30.07.2013 Views

Direitos Humanos: Protagonismo Juvenil - Portal do Professor ...

Direitos Humanos: Protagonismo Juvenil - Portal do Professor ...

Direitos Humanos: Protagonismo Juvenil - Portal do Professor ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

alcançar êxito apresentan<strong>do</strong>-me como representante <strong>do</strong> Conselho Tutelar, já que não era<br />

vista como defensora de direitos, mas sim, recebida como alguém que impõe obrigações.<br />

Como me aproximar? Como ser acolhida e ter a chance de me apresentar como alguém<br />

que busca sua promoção e não sua dissipação?<br />

Eis que uma pesquisa pela Internet leva-me a um contato com a Pastoral <strong>do</strong>s Nômades.<br />

Por e-mail, relato ao padre responsável todas as dificuldades em intervir junto aos ciganos,<br />

bem como exponho a preocupação em garantir àquelas crianças seus direitos fundamentais.<br />

O padre, em resposta, conta que já havia esta<strong>do</strong> com os ciganos dessa cidade e que havia<br />

realiza<strong>do</strong> várias celebrações de batiza<strong>do</strong>s e casamentos nesse acampamento. Em seguida,<br />

abre as portas e aponta o novo caminho: sugere que eu realize a entrega de algumas<br />

certidões que estavam em sua posse. E assim proce<strong>do</strong>. Ao chegarem pelo correio as<br />

certidões, acompanhadas de algumas fotos também enviadas pelo “Padre Cigano” – assim<br />

chama<strong>do</strong> pelos que o conhecem –, vou até o acampamento. Qual foi a minha surpresa ao<br />

lhes falar <strong>do</strong> padre: ótima recepção e livre acesso a seu meio. É preciso tão pouco: atenção<br />

e compreensão, insistência e muitas visitas ao território onde se encontram. Aceitar que,<br />

quan<strong>do</strong> querem confidenciar algo entre eles, usam seu dialeto próprio. É preciso escutálos<br />

e, como seres humanos que são, respeitá-los como tais.<br />

As crianças, pouco a pouco, reconhecem-me e já se achegam, alegres e cheias de<br />

perguntas. Mas a minha alegria fica completa ao ter a liberdade de perguntar a elas o que<br />

achavam de ir para a escola e obter uma resposta positiva, com olhares de esperança e<br />

sorrisos de aceitação. Entra em cena o Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ECA), que<br />

garante igualdade de condições para o acesso à escola pública próxima à sua residência.<br />

Confiantes, os ciganos informam os locais onde residem outros parentes. Já não encontro<br />

acampamentos, encontro, enfim, ciganos que residem em casas alugadas de alvenaria,<br />

num bairro periférico da cidade.<br />

Apesar de protegi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sol e da chuva, permanecem desprotegi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> preconceito.<br />

Vejo que a escola como espaço de formação <strong>do</strong> indivíduo e de cidadania pode ser o<br />

carro-chefe para a introdução de novos hábitos, sobretu<strong>do</strong> aqueles relativos à higiene<br />

e à comunicação, bem como para a valorização <strong>do</strong>s traços culturais <strong>do</strong>s ciganos rumo<br />

à inclusão social. Dou prosseguimento à trajetória da garantia efetiva <strong>do</strong> direito à<br />

educação, entro em contato com a secretaria municipal de educação, que garante as<br />

vagas para a matrícula das crianças na rede. Sobrevém, entretanto, a preocupação da<br />

direção da escola municipal, situada no bairro, diante <strong>do</strong> desafio de acolher os novos<br />

alunos. Mas nada que um bom diálogo e o trabalho em rede não possam ajudar,<br />

permitin<strong>do</strong> a criação de alternativas e a abertura de oportunidades para o crescimento<br />

pessoal e relacional.<br />

Nessa perspectiva, a preocupação transforma-se em motivação para que a diretora agende<br />

reunião com os pais das crianças na minha presença. Ao ser receptiva e acolhe<strong>do</strong>ra, a<br />

diretora foi igualmente compreendida por eles. Em meio a sorrisos, apresenta aos pais<br />

(acompanha<strong>do</strong>s pelos filhos), as dependências da escola, enfatizan<strong>do</strong> os horários a serem<br />

cumpri<strong>do</strong>s e as expectativas de to<strong>do</strong>s os funcionários em recebê-los. As crianças, eufóricas,<br />

transmitem sua motivação e seu contentamento por adentrar no ambiente escolar.<br />

As aulas começam. To<strong>do</strong> o receio de que os novos alunos pudessem ser discrimina<strong>do</strong>s ou<br />

rejeita<strong>do</strong>s pelos demais cai por terra. A inocência e a simplicidade das crianças espalhamse<br />

e surpreendem to<strong>do</strong>s nós. Os professores, certos da importância <strong>do</strong> tratamento<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!