tive a exata noção<br />
<strong>do</strong> valor guarda<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os outros barracões sob a tempestade que rega nossa querida<br />
Terra. Senti-me impotente, com to<strong>do</strong>s os meus sentimentos secan<strong>do</strong> minha boca. Virei-me<br />
para despedir de Marina. Deparei com seu sorriso... O que ajudava a mover aquele sorriso,<br />
embora tími<strong>do</strong>, sobre um corpo frágil e receoso, abriga<strong>do</strong> dentro daquele barraco?<br />
Quan<strong>do</strong> nos abraçamos, não me senti mais tão impotente assim... Senti que o que<br />
também ajuda a mover o sorriso de Marina é uma ponta de alegria, equilibrada num traço<br />
de esperança finca<strong>do</strong> na palma da minha mão.<br />
No momento, a empresa está <strong>do</strong>an<strong>do</strong> o material de construção para a família de Marina e<br />
já conseguimos uma porta. Parceria com a prefeitura está sen<strong>do</strong> feita para a mão-de-obra<br />
da casa de Marina e a chuva já não me incomoda tanto!<br />
O texto acima foi extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro Causos <strong>do</strong> ECA: Histórias em Retrato - O Estatuto da<br />
Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente no Cotidiano, produzi<strong>do</strong> pelo <strong>Portal</strong> Pró-menino/RISolidaria<br />
(www.promenino.org.br), de iniciativa da Fundação Telefônica.<br />
Vida passada a limpo<br />
Maria Sueli Fonseca Gonçalves<br />
São Paulo, SP<br />
Pedro, 14 anos, negro, mora<strong>do</strong>r da periferia de São Paulo, toma conta de carros estaciona<strong>do</strong>s<br />
na rua para ajudar no orçamento da casa. A vida não está nada fácil e, para completar, é<br />
“convida<strong>do</strong> a procurar” outra escola por mau comportamento. Acabrunha<strong>do</strong>, magoa<strong>do</strong>,<br />
confuso e diminuí<strong>do</strong>, o menino chega na nova escola. Quem o observasse com atenção,<br />
no entanto, perceberia nos olhos negros e graú<strong>do</strong>s um não-sei-quê de ternura, de bondade<br />
e de infância lutan<strong>do</strong> para virar juventude digna, correta e normal, apesar de tu<strong>do</strong>.<br />
– <strong>Professor</strong>a, professora!<br />
Ela não o conhecia e não o ouviu, seguiu pela rua estreita, a passos rápi<strong>do</strong>s, porque<br />
precisava chegar na outra escola e cumprir a segunda jornada <strong>do</strong> dia.<br />
– <strong>Professor</strong>a, professora!<br />
– É comigo que você está falan<strong>do</strong>? Desculpe, parece que ontem era você me chaman<strong>do</strong>.<br />
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